quarta-feira, março 08, 2006

No Dia das Mulheres procuro refúgio no Senhor:).

Diálogo à chuva


Como chove, meu Deus... (Inútil dizê-lo, ela jorra aí de cima, onde, por definição, esperas alguns de nós). Ou não me limitei a informar-Te? Agora que a releio, noto aragem lamentosa na frase. Talvez mesmo um vento que sopra, amuado, rumo à queixa ressentida. A ser verdade, desculpa - não me passaria pela cabeça pedir-Te explicações. (Mas confesso que um bode expiatório vinha a calhar.) Fiz um drama de mudança climática perfeitamente adequada ao calendário? Invocar o Outono parece-me optimista da Tua parte, hoje em dia as estações misturam-se, enlouquecidas e pouco fiáveis. Antes, na adolescência, Setembro era o melhor mês de praia. O areal da Aguda engolia um valente naco de mar, a nortada ia de férias e nós jogávamos futeboladas tanto mais enérgicas quanto as saudades das namoradas apertavam. Porque elas tinham partido rumo a vindimas durienses, não havia telemóveis mas sobravam pais severos, as nossas entranhas ganiam e...; bom, perdoa o tema, quiçá chocante. O quê? Por que não? Peço desculpa de novo, não acerto uma, convirás que os burocratas aqui em baixo não Te apresentam como aberto a hemorragias da alma (não me dou ao trabalho de pôr a expressão entre aspas porque, na Tua omnisciência, sabes que a roubei a um poeta). Sou injusto ao confundir-Te com esses? Muitos outros já são de vistas largas, sem por isso abençoarem o mero consumo dos corpos? Pois peço desculpa outra vez!, mas agora com enorme satisfação. A Tua provável heterodoxia já me ocorrera. Agora que os burocratas, de carimbos morais em riste, estivessem a caminho de se tornar minoritários..., isso já me parecia quase delirante. Mas aí de cima a perspectiva é mais global e Tu possuis fontes de informação privadas, acredito no que dizes. Estou perdido? Eu sei, não aspiro ao Céu. Pecador sim, mas com auto-crítica, terei de me entender com o Príncipe das Trevas. (Logo eu!, que já não me lembro de sair à noite...). Perdi foi o fio à meada, quanto à alma depois se vê? Obrigado pelo fio de esperança. Não pelo que sou e fiz, mas um tipo sempre acarreta memórias de coisas e pessoas bonitas, talvez caiam bem nos Teus arquivos. Divaguei, tens razão. E não por a teres sempre, mas por mereceres a bênção das palavras, eu tropeço nelas com uma frequência assustadora, escritas e ditas; saem-me a anos-luz do que penso, as traidoras. Mas eu explico. Esta chuva é um bluff, percebes? Porque imita o Dilúvio trasnformando as casas em solitárias arcas de Noé, o granizo parece condenar-nos à vergonhosa lapidação reservada a certas mulheres, a sua teimosia traz-nos à memória os poetas – “chove chuva, chove sem parar” – e no entanto não acontece nada. Estou cego? Contradigo-me? Eu sei. A lavoura, os acidentes de viação, as barragens cheias, os salários dos meteorologistas... Mas uma chuva tão megalómana tinha obrigação de fazer mais e melhor! Empoleira-Te um bocadinho no meu ombro, é agnóstico mas acolhedor, fui criado por velhos republicanos que veneravam a hospitalidade. Assim olhamos na mesma direcção, embora aceite que vejas mais longe, por seres quem és e eu sofrer de miopia. Notas alguma diferença? Achas que o mundo sai desta gigantesca barrela de cara lavada? Já me satisfazia com meia-dúzia de nódoas em vias de esmaecer, há-as para aí aos montões - de pobreza, ódio, indiferença. Nada. O dilúvio imitou a montanha - pariu um rato. O quê? Esta água não serve para isso... E qual servirá?, a das lágrimas já vai secando e resultados nem vê-los! Desculpa, entristeci-Te. Não podemos esperar que a Tua chuva limpe os dejectos da nossa liberdade... Paciência. Algum conselho? Dar mais atenção a coisas simples e à paz que acarretam? Vou tentar: a floreira da varanda ressuscitou; o puto no relvado salta, deliciado e à revelia da mãe, de poça em poça; por entre os blocos de cimento brilha a cauda de um improvável arco-íris citadino. Estou a ir bem? O meu rosto suavizou-se? Deus - perdão! -, Tu sejas louvado – ainda não embruteci por completo.

