quinta-feira, outubro 12, 2006

On n'est pas sérieux quand on a dix-sept - ou cinquante-sept:)? - ans.

Maria,
Aí vai o texto. Fiquei enternecido por ainda te lembrares dele, escrevi-o há tanto tempo! Mas ainda mais por dizeres que tens saudades do maroto que te ensinei a ouvir. Também eu. Muitas, sabes? De o ver no Rivoli, furioso por as luzes fraquejarem - "je travaille, merde!" -, mas logo terno como um miúdo para os cabelos brancos de Maria na plateia. Anos depois, tu sorrindo, o CD na mão, o dedo em riste - "esta falará de nós enquanto eu estiver em Londres...". Tinhas razão. Porque por mail, carta ou sms, a mensagem será sempre a mesma Quand tu me liras - sem ti, cambaleio como um Bateau Ivre. Fica bem.








NO SEU ENTERRO


LÉO FERRÉ

(Variações sobre À mon enterrement)

Um fracasso, o enterro do velho leão. De resto previsível, não lembra ao Diabo compor o próprio funeral, ficamos sujeitos a qualquer pequeno contratempo, a má-língua ao fundo do cortejo, “eu não dizia?, enganou-se em toda a linha”. Mesmo assim há limites, foi humilhante até para quem não passava de mirone, “ah, sim!, o cantor, vestido de preto, cabelos brancos, cheio de tiques, já devia ter uma idadezita”. Não acertou em nada. Potros azuis? Nem vê-los!; e não me venham com a história da cor, liberdades de poeta, negros teriam sido bem mais adequados. O certo é que não apareceram, correndo livres por planícies não toscanas. Fizeram bem; os homens não resistem a domesticar beleza e movimento para os mostrar a visitas dominicais ou públicas ululantes; fizeram bem.
Mas…, e os pops? Onde se meteram as guitarras? Já nem digo flores libertas de espartilhos de coroas, raio de ideia, arranjos estereotipados para celebrar experiência única - nascemos sós mas não notamos, de qualquer modo passamos para o lado de cá, sussurros e carapins cedo nos integram; a morte, essa, põe-nos verdadeiramente ao espelho unidireccional, quem espia através dele, verme ou divindade? Não vieram e deviam, tocaram juntos e correu bem, flirt descarado entre poesia e electricidade, momentos breves, como convém a futuras recordações. É preciso resistir à tentação de mudar secantes em círculos sobrepostos, separam-se como os arcos dos ilusionistas, “senhoras e senhores vou pedir a esta menina da primeira fila que os experimente”, (“aqui há truque, será filha dele?”.
Mulheres de passe também não. Muito menos rapariguinhas de doze anos que o ultraje encheu, talvez nem sequer existam - o homem era um provocador… - em Itália ou França, perdão!, na CEE. Pouco lógico que alguém o conhecesse nas Filipinas e se desse ao trabalho de vir, mesmo aí não é certo, as cadeias de televisão são capazes de tudo por uma boa reportagem, nada nos garante que não sejam mais velhas. E as outras? Seguramente a dormir após noite dura ou amuadas por ele ter abandonado Paris e escolhido quinta mulher única, facto é que não vieram. O cangalheiro nada tem a ver com o previsto, não admira, quem já viu um cangalheiro de dezoito anos e com seis de vagabundagem? Melhor assim, suponhamos que por artes diabólicas cumpria a promessa, comitiva aterrorizada, o cadáver de súbito a estoirar de vida e a fazer amor com o miúdo, trajecto interrompido, “porque parámos?, não olhes, uma vergonha”. Não teve até ao fim um coração de ferro, asseguram os médicos, desde o João Semana da aldeia (grande apreciador do seu vinho) até aos especialistas do hospital; se fez sozinho o troço derradeiro, seguramente não foi de táxi, quanto ao Inferno…, adiante.
E não berrou, senhores, não berrou, embora fosse das profecias a mais esperada, até da morte se duvidava que tivesse coragem para calar o desbragado e os seus verbos activos. (Chamava-lhes poesia, um homem para quem o estilo se abrigava em cu de mulher não devia ter direito a empregar a palavra.) Teve bons mestres: Baudelaire, Rimbaud, Apollinaire, não por acaso apelidados de malditos. Ele sempre a desculpá-los, pior!, a incensá-los, falinhas mansas para os meter pelos nossos ouvidos dentro quando falava de Saint-Germain-des-Prés, até o turismo se pode ressentir de tais coisas. Sempre a falar de ordenadores e cartões perfurados, e as imagens…, melhor fora, um rio é um rio, desagua na foz e pronto, que ideia mais infeliz supor o mar enjoado por ver chegar outras águas, silencioso por decoro. O rio não tem culpa, profundas carências científicas (até um miúdo sabe que a responsabilidade é da Lua), o vento sopra e pára, mas não se estatela em pedras.
E como poderia, por definição, um morto ver? Outros mortos, ideia macabra. Se algo viu, e ninguém jamais o saberá, foram vivos e poucos. Alguns por obrigação, alguns por devoção, mas nada de pintores ou artistas. Silêncio nem pensar – é caso raro no mundo de hoje – e o Sol pregou-lhe a partida, brilhava intensamente, o negro que desejava por todo o lado era apenas uma pequena mancha que se arrastava através do carro (cinzento), perdida no meio da paisagem, as cores da Toscânia não cedem o seu lugar para satisfazer os caprichos de uma anarquista de Mercedes. Quanto a considerar tudo aquilo a última metáfora da ofensa… , talvez se julgasse ao abrigo das leis da vida, se todos recebemos o mesmo veredicto, por que não ele? Em suma: fiasco horrível, as primeiras das suas últimas vontades desrespeitadas em frente de todos, a família nada pôde fazer.
Maria, a seu lado o mais velho, Mathieu, as raparigas mais atrás, é natural, promovido a chefe de família, foi ele que o ensinou a lidar com as crianças, precisava de ter as coisas para as amar. Fim da tarde, a Itália não é a América, cemitérios pequenos mais eriçados, desconhecem o hábito de negar a morte, relvados para passeios e piqueniques de domingo, bandeira ao meio, a terra por baixo fervilhando de vida morta, o american way of life. O sol espreita ainda por trás dos jazigos a poente, muitas pessoas partiram com alívio, quilómetros a fazer, os amigos sabem que é hora de solidão.
Maria olha em volta – inútil ofender alguém! -, para o lixo com toda a hortaliça, como ele dizia no fim dos espectáculos, pedra lisa sem mais nada, amanhã começará a vir de vez em quando, sem dia certo para não cair nas malhas do ritual, sentada ao pé do seu homem, a propósito de homem, quem é aquele? Esguio, de pé à cabeceira da campa, silencioso, de um negro que, esse sim, parecia querer cegar, ficou para trás ou chega agora?

