Telefonema escrito (Dezembro 2000)
António,
Achei melhor escrever-te. Há assuntos impróprios para o sinistro regateio dos nossos advogados, mas infelizmente os últimos telefonemas não foram um modelo de civismo, talvez ainda não estejamos preparados para falar sem duas pedras na mão. Concordarás que utilizando o plural recuso o papel da desgraçadinha cujo marido partiu e, não satisfeito com abandoná-la, lhe desliga o telemóvel na cara. Também eu já o fiz e quanto aos insultos, bem…, penso que vêm sendo democraticamente distribuídos. Dito isto, não penses que o Senhor me iluminou e tenciono fazer parte desse teu lamentável plano para apresentar ao mundo a separação como resultado de um acordo entre “duas pessoas adultas”. Não sei se somos adultos, mas tenho a certeza de que tu és adúltero ( não me admiraria se no caso dos homens os dois termos fossem sinónimos! ). Pelo que farás o favor de te amanhar com as consequências dos teus actos, seja a nível da sacrossanta família – a minha está elucidada… - ou dessa corja de machos latinos endinheirados a quem chamas, com assinalável optimismo e uma certa melodia siciliana, os “rapazes”. Os “rapazes”, diga-se de passagem, dirigem fábricas lucrativas, jogam ténis sem grandes resultados para o pneu e cobrem as costas uns dos outros quando saem à noite, mas não abandonam as queridas mulherzinhas. António, a tua fogachada vai contra as regras vigentes na tua própria equipa.
O que me intriga. Das outras vezes – ou pensas que não estou a par das tropelias anteriores? – foste sempre previsível: passarinho novo, uns dias de trabalho fora do país sem hotéis e países devidamente identificados, chocolates e sexo ( ainda mais ) distraído para mim, ego satisfeito, fim de semana em família na casa da Póvoa, jantar a dois no Casino. Até à próxima… Não estou particularmente orgulhosa por ter aturado essa rotina, mas também não me refugiarei no papel da defensora do bem estar dos miúdos. Continuámos juntos porque não desejava perder-te para uma qualquer flausina que as minhas cenas arvorassem em segunda mulher da tua vida - suponho que ainda te lembras de me considerar a única -, depois de saíres de casa o teu orgulho adolescente impediria uma reconciliação. No fundo cometi um erro habitual: amar o marido, aturá-lo como um filho traquina e esperar a acalmia dos anos.
Embora me revolva as tripas, sou obrigada a aceitar o diagnóstico dos que te conhecem o derriço: a rapariguinha está apaixonada por ti e não merece as frases que aliviam o fígado e preparam o perdão, género “a cabra roubou-mo porque os homens são uns anjinhos, sobretudo quando começam a envelhecer”. Sabes, é difícil abrir mão dessas frases feitas. As mulheres utilizam-nas para salvaguardar os seus homens e a intenção de lhes perdoar. Fazem-no à custa de os considerar débeis mentais, mas fazem-no, transformam-nos em pobres escravos das hormonas que outras, mais jovens e apetecíveis, manobram a seu bel prazer. Não te darei o benefício de tal ofensa, seria atentar contra a estatística. Ao longo dos anos coleccionaste estagiárias, clientes e muito provavelmente, bom…, senhoras da noite, agrada-te o eufemismo? Perante uma colecção para todas as estações seria ridículo partir do princípio que sistematicamente foste seduzido e abandonado. O inverso também não é verdade, por vezes penso que os homens casados têm mais saída do que os solteiros, talvez comprometam menos esta liberdade compulsiva que as miúdas de hoje tanto prezam.
