sexta-feira, março 30, 2007

Estou elucidado.

Acabo de ouvir um advogado caracterizar da seguinte forma as acusações que pendem sobre o seu cliente e justificam uma fiança de 250.000 euros - "coisas normais em Democracia".

quinta-feira, março 29, 2007

Separar os "bons" dos "maus" à luz dos ensinamentos de Le Pen. Tranquilizador...

PNR quer ter mesma força que Le Pen
2007/03/29 12:20- Pedro Sales Dias

Partido deseja ter voz no parlamento com eleição de deputados

«Queremos ter a mesma força que a Frente Nacional de Jean-Marie Le Pen tem em França», referiu o presidente do Partido Nacional Renovador (PNR), José Pinto Coelho ao PDiário, que voltou a ganhar destaque nesta quinta-feira devido ao lançamento de uma campanha contra a imigração.
A declaração é tanto única como polémica no momento actual de «ressurgimento do nacionalismo». O líder do PNR quer que o partido tenha voz e que venha pelo menos a eleger um deputado à Assembleia da República. Há «milhares de portugueses» que se identificam com o partido, mas não o conhecem. Esse é o nosso drama», frisou.
Le Pen ganha força em França
Nas presidenciais de 2002, Le Pen passou à segunda volta com Jacques Chirac. Cinco anos depois, as sondagens colocam Nicolas Sarkozy na frente da corrida, mas o candidato da extrema-direita ocupa o quarto lugar e reúne 14 por cento das intenções de voto dos franceses.
O PNR encetou na quarta-feira uma «pequena provocação», quando instalou um cartaz em pleno centro de Lisboa, onde apela à expulsão dos imigrantes. «Basta de imigração. Nacionalismo é a solução», regista o outdoor ao mesmo tempo que lhes deseja «boa viagem».
O cartaz, que já suscitou imensa polémica na imprensa diária, já foi alvo de vandalismo, segundo o presidente do PNR que «naturalmente» atribui a sua autoria a «elementos de esquerda» num «claro acto de cobardia».
Caso o sucedido venha a gerar violência, à semelhança do que aconteceu em França contra Le Pen, José Pinto Coelho adverte que o PNR não vai incitar à violência, mas está pronto para se defender.
Expulsar apenas imigrantes «maus», porque também há os «bons e os simpáticos»
A iniciativa visa «reavivar a pasmaceira em que este país está mergulhado», salientou o líder que faz questão de referir que o cartaz serve apenas para chamar à atenção das pessoas para o PNR e que, na verdade, não quer expulsar todos os imigrantes. Apenas os «maus, os marginais e os ilegais», porque diz, também há os «bons e os simpáticos». Aliás o líder já foi emigrante no Brasil durante três anos.
A crítica do PNR é lançada à «política de imigração cega» e o seu presidente lança o «dedo acusador» à outra face da história: os «600 mil desempregados portugueses, a não promoção da natalidade e a corrupção crescente. Os portugueses estão a sofrer. Portugal é uma mãe que trata muito mal os seus filhos», aponta.
Em resposta às reacções de alguns responsáveis do Governo que condenaram o cartaz, José Pinto Coelho é assertivo em considerar que «esses irresponsáveis não podem acusar de violar coisa nenhuma. A hostilidade é mútua», disse acrescentando que as ameaças de estarem a incorrer em crime são «escandalosas e ridículas».
Governos democráticos têm sido «ditatoriais»
O PNR considera ainda que os «sucessivos governos» têm sido ditatoriais e têm discriminado a opinião das pessoas defendendo a ideia de um pensamento único». «Aceitam o lobby Gay, aprovam a uma lei criminosa (referendo ao aborto) e aceitam os partidos de esquerda, mas não os de extrema-direita», acusa José Pinto Coelho que define o seu partido como nacionalista e não fascista, mas com o lema «Família, vida e pátria».

Se o têm incluído na votação ainda fazia sombra a Salazar:(.

