"...estava fisicamente desfeito mas moralmente inteiro. Talvez porque já estava para além da dor. Para lá também da esperança. Num deserto de solidão, ou melhor, de solidariedade solitária".
Este "blogue" especializa-se, cada vez mais, em sentimentos, amor e sexualidade. Confesso que, quando pela primeira vez ouvi a notícia de que tinha um blogue, tive a nostalgia de que se chamaria "sexo dos anjos". Não é no título, é no conteúdo. Bem haja!
Pensando melhor, talvez essa solidão que fala na citação seja a tranquilidade que se ganha depois de viver um profundo tormento. Apesar de o sentimento continuar a existir, acaba por adormecer lentamente e quando acordamos estamos de novo inteiros - ainda que mais velhos.
Para quem gosta de musica clássica, literatura, arte e cinema consulte o site: El poder de la palabra
Fisicamente desfeitos mas moralmente inteiros, ou fisicamente inteiros e moralmente desfeitos, parecem-me variações em torno dos alguéns que não são predominantemente esquizofrénicos - quase todos, aliás.
Sustentados por solidariedades mais ou menos solitárias, em encontros reais ou virtuais, em blogs, em coffee breaks, em vernissages, na mesa, no colchão, nas nuvens ou no chão.
Sofrega ou lentamente aproximando-nos de climaxs que inventamos.
Talvez seja preferível estar moralmente inteiro... quando a alma quebra e apenas a matéria se suporta a razão de existir esvai-se, pouco a pouco, lenta e penosamente até que o fracasso dê coragem para optar: reconstruir ou desistir, de vez, de tudo!
Eu já desisti, mais do que uma vez, de tudo menos do corpo que nunca me quis abandonar... Afinal, sobrevive-se só com um corpo ainda que moribundo... até que algo possa renascer! E renasce, vezes e vezes sem conta, enquanto o corpo não aceitar morrer!
E a dor era a única prova de que ainda tinha ar nos pulmões e sangue a correr nas veias...
Não pude deixar de me lembrar de João Paulo II nos seus derradeiros dias. Tendo por ele uma enorme ambivalência de sentimentos não pude deixar de ficar tocado pela forma como ele viveu os seus últimos momentos, certamente desfeito físicamente, mas espiritualmente (permitam-me a pequena alteração) inteiro. Estes últimos dias devem ter feito mais por todos os doentes do que todos os discursos proferidos sobre o assunto.
Nem todos os infernos que vivemos interiormente são partilháveis e, como tal, temos de carregá-los em solidão. A velha história do "só, no meio da multidão", de gente, que já não nos diz ou muito, ou nada.
...claro que é distinto o estar só do estar sozinho ...a dificuldade talvez resida na definição: ...o que é estar só? ...o que é estar sozinho? ...e ...não poderemos estar sós e sozinhos ao mesmo tempo? ...
Será que a "solidariedade solitária" não é uma armadilha? Daquelas que nos fazem regressar constantemente ao centro do nosso eu, não para reflectir e "crescer", mas para nos auto-elogiarmos de forma narcisista. Não acredito, de forma positiva, em solidariedades solitárias. Teremos sempre a tendência de sermos "solidários" com as nossas fraquezas.
Já alguém disse que devíamos aproveitar as vantagens da solidão? De uma certa solidão, claro. Daquela de que nós próprios construímos por já só sabermos viver sózinhos. Se não a encararmos como castigo, julgo mesmo podermos tirar partido disso.
"O canal do parto e o caixão são dois espaços desenhados para um só corpo." "E isto...para mim, quer dizer que nascemos sós e morremos sós. Esta ideia, tão assustadora do meu ponto de vista, é talvez a lição mais dura que tive de aprender ao longo do meu próprio crescimento." Jorge Bucay-deixa-me que te conte
"O canal do parto e o caixão são dois espaços desenhados para um só corpo." "E isto...para mim, quer dizer que nascemos sós e morremos sós. Esta ideia, tão assustadora do meu ponto de vista, é talvez a lição mais dura que tive de aprender ao longo do meu próprio crescimento." Jorge Bucay-deixa-me que te conte
Mas o MM nem pode dormir a sesta descansado, que lá vêm as melgas a zunir: Pois claro, k raio ker dizer esta m****? o solitário NÃO é solidário. Escreveu um tal Lipovetski in "A Era do Vazio" k este culto da individualidade e o carpir masoquista da solidão vai levar-nos a um túnel sem saída LOL e o gajo nem era tripeiro nem nada.
Solidão já eu soube o k era, sim: quando dormia com o inimigo (e o gajo nem ressonava nem cheirava mal dos pés, carago) e me empatou a loja durante 8 anos, e tou à vontade pra dizer isto pk ele é analfabeto e nem leu o Alexis da Yourcenar, e sumiu pela calada da manhã e nunca mais telefonou seker a pedir desculpa por ter ido tão tarde...LOL
Mas, como é sempre feliz quem mais amou, já eskeci, já perdoei tb, pois a minha casa está sempre aberta para os que me querem o corpo e não ousem seker apalpar-me a alma, quanto mais tentarem roubar-ma, canudo.
E há sempre os peelings e os exfoliantes, e tempo e lugares para a folia;)
ooops, ala k se faz tarde, sair é preciso, e pela sombra;;;;;;;;))))))
Gostei sobretudo do título do post - há solidões e solidões. A solidão que se escolhe e com a qual se convive optimamente e a terrível solidão de quem perdeu as "pontes" com o mundo e se sente um náufrago no meio do oceano.
Júlio (2.00) Essa distinção é fulcral. Os anglo-saxónicos tornam isto muito mais evidente através de duas palavras: pode-se estar sozinho( alone) e não estar só( lonely), assim como se pode estar só e não estar sozinho.
Lobices (2.05) Podemos, de facto, estar sós e sozinhos ao mesmo tempo e será infelizmente o mais comum.
Mia (2.56) Sou da mesma opinião. Apreciar e aproveitar a solidão pode ser extremamente compensador. O que acontece é que hoje em dia o ser humano tem medo do encontro consigo mesmo...
Pois bem... A solidão a que se refere Jorge Semprún creio ser a solidão de um resistente. A solidão imposta pelas circunstâncias e não a solidão por opção. A coerência nas convicções, a integridade moral, na vivência agreste da solidão, quando parece que o mundo nos abandonou, levando-nos a questionar o porquê de a fidelidade.
Semprún dá-nos a resposta: por solidariedade para com uma imensa minoria de outros solitários que permanecem fiéis à sua ética.
Mas solidão também pode ser sinónimo de (des)amor:
"Procuro-te na minha solidão Na penumbra de um quarto Numa noite de Verão.
Frágil, no silêncio que me envolve, escuto Os intentos frustrados de uma borboleta nocturna Batendo no vidro da janela semiaberta, Intentando alcançar os pontos de luz dispersos Que a atraem E que enchem as paredes com as delicadas sombras Estáticas da minha concentração, Interrompidas pelos fugazes momentos Em que me movimento e pelo Flamejar intermitente das velas.