A verdade é que por esta saíste de casa (a expressão “abandono do lar” não me parece adequada, atendendo ao registo de cama-mesa-e-roupa-lavada em que vinhas funcionando). Como já disse, pelo que de ti conheço o regresso está fora de questão, mesmo que o comodismo o exigisse, o tal orgulho macho não o permitiria. Deve ser cansativo, António, provar todos os dias que se é homem. E não às mulheres!, que não partilham os vossos critérios. Aos outros homens, quantas vezes me senti um pretexto para esses concursos de galos. Porque não arreiam simplesmente as calças e medem as gaitas? Afinal pensam com elas…
Não digo neste caso, já admiti que todos me dizem ter a miúda cabeça, para além de um corpo de anúncio televisivo. Mas terá sido “apenas” isso, descobriste pessoa inteira e não boneca insuflável de carne e osso? Porque não te limitaste a conceder-lhe os intervalos entre a fábrica e nós? As viagens de negócios, verdadeiras e fictícias? Por que arriscas a amizade dos amigos que, não a meu pedido!, se recusam a receber-vos? E o habitual desmaio da tua mãe? Fez-te descobrir coisas novas ou recuperaste com ela o que perdemos há muito? Vais partir noutra direcção ou regressar sem mim à estaca zero da nossa estrada? Em melhor companhia…, afinal ela tem menos vinte anos do que eu e outros tantos quilos, com inveja amargurada o digo! Porque neste mundo de homens vocês podem envelhecer tranquilamente e nós não, tudo o que a meia-idade traz de bom fica na penumbra da vossa rendição à imagem física. Mesmo que ultrapassemos incólumes os anos, as gravidezes, os problemas, mesmo que vivamos nos health-clubs os breves momentos entre as aulas dos miúdos e o trabalho chato e inacabado que nunca reconheceis, o vosso olhar embacia-se, sofre de “miopia conjugal”. Tirei um curso de Românicas para acabar tua mulher a tempo inteiro, mas ainda recordo Ovídio: “Eis a causa que impede as esposas legítimas de serem amadas; os maridos vêem-nas quando querem”. E onde está a alternativa, para uma dona de casa que tem de a manter a funcionar sobre rodas? Ir de férias com as amigas? Arranjar um amante com as vossas justificações habituais na manga, “querido, ele não significou nada para mim, já nem recordo a sua cara, sabes como são estas coisas, estava com a malta e tinha bebido muito, depois o tipo não me largava e eu cheia de medo que tu e os miúdos viessem a saber…”?. Merda, António, quase ficamos com a sensação de ter de vos agradecer as mentiras!
E como competir? Vocês saem a correr de manhã e deixam-nos em roupão, atarantadas, hesitantes entre os restos dos vossos pequenos almoços e o atraso dos miúdos, sempre avessos a deixar a cama. Na qual pensamos em plena correria, “há quantas semanas não fazemos amor e como o temos feito?”. Os homens acreditam com demasiada facilidade nas mentiras piedosas com que os sossegamos. Não imaginas as conversas que se ouvem num ginásio depois de uns quilómetros no tapete e um duche bem quente! As mesmas parvas que aturam as queixas de cansaço e a rotina erótica do Sábado à noite – fazes alguma ideia de há quanto tempo não me surpreendes? – suspiram pelo tapete da sala ou por automóvel de namoro, odeiam-vos a pressa já ensonada que as deixa despertas e a ferver. Entretanto suas excelências quedam-se, embasbacados, perante miúdas que vivem em casa dos pais e todas se aperaltam para o emprego. Dá-lhes vinte anos como os que vivi e veremos o que resta da sua frescura! Mas os homens não pensam nisso, vivem a meia-idade com desespero, procuram recuperar nelas um pouco do vigor que lhes sentem fugir. Supõe que chegas a velho - e espero que sim, os miúdos não merecem ficar órfãos, apesar do pouco que lhes vens ligando -, achas que a lua de mel será eterna? Ou tencionas pô-la também na beira do prato quando o hábito vos atacar? E ela, acompanhar-te-á sem dúvidas? Neste momento és o homem poderoso que por si abandonou uma família e lhe mostra o mundo, mas estará disposta a apagar-se contigo? Exigirá crianças? Admitirá como eu que durmas no quarto de hóspedes porque “tens de trabalhar” no dia seguinte? Que voltes à tua única paixão duradoura, a fábrica, e chegues ao fim da tarde para mergulhar no sofá e no zapping? E como reagirás tu à sua juventude? Com orgulho ou suspeitas? A menos que as cenas de ciúmes sejam um privilégio meu, é preciso ter lata para abandonar a mulher e depois largar-lhe remoques por ela ter ido ao cinema com um amigo de longa data. Meu pobre António, não me sinto hoje obrigada à discrição, se quisesse enganar-te poderia fazê-lo com alguns dos teus companheiros de borga, rondam como abutres. Aparentemente a famosa solidariedade masculina também abre brechas, algumas das escapadas no passado foram-me contadas por amigos teus, preocupados com o meu bem-estar e prontos a consolar-me. Não penses que preparo declaração da minha superioridade moral, não o fiz pela mais prosaica das razões: nunca me apeteceu. Escandalizado? As mulheres, meu caro, finalmente perceberam que apenas são mais fiéis do que os homens porque eles as convenceram de que eram assim. Não sou mulher de um homem só; gostava só de um homem.