21 comentários:

Anónimo disse...

Horace Walpole
Só sabia dividir de dois em dois?

Anónimo disse...

Também atribuo essa memória a "Setembro"- o corpinho queimadinho, o mar tranquilo, o vagar, e a motivação para novos projectos.

"eu tropeço nelas com uma frequência assustadora, escritas e ditas; saem-me a anos-luz do que penso, as traidoras." Eu até chego a pensar que tenho alguma "lalia"


Olhe professor hoje apetece-me assinar
C Maria T

E falar-lhe como Maria, se eu fosse a Maria dir-lhe-ia
assim:

================================
LOL: não consigo! Ia dizer coisas impensáveis ;* Vinha a Maria verdadeira e estava o caldo entornado. ;]
Mas pronto. Sabe que "O" Adoro!

andorinha disse...

Boa noite.

Gostei do seu diálogo com Deus.
E essa das "hemorragias da alma" não lembraria nem ao diabo.:)
"...embora aceite que vejas mais longe, por seres quem és e eu sofrer de miopia."
O que eu me ri ao ler isto.

"Dar mais atenção a coisas simples e à paz que acarretam." Que melhor conselho Deus, na sua infinita sabedoria, lhe/nos poderia dar?

b' disse...

professor

preciso de uma consulta urgente!!!
o Carnaval já acabou e continuo mascarada de lampiona SOCOOOORRROOOO!!!!

SLB SLB SLB SLB SLB GLORIOSO SLB GLORIOSO SLB

A Menina da Lua disse...

Pois não! não embrutecei nada...
Até pelo contrário...e esse seu diálogo com o Senhor é bem demonstrativo disso...:)

De repente este seu texto fez-me lembrar o poema de Alberto Caeiro pelo menos nestes bocadinhos:

"Esta tarde a trovoada caiu
Pelas encostas do céu abaixo
Como um pedregulho enorme...
Como alguém que duma janela alta
Sacode uma toalha de mesa,
E as migalhas,por caírem todas juntas,
Fazem algum barulho ao cair,
A chuva chovia do céu
E enegreceu os caminhos ...

.....
Ah! é que rezando a Santa Bárbara
Eu sentia-me ainda mais simples
Do que julgo que sou...
Sentia-me familiar e caseiro
E tendo passado a vida
Tranqüilamente, como o muro do quintal;
Tendo idéias e sentimentos por os ter
Como uma flor tem perfume e cor..."

Gostei muito deste seu texto...para variar:))

Anónimo disse...

Doutor Júlio Machado Vaz e demais habituées do Murcon:
peço desculpa por conspurcar este post e este dia, mas venho aqui por causa de uma enormidade (com todo o carinho) que julguei ouvir no Amor é... de hoje: que os Stones andam há quase cinquenta anos a tocar o mesmo tipo de música. Na qualidade de stone-maníaco (tribo carinhosamente referida pelo Doutor Machado Vaz no mesmo programa), venho aqui insurgir-me publicamente. Muito pelo contrário: a mudança e a adequação aos tempos (sem concessões excessivas) têm sido o que explica a sua longevidade. Será possível ouvir "The Rolling Stones", "Their Satanic Majesties Request", "Dirty Work" e "Voodo Lounge" e dizer que é tudo a mesma coisa?
Peço desculpa pela interrupção. Vivam as mulheres e o glorioso!

Vera_Effigies disse...