Sombras de quem sou Projectadas a negro na parede. Imagens de uma alma apenas...
A borboleta continua a bater Contra o vidro da janela... Frágil ser, arranca-me à inquietude do meu silêncio, Em busca de conhecer o brilho que a tirará da escuridão."
"6000 Educadoras foram exoneradas da Função Pública devido a erros no Concurso, da responsabilidade do ministério da Educação. Está tudo no Segredo dos deuses, há uma cumplicidade do Ministério e um aproveitamento dos Sindicatos. Está a ser preparado um despacho para as reintegrar outra vez. Os Sindicatos têm assim um trunfo para negociar os Destacamentos dos amigos." - S.I.R. (Serviços de Informações da RIAPA).
Há um silêncio absoluto aqui até mesmo dentro de mim. Estou só, acompanhado apenas da minha solidão; por isso, não estou sozinho; estou acompanhado, logo não estou só. Estranho. O silêncio penetra dentro de mim sem pedir licença; também não sou capaz de lhe impedir a entrada; ele é tão livre quanto eu e eu, possuidor dessa liberdade, deixo-o entrar e sinto que a excitação que ele me provoca é sinal de prazer. Um prazer proveniente da paz que ele, o silêncio, alberga. Com ele, vem apenas o som da deslocação do ar quando ele chega sem avisar. É que, de repente, só (estando só) o sinto quando ouço o silêncio da sua chegada. Senta-se aqui ao meu lado e vejo perfeitamente que ele me olha de soslaio; mas não lhe ligo importância; quem se julga ele? Alguém de muito especial? Devo-lhe alguma deferência? Não. Não lhe franqueio sempre a entrada? Então, que mais ele quer? Que lhe dirija a palavra? Não! Mil vezes não! Se o deixo penetrar-me é porque assim o desejo e o quero, em silêncio, em paz, ouvindo-o sem o ouvir; sabendo apenas que ele está aqui. A solidão, por seu lado, essa não se importa muito pela presença dele; já está habituada. Olha-o com desdém como se ele, o calado silêncio, fosse ninguém. Sabe muito bem que ele não me faz mossa; sabe perfeitamente que ela, a solidão, é que é a minha amante preferida, hoje cinzenta (pode ser) mas amanhã, quem sabe, se colorida. É apenas a paz que me traz sereno e me faz sentir o seu frio ameno; é que o silêncio tem temperatura, ora é doce e quente, ora azedo e frio; mas já reparei imensas vezes que quando é azedo se sente um frio ameno; não enregela nem me estremece o corpo; amorna-me a alma e deixo-me ficar na mordomia da sua presença. É tudo apenas um estado de solidão a sós com o silêncio que me faz companhia. Por isso, não esfria. Deixa-me estar como quero. E ele se queda também e fica. Não incomoda. Sabe que a qualquer momento que eu queira, o mando embora; sabe que um grito forte pode, num ápice, cortar o ar que ele deslocou ao chegar. Ele sabe isso e por isso não se preocupa comigo. Mantém apenas um vago olhar. Como quem não sabe se parta ou se deve ficar. Depende apenas e só do meu grito; se este, o grito, do meu peito sair com força, com ânimo, com desejo de ser quem sou e não quem quero parecer ser. O problema com que me debato é saber o que sou ou mesmo até quem sou. Serei eu próprio o silêncio?
Depois de ler o que os outros comentadores disseram, gostaria de dizer o seguinte: Obrigada Andorinha(4.21) pela achega dos termos ingleses. Realmente é mais fácil de distinguir entre as "solidões" em inglês. Parafraseando parte de um título dum post anterior, penso que em matéria de solidão, há de tudo. Há pessoas "alone" que não estão "lonely", há pessoas acompanhadas que se sentem terrivelmente "lonely" e, claro, há quem esteja "alone" e "lonely". À primeira vista esta poderia parecer a situação "pior", mas, na minha opinião a anterior causa ainda maior sofrimento. Não há nada mais terrível do que sentirmo-nos sós ("lonely") no meio daqueles com quem vivemos.
Concordo com a apreciação do Ram sobre este texto, dado o contexto do livro(6.06). Penso que ele expressou muito bem o sentido nos 2 parágrafos iniciais.
Destaco ainda o comentário da Mia(2.56). Ela fala em aproveitar as vantagens da solidão e diz:"Se não a encararmos como castigo, julgo mesmo podermos tirar partido disso." Notei particularmente o uso da palavra "castigo". O sentir a solidão como castigo, parece-me uma ideia muito interessante para uma discussão sobre este assunto. Penso que realmente estamos tão condicionados para uma vida "a dois" ou "a 2 mais filhos" que poderemos, caso nos encontremos sós, perguntar-nos "que fiz eu de errado" para não ter "conseguido" formar (ou manter) uma família e encarar esta situação como um eventual "castigo" por qualquer falta por nós cometida.
Se calhar já conhecem.., mas,desde já agradecendo,a vossa companhia, às vezes, para deleite do olhar de meus neurónios...,:)para todas as solidões, acompanhadas ou não,filharada incluída:)aqui vai presente:(bom..., espero, que, pelo menos alguns, gostem;) )
A Aol fez parceria online com o concerto Live 8 em:
music.channel.aol.com
P.S. Como sou uma besta nas novas tecnologias e meu velho equipamento não ajuda, só o consegui abrir, com ajuda do Google. Mas valeu a pena:)))
:) Adoro o Semprún. Conhece o Suárez Carreño, professor? Sobre a solidão:
"La soledad de la noche es dura como la piedra de las rocas, Siglos mudos, oscura y lenta materia, Luz de luna sin destino, fría y sin amor desierta, Luz que se pierde en las hondas masas del frío, La sierra sin nadie, la luna sola, en el bosque la madera, El viento se pierde lejos, ave triste, Angustia lenta que no es el cielo ni el monte, Que no es carne, luz, ni piedra"
O terceiro ponto da Pamina é muito importante. Cada vez mais pessoas vivem "solidões acompanhadas", mas permanece uma ideologia que as decreta "marginais" por não seguirem o preceito clássico: casal heterossexual vivendo debaixo do mesmo tecto e com filhos.
O seu último comentário, suscita-me uma observação: considerando a solidão de um dos membros do casal heterossexual vivendo debaixo do mesmo tecto e com filhos, ela não é tão penosa como as outras solidões? Tenho para mim que é preferível estar sozinha comigo própria (faço-me boa companhia!), do que acompanhada e só. Saudações. Débora
Sendo um facto, a existência de solidões dentro de casais, talvez isso não tenha que ser, de forma generalizada, encaradao como uma indiferença afectiva, ou uma afectividade morta. De resto, existirá sempre o nosso "Eu" que, mesmo no contexto de uma afectividade bem viva, será, de sempre de alguma forma, solitário.
Lobices O seu "silêncio" das 7:19 de ontem é absolutamente belo. É o pensamento transformado em arte através da escrita. O grito desfaz o silêncio, mas a solidão... essa teima em ficar!