Desculpa, acho que me passei, isto parece um telefonema por escrito, ainda aí estás? Espero que sim, precisamos de ter cuidado. António, vivemos numa terreola, em país pequenino. Como pensaste que poderias dizer aos miúdos que não os levavas à neve porque tinhas de sair em trabalho? E a esperteza saloia de fazer as reservas noutra agência de viagem e mudar de estância de Inverno! O gerente ficou eufórico com a hipótese de passar a ter-te por cliente e falou disso ao jantar, os filhos dele são colegas dos nossos, mas com menos dinheiro, vai daí quiseram ir à neve por interposta pessoa e perguntaram aos garotos como era em…, como se chama o sítio…?, pois, Courchevel. Os putos não têm culpa, António, deixaste-me a mim, não a eles, percebes? Vais afundá-los em presentes e jantares em restaurantes finos? Deixá-los com os Avós enquanto vives em lua-de-mel? Eu sei que andam difíceis, mas fugir ao seu amuo não é solução, afinal ninguém os consultou sobre este circo, compreendem como quase adultos e sofrem como crianças. O amuo serve apenas para te fazer insistir, precisam de ter a certeza que desejas a sua companhia. Por favor, pensa. Usa a cabeça e o dinheiro, pára duas semanas e divide-as irmamente entre os miúdos e a garota (não deixa de ser irónico como ela está mais próxima da geração deles do que da tua!).
Faz o que quiseres, mas não apenas o que te apetecer. Resolve o problema. Ou juro por Deus que não resistirei à tentação de desempenhar o papel da mãe sofredora e maltratada e virá-los contra ti. Que coisa horrível de dizer… Vês? António, precisamos de ter cuidado, toda esta amargura e ressentimento entre nós pode acabar mal. Como nós…
Escrevo-te ao fim do dia. Vinte anos atrás vinhas a correr da fábrica e fazíamos amor. Tinhas um brilho agarotado no olhar. Não me deixavas pôr a mesa, eu fingia um protesto, mas era pegar no casaco e partir rumo ao marisco de Matosinhos ou às tripas do Leonardo na Póvoa, de regresso a casa adormecíamos; abraçados e tarde. Quem sabe?, talvez eu encontre alguém, refazemos os dois as nossas vidas depois da nossa vida a dois. Que acabou. Mas António, não deixámos de ser pais por isso. Tem cuidado. Por eles, mas também por ti - a mim deixaste-me, a eles podes perdê-los. Estás preparado para isso?
Lena.
65 comentários:
Divino.
Isto é um caso sério da escrita.
E da escrita psicológica.
Coisas diferentes, mas leva os 2 Óscares.
Prof: espero que avise o Murcon do lançamento (eminente) do seu próximo livro, e que afixe aqui a agenda da promoção.
Pena que não faça 1 tour pelo país...
estaria lá mto caladinha para o ouvir, e como eu muitos mais.
BFS
(tenha um óptimo Dia do Pai. Outro Óscar?
Eu vou mimar mto o meu.
E nem me esqueci de comprar o presente que os os meus filhos se não lembrariam de comprar para oferecer ao deles, como bons homens que são.
Coisas inconsequentes de mulher que considero seriamente abandonar de vez no futuro...)
O Prof. conhece-me? De Românicas, "dedicada" ao lar, com um marido António, podia ser eu. Mas não sou e acho que não poderia ser. Cai-se nisto, porque a educação que se teve foi toda ela errada. Formatou as mulheres para a resignação, para a aceitação sem questionamentos desiquilibradores. A pobre teve o azar de não ter o meu pai. Quanto à mãe, talvez fossem parecidas.
: )
Assim é que é Boss, coragem que a malta para ter os nicks a azul não pode ser má gente ; )))))))
Mas que distracção a minha.
Não são dois Óscares nada.
É mas é o louvor académico para o orador, a dobrar, por este "RETRATO NÃO OFICIAL".
As requested pelo Magnífico.
Quanto ao candidato, levou as bolas todas brancas (o que é obra, já não acontece para aí há 10 anos...)
Professor
Isso é um estereótipo. É à conta desse estereótipo que as mulheres passaram a ser desconfiadas e prejudicam as suas relações com homens que não são assim!!!
...prejudicam as relações, prejudicam os homens e prejudicam-se a si!
Angie,
O livro estará cá fora em Abril. No princípio, se tudo correr de acordo com as previsões da editora...
Serafim,
Realmente, com homens a escrever o que tu escreveste é natural que o que essas mulheres fazem seja um mal menor comparado com a convivência com os ditos ; ))))))
Uff, que tareia...
O que é curioso é que nós homens acabamos por viver uma vida inteira sem nos apercebermos de que a vida nos está a passar ao lado.