PNR deseja «boa viagem» a imigrantes
2007/03/29 08:45

Cartaz colocado no Marquês de Pombal relança polémica sobre partido «nacionalista»

O Partido Nacional Renovador (PNR) anunciou nesta quinta-feira o início de uma campanha contra os imigrantes em Portugal, afirmando que não se podem apoiar políticas que promovam a Imigração enquanto «houver Portugueses a viver na miséria», informa a agência Lusa, citando um comunicado enviado às redacções.
A Comissão Política Nacional explica que incluiu a colocação de um cartaz (ver imagem) no Marquês de Pombal, em Lisboa, em que se apela à saída dos imigrantes: «Desse modo protestamos contra as sucessivas políticas governamentais que desprotegem e desfavorecem os Portugueses».
O cartaz, único motivo desta campanha, terá sido «pago integralmente pelos militantes e simpatizante», pelo que se acrescenta que em Abril vai ser distribuído à população vário «material alusivo ao tema».
O cartaz já mereceu o repúdio do ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, e do Alto Comissário para a Migração e Minorias Étnicas (ACIME), Rui Marques, em declarações ao Diário de Notícias.
Ao manifestar «vivo repúdio e indignação», Pedro Silva Pereira disse que o governo está a verificar se o cartaz constitui crime e considerou a sua existência uma «acção lamentável» e uma injustiça para os imigrantes, que contribuem para o desenvolvimento do país.
O cartaz, com a imagem de José Pinto Coelho, líder do PNR, e uma faixa «Portugal aos Portugueses», proclama «basta de imigração - nacionalismo é solução» e apresenta uma imagem de um avião em voo com a legenda «façam boa viagem».

quarta-feira, março 28, 2007

Alguém sabe mais do que isto sobre o assunto?

OMS aprova circuncisão masculina como meio adicional de prevenir a transmissão do vírus da sida 28.03.2007 - 16h16 Lusa, PUBLICO.PT

A circuncisão foi hoje considerada como um meio suplementar de prevenir e reduzir o risco de transmissão heterossexual do vírus da SIDA (o VIH), anunciou a Organização Mundial de Saúde, após consulta a um painel de especialistas.
Esta recomendação aplica-se sobretudo a países com elevadas taxas de transmissão heterossexual do vírus.Os peritos realçam no entanto a importância de que um maior uso da circuncisão não leve ao abandono de outros métodos de prevenção, como o preservativo – o mais eficaz que se conhece.Segundo a OMS e a agência especializada das Nações Unidas ONUSIDA, milhões de vidas poderiam ser salvas, sobretudo na África negra, se a circuncisão se generalizasse, desde que fossem também reforçados os cuidados de saúde e que os homens circuncidados não adoptassem comportamentos de risco por acreditarem estar totalmente protegidos.Menos probabilidades de sangramentoA OMS e a ONUSIDA sublinham não haver evidências de que a circuncisão tenha qualquer impacto no risco de infecção da mulher ou no risco entre homens que tenham práticas homossexuais.A BBC explica no seu “site” que há várias razões por que a circuncisão pode proteger contra a infecção pelo VIH.Por um lado, pode haver células específicas do prepúcio que sejam alvos potenciais para a infecção por VIH, por outro, a pele que estava por baixo do prepúcio torna-se menos sensível e é menos provável que sangre, reduzindo o risco de infecção.Risco desceu 60 por cento em testes em ÁfricaAs recomendações resultaram de uma consulta internacional a especialistas organizada entre 6 e 8 de Março na Suíça.De acordo com três estudos realizados em África (Quénia, Uganda e África do Sul), a circuncisão pode permitir reduzir em cerca de 48 a 60 por cento o risco de transmissão heterossexual do VIH ao homem.Estes dados confirmam as conclusões de pesquisas anteriores que sugeriam que a correlação geográfica entre uma baixa prevalência do VIH e taxas elevadas de circuncisão tem, em parte, uma relação causa-efeito.Actualmente, estima-se que 30 por cento da população masculina mundial (665 milhões de homens) seja circuncidada.Medida pode evitar milhões de infecções na África subsariana Segundo a OMS, a circuncisão deve incluir-se num contexto geral de medidas de prevenção do VIH, abrangendo serviços de aconselhamento e despistagem, tratamento de infecções sexualmente transmissíveis, promoção de práticas sexuais seguras e fornecimento de preservativos masculinos e femininos, bem como promoção do seu uso regular.Esta recomendação deverá beneficiar essencialmente regiões onde a prevalência da infecção na população em geral ultrapassa 15 por cento, com propagação do vírus essencialmente por via heterossexual, e onde mais de 80 por cento dos homens não são circuncidados.Na África subsariana, que concentra a grande maioria das pessoas infectadas pelo VIH/Sida, a circuncisão permitiria evitar, dentro de vinte anos, seis milhões de novas infecções e três milhões de mortes, indicam as projecções.