Anónimo
Pode "perguntar", por favor ao Horace Walpole
E para os que têm ambos os dotes?!!!! Uma vida de Palhaço?.... :)

MAHATMA
Como sempre o senhor mima-nos com estes docinhos. Gostei desse "Tête à tête"(duas vezes aspas) com Ele :)))
Eu fizia-Lhe a pergunta ao contrário :)

Porque só chove ás vezes Deus? Antigamente eram uma benção as lágrimas que Vertias. Sim eu sei! Sabias que, o bicho a quem Deste tudo estragaria a bola azul que lhe Penduraste no espaço; Sabias que viriam tempestades secas, corações sulcados de tão ressequidos...
Porque não percebemos isso?! …
Tanta lágrima, por Ti, vertida em vão!!!!!
As que Vertes hoje são de raiva e escassas, para nos fazer sentir a sede dos Teus avisos...
Presenteia o Mahatma ;-)com chuva seguidinha até Junho (ihihihihih). Mas Castiga-o no próximo sábado e domingo com um sorriso Teu, o mais bonito que tiveres por aí guardado.
Obrigada Deus!

Está feita a minha prece.
Um abraço

Pamina disse...

Boa noite.

Ainda ontem ouvi num filme a famosa frase da peça "Julius Ceaser" de Shakespeare: "the fault, dear Brutus, is not in our stars, but in ourselves..."
Tal como é nossa a responsabilidade por actos horrendos, como a mencionada lapidação, parece-me que somos também nós próprios que temos que fazer a limpeza a este mundo. Homens e mulheres juntos, com a esperança renovada pela contemplação da beleza das coisas simples da vida, como o Senhor aconselha. Dessa paz, e sem a perder, saber tirar novas energias para pegar no balde e na esfregona.

Como disse no outro post, os poetas é que sabem. Embora não goste duma certa artificialidade destes dias dedicados a isto ou aquilo, aqui ficam, para marcar a data, 2 poemas da poetisa nicaraguense Gioconda Belli (há bastantes poemas dela na Internet. Quando tiverem tempo procurem, pois são muito belos).

Y Dios me hizo mujer

Y dios me hizo mujer,
de pelo largo,
ojos,
nariz y boca de mujer.
Con curvas
y pliegues
y suaves hondonadas
y me cavó por dentro,
me hizo un taller de seres humanos.
Tejió delicadamente mis nervios
y balanceó con cuidado
el número de mis hormonas.
Compuso mi sangre
y me inyectó con ella
para que irrigara
todo mi cuerpo;
nacieron así las ideas,
los sueños,
el instinto.
Todo lo que creó suavemente
a martillazos de soplidos
y taladrazos de amor,
las mil y una cosas que me hacen mujer todos los días
por las que me levanto orgullosa
todas las mañanas
y bendigo mi sexo.

Nueva tesis feminista

¿Cómo decirte
hombre
que no te necesito?
No puedo cantar a la liberación femenina
si no te canto
y te invito a descubrir liberaciones conmigo.
No me gusta la gente que se engaña
diciendo que el amor no es necesario
-"témeles, yo le tiemblo"
Hay tanto nuevo que aprender,
hermosos cavernícolas que rescatar,
nuevas maneras de amar que aun no hemos inventado.
A nombre propio declaro
que me gusta saberme mujer
frente a un hombre que se sabe hombre,
que sé de ciencia cierta
que el amor
es mejor que las multi-vitaminas,
que la pareja humana
es el principio inevitable de la vida,
que por eso no quiero jamás liberarme del hombre;
lo amo
con todas sus debilidades
y me gusta compartir con su terquedad
todo este ancho mundo
donde ambos nos somos imprescindibles.
No quiero que me acusen de mujer tradicional
pero pueden acusarme
tantas como cuantas veces quieran
de mujer.

Anónimo disse...

Viva o GLORIOSO !!!