- Maria.

E ela de estremecer, além de mulher é espanhola, aquela voz, desumana de tão doce, recorda-lhe algo, o choro baixo de crianças pelas ruas esburacadas de Barcelona, os pássaros de ventre assassino já partiram, cada corpo é virado com uma prece, Senhor faz com que não seja. Ele já ali, ao pé dela e dos miúdos, olhos estranhos, azul de céu, cabelos brancos como os de…

- Maria, vim buscá-lo.

O espanto dos garotos não surpreende, os garotos!, que arrogância, Mathieu vai nos vinte e quatro, Maria nos dezanove, Manuela nos quinze, homem feito e mulherzinhas. Isto apesar desse hábito das mulheres crescerem mais depressa, como se soubessem que terão de olhar pelos homens, ocupados a provar(-se) que o são, só crescem quando param de o tentar à viva força. Foi difícil deixar de os tratar pelo diminutivos, eles ofendidos, pior seria se soubessem de luzes acesas até passos ressoarem no empedrado do jardim, Léo dizia à mulher, preocupada, que o tempo deve ser gasto a viver, entrava nela docemente, ria baixinho, tinha graça se ficasses à espera de outro à espera deles, tolo, sabes a minha idade?, não acredito nisso, a vida é um milagre e não um favor de hormonas, chhh…, que já chegaram. E daí talvez surpreenda, o pai ensinou-lhes que acarretamos a transcendência dentro de nós, chamar-lhe Deus ou outra coisa é indiferente, admirava-o mais a certeza dos ateus - mas existe disso no mundo? -, talvez gente que perdeu a fé no conteúdo mas continua escrava da forma e da forma, pois se não existem outras à mão… Mas foi um dia longo e triste, se milagre esperaram foi no hospital, tudo o resto chega atrasado, os olhos viram-se para Maria.

