quinta-feira, agosto 31, 2006

A reboque da Angie:).

É verdade - prefiro a rádio, sobretudo nocturna. Porque a palavra e o significado reinam, ao abrigo das tropelias do olhar, sempre volúvel:). Não sei se calar a televisão foi um lapso freudiano, mas cálculo não, seguramente. Se um projecto me agradar, voltarei ao ecrã com prazer, mas confesso que câmaras, luzes e maquilhagem não me despertam tanto carinho como microfones, auscultadores e pernas em cima da mesa, moldura ideal para amena cavaqueira.

segunda-feira, agosto 28, 2006

À falta de barro e costelas:).

"Vou fazer-te existir na realidade da minha palavra. Da minha imaginação."

Vergílio Ferreira, Para Sempre.

domingo, agosto 27, 2006

Esclarecimento.

Lamento, não fui claro:(. O vazio educacional de que falava era ao nível da educação (sexual). Sou 200% a favor da pílula do dia seguinte, mas não como método contraceptivo "habitual", "normal", "inócuo". Acresce que sou psiquiatra: preocupam-me os mecanismos de defesa que permitem a negação da responsabilidade erótica. Esta não compromete o romantismo, a espontaneidade, o desejo. Limita-se a assumi-los, carago!:).

sábado, agosto 26, 2006

Breve.

A evolução dos números referentes à utilização da pílula do dia seguinte é deprimente. Pelo que traduz de vazio educacional, de recusa em assumir o planeamento da vida erótica, de opção por uma via considerada mais fácil e sem consequências. Alguns preferirão apostrofar a decadência moral em vez de enfrentar o problema. É pena. E é perigoso...

quinta-feira, agosto 24, 2006

Que assim seja!

Investigação: Mais reacções positivas




A comunidade científica está satisfeita com a descoberta sobre a produção de células estaminais.

24/08/2006


(12:53) De recordar que cientistas norte-americanos desenvolveram uma forma de produzir células estaminais sem destruir os embriões.

Para Raquel Almeida, investigadora do IPATIMUP - Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto -, estes avanços poderão eventualmente fazer desaparecer os obstáculos à utilização de células, o que pode ajudar na pesquisa e tratamento de algumas doenças como Alzheimer, Parkinson ou problemas cardíacos.

"Vai permitir que a objecção à utilização linhas celulares de células estaminais, eventualmente, possa ser ultrapassada e se possa passar a fazer investigação em linhas celulares de células estaminais de forma mais fácil, mais pessoas possam utilizar linhas celulares de células estaminais", disse.

Também Mário de Sousa, especialista em medicina da reprodução e que há anos investiga a cultura de tecidos, nomeadamente no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), onde é docente, não hesita em classificar a descoberta como "uma revolução".

Já o geneticista Carolino Monteiro considerou que produzir células estaminais embrionárias sem destruir o embrião é uma "descoberta importante" porque escapa às questões éticas, dando mais um passo na direcção da terapêutica de doenças sem cura.

quarta-feira, agosto 23, 2006

Ainda Grass.

Os juízes de Günter Grass


Diogo Pires Aurélio
Professor universitário



Uma certa "inteligência" abateu-se, justiceira, sobre Günter Grass, no dia em que este, antecipando a sua autobiografia, confessou a um jornal ter pertencido, na adolescência, às Waffen SS, uma força de elite das tropas hitlerianas. O libelo acusatório tem vindo a crescer. Primeiro, foi o crime de haver integrado tais milícias. Segue-se o ter, durante toda a vida, mantido silêncio a esse respeito, coisa imperdoável em alguém que acusava o povo alemão de não se querer confrontar com o passado recente. Por fim, vem o ter aguardado que lhe dessem o Nobel para fazer a revelação da ignomínia: no entender dos novos cátaros, a obra jamais justificaria o prémio se não fosse esse apêndice, tão caro aos académicos de Estocolmo quanto alheio à literatura, que é o facto de o autor estar ligado a "causas", ainda por cima de esquerda.

O processo já teve eco em toda a Europa, inclusive aqui, e é algo deprimente. À direita, aproveita-se para desancar, por grosso, todo o percurso político de Günter Grass, desde as SS ao pacifismo antiamericano, passando pela militância social-democrata, como se fosse tudo a mesma coisa. À es- querda, condena-se-lhe a falta de transparência, num tempo em que o ter de se "assumir" virou mandamento, sobretudo para quem invocou a moral possível a seguir a uma guerra que fazia crer ser impossível voltar a pensar qualquer valor universal. Pelo meio, há ainda o ressentimento e o mero cretinismo, que não lhe perdoam o sucesso e que reduzem o episódio a uma operação de promoção. Gente que dá erros de ortografia, mas que não se coíbe de cacarejar sentenças sobre o estilo de Grass.

As opiniões políticas do romancista interessam-me pouco. Julgo que teve algum papel na Alemanha dos anos 60 e 70, ao lado de Willy Brandt, mas que, a partir da chamada crise dos mísseis, se colocou sistematicamente do lado errado. A sua adolescência nazi é, obviamente, um pesadelo de que talvez já não consiga libertar-se e uma culpa que só agora foi capaz de confessar. Não sei se terá perdão, sobretudo por parte dos que foram vítimas das SS. Mas sei duas coisas simples. Sei que as ideias que ele sustentou não ficaram piores nem melhores por se saber a dimensão do recalcamento que tinham por lastro. E sei, sobretudo, que não trocaria uma página d'O Tambor pelas obras completas de nenhum dos seus críticos.


P.S. Também eu considero a obra digna do Nobel e ponto final. Para quem acarretava este segredo, acho que apostrofou de mais a recusa de outros à memória, embora o psi compreenda o mecanismo (in)consciente. Já quanto ao timing da revelação..., enfim, sou um céptico.