Num justo tributo aos melhores adeptos do mundo, aqui fica o mais conhecido kop classic:

When you walk through a storm
Hold your head up high
And don't be afraid of the dark
At the end of the storm
Is a golden sky
And the sweet silver song of a lark

Walk on through the wind
Walk on through the rain
Tho' your dreams be tossed and blown
Walk on, walk on
With hope in your heart
And you'll never walk alone
You'll never walk alone

José Miguel de Oliveira disse...

depois do que li é inútil fazer qualquer outra honra. apenas esta: abençoada seja eva por ter mordido a maçã. depois dela muitas outras mulheres se tornaram culpadas, culpadas como prometeu agrilhoado. culpadas de dar ao homem o fogo, ou a árvore do conhecimento?

ASPÁSIA disse...

Pamina

Belíssimos poemas... terá a poetisa alguma costela de Ruben Darío, seu conterrâneo? Dele, numa homenagem mais clássica à mitologia do eterno feminino, as

PALABRAS DE LA SATIRESA

Un día oí una risa bajo la fronda espesa,
vi frotar de lo verde dos manzanas lozanas;
erectos senos eran las lozanas manzanas
del busto que bruñía de sol la Satiresa:

Era una Satiresa de mis fiestas paganas,
que hace brotar clavel o rosa cuando besa;
y furiosa y riente y que abrasa y que mesa,
con los labios manchados por las moras tempranas.

"Tú que fuiste -me dijo- un antiguo argonauta,
alma que el sol sonrosa y que la mar zafira,
sabe que está el secreto de todo ritmo y pausa

en unir carne y alma a la esfera que gira,
y amando a Pan y Apolo en la lira y la flauta,
ser en la flauta Pan, como Apolo en la lira".

Ruben Darío (Nicarágua, 1867-1916)

noiseformind disse...

Boss,
Não tentes o (pelo menos ainda um pouco que seja) teu Senhor. Olha que ele é lento na ira mas ela acaba por chegar e tu ainda pouco passas do meio centenário de vida ; ))))) A Malta gosta de te ter por aqui, quer seja pelo Mundo em geral quer seja pelo Blogundo em particular. Outro dia, que a minha irmão mais velha caia já morta se estou a mentir, juro que sonhei contigo e com a Maria no Fiel e Infiel. Tu chegavas lá, carinha tranquila e tanto quanto laroca quanto possível, good sport julgando-te vir avaliar o tele-lixo com luvas de pelúcia e o gajo que apresenta aquilo começa a dizer “Julió, Julió, à suá Maria, você gosta delá?” E o Professor encolhe os ombros (e os óculos, quase consigo jurar a partir do meu ponto pouco previligiado no público) e de repente temos programa. A Maria respondendo a um anúncio para trabalhar num organismo europeu encontra-se diante de um escultural e sueco louro (pq é que nestes sonhos os louros voam logo para a Escandinávia, é coisa que nunca pensei) que a bombareia com perguntas muito pouco usadas para availar recursos humanos profissionalmete. O Ju aguenta impávido e sereno enquanto ela fala da infelicidade da ausência de um “senhor” com quem mantém uma relação mas que “não é nada sério” e que ela aceitaria passar longos períodos de tempo em Bruxelas pelo bem maior da produtividade burocrátic europeia (imagino as árvores da Floresta Negra da Baixa Saxónia a tremerem uns milhares de km ao lado com tamanha disponibilidade para abraçar a causa reprográfica). Entretanto, já o Ju começa a embrutecer, o Hulk que repousou anos a fio sob o peso da tirania de romantismos vários começa a emergir por entre um ou outra frase mais polida. E de repente dá-se a transformação: o Boss-Hulk rebenta com todas as suas roupas no limiar da transformação e agarra no pobre apresentador, esmagado pelas mãos alimentadas pela radiação do desespero-gama. Fujo do estúdio na turba de gente que tenta escapar da fúria Juliana. Já cá fora vejo uma equipa da TVI (talvez tivessem um informador no estúdio, afinal aquilo é gravado para eles) a fazer um directo. Vejo imagens das cÂmaras de segurança. Ainda com as tripas do pobre (estarei a ser demasiado complacente?) apresentador nas mãos o Boss-Hulk prepara-se para esmagar a pobre Maria, que vinha ali esperando receber da TVI o fds de pazes no tal motel “das camas redondas” perto de Lisboa. Mas o Boss não está para brincadeiras, pega nela e num só salto desaparece do horizonte. E de repente acordo e tudo não passou de um sonho.