terça-feira, março 27, 2007

Escravos "dóceis":(.

São milhões as crianças sujeitas a trabalho duro
arquivo jn
A exploração de crianças é feita em muitas actividades e com a violência de um sistema de escravaturaUm documento da organização humanitária "Save the Children" apelou ontem aos líderes mundiais para que actuem no sentido de acabar com a escravatura infantil. No seu mais recente relatório são descritas as formas de exploração, maus tratos e abuso a que são sujeitas milhões de crianças em todo o mundo. O documento "As Pequenas Mãos da Escravatura" revela que 1,2 milhões de crianças são anualmente vítimas de tráfico e 1,8 milhões são vítimas de abusos como a prostituição, pornografia ou turismo sexual. Também milhões são forçadas a trabalhar em condições terríveis para pagar dívidas, enquanto um milhão arrisca a vida em minas que laboram em mais de 50 países de África, Ásia e América do Sul. Na Índia, por exemplo, a organização estima que haja 15 milhões de menores obrigados a trabalhar para pagar dívidas de outras pessoas. Em alguns casos, a exploração é dirigida contra crianças que nem saíram da primeira infância e às quais são impostas tarefas pesadas.De acordo com a "Save the Children", a agricultura é das actividades que mais recorre a trabalho de jovens com menos de 15 anos em todo o mundo estima-se que o seu número atinja 132 milhões, sem hipótese de fuga e expostos a pesticidas, maquinaria pesada e ferramentas perigosas. Também outros milhões de crianças são utilizadas nos serviços domésticos, trabalhando quase 15 horas por dia. A acrescentar a estas formas de exploração, muitas situações há de casamentos forçados. Estes chegam a ser impostos a meninas de quatro anos. Outro campo de exploração denunciado pela "Save the Children" refere-se à utilização de menores de 15 anos em conflitos armados. Presentemente serão cerca de 300 mil os meninos-soldado. Só na República Democrática do Congo estão detidas onze mil crianças por grupos de combatentes."Os líderes mundiais têm de actuar urgentemente para acabar com a escravatura infantil e aplicar leis e os recursos necessários para erradicar estas práticas terríveis", apelou a directora executiva da organização. Segundo Jasmine Whitebread, "a escravatura infantil é uma dura realidade para milhões de crianças em países ricos e pobres" e os "governos de todos o mundo não fazem o suficiente para responder a este problema".

segunda-feira, março 26, 2007

Vieira.

Sempre me pareceu um home doce. Quando eu entrava na Mindinha, a mulher abria braços e coração com uma jovialidade que me fazia sentir seu pai! Ele não. Continuava a sorver a sopa e esperava o fim das "comemorações", para depois saudar com um daqueles acenos sorridentes mas contidos que sempre trazem pela mão a memória de meu Pai. Quando o encontrava à porta da sua loja, o registo era idêntico: suave, acolhedor, familiar sem ser intrusivo. Partiu, palavra de Mindinha. E eu, às voltas com a minha asma alérgica, que desta vez se ofereceu o capricho de tomar de assalto o termómetro, penso que já nada falta para que seja um vieirense legítimo, nem sequer fantasmas recordados com carinho.

sexta-feira, março 23, 2007

Não resiste aos prazeres da Carne, perdão!, do asfalto:).