Não está nas nossas mãos apaixonar-nos, mas acho que já está mais mantermo-nos apaixonados. Manter as cenas no tapete, as surpresas, o voltar para casa depois de levar os míudos à escola, manter o sorriso que cativou o outro (a minha mulher mulher aos 40, mesmo com mais uns quilos, continua com o mesmo sorriso delicioso e bom humor que me enchem as medidas).
Um corpinho de 25 anos é fantástico, mas se olharmos bem, uma vida partilhada a dois a sério tem algo de sexy que demora anos a conquistar...
gostei de ler a verdade nua e crua que poucos aceitam apesar de serem muitos a vivê.la
gosto da coerencia, apesar de não o ser ..tanta vez.....
jocas maradas
ops o comentario saltou de imediato, eu q já não estava habituada a isto ..tive de escrever mais umas palavrinhas ...ehehehhe
jocas
Que mais pode ser dito? Vezes há em que me custa a crer que seja o professor a escrever (perdoe). A facilidade com que mistura as lágrimas do choro e do riso, a forma como caricatura os esteriótipos, a forma hábil como pendura as coisa no fio do tempo! Bem... que digo eu? Aposto que para si cada caso é um livro por abir... Deve-se perder nas consultas, não?
bijnhs
Parabéns.
Que bom ter descoberto este seu cantinho.
Boa noite.
Mais outra deliciosa velharia para saborear devagarinho.
Não é preciso dizer mais nada.:)
Gosto sempre de ler os seus textos, pelo menos duas vezes. À segunda muda-se o ângulo, a perspectiva. Também lia duas vezes os livros das Literaturas, os obrigatórios e os não obrigatórios. Fez renascer esse prazer.
E se os meninos passarem, de repente, a chamar pai a outro?
E festejarem o dia do pai, com o que foi pai de repente?
E comprarem o presente para o pai que escolheram?
Às vezes, as histórias têm finais improváveis e felizes.
Sinto-me longe deste quadro tão bem pintado pelo Professor.
Casei com 22 separei com 27, não dei tempo a que a erosão sulcasse a minha face e os tecidos adiposos tomassem conta do meu corpo. Fui tão feliz, que repetir seria puro masoquismo. "Na primeira quem quer cai na segunda cai quem quer" diz o ditado
Muitas vezes penso nas mulheres que dedicam uma vida ao marido e aos filhos e que como prémio se vêm no lugar da esfregona gasta trocada por uma nova :( Revoltante. Eu chamo, alguns dos casos que conheço de pura exploração.
O homem deve ter alguma disfunção a nível de visão, no cérebro. No pouco tempo que estive casada ouvi alguns "miminhos adoráveis" a nível de estética. Desde que passei a "falecida" uns olhares gulosos... Incompreensivel.Mas só valorizam o que não podem ter. Homens!
Fazem-nos parecer heróis que só depois de morrerem passam a ter valor.
O tempo é implacável e sem dó, criando a "erosão". O que dura sem alteração é a personalidade. Valorizar o efemero é uma constante procura.
Na minha santa terrinha ;-) há uma planta rasteira (do género do centeio, mas em miniatura,que tem um fruto pesado demais para o caule) a que o povo chama "o juízo dos homens" e sabem porquê?
Mesmo em dia de acalmia o fruto oscila. Nunca pára :)))))
Um abraço desmiolados ehehehehe
MJ
:)
Excelente.
Eu discordo da D. Agustina. Ela sabe do casamento dela e cada um sabe do seu.
Casamentos há insuportáveis e isso não tem idade. Que há um abuso do divórcio, é um facto. Mas ninguém é obrigado a carregar o filho de outra mulher (marido/filho)uma vida inteira. Quem os tem que os ature.
A mulher com o casamento ganha uma data de empregos, de trabalhadora por conta de outrem passa também a cozinheira, lavadeira, fachineira, babá, saco de "pancada" ou pancada mesmo de frustrações e casos mal resolvidos... E contrapartidas?! Nenhumas. Caras fechadas, maridos irmãos numa cama de casal, respostas monosilábicas se não forem roncos e insónia.
Diria mais, o divorcio devia ser dado apenas pela alegação de insónia provocada pelo ressonar... Se o ressonar é de um ente querido que acordado nos dá compensação, é abençoado! Agora de alguém que de dia nos dá "soco", sinceramente, é uma penitencia pesada demais para a boa vontade de qualquer santa. Um teste dobrado, de dia, os actos e, de noite, o filme em câmara lenta ao som de um ronc ronc roooooonnnnnnnnc.