P.S.2 - A referência aos cátaros, como é óbvio, deliciou-me:).

Lamechice.

Já sei que nos limitámos a cumprir a nossa obrigação, mas foi muito bom ver a alegria do Rui Costa e a resposta do Estádio inteiro:). Sou um sentimentalão incorrigível:(.

segunda-feira, agosto 21, 2006

Da mesma obra.

Porque o bom professor não é aquele que sabe muito, mas sim aquele que sabe ensinar muito.

domingo, agosto 20, 2006

O machismo no seu melhor:).

"Eu não gostava de Dorita a não ser por ser mulher. E já se sabe, que, com as mulheres, onde não há desejo é suficiente a ocasião."

Luis Landero, O Guitarrista.


P.S. Este tipo de mensagem cultural enche os sexólogos de clientes, sobretudo quando se debatem com os rituais de passagem para o que julgam ser a adultícia macha...

sexta-feira, agosto 18, 2006

Se não foi golpe publicitário..., pareceu!

Lech Walesa furioso com Gunter Grass
2006/08/18 | 16:21
Antigo presidente polaco recusa partilhar título de cidadão honorário de Gdansk com o escritor, que disse ter pertencido às SS nazis


O antigo presidente polaco Lech Walesa ameaçou esta sexta-feira renunciar ao título de cidadão honorário de Gdansk para não partilhar a distinção com o escritor alemão Gunter Grass, que confessou há uma semana ter pertencido às SS nazis, tendo ingressado em 1945, com 17 anos.

«É preciso que esta situação seja esclarecida. Sem essas explicações, eu próprio renunciarei à cidadania e não poderei ficar na companhia do senhor Grass», disse Walesa à cadeia de televisão privada TVN24.

«Será difícil cumprimentar um homem das SS que contribuiu para morte do meu pai e de outras pessoas, e para a destruição de Gdansk. Foi aqui que a guerra começou», em 1939, acrescentou.

Gunter Grass nasceu em 1927 em Gdansk, uma cidade que na altura se cham ava Dantzig e era maioritariamente habitada por alemães. Segundo Lech Walesa, o escritor alemão, galardoado em 1999 com o Prémio Nobel da Literatura, «não teria recebido o título de cidadão honorário de Gdansk se o seu passado nas SS fosse conhecido». «Foi a outro Grass que demos o título», disse.

Segundo a Lusa, o antigo presidente polaco e Nobel da Paz acusou Gunter Grass de «querer fazer publicidade» em torno da sua autobiografia, «Ao Descascar a Cebola», cuja primeira edição, lançada quarta-feira passada, esgotou em apenas um dia. «Ele queria vender o seu livro e vê-se que vendeu bem, porque já está a ser preparada uma segunda edição», afirmou.

«Posso compreender as confissões de um ponto de vista cristão. É preciso compreender as pessoas, ajudá-las. Mas se as pessoas querem fazer publicidade, não quero participar nisso», acrescentou.

domingo, agosto 13, 2006

Sem modificação dos papéis de género interiorizados por cada sexo, nada feito:(.

Crim E 50 mulheres mortas por companheiros em dois anos





Nuno Miguel Maia

crim E 50 mulheres mortas por companheiros em dois anos

Em apenas quatro dias do que se leva do mês de Agosto, o país foi surpreendido com a morte de três mulheres às mãos dos seus companheiros e com uma outra tentativa falhada de homicídio. O ciúme é o fio que une quase todos os casos. A surpresa, porém, só pode resultar do facto de um tema como estes não dar lugar a um debate que os números claramente reclamam nos últimos dois anos, cerca de 50 mulheres foram assassinadas pelos seus companheiros e registaram-se 37 tentativas de homicídio. As histórias de vida contadas na página seguinte de três víitimas ajudam a perceber os motivos da matança.

De resto, o número de queixas por violência doméstica tem vindo a crescer de ano para ano, segundo dados da PSP e da GNR. Só que isso não significa que tenham aumentado os incidentes de agressões entre os casais. Elza Pais, presidente da Estrutura de Missão Contra a Violência Doméstica (EMCVD), acredita que Portugal está perante o "destapar de um iceberg". A crescente visibilidade do assunto tem encorajado as mulheres a denunciarem o que se passa dentro das paredes de casa.

Crime público

"A sistematização da resposta junto das autoridades também terá contribuído para o aumento de denúncias. Mas é preciso ver que, desde 2000, o crime passou a ser público, não dependendo de queixa", refere ao JN a professora universitária, líder de uma comissão sob tutela conjunta da Presidência do Conselho de Ministros e do Ministério da Segurança Social.

O fenómeno do homicídio conjugal é o "extremo no âmbito da violência doméstica" e um estado que o Governo procura atacar preventivamente. No âmbito do Plano Nacional Contra a Violência Doméstica, iniciado em 2003 e que termina no final do corrente ano, estão já implantados núcleos de atendimento a vítimas em metade do território nacional - Bragança e Viseu são as últimas inaugurações - e também já funcionam 32 casas de acolhimento. Que, no ano passado, receberam 900 pessoas, entre mulheres e filhos alvo de violência.

Duas motivações

Autora de uma tese de mestrado precisamente sobre homicídios conjugais, Elza Pais, chegou à conclusão de que, em 1998, esta tipificação de crime significou "15 por cento" do total de homicídios. Quanto às motivações dos crimes, existem duas justificações principais "Ou são casos de agressões continuadas, por vezes durante anos, com todos os tipos de violência que começam até antes do casamento e terminam com a morte da vítima. Ou são casos em que os agressores não toleram que as vítimas os abandonem, por vezes devido precisamente a agressões. Vários casos de homicídios conjugais acontecem já depois do fim do casamento", explica Elza Pais, reforçando que, precisamente, para os casos de maior perigo, é que existem as casas de abrigo. "Esta medida é tomada com grande ponderação, porque obriga à desinserção das vítimas do local onde residem.