Contra o sacerdote que «arrepia caminho»

2007/03/23 13:31

Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados escreve ao Papa

A Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados (ACA-M) escreveu ao Papa alertando para a forma como o padre António Rodrigues, de Santa Comba Dão, Viseu, conduz o seu «super-carro» de forma «anti-social», pedindo a Bento XVI que o sacerdote «arrepie caminho».
Na carta enviada ao Vaticano, a ACA-M pede à hierarquia da Igreja Católica que ajude o pároco «a exorcizar o seu desmedido prazer» pela velocidade que a «potência do seu Ford Fiesta 2000 ST lhe permite atingir».
Contactado pela Lusa, o Bispo de Viseu, D. Ilídio Leandro, que também recebeu a missiva da ACA-M, disse não ter quaisquer comentários a fazer sobre este assunto, e que ainda não falou com o sacerdote visado.
A estória do padre António Rodrigues ao volante do seu Ford Fiesta 2000 ST, de 150 cavalos, o único existente nas estradas de Portugal, foi contada terça-feira pela Agência Lusa, tendo o pároco justificado a sua aquisição com a necessidade de ter um carro rápido e seguro para se deslocar nos muitos compromissos de ofício às três paróquias que gere.
Padre com comportamento anti-social
No entanto, este comportamento do pároco de Santa Comba Dão foi considerado pela ACA-M como «anti-social» e, na carta que enviou a Bento XVI, a associação pede à hierarquia da Igreja Católica que ajude o sacerdote «a exorcizar o seu desmedido prazer pela velocidade».
A ACA-M diz ainda que o pároco anda «ao picanço - desafiar outros condutores para pequenas corridas - na A-25», a auto-estrada que substitui o IP5, itinerário que era conhecido pela «estrada da morte», tantas foram as «vítimas mortais naquele trajecto».
Mas à Lusa, sem nunca se ter referido ao «picanço», António Rodrigues justificou ter o carro por este ser, «essencialmente», uma «ferramenta de trabalho».
Nunca foi multado «graças a Deus»
A associação critica ainda o «facto» de «o sr. Padre António Rodrigues» afirmar gostar da «adrenalina provocada pela velocidade» e «de sentir a potência debaixo do pé», vangloriando-se de o seu automóvel chegar facilmente aos 210 quilómetros por hora, acrescentando que «Graças a Deus» nunca foi multado, e que, «antes de padre é um ser humano».
«Foi com horror que a Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados tomou conhecimento destas notícias», escreve a ACA-M no texto enviado ao Papa.
A ACA-M diz que «um padre é um cidadão» e não pode colocar os seus deveres de padre «à frente dos de cidadão», que «um padre católico é um homem, mas antes de ser homem é padre» e «um predicador, tantas vezes também professor de Religião e Moral».
«Um padre deve ser um modelo de virtudes, não pode ser um repositório de pecados», sublinha a ACA-M.



Saudade, mas sem tristeza, para não o ofender.

Um ouvinte de O Amor é... presenteou-me com um filme sobre Vinicius de Moraes que acabo de ver. Que saudade:). Às tantas Chico Buarque diz que não tem a certeza se Vinicius conseguiria viver no mundo de hoje, obcecado por "objectivos". E salienta o riso dele, que só deixava estável o eterno copo de whisky. Depois do genérico, uma história deliciosa, também contada pelo Chico: perguntaram a Vinicius sob que forma gostaria de reencarnar. O velho poeta diplomático, o branco mais preto do Brasil, respondeu: assim, como eu sou, apenas com um pau um pouquinho maior:).

quarta-feira, março 21, 2007

O refúgio.

"Muita coisa começa a bater contra os muros do meu poema".

Herberto Helder, A Colher na Boca.

terça-feira, março 20, 2007

Mas preferimos o escândalo virtuoso perante a dependência de drogas ilegais:(.