Não obrigada!
MJ
Boa tarde.
Gostei de ler o post. Como de costume, se não está lá tudo, está lá muito.:)
O Serafim diz que nem todos os homens "são assim". Talvez seja mais correcto dizer que nem todos os casamentos são/acabam assim. Contudo, a situação aqui retratada não é fora do comum, antes pelo contrário. Acho que ao ler o post todos reconhecemos este percurso de vida (de ambos).
O texto foca tantos pontos que levaria demasiado espaço e tempo a mencioná-los todos. Assim, vou salientar apenas o final. Partindo do princípio que o António não dá aos filhos suficiente atenção ou o tipo certo de atenção (só temos aqui o ponto de vista da ex-mulher, mas admitamo-lo), se ele fosse meu amigo, eu aconselhá-lo-ia a mudar de atitude, pois deste modo arrisca-se a comprometer seriamente a sua futura relação com eles. Já existirá sempre à partida a tendência para culparem o pai por ter "abandonado" a mãe. Pelo menos, que não se sintam também eles abandonados. Isto não se conserta facilmente depois. Se a relação com esta nova mulher continuar e eventualmente vierem até a nascer outros filhos, para que todos possam conviver saudavelmente, filhos mais velhos com a "madrasta" e irmãos uns com os outros, é muito importante que o pai não negligencie estes. É neste momento que se joga as futuras relações destas pessoas. Quanto à mãe, dir-lhe-ia que resista à tentação de se colocar na posição de vítima perante os filhos e à 2ª mulher que estimule o contacto do pai com eles e se tente "integrar". Nesta fase e, sobretudo, se nascer outra criança.
"Do outro lado da vidraça um rosto fechado, capaz de entender todas as dores de cada um. Impotente perante uma situação que permanece insolúvel apesar de todas as técnicas usadas. Porque os afectos são indomáveis e trilham o seu próprio caminho, alheios às regras e conviniências de cada um."
Tal como os "bolinhos de bacalhau" me perseguem agora os nomes????
Bolas.
Lusco-Fusco, faço minhas as tuas palavras, e olha que isso é coisa rara neste blog ; )
Ainda há esta ideia peregrina de que a mulher é culpada, culpada de tudo, culpada do casamento fracassar, culpada do divórcio, culpada de ser má mãe quando fica com as crianças num "mono-casamento" quando o pai regressa à condição de predador solteiro e oportunista. Esta ideia da Culpa associada À mulher é quanto a mim uma espinha primieva no cristianismo e não será para breve que a nossa sociedade, mesmo que hoje em dia não-praticante em termos religiosos, passe por cima deste Amor/Ódio em relação à mulher.
Quando milhares e milhares de homens negam a milhares e milhares de mulheres a pensão de alimentos arranjando os mais diversos expedientes para obterem "despesas" e pagarem o mínimo da pensão de alimentos e sobrevivência estámos falados, por mais honrosas excepções que hajam.
Quando milhares de mulheres vivem a monoparentalidade como um fardo de incapacitação social e se saem com alguém têm o olhar reprovador dos filhos em cima enquanto que o pai as vai apresentando ás efémeras e recalcitrantes "namoradas", estámos falados.
O divórcio é o direito de colocar o fim na relação. Continuar um casamento no qual se está por conveniência económica ou social é apenas e só sinal de incompetência afectiva e moral farisaica. O que se nota em muitas mulheres: estão "bem-casadas" em termos financeiros com uma separação de facto em termos afectivos.
Separai-vos meus caros, separai-vos!
Aliás, vejam o nro de divórcios accionados pelas mulheres, mesmo quando ficam em periclitantes situações financeiras, vejam os divórcios a pedido da mulher em que há maus tratos por parte dos homens. O homem é socialmente beneficiado no contrato para-social em relação ao casamento portanto desde que tenha comida na mesa e uma vagina mais ou menos relutantemente disponível, não avança para a separação.
Lusco_fusco, como vês não resisti a escrever alguma das minhas palavras ás tuas : ))))
A Agustina nunca se divorciou. Porquê? De certeza que já passou pela "idade do divórcio".
Noise
Surpreendeste-me pelapositiva. Um beijinho repenicado nessas "xexas" lindas ;o)
Eu apenas escrevi o que já vivi,por muito impossivel que pareça. Foi vacina de imunidade eterna :o)Espero não enlouquecer. Mas Noisinho se me vires a pisar os riscos da loucura, agradeço um abanão...eheheheheh
Desde os 27 anos sei que neste contrato a parte que mais dá de si é a mulher. E quem dá, dá, dá .... é o relógio, e mesmo este pára se a pilha gastar :o)
Escrevi isto não foi por acaso, há décadas atrás. Dei-lhe este título, como podia ter-lhe dado apenas "mulheres"
Mulheres Portuguesas
De calças ou saias
Bonitas ou feias
Do campo ou urbanas
Trazem na cabeça labuta
Sem festas profanas.