- Eu sei.

E a certeza da resposta só pode chocar quem a não conhecer, viveu muito, de Espanha a guerra, viu desfilar os estrangeiros, nem uma palavra do seu idioma sabiam mas chegavam, alguns mortos de medo, é preciso, apenas o principio, ganhar aqui será evitar o resto, ao contrário do teatro, se o ensaio geral correr bem não haverá espectáculo. Bem para os amigos dela, não para os outros que também traziam estrangeiros, cor morena e vestes longas, de Marrocos vinham os defensores da civilização ocidental, comandados por um general hesitante que a morte de outro atirara para a ribalta. Maria assistiu a tudo, os anarquistas em marcha para salvar Madrid e parando para voltar, que a pressa era muita mas não suficiente para enterrar princípios, saiu caro, nos exércitos vencedores raramente as ordens são discutidas, muito menos se alteram, a prova está aí, reproduções pelas paredes, Guernica agonizante, a Pasionaria enganou-se, passaram mesmo. E quem viu isso já viu tudo, sabe que no Céu ou Inferno não existe surpresa que chegue ao porquê em face de crianças mortas, praças de touros convertidas em cemitérios. Nem sequer resta a certeza de antanho, também amigos dela sujaram mãos, lá em baixo, nesse país que ele amava e nos faz tremer pela violência de amores e ódios, se um general grita “viva la muerte!” é natural que haja um Lorca a tombar. Maria tranquilizou os filhos, carimbando a frase do estranho, ele vem buscar o pai. Aos quinze anos o medo e a estranheza rapidamente cedem a passo à curiosidade, Manuela não resistiu,

- És um anjo?

Ele sorriu, divertido, os olhos azuis faziam contraste nítido com os cabelos brancos, jovens de mais para eles, e para jovens foi a resposta – quem não jogou assim um dia? - , calor e frio ao leme, podes tentar outra vez.

- Quente, Manuela, quente.

E a miúda, plácida, vá de tirar a conclusão lógica da resposta, não admira, os computadores não a assustam, o pai não fazia disso finca-pé, os tempos modernos, desde que mantenha a distância saudável cabeça e coração… Ela assim faz, lógica quanto baste, esconde paixão assolapada pelo filho de um arquitecto de Milão – conheceu-o quando Léo decidiu dirigir orquestra a sério, a sério não o levaram mas levou a dele avante -, só o cinzento da cidade a preocupa, tudo o resto lhe parece claro, é o adolescente da sua vida.

- Então és Deus.

Olhar entre triste e enfastiado,

- De certo modo, sim.

Mathieu explodiu, disposto a perdoar a mentira, jamais a heresia.

- Manuela, pois não vês que se diverte à tua custa? E você, desapareça.

Para si próprio, com uma ponta de orgulho, pensou que se alguém viesse pelo pai teria de ser o Diabo, mesmo em dia triste o sorriso iluminou-lhe o rosto, pois não era evidente? Diabólico seria o homem(?), pareceu adivinhar-lhe o pensamento.

- Não deixas de ter razão, Mathieu. Também de certo modo. E compreendo as tuas dúvidas, não se pode acreditar no primeiro que aparece e diz coisas dos outro mundo. Preferes o Diabo? Pois seja.

Só os olhos mudaram, ma a ninguém lembraria de o acusar de preguiça ou ineficácia, azuis eram e azuis ficaram, a expressão… Sem maldade ou ameaça, pior, uma labareda terrível de frieza, arrepio geral e passo atrás, Maria, baixo, mas firmemente,

- Não os assustes.

Vergonha de garoto em falta.

- Desculpa.

E foi Mathieu a salvá-lo do embaraço, mais cordato, a curiosidade da irmã, enorme, acabava de engolir outra vítima.

- És os dois ao mesmo tempo?

- Inevitavelmente.

- Inevitalvelmente? Mas…

E ele sentou-se junto à campa, os miúdos – e é que não consigo tratá-los de outra forma! – fizeram o mesmo, nem se consultaram com o olhar, à sua volta, conta, só Maria ficou de pé, dir-se-ia que já conhece a história.