Em minha opinião, estar sozinho é - mais do que nunca - uma opção (não forçada) das pessoas.
Na minha Lisboa, onde todos se conheciam (lá dizia a a canção "dizem que a cidade é grande, sei lá / mas se é grande não parece / de Benfica a S.Vicente toda a gente se conhece"), hoje ninguém se conhece. Porque será ?
Será porque a cidade está maior ou porque o ritmo de vida é outro ? Não... nada disso. Ninguém se conhece porque conhecer implica dar-se a conhecer ! No tempo em que quase todos quase nada tinham, as pessoas eram solidárias. Hoje, que as pessoas já têm algo mais, ninguém quer expôr as suas "fraquezas". E esta atitude é claramente extrapolável para todas as vertentes da vida.
Estar sózinho é uma opção das pessoas. Mas depois não venham queixar-se que se sentem sozinhos...
Tenhamos o cuidado para assegurarmos e respeitarmos, até nos relacionamentos afectivos, os nossos momentos de tão desejada solidão. Há equilíbrios que só se vislumbram assim.
Solidão...uma forma de estar, ser, uma condição imposta, uma escolha, uma obrigação...tanta coisa. Fez-me lembrar uma música que gosto particularmente, que a certa altura diz "I was afraid to be alone, now i'm scared that's how i like to be" (Azure Ray, em November).
Um abraço enorme e considerem-se todos convidados a visitar o meu cantinho:) (como quem diz, blog). bj*
Solidão acompanhada! Sei bem o que isso é. Há quanto tempo!!!!
Sou casado, médico, bem na vida, tenho dois filhos adultos, encantadores, mas estou mal comigo mesmo. Conheci há anos uma mulher na net, com a qual contactei via email durante muito tempo. Foi maravilhoso e ainda mais maravilhoso, depois de nos conhecermos. Renasci, está tudo dito!Fui cobarde e não tive coragem de deixar a minha mulher que não amo de todo. Tive medo do amor, o verdadeiro. Diria até o meu primeiro grande amor!Tive medo e tentei afastar-me, imaginem!Quão difícil foi. A Y partiu e eu fiquei de rastos. Vivo e viverei com ela em pensamento, numa casa "vazia". Lá está, vivo acompanhado, mergulhado num vazio asséptico. Todos os dias penso, por que raio não fui ter com ela!
...ó querido amigo médico at 5.58 PM: ... ...ainda estás a tempo! ...se a Y não "desapareceu", vôa, homem, vôa... busca... parte na demanda... ..."ficar" é morrer
Um dia, escrevi isto num dos meus "cantos". Como já muitos o disseram, é, e apenas, mais uma perspectiva.
"Solidão
É entrar, e não ter alegria, chegar a casa, vazia, fria. Chorar por dentro. E rir por fora. É procurar, olhar. E não encontrar. Quem queremos e não temos. Ver, por ver, sem contar. Sem dar. É estar, sem ser. É viver, às vezes sem saber, ou querer, assim."
Interpreto o comentário do Júlio às 23.47 numa perspectiva diferente das que vi até aqui. Para mim uma "solidão acompanhada" é uma forma diferente de vida a dois. Cada um mantém o seu espaço apesar de existir uma relação. Para mim é a forma ideal de vida. Ando à procura disso há vinte anos.:)
A ideologia dominante decreta-nos "marginais"? Que me importa isso! As pessoas devem viver da forma como se sentem mais felizes, independentemente de isso fugir ao padrão mais clássico de relacionamento. Seria burrice não o fazer...
Ó lobices, vc é um amigalhaço do caraças... só dá é bons conselhos. Então a mulher e os filhos do médico não contam para o totobola ? Só a felicidade dele é que conta ? Então mas que raio de egoísmo é esse ? Nessa linha de raciocínio, eu já tinha deixado a minha mulher e o meu filho há que tempos. Eu e muito mais gente...!
..ao anónimo das 6.34 PM: ... ...claro que sim... devemos "perseguir" o caminho que pensamos ser o melhor; devemos prosseguir para onde enetendermos que devemos caminhar ...devemos TENTAR ser felizes e não, por OBRIGAÇÃO, passar uma vida num casamento de fachada ...
Aqui para nós, o médico pode não amar, mas não sente estar num inferno com a mulher que tem. Até lhe foi despudoramente infiel. Se não arriscou um salto no desconhecido foi porque está contente com o que tem. Porque se a relação é tão seca e vazia, também se arrisca-se a, num destes dias, chegar a casa e ter uma cartinha de um advogado.
O melhor caminho deverá ser sempre aquele que garante a felicidade e o bem-estar dos nossos filhos. Quando o único caminho a seguir - com esse objectivo em vista - fôr o fim do casamento, então tudo bem. Mas até lá...
...para que o Homem seja feliz há uma condição sem a qual ele nunca o será: essa condição é ser EGOÍSTA ...alto e pára o baile: eu explico ...como já tenho escrito muito sobre isso, volto a repetir: ...amar é dar ...amar é desejar que o "outro" esteja feliz e eu sou feliz quando sei que o "outro" está bem ...para eu estar bem, para eu ser feliz tenho de deixar de "possuir" o que quer que seja, excepto ser "dono" da minha escolha; a capacidade de escolher é a única "coisa" que é de nossa propriedade; o resto não é nosso; nada possuimos... ...sendo assim, eu devo escolher o "meu" caminho, e o meu caminho deve ser a procura da felicidade que não existe "ali" mas sim que está dentro de mim ...se ela, a felicidade, está dentro de mim, se eu escolher o meu caminho e me sentir bem, eu vou (ao estar bem) fazer bem aos que me rodeiam... ...se eu estiver "infeliz" eu só faço mal aos que me rodeiam ...logo, manter um casamento só para não "largar a mulher e os filhos", é um insulto à minha única capacidade de escolher a minha felicidade ...vou, vivendo dessa forma, apenas provocar negatividade à minha volta ...então, é preferivel assumir que aquele não é o caminho e, por tal, prosseguir a viagem: caminhar ...procura constante ...sempre ...eternamente, se for preciso
Andorinha, eu também acho que uma vida de solidões acompanhadas será algo de muito adequado. É quase como estar num supermercado. Quando dá jeito, servimo-nos. Deitamos a mão à prateleira e, só então, nos lembramos de que é preciso que a outra solidão também esteja interessada. Caso contrário, teremos que aguardar por melhores dias. E assim, lá se trocam uns afectos de dez em dez anos. Não está mal visto.
...to anónimo at 6:52 PM: ...cito: O melhor caminho deverá ser sempre aquele que garante a felicidade e o bem-estar dos nossos filhos... ... ...mesmo que para isso se mantenha a dor de não nos sentirmos bem? ...mesmo que para isso seja preciso mostrar aos nossos filhos o quanto estamos a sofrer? ...julgas que eles não percebem? ...julgas que eles não vêem? ...não sentem? ...não sofrem? ...
Se nenhum amor é duradouro, porque andar constantemente á procura dele, como quem procura trocar de carro de cinco em cinco anos? E que tal se formos cuidando do carro, mudando umas peças, reconstruindo o motor, arranjando a chapa, mudar a cor da pintura, dar-lhe outro charme ...