A lida da casa
O ser pai e mãe
A luta pela vida
Que o homem não tem.
Marido emigrante
Aqui e além
Desbrava sózinha
Terra de ninguém.
As lágrimas lavam
Saudade com dor
Esperam da vida
Um DAR sem amor.
Professor
Não disse nada ainda, mas assustei-me ao ver o meu primeiro comentário ser exibido ao primeiro clique :))))
Perdeu a "tesoura"?... :p(lingua de fora)
Neste tema, comigo deste lado é um risco. Ai é, é! Mas o Mahatma lá sabe...lol
Um abraço
MJ
Boa tarde.
Noise,
Faço minhas as tuas palavras. Tudo o que dizes é um facto - a mulher é a culpada de tudo, do fracasso do casamento, de ser má mãe, de descurar as suas obrigações familiares, sei lá que mais.É lamentável.
Agora em relação àquelas que "estão "bem casadas" em termos financeiros e com uma separação de facto em termos afectivos" só consigo sentir repulsa, como já uma vez aqui disse.
Se mantêm a fachada devido aos benefícios económicos que daí tiram, aí tenho pena dos palermas que lhes sustentam os vícios.
Tenho dito.:)
Eu gosto sempre de saber experiências diferentes da minha. Não imaginas como é bom saber que os há felizes :))))
Que seja por muitos e longos anos é um desejo do coração mesmo.
A D. Agustina, apesar de eu ser uma devoradora de livros e ela ser uma das escritoras com prestígio no país e no estrangeiro, não caiu nas minhas graças logo que li a Sibila (em setenta e troca o passo).E, reforçou a minha ideia da autora, um comentário infeliz dela que veio na visão após a morte da Princesa Diana. De pequenos nadas se fazem retratos de personalidade e o retrato robot que tenho da autora não enquadra no meu conceito de boa pessoa. Mas quem sou eu?!...
MJ
o casamento não é uma vida a dois. são duas vidas a um. é preciso é saber conciliá-las.
Blogico,
"São duas vidas a um" como? Isso não faz para mim qualquer sentido. Anulam-se, fundem-se uma na outra?
Isso é um casamento???!!!!!!!
Dreamer
Eu tive um exemplo de casal feliz, o dos meus pais. Uma dádiva mútua, a todos os níveis, respeito, protecção, carinho, muito mimo, brincadeira gozada e sádia, olhares cumplices e malandros. Não acredito que tudo isto fosse pelas idades, já que havia 11 anos de distância, mas pela união e o respeito nas diferenças de personalidade.
Raios o partam! ;((((((((((((((((((((((((
O professor sem querer (estou certa que não é um malvadão, alterou a forma como podemos postar. snift)
Cêtê,
Não és anónima, pois não? Então não percebo qual é o problema...
Beijinho para ti dreamer.
Todos nós (que os perdemos) sentimos esse vacuo, hoje e sempre.
A TERTÚLIA VOLTOU EM FORÇA!!!!!!! OREMOS IRMÃ@S ; ))))))))))
Bendito Seja o Noise!
Amen!
Noise,
Por aqui a esta hora, miúdo?:)))
Professor, foi bom reler este "telefonema" hoje...como ela me lembra a que fui aos 26 anos!
Para quê deixa-lo enganar-me?
Não deixei, virei a mesa!
Depois, passados muitos anos, noutra relação, devia ter virado a mesa a tempo e não virei.
Nunca me arrependi do que fiz mas sempre do que não fiz...
Por isso gosto tanto de o ler, ajuda-me a crescer.
E vem a Lx para o lancamento do livro?
Vanda,
O lançamento em Lisboa deve ser na última semana de Abril.
As meninas adultas já deram a prenda ao pai que escolheram, e fizeram-no com o irmão que teve a sorte de não precisar de escolher o pai. A mãe, à segunda, foi altamente perspicaz. Há 24 anos.
Prof. Vá lá atrás à tuberculose. Olhe, que se não vai, começo a enviar-lhe os recibos do psi.
Lusco-Fusco, esperar da vida um Dar sem amor, não é esperar tristeza, não é quase pecado?
Ainda um mês pela frente, Professor
:)
Bom dia!