- Sabem vocês, quando os homens descobriram a morte ficaram assustados. Não só por saberem que iam morrer, a espera tornava-se insuportável, podia ser hoje, amanhã, depois… Mas a vida também não era assim tão alegre, dúvidas e medos, toda a gente à procura de segurança e muito poucos com alguma para partilhar. Não vos aborreço com os pormenores, inventaram-me a mim.

E evitando embora grandes detalhes explicou-lhes como de filho da angústia deles passara a pai bondoso ou severo conforme as circunstâncias, mas sempre fonte de alívio por estar “lá” e ser possível chamá-lo, até de formas estranhas, como o insulto ou a indiferença. Falou-lhes de adoradores fanáticos que o atavam ao mais insignificante acontecimento, mãos no peito logo abertas esperando benesses e, com mais ternura, de gente humilde à cata de um pouco de sorte neste mundo e não no outro, mas em surdina, não fosse a revolta notar-se. Mostrou-se complacente para os que juravam a sua inexistência com tanto ardor que viviam agarrados a si como lapas e admitiu um fraquinho especial pelos que não discutiam o assunto e mantinham a secreta esperança de estarem sempre a tempo de rever posições, depois se vê.

E Maria, a filha, atreveu-se, em tom de ralhete afectuoso,

- Manuela tinha razão, és Deus e quiseste pregar um susto a Mathieu.

- Mas não conseguiu – resmungou o irmão.

O estranho sorriu.

- Já vos disse que os homens me inventaram, mas não nasci para ser escravo, tenho direitos, saio a meus pais, sou humano. O Diabo, como vo-lo ensinaram, é um subordinado revoltoso, mau como as cobras, desejando o meu lugar, aliciando almas para acções que as levariam direitinhas para o Inferno, local, aliás, aparentemente bem mais divertido do que o Céu que me tinham destinado. Mas as pessoas alucinam o que já existe dentro delas, o que o homem juntou ninguém pode separar, Deus e o Diabo são as duas faces do seu criador.

Decididamente a conversa tornava-se enfadonha para a caçula, a sua costela lógica fazia-a pensar nas mortes pelo mundo e no velho que filosofava com os irmãos, Manuela pasmava com o número de idas e vindas, paciência verdadeiramente divina.

- E vens tu próprio buscar todas as pessoas?

- Não me ouviste dizer que sou humano? Só os meus favoritos. Para os outros existe pessoal competente. Angelical, como tu dirias.

- E porquê o pai?

Mathieu não adivinhava o pensamento, mas era filho prestas a viver com recordações e fotografias, discos também, elogios vindos de tão estranho personagem dariam mais força à imagem que guardava dentro de si.

- Conheces bem as canções dele?

- Bom…

Ele riu a bom rir, as miúdas também, raparigas, estudos e rock deixavam pouco tempo a Mathieu, conhecia as mais importantes.

- É suficiente. Algumas são belas, outras duras, já para não falar daquele senso de humor ácido, o papa, por exemplo, não é propriamente fã do teu pai. Não te escondo também que fui sujeito a pressões, lá onde venho, os poetas que musicou, Allende – prometeu ir acordá-lo um dia -, homens de negro a quem compôs um hino, uma senhora também de negro vestida e chamada Piaf. Tudo isso conta, mas bastaria uma só canção para me fazer vir. Sabes qual é?

Mathieu olhou-o com malícia.

- A solidão.

E ele acusou o toque,

- Essa não acrescentou nada ao que eu já sabia. Não, meu rapaz, a Idade Dourada bastaria para me fazer vir pessoalmente.

O leãozinho fez um esforço, recordou-se e estranhou, pois não era uma canção bem mais de esperança para os homens cá em baixo? A mãe, risonha, Léo, é a utopia!, mas claro, minha querida, como se pode viver sem ela? No lugar do outro roer-se-ia de inveja se o pai acertasse e um dia viessem pão e vinho, sangue a correr por veias adormecidas, segundas-feiras transformadas em domingos. Leitos de areia, frutos de quintais vizinhos, pássaros em terra. Mar e estrelas ombro a ombro, cigarras cantando no Inverno. O amor misturado aos problemas e todos os discursos terminando por “amo-te”, o pai tinha razão, se fosse assim…, que viesse a Idade Dourada.

- Não percebo.