O Dr. Médico Solitário se não ama a mulher com quem vive para além de perder a possibilidade de ser feliz, também impede a felicidade dela ser verdadeiramente amada. Se não fôr feliz também não conseguirá transmitir grande felicidade aos filhos, que sendo já adultos há muito que as asas lhes cresceram e já andarão em altos voos. Dr. já desmontei da motoreta. Faça o favor de montar nela e acelere enquanto é tempo.
...to vidas sem vida at 7:16 PM: ... ...o amor é um sentimento e como tal está sempre em mutação!... ...bolas: percebam isso!... O amor não é estático... ... ...AMAR, sim!... Ou se ama ou não se ama; amar é uma acção; actua-se, amando, dando-nos, querendo o bem dos outros, amando sem posse nem destino num amor incondicional ...no amor, e exactamente, porque ele é mutável é que lhe mudas a pintura ou a chapa ou os pistons ou o óleo mas, a máquina está lá e é sempre a mesma em manutenção pela simples razão de que não procuras a tua própria "forma" de amar; apenas pensas num amor... ...isso é, na verdade, amor; um amor que se fixa, que se mantém e não vive, não expande, não exulta, bem pelo contrário, vai morrendo lentamente... ...amar, é algo diferente; é viver a forma que escolhemos para sermos felizes... isso sim, é o verdadeiro AMOR... amando!... ... ...amor é uma coisa ...amar é outra coisa ...não confundam ...sejam felizes
Lobices, não tivesse eu medo de picas e receio de que os enteados fossem melhores que o pai ainda tentava fazê-lo feliz. Como tal limito-me a emprestar algo que lhe permita correr contra o tempo.
Perante a exposição do seu caso, ocorreu-me a célebre quadra de António Aleixo: “quem prende a água que corre é por si próprio enganado; o ribeirinho não morre, vai correr por outro lado”.
Para onde terá ido correr o ribeirinho?
Claro que isto é uma forma “ligeira” de ver a questão.
É incontornável que os casamentos desfeitos têm uma série de implicações de vária ordem. Desde logo, pessoais e familiares, entre outras. Há, portanto que ponderar muito bem o assunto. Não é algo que penso poder decidir-se de ânimo leve. Há no entanto que equacionar muito bem “ganhos” e “perdas” para todos os intervenientes. Por vezes é mais penoso para todos manter as aparências, do que “correr” atrás do sonho.
Colocada nessa situação, sei que teria muita dificuldade em dar o passo – tenho filhos, por exemplo e isso teria um peso enorme. Excepto, se a decisão fosse tomada no limite – má vivência, maus tratos, etc. Situações afins não me suscitariam sequer dúvidas.
No seu caso, com os filhos adultos, poderá ser diferente – penso que os nossos filhos não desejam a nossa infelicidade. E o cônjuge teria que compreender, penso.
Sei que, na prática, as coisas não assim tão simples. Pareço retrógrada? Sou apologista de que devemos sempre que possível, perseguir o sonho, porque o sonho é gerador das nossas expectativas para a vida. E vida e só temos uma (que saibamos). Não o tentar, seria deixar a vida para segundo plano. Quem sabe, ainda vai a tempo de encontrar o ribeirinho …
Tentei amenizar a sua tormenta, mas duvido dos resultados – sou inábil nesta matéria e seguramente ignorante.
Muito obrigado a todos. Afinal, ainda, existe solidariedade humana que quebra um pouco a dita solidão acompanhada!!!! Meus caros amigos o que escrevi foi um desabafo. Existem vários problemas graves, que penso que se venham a resolver no tempo. Por outro lado a Y, dado o meu comportamento inverso ao que realmente sentia por ela, partiu. Às vezes quando de facto se ama voltamos a ser desajeitados como quando tinhamos 15 anos! É mais fácil fingir que gostamos!!! Em suma, dedico-me de corpo e alma à minha profissão que gosto muito. Aos meus filhos, daqui a nada aos meus netos, aos meus doentes, aos meus alunos. Um abraço a todos
ao anónimo médico: quero acrescentar: "a mim" (no caso a si). daqui a pouco todos terão uma vida própria e independente... o meu caro anónimo, nessa altura, sentir-se-à num conflito tremendo, dividido entre o que devia ter feito e o que fez (na inversa realidade no seu conceito tradicional). Então, sim, talvez diga que valeria a pena ter ultrapassado o medo. Ou não... Um abraço.
84 comentários:
...não conheço de onde vem essa citação; mas, porque não me rever nela?...
...ahh, o costume, porém: um BOM DIA à tutti
abreijos
O contrário é possível?
Caro Prof. m8,
'Coffee Break'.;)
E quando se está moralmente desfeito e fisicamente inteiro, mantendo a esperança e, sem que deixe de ser solidário, solitário por entre as multidões?
Com a quantidade de autores que o Prof. refere, vou à falência. Não ganho para livros.;) Mas, ainda bem que o faz. São-me referências preciosas.
Não acredito no moralmente desfeito e fisicamente "inteiro", ou não é a moral que comanda o fisico?
Bom dia Professor
Já vivi a dor pela dor e pela (falta) esperança. Mas será possível viver a solidão sem qualquer dor, cansado e feliz?
Este "blogue" especializa-se, cada vez mais, em sentimentos, amor e sexualidade. Confesso que, quando pela primeira vez ouvi a notícia de que tinha um blogue, tive a nostalgia de que se chamaria "sexo dos anjos". Não é no título, é no conteúdo. Bem haja!
P.S: Já repararam que o "Som do Muecon" não funciona? Ou será problema do meu aparelho? Portocroft, conseguirá esclarecer-me isto?
António Pedro Ribeiro,
Tanto quanto sei, está a funcionar na perfeição. Aqui está. Mas, já verifico se há alguma anomalia. E só lhe acontece aqui?;)
Pensando melhor, talvez essa solidão que fala na citação seja a tranquilidade que se ganha depois de viver um profundo tormento. Apesar de o sentimento continuar a existir, acaba por adormecer lentamente e quando acordamos estamos de novo inteiros - ainda que mais velhos.
Para quem gosta de musica clássica, literatura, arte e cinema consulte o site: El poder de la palabra
Fisicamente desfeitos mas moralmente inteiros, ou fisicamente inteiros e moralmente desfeitos, parecem-me variações em torno dos alguéns que não são predominantemente esquizofrénicos - quase todos, aliás.
Sustentados por solidariedades mais ou menos solitárias, em encontros reais ou virtuais, em blogs, em coffee breaks, em vernissages, na mesa, no colchão, nas nuvens ou no chão.
Sofrega ou lentamente aproximando-nos de climaxs que inventamos.
Talvez seja preferível estar moralmente inteiro... quando a alma quebra e apenas a matéria se suporta a razão de existir esvai-se, pouco a pouco, lenta e penosamente até que o fracasso dê coragem para optar: reconstruir ou desistir, de vez, de tudo!