Em preparação, além do balanço quanto ao plano contra a violência doméstica que vigorou desde 2006, está a o terceiro plano. A também líder da Comissão para a Igualdade e Defesa das Mulheres adianta que os planos estão a ser delineados com vista a um "maior envolvimento" por parte das organizações não-governamentais, a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, por exemplo. Tudo para que a intervenção contra a violência doméstica seja menos política e mais comunitária.


PS e GNR com normas

Desde Janeiro que a PSP e a GNR têm de cumprir o designado "estatuto processual da vítima", quando recebem pessoas afectadas por violência doméstica. Trata-de normas de comportamento das autoridades perante este tipo de casos.



Prevenção nas escolas

A EMCVD está a promover junto das escolas, desde Junho passado, a exibição de um vídeo com um teatro alusivo à violência doméstica. Trata-se de uma experiência construída num agrupamento escolar de Setúbal que visa contribuir para a discussão e sensibilização, entre os menores, sobre o tema. A iniciativa em Setúbal terá já contribuído para um aumento de denúncias, por parte de crianças.



Alterações

O projecto de alterações ao Código Penal em discussão no Parlamento cria o crime de violência doméstica, alargando o conceito de maus-tratos a cônjuges aos namorados e a outras pessoas que vivam em economia comum. As penas podem ir até aos 10 anos de prisão.



Casas de abrigo

Existem, neste momento, espalhadas pelo país, um total de 32 casas de abrigo destinadas a vítimas de violência doméstica. De acordo com a EMCVM, no ano passado cerca de 900 pessoas passaram por aquelas estruturas de acolhimento, que podem ser geridas por entidades não directamente dependentes do Governo.



Radiografia em curso

No final do ano deverá estar concluído um estudo encomendado pela EMCVM com vista a "tirar uma radiografia e perceber a dimensão real e actual" sobre a violência doméstica, que inclui também a violência psicológica, esta muito mais difícil de quantificar, diz Elza Pais. Em preparação está um terceiro Plano Nacional Contra a Violência Doméstica, de 2007 até 2010.

sábado, agosto 12, 2006

Pois, o jardim à beira-mar plantado com os seus brandos costumes...

A morte das mulheres



António Costa Pinto
Professor universitário acpinto53@hotmail.com

Já sabemos há muito que o crime "passional" é uma prática favorita dos homens portugueses e os números estão aí para o ilustrar, mas de vez em quando a sequência é horripilante. Segundo comunicado da Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres, em quatro dias de Agosto tivemos três assassínios e uma tentativa do mesmo, entre 11 facadas e uns tiros a tempo. As idades das vítimas andavam entre 26 e 74 anos. As localidades também dizem qualquer coisa. Começamos por Alcobaça, subimos à Anadia e terminamos entre Mira de Aire e Mirandela.

A publicitação destes crimes é neste caso de grande importância, pois elimina o estereótipo, herdado do salazarismo, do pacífico e cordato povo português, incapaz da violência societal dos vizinhos do lado. A verdade nunca foi essa, muito embora a censura nos desse a imagem de "paraíso triste". Qualquer consulta aos relatórios do que a comissão de censura "cortava", ou às estatísticas policiais, ilustra rapidamente a violência explícita de muitos sectores da sociedade portuguesa. Mesmo com o controlo social da Igreja Católica, hoje mais desvanecido, a sociedade rural do passado não era flor que se cheirasse e parte da urbana também não.

Os sociólogos especialistas do fenómeno encontrarão certamente grupos de risco privilegiados. Os mais moralistas dirão que ele é característico de todas as classes sociais. Os mais atentos às estatísticas declaradas encontram neste meio rural- -urbano em mobilidade social e com uma das maiores taxas de participação das mulheres no mercado de trabalho uma parte da explicação. Depois vem a escolaridade, no geral mais baixa, dos actores destes crimes mais violentos. A seguir o alcoolismo, que deve pesar certamente. Depois a conjuntura de divórcio ou ameaça de separação. Mas o sinistro é que a violência doméstica continua a ser a causa do maior número de mortes de mulheres em Por-tugal, entre os 16 e os 44 anos, como salientava o plano de combate à violência doméstica do Governo anterior.

Como os factores societais não vão mudar amanhã, o que é que se poderá fazer para além da prevenção e das campanhas de sensibilização? Aqui até os liberais de direita pedirão ao Estado que esteja mais presente e à justiça menos relativismo desculpabilizador na condenação.

quinta-feira, agosto 10, 2006

Para desanuviar o ambiente:).

«Aqui não há bufos»
2006/08/10 | 11:51
Jardim apela a empresários para transferirem o domícilio fiscal para a Madeira

MAIS:
Jardim pode fazer isso?
Jardim proíbe lista de devedores
«Quem fez a revolução contra Salazar foram os madeirenses e não aqueles maricas»
Governo está a levar Portugal «para o abismo»

Alberto João Jardim apela «aos empresários do Continente que não estejam satisfeitos com aquilo que lá se passa para transferirem o seu domícilio fiscal para a Região Autónoma da Madeira. Aqui nem sequer há bufos», afirmou.

Segundo o DN, Jardim garante sigilo fiscal, já que, na Madeira, ninguém corre o risco de ver o nome incluído em listas publicadas na comunicação social «como querem os socialistas», que é «voltar ao gonçalvismo».