Huummm....
Este Professor é uma delícia! Perdão, quero dizer, este telefonema é de uma "delícia" arrepiante...:))))
Está-me a parecer que o professor anda a fazer concorrência à Procuradoria Geral da República na escuta telefonica...
Ei, estamos em directo outra vez?!
Fixe!
Então, bom dia para todos e Feliz Primavera. Chega logo por voltas das 18:30 H.
Um abraço
bom dia!!!
mais uma velharia deliciosa!!!
quanto a casamento...
não posso falar por experiência própria
quem não arrisca... ;)
quanto à nova forma de comentar...
o prof. já estava cansado de filtrar tanto comentário!!!
assim filtra de outra maneira :))
para quem está perto de lx, não percam secret, novo circo no ccb
fiquem bem
@:)
"Escrevo-te ao fim do dia. Vinte anos atrás vinhas a correr da fábrica e fazíamos amor. Tinhas um brilho agarotado no olhar. Não me deixavas pôr a mesa, eu fingia um protesto, mas era pegar no casaco e partir rumo ao marisco de Matosinhos ou às tripas do Leonardo na Póvoa, de regresso a casa adormecíamos; abraçados e tarde."
Pois, há casamentos que começam como namoros em crepúsculo, só o tempo traz a verdadeira matrimonialidade e o arreigar dos personagens aos valores vigentes dos quais tiraram a folga da irrealidade ; ((((( a chatice de "poupar uns tostões" com as refeições em casa, a míngua das viagens, o sexo que já n tem aquelas 3 semanas e o espaço condensador do carro para ser bom e espraiado numa cama é apenas como beber um copo de água, a tal sensação que depois os casados rancorosos atribuem aos solteiros liberais por os caminhos para os seus corpos estarem em avançado estado de decomposição afectiva ; ))))))
Em Portugal, como sempre, não há nros para apôr, mas nos EUA a quantidade de crianças e adolescentes coom prescrições de apti-psicóticos e anto-depressivos chegou a níveis de epidemia. O mais importante é que muitas destas receitas são dadas com a pressão dos próprios pais sobre os clínicos, alegando dificuldades em conciliar o pouco tempo que têm em casa com os estados de espírito dos filhos. E como os adultos precisam de "funcionar" faz-se dos rebentos uns pequenos "zombies". Dramático... dramático. E uma vergonha para todos os psis.
Já não vinha aqui ao seu blog há algum tempo, mas não podia adiar mais! Gosto imenso deste espaço e verifico que continua com excelente qualidade!
Um abraço amigo,
Daniela Mann
Nada a ver com o post.
Mas, se não viram, não percam o filme PRIME (Terapia do Amor).
Não é nenhum must "oscarizável", mas é muito, muito engraçado.
Catalogado como comédia (que não é 1 género que me agrade sobremaneira). Mas toda a leveza e graça do argumento não cabe na piada óbvia. Por isso gostei.
Sabe sempre bom voltar a ver a grande Meryl Streep (como sempre, excelente, aquele jogo fisionómico é qualquer coisa!)e tb gostei da Uma Thurman.
A MS é uma psi que se vê transformada em potencial sogra da paciente, e seguem-se os entrechoques ou contradições dos laços emocionais desses 2 tipos de relações.
Muito giro, para passar uns agradáveis momentos bem humorados.
O objecto dos amores concorrentes, também é um pão...nada mau para os olhos.
A singularidade resultou para mim do facto da psi ser uma mulher. Em todas as circunstâncias da vida, sempre que posso escolher entre 1 médico H ou M, de qualidade equivalente, prefiro 1 mulher.
E aí deparei-me com uma coisa que nunca tinha consciencializado:
-Se procurasse um psi, porque é que nunca fiz antecipadamente igual restrição mental?
Porque há poucas psis consagradas em Portugal, à excepção, talvez, dos pedo-psis??
Ou porque achei que excepcionalmente nessas matérias os H são melhores interlocutores? Será porque o "agente patológico" é normalmente do sexo deles e esperamos melhores respostas?
Não sei...vou repensar este assunto dos psis H ou M!
Vanda
Esse amor de que falo é amor homem mulher. Mas será que verdadeiramente existe?!!!! Paixão sem que sim, mas essa é fugaz. O amor dos homens é como o algodão doce, ainda não lhe tomaram o gosto e já não há mais :))))))
MJ
....muito bem, estamos perante mais um capitulo da guerra dos sexos, o malvado do gajo como sempre não consegue manter a braguilha fechada, o que acontece é que o gajo encorna a gaja com outra gaja, pois claro, está bom de ver, é só sofrimento, mas poque é que será se as gaja são assim de tão bom coração, se entregam ao gajo, sabendo que ele tem outra gaja, peço desculpa pela linguagem, mas passo-me com a "carpidisse", ora então são sempre os cabrões do gajos os culpados, é do tipo ao menos podias ter escrito, a dizer porque é que não escreveste.....