O sonho parece plebeico mas vejo-lhe morais elevadas. Pelo amor transformamo-nos, pelo Amor fazemos das nossas fraquezas forças. Amor de Outro, Homem ou Mulher. Num mundo de cobardes globais que se escondem atrás da religião ou da ganância para levar a sua avante, imagino que haja nesses homens muito pouco Amor para lhes dar força. Se calhar, como as mulheres se apaixonam mais, com a chegada delas ao poder o mundo torna-se um lugar mais calmo. As mulheres transformam-se em lágrimas na dor, não em bombas ; )))))))))))

ASPÁSIA disse...

Professor,

Está visto que foi o Dia da Mulher que deu sorte à Noite do Benfica; ou, como decerto diria a Gertrudes, foi por nossa intercessão que o S. Bentinho fez este milagre ;)... mas o Prof. merece estes mimos porque é bom rapaz...

Beijinhos

Anónimo disse...

Parabéns, professor, pela fantástica campanha que está a fazer o seu Benfica (na Liga dos Campeões).Abro este parêntesis só, e unicamente, porque tenho alguma pena que todas as suas cstelas não tenham saído à sua terra-mãe.Sou de Coimbra, tenho uma enorme admiração por Si e pelo seu trabalho mas, não me conformo,que não dê um apoiozinho lá pelo Dragão... Enfim!Respeito-o, na mesma,e fico contente em hoje ter tido a coragem de postar no seu blog.Parabéns pelos excelentes momentos de leitura e televisão que nos tem proporcionado.

LR disse...

Professor:

Estou um bocadito desconsolada… É que sou caranguejo e tenho esta coisa um bocado atávica de me ligar às datas!
E resolvi vir meter-me consigo. E com o auditório.
Portanto, não leve a sério!
(eu cá, com o seu humor dos últimos tempos, não sei bem o que esperar…por isso ponho a legenda! Já nem digo que me ponho "a pau" em atenção à data.)

Bem sei que os "Dias de isto" e os "Dias de aquilo" se fossilizam depressa. Porque na sua lógica de celebração, matam instantaneamente a força do símbolo. E com ele a do objecto celebrado.
Tirando-lhe, com sua licença, as palavras da boca, é mais uma obra dos burocratas.

Bem sei, também, que se há homem dispensado de fazer prova na matéria...é JMV. Pelos inestimáveis serviços prestados ao género feminino.
(E atenho-me - bem entendido -, neste reconhecimento que julgo tacitamente aceite pelas murcónicas, aos serviços do foro público, que são os únicos de que posso falar e que têm relevância cívica
(embora haja estudiosos que discordam dessa visão redutora).

Julgo que esta matéria é a tal ponto consensual que até já aqui propus que o distinguíssemos: Sir Julio Vaz. (tivéssemos uma rainha ou uma presidente e já estava no papo). Mas não sei porquê, ninguém ligou nenhuma.
A velha inércia nacional!

Mesmo assim (ou por isso mesmo) -Quem melhor do que JMV para escrever coisa diferente e original (mas sempre autêntica) sobre as mulheres?! Daquelas coisas que a ninguém passa pela cabeça - nem a nós, que somos o tema e para mais temos a mania que o conhecemos...-, mas que seriam a pedrada no charco dos escritos politicamente correctos e incorrectos (laudatórios ou achincalhadores)?
Palpita-me que seria mais um texto notável. Futurista. E único (pk de facto, não vejo mais ninguém…).

- Em suma, quem melhor para essa missão do que alguém que conhece o género feminino "por dentro" ? (ressalvada a virtualidade da invasão e a inacessibilidade técnica do território invadido...honny soit qui mal y pense).