Para Jardim, «a Madeira reúne todas as condições para que as empresas que o desejem transfiram para a Madeira o seu domicílio fiscal». A Madeira pratica uma tabela de impostos «no limite mínimo que a lei portuguesa, ainda, nos permite mas já é alguma diferença» quando comparada com os valores em vigor no restante território nacional (excepção para os Açores).

Em termos de IRC, a Madeira cobra 22,5 por cento enquanto no Continente atinge os 25 por cento. O IVA varia entre os 15 por cento, 8 por cento e 4 por cento na região contra 21 por cento, 12 por cento e 5 por cento aplicados de norte a sul do País. No IRS a diferença representa menos 6 pontos percentuais no escalão máximo.

Sou alérgico a notícias destas:(.

Investigação: Estudo associa alergias a Parkinson




As pessoas alérgicas aos ácaros e aos animais domésticos correm três vezes mais riscos de contrair a doença de Parkinson,indica um estudo publicado pela revista norte-americana "Neurology".


10/08/2006

(10:10) Segundo os investigadores da Clínica Mayo de Rochester (EUA), quem sofre de rinite alérgica - uma inflamação nasal causada pelo contacto com pó, ácaros ou escamas da pele de animais domésticos - parece ter mais probabilidades de contrair aquela doença degenerativa.

O estudo, que se prolongou por 20 anos, centrou-se em 196 pacientes que contraíram Parkinson e num número semelhante de pessoas da mesma idade e género sem sintomas da doença.

Segundo as conclusões dos investigadores, os pacientes com Parkinson que tinham sofrido anteriormente de rinite alérgica corriam 2,9 vezes mais riscos de desenvolver aquela doença do que os outros.

Não foi encontrada nenhuma ligação semelhante com outras doenças inflamatórias, como o lúpus ou a artrite reumatóide, embora isso possa dever-se, segundo os autores do estudo, ao número relativamente pequeno de pacientes com esses problemas na amostra em estudo.

Na perspectiva do neurologista James Brower, autor do trabalho, quem sofre de rinite alérgica "gera uma resposta imunológica às suas alergias e pode gerar também uma resposta imunológica no cérebro, o que produziria inflamação".

Essa inflamação, explicou, "pode libertar certas substâncias químicas no cérebro e, inadvertidamente, matar neurónios, como acontece na doença de Parkinson".

quarta-feira, agosto 09, 2006

Confessem lá se fazem parte dos 250 milhões:).

Lucros da pornografia ultrapassam os de Hollywood

Os estúdios de filmes pornográficos norte-americanos têm mais lucros que a indústria de Hollywood.
Nos dados da Industria Cinematográfica Porno dos Estados Unidos da América (EUA), os filmes pornográficos para adultos têm mais saída que os filmes convencionais de Hollywood.

Os americanos gastam dez mil milhões de dólares anuais em bilhetes para assistir a filmes pornográficos.

Os Estados Unidos são os maiores produtores deste género cinematográfico no mundo. O núcleo mais consumista situa-se em San Fernando Valley, Los Angeles e Califórnia.

O aluguer de vídeos passou dos 450 milhões em 1992 para 800 milhões em 2002.

No mundo estima-se que 250 milhões de pessoas assistam, com regularidade, a cinema pornográfico.

Os dados revelados pela revista «Adult Video News» excluem os consumidores por Internet e desenhos animados pornográficos.

09-08-2006 14:58:17

Ainda mais antigo:) (Domingos, Sábados e outros Dias).

PAULINHO


JOHN LENNON (I)


O gajo tem qualquer coisa de especial. Ivan só tinha dito que era bom guitarrista e um tipo fixe, mas também não admira, o querido Vaughn está longe de ser um prodígio de sensibilidade. E contudo parece um filhinho da mamã típico, aquilo do casaco branco não se mete na cabeça de ninguém; e as calças… Ora!, as calças, aposto que as aperta depois de sair de casa para não ter a velha a moer-lhe o seixo – “Paulinho, já sabes!, não te quero vestido como esses teddy-boys que por aí andam”. Helen achou-o um puto bonito e riu-se-me na cara quando olhei para ela espantado. Ciúmes, eu? Mas quem entende as mulheres? Ou se atiram descaradamente a marmanjos mais velhos – falam de coisas que nós não entendemos, claro!, somos umas bestas, só pensamos em cerveja - ou a querubins sem barba e ar desamparado. Será instinto maternal ou desejo de desviar menores? Não sei. Estou de acordo, é um puto de catorze anos, lá se é bonito… Só faltava apreciar homens!, quando me vejo à rasca para sacar raparigas que se queiram divertir um bocado sem a pergunta sacramental – “mas tens mesmo a certeza que gostas de mim?” Claro que gosto. Delas todas, aliás, as minhas hormonas devem ter um coração enorme.
Qualquer coisa. O miúdo não estava à vontade, tudo gente desconhecida, entrou logo numa de exibição, deixei-me estar, fui entornando uns copos e vendo-lhe as habilidades. Não deixa de ser contra o meu feitio, se aparecer de novo tenho de lhe explicar quem é o chefe por estes lados. Mas o sacana tocou Twenty Flight Rock na perfeição e eu abismado, passei dias à procura dos acordes certos, se calhar é mais fácil para os canhotos. A seguir corrigiu a nossa versão de Be Bop A Lula com o ar mais natural deste mundo, ainda por cima tinha razão (a Helen tornou a ser foleira e disse que além de razão tinha ouvido…). E mais! Brindou-nos com uma imitação do Little Richard de tirar fôlego a qualquer um, apetecia pintá-lo de negro e cobrar bilhetes aos pacóvios; só visto… Como é evidente, não o deixei perceber que me impressionara, limitei-me a dizer-lhe que Twenty Flight Rock era uma das minhas canções favoritas. Devo ter feito bem, pôs um ar solene e concordou em silêncio. Foi estranho, por um momento pareceu que tudo o resto desaparecera à nossa volta.
Vamos por partes – Pete é o meu melhor amigo e vai sê-lo até à morte. Rimos juntos, fomos expulsos de meia-Liverpool juntos, andámos à pancada juntos. Coisas que ligam os homens. E depois…, aceita-me como chefe e eu preciso disso. Mas às vezes penso que nos prejudicamos, talvez seja mau conhecer outra pessoa bem de mais? Ele não nota, limita-se a dizer “está bem, John” e a seguir-me como um cachorrinho obediente.
Este gajo é feito de outro material. Para começar, toca melhor do que eu, o que pode tornar-se um problema. Mas também um desafio, tê-lo na banda ia obrigar-nos a progredir e a malta gostou dele. Sossegado, um bocadinho parecido com o Elvis… Só preciso ter atenção e não permitir que grimpe muito, trazê-lo curto (e, já agora, à Helen por tabela!). Estes anjinhos de falas mansas e sucesso com as mulheres são perigosos. É difícil lidar com tipos escorregadios, quando já arregaçámos as mangas saem-se com palavras apaziguadoras e fica-nos a raiva pendurada. Bom, está decidido, o miúdo entra, mas em liberdade vigiada. Tenho um pressentimento que podemos fazer coisas giras juntos, já compôs duas ou três canções, se ele é capaz tu também tens de ser, John Winston. Quem sabe?, podemos vir a ser famosos – McCartney e Lennon. Hum… Nem pensar. Lennon e McCartney, soa bem melhor. E que não soasse! Boa noite, John.