Eu já desisti, mais do que uma vez, de tudo menos do corpo que nunca me quis abandonar... Afinal, sobrevive-se só com um corpo ainda que moribundo... até que algo possa renascer! E renasce, vezes e vezes sem conta, enquanto o corpo não aceitar morrer!
E a dor era a única prova de que ainda tinha ar nos pulmões e sangue a correr nas veias...
Não pude deixar de me lembrar de João Paulo II nos seus derradeiros dias. Tendo por ele uma enorme ambivalência de sentimentos não pude deixar de ficar tocado pela forma como ele viveu os seus últimos momentos, certamente desfeito físicamente, mas espiritualmente (permitam-me a pequena alteração) inteiro. Estes últimos dias devem ter feito mais por todos os doentes do que todos os discursos proferidos sobre o assunto.
O Som do Murcon funciona...
... excepto em minha casa :////!!!!!!
Só para deixar cumprimentos a todos...
Voltarei mais tarde, em regime pós-prandial!!! :))))
Portocroft:
Agora já condigo ouvir. Muchas gracias!
António Pedro Ribeiro,
Não tem de quê. Disponha.;)
Nem todos os infernos que vivemos interiormente são partilháveis e, como tal, temos de carregá-los em solidão. A velha história do "só, no meio da multidão", de gente, que já não nos diz ou muito, ou nada.
Olá maralhal,
Por falar em inferno, vou ter que ir a uma repartição de finanças, mas volto! Espero eu! Lol
Uma boa tarde para todos.
Muitos de vocês rodam - e bem! - à volta da distinção entre estar sozinho e só. Por isso gostei tanto da expressão "solidariedade solitária".
Muitos de vocês rodam - e bem! - à volta da distinção entre estar sozinho e só. Por isso gostei tanto da expressão "solidariedade solitária".
...claro que é distinto o estar só do estar sozinho
...a dificuldade talvez resida na definição:
...o que é estar só?
...o que é estar sozinho?
...e
...não poderemos estar sós e sozinhos ao mesmo tempo?
...
Olá Maralhal e Professor
Será que a "solidariedade solitária" não é uma armadilha? Daquelas que nos fazem regressar constantemente ao centro do nosso eu, não para reflectir e "crescer", mas para nos auto-elogiarmos de forma narcisista. Não acredito, de forma positiva, em solidariedades solitárias. Teremos sempre a tendência de sermos "solidários" com as nossas fraquezas.
Já alguém disse que devíamos aproveitar as vantagens da solidão? De uma certa solidão, claro. Daquela de que nós próprios construímos por já só sabermos viver sózinhos. Se não a encararmos como castigo, julgo mesmo podermos tirar partido disso.
"O canal do parto e o caixão são dois espaços desenhados para um só corpo." "E isto...para mim, quer dizer que nascemos sós e morremos sós. Esta ideia, tão assustadora do meu ponto de vista, é talvez a lição mais dura que tive de aprender ao longo do meu próprio crescimento."
Jorge Bucay-deixa-me que te conte
"O canal do parto e o caixão são dois espaços desenhados para um só corpo." "E isto...para mim, quer dizer que nascemos sós e morremos sós. Esta ideia, tão assustadora do meu ponto de vista, é talvez a lição mais dura que tive de aprender ao longo do meu próprio crescimento."
Jorge Bucay-deixa-me que te conte
Maite,
Mas o MM nem pode dormir a sesta descansado, que lá vêm as melgas
a zunir:
Pois claro, k raio ker dizer esta m****?
o solitário NÃO é solidário.
Escreveu um tal Lipovetski in "A Era do Vazio" k este culto da individualidade e o carpir masoquista da solidão vai levar-nos a um túnel sem saída LOL e o gajo nem era tripeiro nem nada.
Solidão já eu soube o k era, sim:
quando dormia com o inimigo (e o
gajo nem ressonava nem cheirava mal dos pés, carago) e me empatou a loja durante 8 anos, e tou à vontade pra dizer isto pk ele é analfabeto e nem leu o Alexis da Yourcenar, e sumiu pela calada da
manhã e nunca mais telefonou seker
a pedir desculpa por ter ido tão
tarde...LOL
Mas, como é sempre feliz quem mais amou, já eskeci, já perdoei tb,
pois a minha casa está sempre aberta para os que me querem o corpo e não ousem seker apalpar-me a alma, quanto mais tentarem roubar-ma, canudo.
E há sempre os peelings e os exfoliantes, e tempo e lugares para a folia;)
ooops, ala k se faz tarde, sair é preciso, e pela sombra;;;;;;;;))))))
Lunema,
NINGUÉM MORRE SÒZINHO
E agora, fui
Olá Júlio e maralhal,
Gostei sobretudo do título do post - há solidões e solidões.
A solidão que se escolhe e com a qual se convive optimamente e a terrível solidão de quem perdeu as "pontes" com o mundo e se sente um náufrago no meio do oceano.
Júlio (2.00)
Essa distinção é fulcral.
Os anglo-saxónicos tornam isto muito mais evidente através de duas palavras: pode-se estar sozinho( alone) e não estar só( lonely), assim como se pode estar só e não estar sozinho.
Lobices (2.05)
Podemos, de facto, estar sós e sozinhos ao mesmo tempo e será infelizmente o mais comum.
Mia (2.56)
Sou da mesma opinião.
Apreciar e aproveitar a solidão pode ser extremamente compensador.
O que acontece é que hoje em dia o ser humano tem medo do encontro consigo mesmo...
Caríssim@s,
Pois bem...
A solidão a que se refere Jorge Semprún creio ser a solidão de um resistente.
A solidão imposta pelas circunstâncias e não a solidão por opção. A coerência nas convicções, a integridade moral, na vivência agreste da solidão, quando parece que o mundo nos abandonou, levando-nos a questionar o porquê de a fidelidade.
Semprún dá-nos a resposta: por solidariedade para com uma imensa minoria de outros solitários que permanecem fiéis à sua ética.
Mas solidão também pode ser sinónimo de (des)amor:
"Procuro-te na minha solidão
Na penumbra de um quarto
Numa noite de Verão.
Frágil, no silêncio que me envolve, escuto
Os intentos frustrados de uma borboleta nocturna
Batendo no vidro da janela semiaberta,
Intentando alcançar os pontos de luz dispersos
Que a atraem
E que enchem as paredes com as delicadas sombras
Estáticas da minha concentração,
Interrompidas pelos fugazes momentos
Em que me movimento e pelo
Flamejar intermitente das velas.
Sombras de quem sou
Projectadas a negro na parede.
Imagens de uma alma apenas...
A borboleta continua a bater
Contra o vidro da janela...
Frágil ser, arranca-me à inquietude do meu silêncio,
Em busca de conhecer o brilho que a tirará da escuridão."
Desculpem os longos textos!!! :(((
Circe (1.57),
Subscrevo o voto de louvor ao PortoCroft.
Grande Chefe Indío disse,
"Muitos de vocês rodam - e bem! - à volta da distinção entre estar sozinho e só."