E ele, que lhe acompanhara os pensamentos, fez-lhe uma carícia no rosto e explicou,

- Quando tudo isso acontecer, talvez percebam e me deixem em paz, voltarei para dentro deles, nunca de lá devia ter saído. Porque tudo está nos homens, Mathieu: bem e mal, liberdade e solidão, sou apenas um pretexto para não olhar o espelho. Vão ficando comigo, justos e pecadores (são palavras deles), sem elogio ou reprimenda, até ao dia em que finalmente ganhem juízo.

A expressão era triste e cansada, o olhar vagueou pela montanha atrás da qual se escondera o sol, ergueu-se lentamente, são horas, a vossa mãe que conte o resto. Ou não… Dirigiu-se a Maria e segredou-lhe algo ao ouvido, pôs-lhe o braço pelos ombros, nem sequer fitou a campa e partiu sem espalhafato pelo caminho, passo lento, um velho como tantos outros, os miúdos voltaram a ter dúvidas quanto ao seu estado mental, cabeça e mãos inquietas, parecia falar com alguém, cabelos brancos parecidos com os de…
Mathieu e uma ternura súbita, resolveu brincar com ele, o grito,

- Thank you Satan.

E a estrada ressoou com duas gargalhadas, uma delas era conhecida, atroava a quinta ainda há pouco tempo, camisa negra e lenço vermelho, os miúdos viraram-se para a mãe - ela tinha o braço levantado e acenava, como nas estações de comboios, cabeças à janela, até à vista, já morro de saudades, tranquilizou-os,

- O pai está bem, já vão a discutir.

22 comentários:

noiseformind disse...

Boss,
Agora não há desculpa para não meteres aqui a velharia do Elton John ; )))))))))

Fora-de-Lei disse...

noiseformind 12:24 AM

Ah isso é que há... ;-))

andorinha disse...

Um post deste gabarito e extensão a uma
hora destas?!
Acho mal:)))
Volto amanhã.

Fiquem bem, chavalos:)

MJ disse...

Professor, isso não se faz... quero ler o post e não tenho tempo. Devia ter colocado em capítulos, durante uma semana :-(

Quando conseguir ler tudo comento, tá?

Abraço

Fanette disse...

Bom dia. Excelente.

lobices disse...

...não consigo comentar o post por ser demasido denso e não conseguir "entrar" no ambiente (defeito meu de certeza)
...porém, a beleza do mesmo merece uma contrapartida que encontrei num dos mais famos temas (senão o mais famoso) de Ennio Morricone
...tema do filme de culto "Feios, Porcos e Maus" aqui fica o mesmo numa orquestação sinfónica de extasiar
...vejam e ouçam, porque vale a pena:

http://www.youtube.com/watch?v=qQ3u3fTG70Q

tenham paciência, façam copy e paste no browser porque não consigo fazer aqui o link directo

abreijos

Julio Machado Vaz disse...

Gente,
Desculpem lá, o texto faz pouco sentido para quem não conheça a canção e vocês são tão novinhos:).
Grrr, que inveja!

Pamina disse...

Boa tarde.

Que belo presente:).
Não sei se o texto foi publicado originalmente em algum lado. Nunca tinha lido e senti um bocado como se tivesse cortado uma fatia de bolo-rei (dos antigos, com fava e brinde) e ao desembrulhar o papelinho encontrasse um diamante. Não quero dizer que os outros posts sejam "fava" ou "bijouteria falsa", mas este é excepcional.
Realmente, só conhecendo a personalidade e o percurso de vida do cantor e as letras das canções se poderá entender plenamente este belo exercício de intertextualidade e "algo mais":), mas não vejo problema em quem não conheça ir ao Google. E há passagens onde é irrelevante se se conhece bem o cantor ou não.
Só posso dizer que eu gostei muito. Que belo fim, o Ferré a ir para o céu de braço dado e a discutir com Deus, que aliás não existe, ou... "e admitiu um fraquinho especial pelos que não discutiam o assunto e mantinham a secreta esperança de estarem sempre a tempo de rever posições, depois se vê.":)

Julio Machado Vaz disse...

Pamina,
É do meu segundo livro, há um milhão de anos atrás (aposto que o Noise e a Aspásia - esses controleiros! - sabem quantos:)).

andorinha disse...

Boa noite.