terça-feira, agosto 08, 2006

Voo raso:(.

Já sei que marcar fora é bom (e que golo!); já sei que basta empatar zero a zero; já sei que alguns jogadores do Benfica levantaram os braços em sinal de alegria no fim; já sei que somos favoritos; já sei que os lesionados vão recuperar; já sei isso tudo..., mas IRRA!, é preciso "talento" para não ganhar aqueles onze bons rapazes:(.

segunda-feira, agosto 07, 2006

O velho Luiz Pacheco "num dia em que se achou mais pachorrento":).

...
Mulher não queiras sabida
nem com vício desusado,
que podes perder a vida
na estafa de dar ao rabo.
...

domingo, agosto 06, 2006

Já postei esta velharia?

Da raiva e outras defesas



O psiquiatra esboçou um sorriso oblíquo,
- Talvez não fosse má ideia...
Bateu a porta enfurecido, “nunca mais cá ponho os pés, o tipo aboleta-se com uma pipa de massa e ainda goza à minha custa, se não é má ideia que o faça ele!”. A empregada e o habitual sorriso untuoso e plastificado, “até para a semana, senhor engenheiro”. Grunhiu um “talvez” de mau agoiro e diagnosticou-lhe aspecto foleiro, o cabelo oxigenado já vira melhores dias, os pés de galinha à volta dos olhos também. Imaginou que o iluminado clínico lhe punha a mão nas horas vagas e assim a impedira de arranjar marido, cheirava a quarentona encalhada a milhas de distância. A tarde cinzenta. No parque de estacionamento os carros já eram poucos. O seu piscou, obediente, à ordem do controlo remoto, para onde? Não lhe apetecia jantar sozinho, muito menos em casa. Folheou agenda e nomes: X - boa conversadora, mas péssima na cama; Y - exactamente o contrário, talvez passasse por casa dela ao fim da noite para uma rapidinha, aturar-lhe banalidades ao jantar é que não lembraria ao Diabo; Z – casara. Pôs um sinal de interrogação à frente do nome, quanto tempo levaria a fartar-se do marido?; ficava em espera; B - perfeita, se não exigisse relação “com futuro”; C – pedal a mais, impossível ter a certeza de quem fora o último a petiscá-la, estava sem pachorra para a ginástica do preservativo.
Bom, alimentar a máquina rapidamente e decidir depois o rumo a dar à noite. O restaurante às moscas e o criado favorito ausente. Morrera-lhe um familiar, explicou, indiferente, um colega tão pálido que também parecia prestes a bater a bota. Um arrepio desconfortável nas costas, “traga maduro tinto”. O bife mal passado e contudo anémico. Batatas gordurosas. Decidiu beber a taça até ao fim - além da garrafa... -, “uma salada de frutas”. De lata... O empregado imperturbável, “o senhor engenheiro deseja mais alguma coisa?”. A canelada imediata - “só se fosse um frasco de sais de fruto, não acha?”. Como única reacção, olhadela trocista à garrafa vazia; o parvalhão não tencionava abanar a preguiça porque um cliente bebera demais, provavelmente tinha a patroa à espera para assistirem juntos à terceira novela da noite e depois mergulharem na cama. Ele com a mesma camisola interior suada que usara nos últimos três dias, ela com as banhas mal disfarçadas pela combinação preta que uma vizinha prometera ser remédio santo para o desinteresse sexual do marido. Não ia funcionar, ele estava apaixonado pela cozinheira. Bem feito! Desligou a fantasia e saiu.
Para casa? Não, beber um copo. Sentir a adrenalina de passar junto à bófia com a certeza de não se poder dar ao luxo de soprar ao balão. Esticando a corda, parou e abriu a janela, “o senhor guarda desculpe, não sou de cá, vou bem para a Foz velha?”. Escutou as indicações com ar atento, quase humilde, agradeceu e seguiu Boavista abaixo. Virou à esquerda no Castelo do Queijo, por que não a Foz velha? O barzinho estava cheio, coisa rara aquela hora, parzinhos de namorados, curtidores ou lá como se chamam no dialecto de hoje. Alguns tipos da sua idade galando miúdas anoréxicas que não pareciam muito interessadas nos seus cavaleiros andantes imberbes. Talvez já não chamassem pelas maezinhas em situação de aperto, longe vai a época do “a menina dança?” nos bailes do Ateneu. Às vezes tinha de se pedir primeiro a autorização dos papás, quatro olhos inspeccionavam o candidato a abraçar por uns minutos a virginal filha, o sim apenas permitia liberdade a prazo e limitada, nada de faces demasiado próximas. Moral de comerciantes!, era preciso salvaguardar o valor de troca da mercadoria...
Uma das rapariguinhas navegou até ao balcão. Decidiu que se tratava de incitamento divino e ensaiou abordagem clássica, “não a conheço de algum sítio?”. Talvez demasiado clássica para a catraia, que esboçou um sorriso enquanto disparava em tiro raso, “credo!, julguei que esse tipo de engate já não existia, é melhor você candidatar-se a um curso de reciclagem”. Para depois o inspeccionar com mais atenção e fazer xeque-mate, “se ainda for a tempo!”. Encolheu os ombros, you can’t win them all. De qualquer forma não se via a ministrar-lhe curso de educação sexual, têm muito speed mas pouca arte, para a cama nada como balzaquianas assustadas pela idade ou desiludidas por namoros longos e chatos, têm pressa de viver. Saiu. Suficientemente sóbrio para saber que o não estava, fugiu à Brigada metendo pelas ruelas da Foz velha em direcção ao Campo Alegre, depois seguiu disciplinada e clandestinamente atrás de outro carro, só lhe abandonou a sombra protectora para virar em Guerra Junqueiro.