Senti-me um hamster! :)))))))
"6000 Educadoras foram exoneradas da Função Pública devido a erros no Concurso, da responsabilidade do ministério da Educação. Está tudo no Segredo dos deuses, há uma cumplicidade do Ministério e um aproveitamento dos Sindicatos. Está a ser preparado um despacho para as reintegrar outra vez. Os Sindicatos têm assim um trunfo para negociar os Destacamentos dos amigos." - S.I.R. (Serviços de Informações da RIAPA).
Mais sobre o caso em www.riapa.pt.to
Há um silêncio absoluto aqui até mesmo dentro de mim.
Estou só, acompanhado apenas da minha solidão; por isso, não estou sozinho; estou acompanhado, logo não estou só.
Estranho.
O silêncio penetra dentro de mim sem pedir licença; também não sou capaz de lhe impedir a entrada; ele é tão livre quanto eu e eu, possuidor dessa liberdade, deixo-o entrar e sinto que a excitação que ele me provoca é sinal de prazer.
Um prazer proveniente da paz que ele, o silêncio, alberga.
Com ele, vem apenas o som da deslocação do ar quando ele chega sem avisar.
É que, de repente, só (estando só) o sinto quando ouço o silêncio da sua chegada.
Senta-se aqui ao meu lado e vejo perfeitamente que ele me olha de soslaio; mas não lhe ligo importância; quem se julga ele? Alguém de muito especial? Devo-lhe alguma deferência?
Não. Não lhe franqueio sempre a entrada? Então, que mais ele quer? Que lhe dirija a palavra? Não! Mil vezes não! Se o deixo penetrar-me é porque assim o desejo e o quero, em silêncio, em paz, ouvindo-o sem o ouvir; sabendo apenas que ele está aqui.
A solidão, por seu lado, essa não se importa muito pela presença dele; já está habituada. Olha-o com desdém como se ele, o calado silêncio, fosse ninguém. Sabe muito bem que ele não me faz mossa; sabe perfeitamente que ela, a solidão, é que é a minha amante preferida, hoje cinzenta (pode ser) mas amanhã, quem sabe, se colorida.
É apenas a paz que me traz sereno e me faz sentir o seu frio ameno; é que o silêncio tem temperatura, ora é doce e quente, ora azedo e frio; mas já reparei imensas vezes que quando é azedo se sente um frio ameno; não enregela nem me estremece o corpo; amorna-me a alma e deixo-me ficar na mordomia da sua presença.
É tudo apenas um estado de solidão a sós com o silêncio que me faz companhia.
Por isso, não esfria.
Deixa-me estar como quero.
E ele se queda também e fica.
Não incomoda.
Sabe que a qualquer momento que eu queira, o mando embora; sabe que um grito forte pode, num ápice, cortar o ar que ele deslocou ao chegar. Ele sabe isso e por isso não se preocupa comigo.
Mantém apenas um vago olhar.
Como quem não sabe se parta ou se deve ficar.
Depende apenas e só do meu grito; se este, o grito, do meu peito sair com força, com ânimo, com desejo de ser quem sou e não quem quero parecer ser.
O problema com que me debato é saber o que sou ou mesmo até quem sou. Serei eu próprio o silêncio?
Aquele que conhece a arte de viver consigo proprio ignora o aborrecimento .
Maria Ana
Precisava de gritar tanto?
__
D.
Não, não era para a Maria Ana, que tem uma voz doce...
__
D.
Bom fim de tarde JMV e maralhal,
Depois de ler o que os outros comentadores disseram, gostaria de dizer o seguinte:
Obrigada Andorinha(4.21) pela achega dos termos ingleses. Realmente é mais fácil de distinguir entre as "solidões" em inglês. Parafraseando parte de um título dum post anterior, penso que em matéria de solidão, há de tudo.
Há pessoas "alone" que não estão "lonely", há pessoas acompanhadas que se sentem terrivelmente "lonely" e, claro, há quem esteja "alone" e "lonely".
À primeira vista esta poderia parecer a situação "pior", mas, na minha opinião a anterior causa ainda maior sofrimento. Não há nada mais terrível do que sentirmo-nos sós ("lonely") no meio daqueles com quem vivemos.
Concordo com a apreciação do Ram sobre este texto, dado o contexto do livro(6.06). Penso que ele expressou muito bem o sentido nos 2 parágrafos iniciais.
Destaco ainda o comentário da Mia(2.56).
Ela fala em aproveitar as vantagens da solidão e diz:"Se não a encararmos como castigo, julgo mesmo podermos tirar partido disso." Notei particularmente o uso da palavra "castigo". O sentir a solidão como castigo, parece-me uma ideia muito interessante para uma discussão sobre este assunto. Penso que realmente estamos tão condicionados para uma vida "a dois" ou "a 2 mais filhos" que poderemos, caso nos encontremos sós, perguntar-nos "que fiz eu de errado" para não ter "conseguido" formar (ou manter) uma família e encarar esta situação como um eventual "castigo" por qualquer falta por nós cometida.
Escrevinhador (5.13)
Tens toda a razão, retiro o "hoje em dia" ( está a mais)
E não sou saudosista do antigamente.:)
Pamina,
Realmente é mais fácil distinnguir entre as "solidões" em Inglês.
"Não há nada mais terrivel do que sentirmo-nos sós no meio daqueles com quem vivemos".
Totalmente de acordo.
Quanto ao teu comentário em relação ao comentário da Mia, mais uma vez as nossas opiniões coincidem.:)
Se calhar já conhecem.., mas,desde já agradecendo,a vossa companhia, às vezes, para deleite do olhar de meus neurónios...,:)para todas as solidões, acompanhadas ou não,filharada incluída:)aqui vai presente:(bom..., espero, que, pelo menos alguns, gostem;) )
A Aol fez parceria online com o concerto Live 8 em:
music.channel.aol.com
P.S. Como sou uma besta nas novas tecnologias e meu velho equipamento não ajuda, só o consegui abrir, com ajuda do Google. Mas valeu a pena:)))
:) Adoro o Semprún. Conhece o Suárez Carreño, professor? Sobre a solidão:
"La soledad de la noche es dura como la piedra de las rocas,
Siglos mudos, oscura y lenta materia,
Luz de luna sin destino, fría y sin amor desierta,
Luz que se pierde en las hondas masas del frío,
La sierra sin nadie, la luna sola, en el bosque la madera,
El viento se pierde lejos, ave triste,
Angustia lenta que no es el cielo ni el monte,
Que no es carne, luz, ni piedra"
El viento lejano, José Suárez Carreño
O terceiro ponto da Pamina é muito importante. Cada vez mais pessoas vivem "solidões acompanhadas", mas permanece uma ideologia que as decreta "marginais" por não seguirem o preceito clássico: casal heterossexual vivendo debaixo do mesmo tecto e com filhos.
lucília
ouviste o professor?...
Olá Prof. e restantes,
O seu último comentário, suscita-me uma observação:
considerando a solidão de um dos membros do casal heterossexual vivendo debaixo do mesmo tecto e com filhos, ela não é tão penosa como as outras solidões?