Portugueses gastam 80 M€/ano em sedativos e ansiolíticosOs portugueses gastaram no ano passado mais de 80 milhões de euros em comprimidos sedativos, hipnóticos e para a ansiedade, uma quantia superior ao custo total do novo estádio de Alvalade.
De acordo com dados fornecidos à agência Lusa pelo Infarmed (Instituto Nacional da Farmácia e do Medicamento), em 2006 foram gastos 81,94 milhões de euros em medicamentos para ajudar a dormir ou para combater a ansiedade.
Nas vésperas do Dia Mundial do Sono, que se assinala quarta-feira, os dados do Infarmed mostram que os portugueses consomem anualmente cerca de 20 milhões de embalagens deste tipo de comprimidos, o que dá uma média de duas embalagens por cada português.
Em 2006, 2005 e 2004, o consumo de ansiolíticos, sedativos e hipnóticos ultrapassou sempre as 20 milhões de embalagens em cada ano.
«Fico assustadíssima com este uso de medicamentos», comentou à Lusa a neurologista e especialista em distúrbios de sono, Teresa Paiva.
«Está-se a viver uma loucura de vida em Portugal. As pessoas deixaram de ter hábitos minimamente aceitáveis de dormir e têm sempre mais compromissos do que deviam ter, mesmo financeiros e desenvolvem quadros de ansiedade muito grandes», acrescentou.
Para a especialista, esta «forma desassossegada de vida» é a raiz dos problemas de sono, que aliada a uma «prática errada» na prescrição dos fármacos leva a «números exagerados» no consumo de medicamentos ansiolíticos e sedativos.
«Há uma prática social e cultural que leva as pessoas a quererem consumir medicamentos para dormir. E qualquer médico receita um medicamento a uma pessoa que diga que não consegue dormir. É uma prática errada», adiantou.
Teresa Paiva alertou ainda para os «malefícios» deste tipo de medicamentos, que causam elevada habituação e «apenas resolvem os problemas temporariamente».
Podem ainda causar problemas de memória e aumentam significativamente o risco de acidentes domésticos e de viação.
Diário Digital / Lusa
20-03-2007 9:25:00

segunda-feira, março 19, 2007

Nós não aprendemos com os erros, repetimo-los!

Há uma nova loucura das producoesmurcon à disposição...

Dica.

RTP1 - Billy Elliot:).

domingo, março 18, 2007

Com a autorização de quem enviou e não é murcónico praticante:).

Sou apologista da ideia da livre escolha e discordo veemente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida que diz expressamente:
que não há nenhum argumento ético, social, moral, jurídico ou da deontologia das profissões de saúde que justifique em tese vir a tornar possível por lei a morte intencional de doente (mesmo que não declarado ou assumido como tal) por qualquer pessoa designadamente por decisão médica, ainda que a título de "a pedido" e/ou de "compaixão";
que, por isso, não há nenhum argumento que justifique, pelo respeito devido à pessoa humana e à vida, os actos de eutanásia;
que é ética a interrupção de tratamentos desproporcionados e ineficazes, mais ainda quando causam incómodo e sofrimento ao doente, pelo que essa interrupção, ainda que vá encurtar o tempo de vida, não pode ser considerada eutanásia;
que é ética a aplicação de medicamentos destinados a aliviar a dor do paciente, ainda que possa ter, como efeito secundário, redução de tempo previsível de vida, atitude essa que não pode também ser considerada eutanásia;
que a aceitação da eutanásia pela sociedade civil, e pela lei, levaria à quebra da confiança que o doente tem no médico e nas equipas de saúde e poderia levar a uma liberalização incontrolável de "licença para matar" e à barbárie;
É absurdo e um elogia à falta de bom-senso que o doente em fase terminal seja obrigado a viver contra a sua vontade expressa de modo livre e consciente. O problema embate no art. 24º n.1 da Constituição da Republica Portuguesa (C.R.P.) quando afirma: A vida humana é inviolável. Todavia o art. 1º da C.R.P. refere que Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária. O que significa que o valor da dignidade e da solidariedade, na minha perspectiva, colide com o Valor de Ordem Publica expresso no art. 24º n.1.