Passem bem
Lusco_fusco,
Tanto desencanto em relação aos homens...Não existem homens capazes de amar?!
Completando o raciocínio e sujeita a ser linchada pela hoste masculina:
O homem olha o amor como o algodão doce ( lindo, fofo, calmo hummmmmm doce e o prazer que dá olhar a forma).Até provar. Prova e ... ou estraga, ou então, tal como o sabor do algodão doce, desaparece.
Eu gosto muito de homens, os meus melhores amigos são do sexo masculino para que n hajam dúvidas, temos é medo uns dos outros lol Eles a mim porque os conheço bem e não os levo a sério, brinco com coisas que eles dizem ser sérias e eu medo deles porque gato escaldado...
Andorinha
Eu brinco um pouco com o tema. Mas gostava realmente de acreditar que sim.
Todas sabemos, o que me desencanta, que fidelidade da parte de homem não existe, nem em relação a eles próprios.
Ser fiel é sê-lo a nós próprios e ao sentimento que nutrimos pelos outros.
Já vi alguns homens a caminho do divórcio por infidelidade e a jurarem a pés juntos amar a mulher com quem casaram. Transcende-me. E essa da "carne é fraca" não justifica nada, apenas o que penso deles, ajem por puro instinto e isso não é de gente, é de bicho.
Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii que já levo. :))))))))
Lusco_fusco,
Levas nada.:)))))))))))
Concordo contigo nalgumas coisas.
Homens fiéis também acho que não existem e tenho tido várias provas disso. Loooooooooooooool
Mas, ao contrário de ti, não me faz confusão nenhuma que se divorciem por infidelidade e continuem a gostar da mulher com quem casaram. Pode-se gostar de mais do que uma pessoa ao mesmo tempo.
Uiiiiiiiiiiiiiiiiii agora sou eu que vou levar.:))))))))
Andorinha
Eu tenho coração de pardaloca só cabe umzinho :))))) desses.
Lusco-Fusco, as coisas não sao assim tão a preto e branco!!!
Há homens fieis e cheios de amor!
Tal como existem mulheres voluveis...certo?
:)
Vanda
O defeito deve ser meu... lol
Pelo que falei parece que já fui vítima de infidelidade.Não fui, tanto quanto sei (sim, porq posso não ter sabido).
Tens razão quanto ás mulheres voluveis, mas acho que se violentam, isso de certeza não as faz felizes.
Que me perdoe quem não concorda comigo, mas a tentativa de emancipação da mulher criou-lhe um problema acrescido aos que tinha. A fragilidade emocional feminina não tem estaleca para aguentar com esse tipo de comportamento. Ao pô-lo em prática violentam-se, deixando de gostar delas para mostrar que são capazes ainda que doa.
Deviamos querer igualdade de direitos e não igualdade de defeitos. Esses e outros os homens que os usem se os deixarem ou se quiserem.
Vanda,
Acredito piamente que haja homens cheios de amor, agora fiéis não; quando muito contam-se pelos dedos de uma mão.:)))
Lusco_fusco,
Sobre este tema temos opiniões diferentes.
O que são mulheres voluveis? Há certos conceitos que me são estranhos.
As mulheres têm o direito, tal como os homens, de viverem a sua sexualidade e de orientarem a sua vida no campo afectivo da forma que entenderem.
A única condição que deve existir, quanto a mim, é serem fiéis a si próprios; a partir daí tudo é permitido entre adultos.
Só temos uma vida e devemos vivê-la da forma que mais nos satisfaz, isto sem pisarmos os outros, claro.
Andorinha (desculpe o atraso)
apenas queria dizer que por muito que se queira juntá-las, num casamento têm que "entender-se" duas vidas completamente diferentes. É muito difícil fundirem-se numa só. Por isso digo que são duas vidas (distintas) a um (mesmo espaço e tempo)
Blogico,
Está desculpado.:)
Também só agora vi a resposta.
Assim já faz sentido, obrigada pelo esclarecimento.
Se esta carta é verdadeira e se foi enviada ao destinatário, aqui está uma mulher admirável. Expôs-se de maneira crua e totalmente honesta ao "ex". Grande coragem!
Estou embasbacada!
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