Tenho para mim que é preferível estar sozinha comigo própria (faço-me boa companhia!), do que acompanhada e só.
Saudações.
Débora
Para lá também da esperança,num deserto de solidão não existe moral. não existe nada. a não ser a linha limite que se trespassa ou não.
Sendo um facto, a existência de solidões dentro de casais, talvez isso não tenha que ser, de forma generalizada, encaradao como uma indiferença afectiva, ou uma afectividade morta. De resto, existirá sempre o nosso "Eu" que, mesmo no contexto de uma afectividade bem viva, será, de sempre de alguma forma, solitário.
Bom dia maralhal.
Acho que o post anterior se encadeia muito bem com este.
Há solidões e solidões; a anulação é uma delas.
...e hoje, dia 6, aqui vai o meu habitual BOM DIA à tutti...
...aí vai ele dar a voltinha às pernas...
abreijos
O pior de tudo é estar acompanhada e por vezes sentir-me so...
A banda sonora do blog está excelente...
Beijinhos doces
Bom dia,
Lobices
O seu "silêncio" das 7:19 de ontem é absolutamente belo. É o pensamento transformado em arte através da escrita. O grito desfaz o silêncio, mas a solidão... essa teima em ficar!
Olá malta,
Lobices, gostei muito do seu silêncio.
abraço
Em minha opinião, estar sozinho é - mais do que nunca - uma opção (não forçada) das pessoas.
Na minha Lisboa, onde todos se conheciam (lá dizia a a canção "dizem que a cidade é grande, sei lá / mas se é grande não parece / de Benfica a S.Vicente toda a gente se conhece"), hoje ninguém se conhece. Porque será ?
Será porque a cidade está maior ou porque o ritmo de vida é outro ? Não... nada disso. Ninguém se conhece porque conhecer implica dar-se a conhecer ! No tempo em que quase todos quase nada tinham, as pessoas eram solidárias. Hoje, que as pessoas já têm algo mais, ninguém quer expôr as suas "fraquezas". E esta atitude é claramente extrapolável para todas as vertentes da vida.
Estar sózinho é uma opção das pessoas. Mas depois não venham queixar-se que se sentem sozinhos...
Estamos sós porque aquilo que precisamos receber dos outros não é o igual ao que nos dão.
Tenhamos o cuidado para assegurarmos e respeitarmos, até nos relacionamentos afectivos, os nossos momentos de tão desejada solidão. Há equilíbrios que só se vislumbram assim.
solidão
A pior das solidões é não nos sentirmos preenchidos e felizes...na nossa própria companhia.
Preciosa
Solidão...uma forma de estar, ser, uma condição imposta, uma escolha, uma obrigação...tanta coisa. Fez-me lembrar uma música que gosto particularmente, que a certa altura diz "I was afraid to be alone, now i'm scared that's how i like to be" (Azure Ray, em November).
Um abraço enorme e considerem-se todos convidados a visitar o meu cantinho:) (como quem diz, blog).
bj*
solidões e solidões: solidão querida e bem amada; solidão-tristeza; solidão-dor e até solidão-cansaço...
Solidão acompanhada! Sei bem o que isso é. Há quanto tempo!!!!
Sou casado, médico, bem na vida, tenho dois filhos adultos, encantadores, mas estou mal comigo mesmo. Conheci há anos uma mulher na net, com a qual contactei via email durante muito tempo. Foi maravilhoso e ainda mais maravilhoso, depois de nos conhecermos. Renasci, está tudo dito!Fui cobarde e não tive coragem de deixar a minha mulher que não amo de todo. Tive medo do amor, o verdadeiro. Diria até o meu primeiro grande amor!Tive medo e tentei afastar-me, imaginem!Quão difícil foi.
A Y partiu e eu fiquei de rastos.
Vivo e viverei com ela em pensamento, numa casa "vazia". Lá está, vivo acompanhado, mergulhado num vazio asséptico. Todos os dias penso, por que raio não fui ter com ela!
...ó querido amigo médico at 5.58 PM:
...
...ainda estás a tempo!
...se a Y não "desapareceu", vôa, homem, vôa... busca... parte na demanda...
..."ficar" é morrer
Um dia, escrevi isto num dos meus "cantos". Como já muitos o disseram, é, e apenas, mais uma perspectiva.
"Solidão
É entrar, e não ter alegria, chegar a casa, vazia, fria. Chorar por dentro. E rir por fora. É procurar, olhar. E não encontrar. Quem queremos e não temos. Ver, por ver, sem contar. Sem dar. É estar, sem ser. É viver, às vezes sem saber, ou querer, assim."
hoje sou eu o 69 (este nunca está só)
Olá Júlio e maralhal!
Interpreto o comentário do Júlio às 23.47 numa perspectiva diferente das que vi até aqui.
Para mim uma "solidão acompanhada" é uma forma diferente de vida a dois.
Cada um mantém o seu espaço apesar de existir uma relação.
Para mim é a forma ideal de vida.
Ando à procura disso há vinte anos.:)
A ideologia dominante decreta-nos "marginais"? Que me importa isso!
As pessoas devem viver da forma como se sentem mais felizes, independentemente de isso fugir ao padrão mais clássico de relacionamento.
Seria burrice não o fazer...
lobices 6:03 PM
Ó lobices, vc é um amigalhaço do caraças... só dá é bons conselhos. Então a mulher e os filhos do médico não contam para o totobola ? Só a felicidade dele é que conta ? Então mas que raio de egoísmo é esse ? Nessa linha de raciocínio, eu já tinha deixado a minha mulher e o meu filho há que tempos. Eu e muito mais gente...!
..ao anónimo das 6.34 PM:
...
...claro que sim... devemos "perseguir" o caminho que pensamos ser o melhor; devemos prosseguir para onde enetendermos que devemos caminhar
...devemos TENTAR ser felizes e não, por OBRIGAÇÃO, passar uma vida num casamento de fachada
...
Aqui para nós, o médico pode não amar, mas não sente estar num inferno com a mulher que tem. Até lhe foi despudoramente infiel. Se não arriscou um salto no desconhecido foi porque está contente com o que tem. Porque se a relação é tão seca e vazia, também se arrisca-se a, num destes dias, chegar a casa e ter uma cartinha de um advogado.
lobices 6.44 PM
O melhor caminho deverá ser sempre aquele que garante a felicidade e o bem-estar dos nossos filhos. Quando o único caminho a seguir - com esse objectivo em vista - fôr o fim do casamento, então tudo bem. Mas até lá...
...para que o Homem seja feliz há uma condição sem a qual ele nunca o será: essa condição é ser EGOÍSTA
...alto e pára o baile: eu explico
...como já tenho escrito muito sobre isso, volto a repetir:
...amar é dar
...amar é desejar que o "outro" esteja feliz e eu sou feliz quando sei que o "outro" está bem
...para eu estar bem, para eu ser feliz tenho de deixar de "possuir" o que quer que seja, excepto ser "dono" da minha escolha; a capacidade de escolher é a única "coisa" que é de nossa propriedade; o resto não é nosso; nada possuimos...