Já Platão na "República e Tomas More na "Utopia", parecem concordar com a mesma; alias a palavra "EUTANÁSIA" é composta de duas palavras gregas ― eu e thanatos ― e significa, literalmente, "uma boa morte".

sexta-feira, março 16, 2007

A perplexidade. E o respeito pela decisão do Hospital.

"Foi um suicídio assistido ou eutanásia", acusou, ontem, monsenhor António Cañizares, cardeal arcebispo de Toledo e vice-presidente da Conferência Episcopal Espanhola. "Aos pacientes com doenças incuráveis ou degenerativas devem ser extremados os cuidados, acompanhá-los, estar ao seu lado com amor, ajudá-los a descobrir o sentido da dor e do sofrimento, mostrar-lhes a solicitude humana e cristã, levantar o seu ânimo, a sua fé e a sua esperança".
(Declaração sobre o facto de ter sido desligado o ventilador que há dez anos mantinha viva Inmaculada Echevarría, de 51 anos, sofrendo de distrofia muscular progressiva. Internada num hospital católico, da Ordem de S.João de Deus, que tinha autorizado o procedimento, foi transportada para um hospital público por indicação do Vaticano.)

Porque não posso decidir sobre o sentido da minha dor e do meu sofrimento? Porque não teria o direito de os considerar inúteis, se não acredito na sua vocação redentora? Porque não se aceita que alguém considere "estar vivo" diferente de "ter uma vida"? Porque se chega ao ponto de considerar essa caricatura de vida, só possível a custo dos avanços tecnológicos, como vida "natural" que deve seguir o seu curso..., até ao fim "natural"?

quinta-feira, março 15, 2007

Reconfortante.

Assim como aqui se verteu a posição da Comissão Nacional de Eleições, também as palavras do Provedor do Ouvinte José Nuno Martins na AR encontram o seu lugar. Refere o Público de ontem sobre o silenciamento de O Amor é, que o Provedor afirmou: "A opinião que a rádio pública tem que dar deve ser pluralista e de todos os quadrantes e os opinadores não podem ser esquartejados"; "são contratados e pagos para ter a sua opinião". Ámen:).

terça-feira, março 13, 2007

Nem sempre voltar vivo é o fim do pesadelo...

Estudo clínico
Um quarto dos soldados americanos voltam da guerra com neuroses
Os americanos enviados para o Iraque e o Afeganistão regressam a casa com uma pesada bagagem. Depressões, crises de ansiedade e outras patologias afectam sobretudo os militares mais jovens


O estudo clínico foi levado a cabo por uma equipa de São Francisco, que conclui que 25 por cento dos 103.788 veteranos da Guerra do Iraque e do Afeganistão apresentam uma ou mais perturbações psíquicas.
O diagnóstico mais comum é de stress pós-traumático, embora o abuso de substâncias, a depressão e as crises de pânico e ansiedade sejam também registados entre aqueles que regressam a casa.
Os médicos do Centro Clínico de Veteranos recomenda maior atenção aos militares com idades entre os 18 e os 24 anos, e apela a uma política de «maior prevenção, detecção e tratamento dos problemas de saúde mental».
SOL com Reuters

domingo, março 11, 2007

Honra lhes seja!

Médicos pelo "sim" querem equipas formadas para IVG nos hospitais e centros de saúde 11.03.2007 - 10h13 Joana Ferreira da Costa