Agora consegui ler com olhos de ler:)
Belo! Belo! Belo!
O post é uma delícia no seu todo, mesmo para quem não conheça muito bem Leo Ferré, como a Pamina já referiu.
Os diálogos são espantosos.
" E vens tu próprio buscar todas as pessoas?"
-Não me ouviste dizer que sou humano? Só os meus favoritos.
-E porquê o pai?
-Conheces bem as canções dele?
-É suficiente."

Este é apenas um exemplo, todos os outros me encantaram.
E o final é o clímax perfeito: "O pai está bem, já vão a discutir."

Só uma pergunta: qual é o seu segundo livro? Já ando perdida...

PAH, nã sei! disse...

Cara Andorinha,
Andei a bisbilhotar a "biblioteca" cá de casa... em oito (pois "O tempo dos espelhos" afogou-se na Praia do Cabedelo), não consegui encontrar a origem do texto...
Cabe ao "chefe deste cantinho" ajudar aqui os desgraçados.

O texto despertou-me um sereno sorriso e uma, mesmo que breve, sensação de paz...

Mesmo "para quem não conheça a canção" :)))) (admito que não conheço)

Cleopatra disse...

Maria, Maria
Procuro por ti, trago este vazio
E o desejo de dar cor á minha vida
Quero pintar
Esta história que estou a criar
Quero ser mais
Minha grandeza afirmar
Ser poeta, ser cantor, ser o céu
Onde mora tudo o que eu vou ser
Se eu souber ser amor

Maria, Maria
Não sei que aconteceu
Se o mundo ou se fui eu
Enganou-se o amanhã sem piedade
Fecha-se a luz
Sobre as almas da minha idade
Esconde-se o céu
Onde eu quero ser mais verdade


by Mafalda Arnauth


Fica só este pedacinho para o Professor.
Da Cleopatra que tem perdido imensos posts bons. Como sempre.
Abraço

CêTê disse...

Quase arriscava a dizer que a "Maria" é o professor!;)

O enterro e a morte!
Todos enterram o morto menos aqueles que o amam. A imagem virtual com que ele se nos revela permitindo-nos superar com humor e algum distanciamento todo o ridículo dos rituais.
E depois o conforto de uma mensagem que só nós ouvimos "estou bem" numa despedida que promete não voltar a ser tão intensa.

Um abraço!
Desculpe o despropósito.;l

noiseformind disse...

Não tendo muito tempo para comentar (ópera oblige) gostaria de mencionar que um gajo com fãs destas pode arranjar muita companhia fêmea mas em termos de conhecimento para a posteridade da obra tá lixado ; ))))))))))))))))))) (talvez se a publicasses em fascículos na Nova Gente e tal e coisa...)

O texto faz parte da série de textos (quanto a mim, a mais brilhante logo a seguir ao texto dedicado a Cyragno, já o disse 3 vezes por estas bandas) que inauguram o livro "Domingos, Sábados e Outros Dias". Qualquer biblioteca municipal decente tem esse livro, com especial destaque para as da Maia, Vila do Conde e Matosinhos, que têm inclusivé a obra praticamente completa do Boss com excepção do Fio Invísivel, (obra com uma publicação extremamente escassa), graças a um doador anónimo.

Boss, Nem no dia em que o mano Elton lança novo album (prenhe de velharias disfarçadas) me fazes o jeito de meter aí o textinho dedicado a ele? Considero que, à altura, foi o teu texto mais inovador. Escrever em Portugal o texto do ponto de vista de um homem com aquela condição existêncial deu, certamente, a volta a muita intelegentia fatela e prenhe de modernismos automobilísticos : )))))))))))
Faz-me isso nem que seja pelo bom nome que eu dou ao Maralhal, mostrando-nos como inteligentes e tolerantes (contigo a seres beneficiado por arrasto): http://provaoral.blogspot.com/2006/10/vencedor-da-diciopdia.html

noiseformind disse...

E já agora a boca (não dá para resistir, malta),

Como é que nesta coisa de velharias o "puto" é que conhece as ditas e as provectas e devotas seguidoras canónicas ficam espantadas? Temos de organizar um ciclo de conferências urgente para dar corpo a um conhecimento mais profundo da obra do Jú, talvez no ano em que ele se jubilar (que, da maneira que o PS está a levar a coisa, será para aí daqui a 30 anitos) loooooooooooooooooool looooooooooooooooooooooooooooooool loooooooooooooooooool looooooooooooooooooooooooooooool looooooooooooooooooooooooooooool looooooooooooooooool loooooooooooooooooooool looooooooooooooooooooooooooooooooooool

andorinha disse...