...sendo assim, eu devo escolher o "meu" caminho, e o meu caminho deve ser a procura da felicidade que não existe "ali" mas sim que está dentro de mim
...se ela, a felicidade, está dentro de mim, se eu escolher o meu caminho e me sentir bem, eu vou (ao estar bem) fazer bem aos que me rodeiam...
...se eu estiver "infeliz" eu só faço mal aos que me rodeiam
...logo, manter um casamento só para não "largar a mulher e os filhos", é um insulto à minha única capacidade de escolher a minha felicidade
...vou, vivendo dessa forma, apenas provocar negatividade à minha volta
...então, é preferivel assumir que aquele não é o caminho e, por tal, prosseguir a viagem: caminhar
...procura constante
...sempre
...eternamente, se for preciso
Lobices (6.53)
Genial, homem!
Assino por baixo.:)
Andorinha, eu também acho que uma vida de solidões acompanhadas será algo de muito adequado. É quase como estar num supermercado. Quando dá jeito, servimo-nos. Deitamos a mão à prateleira e, só então, nos lembramos de que é preciso que a outra solidão também esteja interessada. Caso contrário, teremos que aguardar por melhores dias. E assim, lá se trocam uns afectos de dez em dez anos. Não está mal visto.
...to anónimo at 6:52 PM:
...cito:
O melhor caminho deverá ser sempre aquele que garante a felicidade e o bem-estar dos nossos filhos...
...
...mesmo que para isso se mantenha a dor de não nos sentirmos bem?
...mesmo que para isso seja preciso mostrar aos nossos filhos o quanto estamos a sofrer?
...julgas que eles não percebem?
...julgas que eles não vêem?
...não sentem?
...não sofrem?
...
Se nenhum amor é duradouro, porque andar constantemente á procura dele, como quem procura trocar de carro de cinco em cinco anos? E que tal se formos cuidando do carro, mudando umas peças, reconstruindo o motor, arranjando a chapa, mudar a cor da pintura, dar-lhe outro charme ...
O Dr. Médico Solitário se não ama a mulher com quem vive para além de perder a possibilidade de ser feliz, também impede a felicidade dela ser verdadeiramente amada.
Se não fôr feliz também não conseguirá transmitir grande felicidade aos filhos, que sendo já adultos há muito que as asas lhes cresceram e já andarão em altos voos.
Dr. já desmontei da motoreta. Faça o favor de montar nela e acelere enquanto é tempo.
...to Yulunga at 7:22 PM:
...
...exacto!...
Vidas sem vida (7.01)
Tu vives a vida da forma que entenderes ( não tenho nada a ver com isso)e eu da forma que entendo, foi isso que eu disse.
É tão simples quanto isto!
...to vidas sem vida at 7:16 PM:
...
...o amor é um sentimento e como tal está sempre em mutação!...
...bolas: percebam isso!... O amor não é estático...
...
...AMAR, sim!... Ou se ama ou não se ama; amar é uma acção; actua-se, amando, dando-nos, querendo o bem dos outros, amando sem posse nem destino num amor incondicional
...no amor, e exactamente, porque ele é mutável é que lhe mudas a pintura ou a chapa ou os pistons ou o óleo mas, a máquina está lá e é sempre a mesma em manutenção pela simples razão de que não procuras a tua própria "forma" de amar; apenas pensas num amor...
...isso é, na verdade, amor; um amor que se fixa, que se mantém e não vive, não expande, não exulta, bem pelo contrário, vai morrendo lentamente...
...amar, é algo diferente; é viver a forma que escolhemos para sermos felizes... isso sim, é o verdadeiro AMOR... amando!...
...
...amor é uma coisa
...amar é outra coisa
...não confundam
...sejam felizes
Lobices, não tivesse eu medo de picas e receio de que os enteados fossem melhores que o pai ainda tentava fazê-lo feliz. Como tal limito-me a emprestar algo que lhe permita correr contra o tempo.
Até mais ver maralhal.
Caro médico da “solidão acompanhada”,
Perante a exposição do seu caso, ocorreu-me a célebre quadra de António Aleixo:
“quem prende a água que corre é por si próprio enganado; o ribeirinho não morre, vai correr por outro lado”.
Para onde terá ido correr o ribeirinho?
Claro que isto é uma forma “ligeira” de ver a questão.
É incontornável que os casamentos desfeitos têm uma série de implicações de vária ordem. Desde logo, pessoais e familiares, entre outras. Há, portanto que ponderar muito bem o assunto. Não é algo que penso poder decidir-se de ânimo leve.
Há no entanto que equacionar muito bem “ganhos” e “perdas” para todos os intervenientes.
Por vezes é mais penoso para todos manter as aparências, do que “correr” atrás do sonho.
Colocada nessa situação, sei que teria muita dificuldade em dar o passo – tenho filhos, por exemplo e isso teria um peso enorme. Excepto, se a decisão fosse tomada no limite – má vivência, maus tratos, etc. Situações afins não me suscitariam sequer dúvidas.
No seu caso, com os filhos adultos, poderá ser diferente – penso que os nossos filhos não desejam a nossa infelicidade. E o cônjuge teria que compreender, penso.
Sei que, na prática, as coisas não assim tão simples. Pareço retrógrada? Sou apologista de que devemos sempre que possível, perseguir o sonho, porque o sonho é gerador das nossas expectativas para a vida. E vida e só temos uma (que saibamos). Não o tentar, seria deixar a vida para segundo plano. Quem sabe, ainda vai a tempo de encontrar o ribeirinho …
Tentei amenizar a sua tormenta, mas duvido dos resultados – sou inábil nesta matéria e seguramente ignorante.
Saudações
Débora
Muito obrigado a todos. Afinal, ainda, existe solidariedade humana que quebra um pouco a dita solidão acompanhada!!!!
Meus caros amigos o que escrevi foi um desabafo.
Existem vários problemas graves, que penso que se venham a resolver no tempo.
Por outro lado a Y, dado o meu comportamento inverso ao que realmente sentia por ela, partiu. Às vezes quando de facto se ama voltamos a ser desajeitados como quando tinhamos 15 anos! É mais fácil fingir que gostamos!!!
Em suma, dedico-me de corpo e alma à minha profissão que gosto muito. Aos meus filhos, daqui a nada aos meus netos, aos meus doentes, aos meus alunos.
Um abraço a todos
ao anónimo médico:
quero acrescentar: "a mim" (no caso a si).
daqui a pouco todos terão uma vida própria e independente... o meu caro anónimo, nessa altura, sentir-se-à num conflito tremendo, dividido entre o que devia ter feito e o que fez (na inversa realidade no seu conceito tradicional). Então, sim, talvez diga que valeria a pena ter ultrapassado o medo. Ou não...
Um abraço.
Bolas! Caro coega: (já escrevi uma vez, mas isto parece que se foi...) - já que não me responde à problemática do amo«r, fale-me da nossa saúde ...
What a wonderful invention it is, this thing we call the Internet!
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