A Associação Médicos pela Escolha defendeu ontem a necessidade de criar nos centros de saúde e hospitais equipas de profissionais especializadas no atendimento das mulheres que queriam fazer uma interrupção voluntária da gravidez.
Dezenas de médicos e profissionais de saúde debateram durante a tarde de ontem no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, a forma como deve ser posta em prática a lei que permite a interrupção voluntária da gravidez (IVG) até às dez semanas, aprovada quinta-feira na Assembleia da República. Os clínicos defendem que é ao centro de saúde que as mulheres que desejem interromper a gravidez ao abrigo da lei se devem dirigir para uma primeira consulta. E que devem ser essas equipas a fazer o acompanhamento da mulher durante o período de reflexão e após a prática do aborto, por exemplo, ao nível do planeamento familiar. A associação defende que as equipas de profissionais tenham formação específica no acompanhamento e esclarecimento das mulheres. “A formação em técnicas e boas práticas não se deve limitar apenas a ginecologistas e médicos de clínica geral, mas a todos os outros profissionais envolvidos neste processo”, explicou ao PÚBLICO a psicóloga Cecília Costa. Os membros do movimento querem a definição de boas práticas sobre a condução deste processo, quer ao nível da consulta prévia de informação e esclarecimento da mulher, quer de técnicas de aborto cirúrgico ou terapêutico. O Ministério da Saúde tem já a trabalhar dois grupos de especialistas para definirem as boas práticas que nortearão a condução deste processo e a forma como as unidades se devem articular no acompanhamento dos casos. A forma como os profissionais de saúde poderão exercer a objecção de consciência deverá também ser regulamentada ao abrigo da nova lei, defende a associação. “Em caso algum o direito à objecção de consciência deve ser permitido de forma casuística”, explica Cecília Costa. “Até agora, nos hospitais, havia médicos que eram objectores para certas situações de IVG previstas na lei, mas não noutras.” Os médicos querem também alargar a estabelecimentos privados que no futuro pratiquem a interrupção voluntária da gravidez o registo anónimo dos casos de aborto, para fins estatísticos. Este registo já é obrigatório nos hospitais públicos.

P.S. Como vêem, não é só cá o chato a defender equipas muldisciplinares, formação e acompanhamento continuado. E fico satisfeitíssimo por este discurso exigente vir de quem vem. Sabem porquê? Porque ensino Sociologia Médica e muitas vezes sou obrigado a alertar os alunos para ideologias e práticas na área da Saúde que denunciam muita (abençoada) tecnologia, mas pouca meditação sobre aspectos ético/relacionais. Que a Associação Médicos pela Escolha se mantenha em actividade e com tal grau de exigência qualitativa mostra que muitos profissionais recusam a tentação de se tornarem meros técnicos e assumem com orgulho os seus direitos e deveres de cidadãos.

sexta-feira, março 09, 2007

E depois há quem diga que o duplo-padrão acabou...