Delicio-me antecipadamente, mesmo sem certezas (os autores não gostam de encomendas, eu sei...)
Mas,…Professor:
-Não quer desafiar os burocratas?!
O elogio de mulher feito da maneira improvável, pelos caminhos impensáveis, "fazendo onde se desfaz e desfazendo onde se faz"...afrontando os lugares comuns - mesmo os que são de estimação para a classe - nesse seu jeito semi poético, semi científico, semi histórico, semi sociológico (já sei, já sei, são semis a mais, mas o que quer, a sua unidade é complexa!!). Mas nesse seu jeito que sempre vem... para ficar.

Para o ano, em 8 de Março, tem de nos prometer que não se furta à questão!!!

(palpita-me que está à frente do ecrã com aquela cara de caso dos doutores, quando lhes encomendam as orações de sapiência…Ou, pior, o elogio dos doutorandos...Sabendo no seu íntimo que a bola do escrutínio será preta...)



OBS: Tivesse eu moeda de troca compatível, prometia-lhe uma retribuição. Mas como não tenho e os bolsos estão vazios de talentos, posso tentar um abaixo-assinado do Murcon para pedir a réplica a alguém que esteja à sua altura...Que tal a Gabriela?
Não havendo congénere do dia 8 no calendário, teria de ser já no 19 de Março...que é o que melhor serve esse propósito…
Já sabe que a reitoria faz sempre os pedidos em cima da hora :O) :O)

noiseformind disse...

German sex industry awaits World Cup

http://edition.cnn.com/2006/WORLD/asiapcf/03/08/germany.prostitution.reut/index.html

Ao que parece as prostitutas alemãs estão ao rubro com o Mundial de Futebol. Muito poucas vezes se fala na emancipação da prostituição como sinal de emancipação da Mulher. O que é pena, é pena...

Anónimo disse...

Olá Prof.,
era só para lhe dar os Parabéns pelo seu Benfica; a si, e a todos os benfiquistas que fazem do "murcon" um ponto de encontro.
Clubismos à parte, vamos todos torcer para que cheguem à final e tragam uma taça!!

lobices disse...

...roubando as palavras da Pamina, oriundas da série Roma da tv2, a culpa não está nas estrelas mas em nós... por isso, amigo Profe, o Deus da chuva e do mês de praia em Setembro (sim, praia da Aguda e ao lado Miramar e Francelos e Valadares... praias onde o mês de Setembro era o melhor, menos ventoso apesar das marés vivas... saudades me destes amigo Júlio... ao falares nisso...) não tem culpa e não pode cumprir as missões que Lhe julgamos atribuíveis; tal como há dias dizia num outro comentário, Ele está muito mais de mãos atadas do que nós mesmos; talvez a liberdade de fazer o que quer que seja esteja dentro de nós e não Nele...
...belo texto
...um abraço

Anónimo disse...

noiseformind 2:22 AM

”Num mundo de cobardes globais que se escondem atrás da religião ou da ganância para levar a sua avante, imagino que haja nesses homens muito pouco Amor para lhes dar força. Se calhar, como as mulheres se apaixonam mais, com a chegada delas ao poder o mundo torna-se um lugar mais calmo. As mulheres transformam-se em lágrimas na dor, não em bombas.”

Noisy, estás carregado de razão quando denuncias o carácter mais ou menos sofismático dos «cobardes globais» que detêm o poder. Mas quanto ao papel das mulheres nesse mesmo poder, sinto-me obrigado a dizer que - infelizmente - as coisas não serão assim tão lineares. Também há mulheres que transformam a sua falta de Amor em dor eterna para os outros. Um exemplo paradigmático disto que eu acabo de dizer foi Margareth Thatcher. Eu não esqueço, por exemplo, Bobby Sands - o primeiro de dez patriotas irlandeses a morrer na decorrência de uma (inglória) greve da fome ocorrida durante o período em que esta macabra detentora de um frígido clítoris ;-)) governou a Old Albion.

Pamina disse...

Aspásia(2.16),

Não sei se os dois estão relacionados. Não encontrei nada na biografia dela que o indique.
Deixo aqui o endereço do site ofical, caso esteja interessada:

http://www.giocondabelli.com/

Su disse...

gosto de lê-lo...já o disse...mas não cansa...
jocas maradas