A casa. Arriscando um pé fora da rotina, não ligou de imediato a televisão. O silêncio pareceu-lhe aterrador, os programas – se mereciam tal nome! – eram catastróficos, mas o quadrado enganava a solidão. Por vezes seria incapaz de repetir o que vira, accionava o comando a ritmo digno de metralhadora, os canais acotovelavam-se, reality show atrás de reality show, bloco publicitário atrás de bloco publicitário. “Aquilo” mexia, preenchendo o amuo do telefone, silencioso. Certas noites pagaria bom dinheiro por um toque da secretária a lembrar-lhe reunião para a manhã seguinte. À falta de melhor..., para onde tinham fugido os amigos? Ou para onde fugira ele sem sair da cidade, para assim os perder vista e ouvido? Rendeu-se. E a caixinha que mudou o mundo desiludiu a sua esperança de ver o seu um pouco mais alegre, tudo decorria normalmente - filmes de bolinha alternavam com grupos de concorrentes que se batiam ou amavam conforme as instruções das produtoras.
Que fazer? Lembrou-se da canção do Abrunhosa, talvez... Sorriu e pegou no telefone, do outro lado a voz ensonada resistiu, “a esta hora? Vem cá tu se quiseres”. Não queria, se o desejo ganisse podia sempre voltar aos tempos do colégio, quando a rapaziada se masturbava alegremente, o sexo era tão sociável como o snooker. Por que não ler? Pelo simples gozo da coisa e não a reboque da preparação de um qualquer seminário profissional. Vasculhou a estante - só velhos conhecidos. O pai costumava lembrar a frase de um académico francês, já no fim da vida: “je ne lis plus, je relis”. Não lhe apetecia reler.
Ouvir música. Como dizia o sobrinho? Pôr um som... Beatles? Atrás viriam os bailes de garagem, os amores de praia, a estranha sensação de se haver traído. Mozart? E com ele regresso a Salzburgo, Viena, Praga, os concertos em cada esquina, alegres viagens em turística que antecederam outras em executiva para enfadonhas reuniões. Sérgio Godinho? Paz, pão, habitação... Como se passa de hippie furioso a yuppie obcecado, com breve passagem pelo processo revolucionário em curso e os seus bailes trotsquistas cheios de envergonhadas filhas da burguesia? Olhos fechados, indicador em riste, regressou à infância: “pim, pam, pum, cada bola mata um, pr’á galinha e pr’ó peru, quem se lixa és tu!”. Estremeceu ao ver a pontaria da sorte (o sacana do psi falaria de inconsciente...) – Dave Matthews Band.
Decidiu não recuar e pôs os auscultadores. Minutos depois a cabeça explodiu e com ela a andropausa, o vinho, o calmante que se esquecera de tomar, o jogging da manhã seguinte, a tromba do cliente a quem decidira apertar os calos nos preços para se oferecer o último todo-o-terreno da Mercedes, as mulheres desejadas sem paciência, o criado indolente; tudo.
Levantou-se, percorreu o corredor e abriu a porta do quarto pela primeira vez em muito tempo. A empregada cumprira a sua obrigação, parecia um museu. Olhou em volta: os posters, a guitarra, o computador, a colecção de latas de cerveja, a fotografia que a namorada nunca viera buscar. Quase imaginava Paulo a qualquer momento regressando de vadiagem nocturna, “ainda a pé, velho?”. Sempre paternal, o miúdo. Quando as horas fugiam, brindava-o com telefonema, “vou chegar às quinhentas, não te preocupes”. Até ao dia em que o aparelho tocara e não era ele, mas sim um dos amigos - óleo na estrada, despiste, urgência. Morto. A Mãe aos gritos, “a culpa é tua, por que lhe emprestaste o carro?”. Nunca mais lhe falara, não precisava da sua ajuda para se sentir culpado. Uma solidão horrenda, o puto não era “apenas” o amor da sua vida, mas também o público, buscava-lhe o orgulho e a aprovação com desespero, para os outros estava-se nas tintas.
Fechou os olhos. A voz do psiquiatra, “ninguém consegue esquecer uma coisa dessas, é preciso digeri-la. Em dois anos já o vi afundado em trabalho, a trocar de mulher como quem troca de camisa, a meter uma em casa do dia para a noite e a pô-la de lá para fora da noite para o dia semanas depois, a correr o mundo em férias sem descanso ou paz, a mudar de carro de três em três meses, a moer a cabeça dos outros e a sua, mas nunca o vi a encarar de frente a tristeza. Não acha estranho?”. E que sabia ele de amargura, na sua petulância de especialista? “Há muitas formas de estar triste. Qual é o seu conselho? Pôr a minha vida em stand-by e chorar? Como essas mulherzinhas histéricas que se sentam na beira do sofá e torcem o lenço na mão?”. A resposta do tipo.
Por acaso havia dois magníficos sofás no quarto, mas as lágrimas surpreenderam-no enroscado na cama do pequeno.