Noise,
Obrigada pela informação, mas não precisavas de usar esse teu tão peculiar tom gozão:)
E o livro não se chama "Sábados, Domingos e Outros Dias"?

E como a biblioteca municipal de Guimarães não tem de certeza o livro, peço-te já por aqui, encurto caminho.:)
Como estás mais perto de Vila do Conde requisitas o livro para mim?
Trazes-me no sábado.
Posso contar contigo, miúdo?:)

andorinha disse...

Quanto ao Prova Oral já lá fui e só tenho a dizer: Que trio!:)
Loooooooooooooooooooooooooool

noiseformind disse...

Andorinha,
Sábado, 21... 21... ; ))))))))) E isto se a minha orgia-do-terceiro-sábado-do-mês-com-miúdas-dervirginadas-no-primeiro-sábado-desse-mês tiver mesmo de ser adiada como está previsto por imposição das regras de duas das participantes. Que se fôr só spotting, como já te avisei, teremos de adiar ; )))))))))))))) Como disse um dia o Profeta em relação aos scones algures no Sec XVIII:

"Cause to the old one and da boy,
Their reliefing smell,
Gathers eloquent joy,
And tastes well.
But in life the scones are comas,
When we think of women and their conas."

Não percebo pq é que este bardo ficou anónimo e esquecido e todos nós temos de levar com o Camões na escola ; (((((((((((((((((((

Andorinha,
Quer dizer. Há 30 minutos não sabias o nome do livro onde estava o texto e agora já dás dicas em relação ao nome do livro DEPOIS de eu o ter dito? : )))))))))))))))))
Quanto ao serviço "biblioteca itinerante do Noise" sabes que os livros ou DVD's que não contenham pornografia têm o aluguer mais caro, certo? É que não quero que seja como da última vez em que te passaste por o Share The Load 4 ser a 5E por 15 dias e O Tempo dos Espelhos ser a 50 euros pelo mesmo tempo.


Olha, um tipo no blog dele há dois meses e tal meteu um post com este título,

Quarta-feira, Agosto 09, 2006
Ainda mais antigo:) (Domingos, Sábados e outros Dias)

Manda-lhe um mail e não te fies em mim... se bem que ele tb pode estar enganado, n sei

Em relação à minha foto é com muita pena que anuncio que já várias ouvintes da Prova Oral pediram o meu nro de telefone se, e passo a citar, "o Pedro Maia fôr aquele gajo sexy de bigode" : ((((((((((((((

andorinha disse...

Miúdo, enganei-me no título, pronto. Também não sou Deus, por isso não sou infalível nem omnisciente.:)))

Quanto ao pseudo-poema do Profeta não comento, por razões óbvias. Loooooool

Não sabia que agora não se podem requisitar livros em bibliotecas (grátis ou de borla como dizem os outros).
É preciso pagar? Tás a gozar comigo...:)
Mas se for preciso, eu reembolso-te, quero mesmo ler o livro.

Quanto à foto, tu dizes simplesmente que as aparências iludem e que o outro gajo é muito mais fixe.:))))))))

PAH, nã sei! disse...

Pronto... pronto...

Noise,

Não me achando digna de pertencer a tão nobre grupo como são as "provectas e devotas seguidoras canónicas" do Professor ("chefinho" deste cantinho), tenho que confessar que, apesar de a vasta a biblioteca cá de casa :))) guardar religiosamente um exemplar de cada "obra – prima" do mesmo, me foi difícil encontrar a origem do texto.

Assim, deixo aqui o meu pedido de desculpas e agradeço ao "puto" a indicação da localização de tão bela escrita (será que estou a dar uma de graxa??? NÃ!!! :)))

Neste momento, esta "dama" curva-se em sinal de agradecimento ao "PUTO".
Que, diga-se de passagem, ficou bastante sorridente na foto do blog acima mencionado.

Aquele "senhor" no meio?
É de mim, ou está com ar de quem pensava: vou passar despercebido no meio destes dois ilustres... :)

chato disse...

E quem é aquele mais "gordinho"?
Chatice não conhecermos as pessoas!

Klatuu o embuçado disse...

:)