terça-feira, janeiro 30, 2007

Assim não vamos lá, é meter a cabeça na areia:(.

Cardeal apoia educação sexual baseada na castidade
A educação sexual «é bem-vinda e necessária», mas ser «verdadeira» tem que ser feita na «perspectiva da castidade», disse o cardeal patriarca, D. José Policarpo


No quarto de cinco textos que está a publicar semanalmente a propósito do referendo sobre o aborto de 11 de Fevereiro, o líder da Igreja Católica em Portugal sustenta que tanto «em termos religiosos como culturais» a castidade surge como uma «vivência generosa e responsável da própria sexualidade».
D.Policarpo critica ainda o «exercício da liberdade num perspectiva individualista», onde «cada um pode fazer tudo o que quer e lhe apetece».
Trata-se de «uma liberdade individual sem responsabilidade», que o cardeal diz encontrar «nos acidentes de viação, nas agressões contra o ambiente, no abandono e abuso de crianças, no aborto».
«O exercício individualista da liberdade origina uma sociedade permissiva. O Estado gasta uma parte significativa das suas capacidades e energias a corrigir abusos de liberdade», acrescenta.
«Enquanto o ambiente for o de cada um fazer o que lhe apetece, o uso da sexualidade levará, cada vez mais, ao desrespeito da pessoa humana de que resulta. A violência familiar, o abuso de crianças, a sida, a utilização da mulher como objecto, os percalços indesejáveis na adolescência, o aborto».
O catolicismo é a religião apontada como largamente maioritariamente en tre a população portuguesa e a Igreja tem tomado uma posição frontalmente contra a despenalização do aborto que vai ser referendada dentro de 13 dias.
«Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?» será a pergunta colocada aos eleitores a 11 de Fevereiro, igual à do referendo de 1998.
Para a campanha, estão inscritos na Comissão Nacional de Eleições (CNE) 17 movimentos de cidadãos (cinco pelo «sim» e 12 pelo «não») e 10 partidos políticos.
Cerca de 8,4 milhões de eleitores estão recenseados para o referendo e a campanha dura 11 dias, entre hoje e 9 de Fevereiro.
Lusa/SOL

12 comentários:

a disse...

Tenho imenso medo que ganhe o não (mas não me surpreendia, dada a mentalidade retrógrada dos portugueses), mas espero que ganhe o sim. Mas acho que há uma coisa sobre a qual ninguém fala, que para mim é a mais importante se o sim ganhar. A legislação por detrás da despenalização. É importante que as mulheres que abortem tenham (obrigatoriamente) acompanhamento psicológico e médico, para perceberem o que fizeram (há quem n saiba sequer o que quer dizer a pergunta do referendo) e para terem acesso a planeamento familiar (para que n tenham de passar pelo mesmo).

Julio Machado Vaz disse...

a,
Completamente de acordo, tal como Vital Moreira, acho que já devia ter sido explicitado o pensamento sobre a regulamentação em caso de vitória do Sim. Para que a opção seja livre, informada e meditada.

thorazine disse...

Para mim as intrevenções do Dr. Vital Moreira foram as mais relevantes pois, para além de outras coisas, esclareceu bem que apesar de o aborto ser condenado moralmente pela sociedade não se pode usar o código penal para fazermos prevalecer as nossas convicções.

Sobre o tópico,
chegou-me às mãos um panfleto que reflecte, espero eu, a atitude religiosa mais ortodoxa. Até "scaneei" (isto existe?) para poder partilhar (e consciente que corro o risco de num caso pontual estar a fazer campanha inversa!). Prestem atenção principalmente ao destacável: http://www.wikiupload.com/file_store/upload_1/66007653245bf8e13672e2.rar


PS - Para quem foi À secção dos podcast procurar a sessão dominical e não a encontrou é escusado ficarem tristes porque ela realmente já está online!, mas na página dos podcasts semanais. Herrar é umano! ;)))

thorazine disse...

*intervenções

Paulo disse...

Sr. Cardeal… Não havia “nexixidade”… :-)
Mais valia não dizer nada… “Educação Sexual numa perspectiva de castidade”, só pedia ser para os nossos jovens gozarem com a nossa cara…

andorinha disse...