sábado, agosto 05, 2006

Lamento muito, mas arrepia-me.

UE: Legislação autoriza empresas a recusar contratar fumadores

Uma empresa que se recuse a contratar uma pessoa unicamente por ser fumadora não está a violar a legislação europeia contra a discriminação no trabalho, considerou este sábado a Comissão Europeia (CE).

O executivo comunitário respondia à euro-deputada trabalhista britânica Catherine Stihler, que requereu a sua opinião relativamente a uma oferta de emprego de uma empresa irlandesa que advertia os fumadores a não se apresentarem como candidatos.

O comissário europeu do Trabalho e Assuntos Sociais, Vladimir Spidla, recordou que a legislação europeia proíbe a discriminação com base em raça, etnia, deficiência, idade, orientação sexual, religião ou crença.

Uma oferta de emprego como a que foi alvo de estudo da Comissão, referiu Stihler, não parece ter relação com qualquer dos tipos de discriminação proibidos.

A porta-voz do comissário, Katharina Von Schnurbein, confirmou, em declarações à agência de notícias espanhola EFE, que «a discriminação laboral relativamente a fumadores não está contemplada na legislação europeia».

O facto de a legislação europeia não proibir tal política de contratação, disse a porta-voz, não impede que os Estados membros que assim o desejem possam dotar-se de normas nacionais que a proíba.

Diário Digital / Lusa

quinta-feira, agosto 03, 2006

Sem "motivos objectivos"...

Tribunal não encontrou razão do crime
José Carmo

Menores já estão internados nos centros educativos em regime semiaberto, apesar de dois recursos


Leonor Paiva Watson, e Nuno Miguel Maia

Três meses de investigação e 16 audiências no Tribunal de Menores do Porto não chegaram para encontrar as razões pelas quais 13 menores ligados às Oficinas de São José e ao Centro Juvenil de Campanhã agrediram o transexual Gisberta, vindo a causar-lhe a morte por afogamento no fundo de um poço de um prédio inacabado no Porto.

No texto da decisão final, o colectivo de juízes apenas dá como não provado que os rapazes tivessem actuado por "intolerância perante as opções sexuais do ofendido e perante as diferenças fisionómicas". E, em contrapartida, assume que as agressões aconteceram "por razões que não se conseguiram aqui apurar".

O próprio juiz-presidente, Carlos Portela, reconheceu, no final da leitura do acórdão, a sua perplexidade por não terem sido encontrados os motivos objectivos das agressões com paus, pedradas e ao pontapé - o que, aliás, foi assumindo ao longo das sessões iniciadas a 3 de Julho passado.

Funeral em grupo

Num processo em que a prova assentou sobretudo nas confissões e versões dos menores, estes, quando interrogados, apenas respondiam não saber enumerar razões que justifiquem os factos. O máximo que alguns assumiram foi o facto de estarem "em grupo".

Terá sido em grupo (pelo menos seis), também, que resolveram encenar um funeral para Gisberta, num momento em que a julgavam já morta. De acordo com a versão dos menores, o "funeral" propriamente dito era não deixar a vítima apodrecer naquele local. Atirá-la ao fundo do poço - três deles usaram luvas e sacos de plástico para transportar o "cadáver" ao longo de 100 metros - no prédio inacabado na Avenida Fernão de Magalhães, no Porto, foi uma alternativa a um enterro num cemitério, que serviria em simultâneo para a ocultar a responsabilidade do grupo no sucedido.

A ideia do fenómeno de grupo viria, aliás, a ser reforçada pelo depoimento de testemunhas com formação em psicologia e sociologia.

Elementos ligados à instituição "Qualificar para Incluir", que colaboravam com as Oficinas de São José, adiantaram ainda que este local de acolhimento da maioria dos jovens era palco de vários problemas.

Denunciaram a "existência de grupos organizados de outros jovens ali institucionalizados que exercem uma pressão e uma influência muito negativa sobre os mais novos, onde se incluem muitos dos que estão neste processo". E atribuíram a esta "cultura" da instituição a causa do sucedido nas agressões ao transexual. Cultura esta que, asseguraram, "nunca foi colocada em causa pelos responsáveis máximos da instituição".

O teor destes três depoimentos, conjugado com um outro que refere a existência de queixas, por parte dos menores - quanto à forma como são tratados pelos "mais velhos e pelos tutores" -, está na origem da extracção de uma certidão para o Departamento de Investigação e Acção Penal do Ministério Público do Porto, tal como noticiou ontem o JN. Tudo com vista a apurar a eventual responsabilidade penal dos responsáveis das Oficinas de São José, no Porto.

Durante o dia de ontem, o JN tentou contactar responsáveis da das Oficinas, mas foi informado de que todos os membros da Direcção se encontram "de férias" até ao final do mês.