Em relação a este post pouco tenho a acrescentar.
Digo apenas que estou completamente de acordo com a a e o Júlio.

JFR disse...

Fico muito satisfeito por verificar que aumentou, significativamente, o número dos que aqui comentam que lamentam não estar publicitado o que cada lado- SIM e NÃO -, espera fazer pós-referendo.

Há muito, que aqui venho chamando a atenção para esse facto. Sem dúvida uma das razões mais fortes para evitar a abstenção. As limitações da pergunta deixam muitos eleitores confusos e com vontade de se alhearam.

Quanto à afirmação de Vital Moreira é simplista. As leis são uma consequência dos valores de uma sociedade. Podem ser mais ou menos maioritários, mais ou menos efémeros, numa visão de longo prazo, mas são eles que respaldam o processo normativo.

Por isso, é que a pena de morte não existe em países que defendem o princípio de a punição com supressão da vida humana, não é um direito.

Por isso, é que há países em que o roubo é punido com o corte de uma mão. São os seus valores que o determinam.

Creio que Vital Moreira (um ilustre e conceituado jurista) se deixou levar pela emoção.

thorazine disse...

jfr,
penso que valores é diferente de moral.
Há vários actos que são censurados moralmente pela sociadade mas não são crime, como por exemplo o adultério.

Como não vivemos numa teocracia a lei deverá estar isenta de moral.

JFR disse...

thora:

A moral maioritária resulta dos valores e princípios seguidos por uma maioria social, num certo período temporal e num determinado espaço. Por isso é evolutiva com a própria evolução da sociedade.

Quando o adultério ou outros casos não são considerados abrangíveis pela lei - em termos de punição, já que são considerados para outras situações, (como por exemplo o divórcio) -, é, exactamente, pelo facto de a moral maioritária não entender suficientemente reprovável esse comportamento. E, por ser evolutiva a moral social é que nem sempre foi assim. Já foi punido. E, ainda hoje, é punido noutras sociedades. Por não respeitarem, nesses locais, a moral social que formou o direito aí vigente.

andorinha disse...

Jfr(8.45)
Quanto ao que o Não esperaria fazer pós referendo, já todos sabemos - nada. Querem manter tudo como está e já são muito generosos.

A afirmação de Vital Moreira é simplista???
Ele afirmou precisamente isso, que o aborto já não é alvo da condenação moral da sociedade, por isso a lei deverá estar de acordo com esse sentimento.
Deves ouvir as coisas com mais atenção:)

JFR disse...

andorinha:

Antes de mais, espero que, dirigir-me o comentário, signifique considerar que a última vez que o fez (directa e indirectamente) não foi um seu momento muito feliz. É assim que o entendo e, por isso, lhe vou responder com o prazer que sempre tive em discutir ideias neste espaço. Consigo também, apesar de alguma truculência sua que, imagino, será sã.

Não sou eu que estou em posição de avaliar a qualidade de jurista de Vital Moreira. Não tenho, para tal, gabarito. Mas, isso não me impede de ouvir e raciocinar pela minha cabeça. E ouvi com muita atenção o que ele disse. Daí que discorde da sua afirmação de que não são os valores e princípios morais que determinam o que é crime ou não. Repito que isto que foi afirmado é uma visão simplista, pelos motivos que já referi no comentário das 8:45

andorinha disse...

jfr,
Dirigi-te o comentário porque gosto de conversar com toda a gente que por aqui passa, independentemente de serem da minha opinião ou não.

Quanto a essa altercação que houve entre nós aqui há tempos, são águas passadas, não vou agora estar a ajuizar de quem foi a "culpa". Normalmente é dos dois lados...:)

A minha truculência, como lhe chamas, faz parte de mim e é sã, sim.
Sou assim aqui e lá fora.

E pronto, a falar é que as pessoas se entendem.
Também eu não estou a avaliar a qualidade de jurista de Vital Moreira, não é isso que está em questão.
"As leis são consequência dos valores de uma sociedade".
E foi isso que ele referiu ao dizer que hoje em dia o acto de abortar já não é alvo da condenação moral da sociedade e por isso o ser considerado crime está desajustado.
Foi assim que eu interpretei.