Amizade e agressões

Outra interrogação do colectivo de juízes expressa no acórdão prende-se com a mudança de comportamento de três jovens que inicialmente mantinham relações de amizade e ajudavam o transexual, já debilitado em consequência de doenças como sida e tuberculose.

"Ainda nos intriga a razão pela qual numa primeira fase três deles [...], chegaram a levar-lhe [a Gisberto] géneros alimentares e a confeccionar-lhes refeições, nomeadamente arroz no local onde 'vivia', para, de um momento para o outro, passarem a ser também parte dos que o começaram a agredir", questionam-se os juízes, admitindo a mesma dúvida perante a "maior parte da sociedade". Apesar de considerarem não ter sido encontrada resposta cabal para as motivações do crime - cujas agressões, recorde-se, acabaram por não ser tidas como causa directa da morte da vítima, já em estado de grande fraqueza por causa da doença, tal como revelou o relatório da autópsia e o perito médico-legal -, o colectivo de juízes foi muito crítico para com o sistema de protecção de menores.

"A instituição ou instituições onde cada um deles estava protegido, pensava o comum dos cidadãos, não lhes soube transmitir os mais elevados valores morais e regras de vivência social que muito certamente teriam evitado este tipo de comportamento", consideram, censurando, depois, o facto de muitos jovens serem colocados em instituições a centenas de quilómetros das famílias, o que só se justifica nos casos em que as famílias os maltratam ou negligenciam. No caso deste processo, vários dos rapazes têm a família em Lisboa, ou outras zonas distantes do Porto, tal como explicado, nestas páginas, no perfil de cada um dos jovens.

quarta-feira, agosto 02, 2006

Adeus francesinhas e cervejola. Restam os tremoços:(.

Obesidade aumenta risco de cancro da próstata
2006/08/02 | 17:46
Investigadores portugueses apontam os factores de perigo

A obesidade associada a uma vida sedentária poderá estar relacionada com o aparecimento do cancro da próstata, doença que todos os anos apresenta mais dois a três mil novos casos, aponta uma investigação hoje apresentada, citada pela agência Lusa.

O estudo foi desenvolvido por um grupo de especialistas do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) e do Instituto português de Oncologia do Porto (IPO) e publicado numa revista norte-americana da especialidade.

Em declarações à agência Lusa, Rui Medeiros, um dos investigadores responsáveis pelo estudo, explicou que a investigação pretendeu demonstrar que «a exposição ao longo da vida a factores ambientais associados a variações do genoma humano predispõe para a obesidade, aumentando o risco do cancro da próstata, sobretudo a forma mais agressiva».

O grupo de investidores demonstrou assim que os indivíduos com maior obesidadee, simultaneamente, portadores da variante genética no gene da leptina (hormona responsável por informar o cérebro sobre o estado das reservas energéticas de gordura), apresentam maior proliferação de células cancerígenas da próstata e facilitação de metastização.

Concluiu-se, desta forma, que os conselhos para uma «boa alimentação, associada a uma vida ao ar livre e a exercício físico» são válidos também para diminuir o risco de aparecimento de cancro na próstata.

O cancro da próstata é uma doença muito frequente nos homens com idades a partir dos 45 anos e responsável por uma elevada taxa de mortalidade. De acordo com Rui Medeiros, surgem todos os anos entre 2.000 e 3.000 novos casos de homens com esta doença.

terça-feira, agosto 01, 2006

Sinistro.

Blogs encerrados por motivos políticos
2006/08/01 | 14:01
Obra de poetisa tibetana está censurada na China. Jornalistas protestam

Os «blogs» da poetisa tibetana Woeser, cuja obra está censurada na China, foram repentinamente encerrados na passada sexta-feira, informou esta terça-feira a organização Repórteres sem fronteiras (RSF). A notícia é avançada pela Agência Lusa.

Num comunicado, o grupo expressa indignação por este acto censório e reclama a reabertura dos «blogs», lembrando que a poesia de Woeser «está proibida na China» e «as suas páginas pessoais (na Internet) são o único meio que tem de expressar-se».

Acusando as autoridades chinesas de quererem reduzir a cultura tibetana a «simples folclore turístico», a RSF chama a atenção para o facto de Pequim estar a aplicar uma controlo informativo cada vez mais férreo.

Há dias, Pequim ordenou o encerramento do portal «Dijing- democracy.net», do marido da poetisa, o escritor chinês Wang Lixiong, e bem assim o do «Century China», muito popular nos círculos intelectuais do país.

«Uma vez mais pedimos às autoridades que respeitem a liberdade de expressão, um direito garantido pela Constituição», diz a RSF.

A poetisa, conhecida também como Oser e Wei Se, em chinês, tinha dois «blogs» - http://oser.tibelcult.nete http://blog.daiqi.com/weise-, através dos quais divulgava poemas da sua autoria, ensaios sobre a cultura tibetana e artigos do marido.

Segundo responsáveis das páginas, a decisão governamental fundamentou-se nos temas tratados, que incluíam comentários sobre o problema da SIDA no Tibete, o impacto que terá sobre o povo tibetano a recente inauguração do comboio Pequim-Lhasa e uma mensagem de parabéns ao Dalai Lama pelo seu aniversário.

Woeser é uma das poucas escritoras tibetanas que utilizam o mandarim como veículo de expressão. Segundo a RSF, a maioria dos visitantes das suas páginas eram estudantes apostados em não perder a sua identidade cultural.

O seu livro «Notas sobre o Tibete» foi censurado em 2004, por falar em termos positivos do Dalai Lama - ousadia que lhe valeu o despedimento e ter de escrever uma carta de auto-censura a reconhecer os seus «erros políticos».

P.S. O título deste post seria o mesmo se me referisse ao começo de época do Benfica. A diferença é que aceitaria um :) à frente...