Elas sentem culpa por «roubar» tempo à família

2007/03/09 09:09

Eles não. Os estudantes-trabalhadores só «ajudam» em casa.
As estudantes-trabalhadoras sentem culpa pelo tempo que «roubam» à família ao conciliarem o emprego, o estudo e as actividades domésticas, indicam os resultados de uma investigação a apresentar hoje na Universidade do Porto.
Eva Temudo, investigadora da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto, disse à agência Lusa que as autoras do estudo concluíram que homens e mulheres trabalhadores-estudantes enfrentam constrangimentos idênticos por parte das faculdades e das entidades empregadoras, mas na família há diferenças acentuadas entre os dois sexos.
O estudo envolveu inquéritos às 1.080 alunas da Universidade do Porto que no ano lectivo 2005/2006 tiveram estatuto de estudante-trabalhador, universo dominado maioritariamente (52 por cento) por mulheres entre os 25 e 30 anos.
As investigadoras Mónica Oliveira e Eva Temudo concluíram que as inquiridas continuam a interiorizar o papel tradicional de companheiras, mães e dona de casa, considerando «inerentes ao seu sexo» as tarefas domésticas e familiares.
Os papéis de trabalhadora e de estudante «são sentidos pela família e por elas próprias como que usurpadores» dessa função tradicional, mas o mesmo já não acontece quando é o homem trabalhador a decidir voltar a estudar.
«Ele» tem apoio da mulher e da família
«Elas referem mesmo que um homem estudante-trabalhador terá naturalmente um maior apoio da mulher e família, podendo dedicar-se ao trabalho e aos estudos sem esse sentimento de culpa de estar a tirar tempo à família», salientam as investigadoras.
As autoras consideram que os valores interiorizados pelas mulheres resultam em «situações de grande violência simbólica», dada a «constante referência» à culpa por roubar tempo à família «e nunca ao tempo que roubam a elas próprias, e de que elas até parecem não consciencializar a falta».
Divisão de tarefas pouco equilibrada: eles «ajudam»
Os resultados do estudo apontam para uma «divisão de tarefas mulher/homem muito pouco equilibrada entre estudantes-trabalhadoras e seus companheiros», dado que, «apesar da pouca disponibilidade de tempo, é a elas que cabe a gestão da vida doméstica», enquanto eles «ajudam».
As investigadoras concluíram que «a organização actual das faculdades não está adequada às necessidades dos alunos estudantes-trabalhadores», o que constitui um paradoxo, «numa altura em que se preconiza a aprendizagem ao longo da vida e a constante actualização de conhecimentos».
As autoras defendem alterações nos horários de funcionamento de secretarias, bibliotecas, reprografias, cantinas e atendimento aos alunos, bem como a organização de estruturas de apoio, como creches, jardins-de-infância e ATL.
«Má vontade dos empregadores»
Em relação ao trabalho, as investigadoras concluíram que há «má vontade dos empregadores» na aplicação do estatuto de trabalhador-estudante, que seria ultrapassada se, por exemplo, houvesse incentivos fiscais à aceitação das pessoas que pretendem conciliar o emprego e os estudos.
Eva Temudo referiu que «os cursos que tiram nem sempre estão relacionados com a área em que trabalham», pelo que, nesses casos, os empregadores nem sequer antevêem benefícios futuros pelo facto de terem um trabalhador que está a estudar.
«A maior parte das estudantes-trabalhadoras não está interessada na progressão na carreira, mas sim na realização de um sonho ou na mudança de profissão», salientou a investigadora.

quinta-feira, março 08, 2007

:))))). Roast-beef com cannabis salteada.

Mulher de 68 evita cadeia por plantar cannabis

2007/03/07 23:30

Motivos de saúde levam a avó a cozinhar com droga

Uma mulher de 68 anos, que alega que cozinha com cannabis por motivos de saúde, foi considera culpada por plantar a droga e sentenciada a 250 horas de trabalho comunitário. Patricia Tabram, conhecida por diversas campanhas pró-cannabis em Inglaterra, foi avisada que uma segunda condenação a levará à cadeia. Mas Tabram afirmou que não tem medo da prisão.
Segundo o Guardian, no tribunal, a juíza Barbara Forrester alertou Tabram que ela pode ainda ser condenada a prisão efectiva, uma vez que o júri decidiu condená-la a seis meses de pena suspensa. Por isso, basta um deslize e Tabram acaba na cadeia.
Tabram foi assim condenada em 175 horas de trabalho por cultivar quatro plantas de cannabis e outras 75 horas por possuir cannabis em pó, que a avó de 68 anos usa para cozinhar.

7 de Março.

Maria,
Obrigado por hoje me teres escrito em "carta de papel". Não sei, parece que as palavras têm outro peso, não estando à mercê de um qualquer delete caprichoso. E no entanto bastaria rasgá-las... Não ligues, sou da reforma antiga, é o que é. Nunca te esqueces da data, amor, mesmo sem lhe fazeres referência - a saudade mais confessa, o desafio para eu aparecer mais premente, o desejo pelo meu desejo mais atrevido:). Obrigado. Quanto ao resto, nada de novo, oito anos só reforçaram as certezas - o Velho está morto e continuo a buscar-lhe aprovação e conselho, desconfiado como sou da minha capacidade para urdir sem tropeços a lenda familiar. Com a Mãe junto a ele - que o corpo cego e sem memória não passa de sombra dela -, restas tu para me ouvires. Sorrindo, anónima, ao telefone, com uma sageza que nada deve ao bilhete de identidade, mas ao facto de seres - assim o espero... - mulher enamorada. "Vai tudo correr bem", dizes. E eu acredito. Para expulsar do coração a angústia que às vezes acotovela a tua imagem. Sem por um momento lhe nublar a nitidez...

quarta-feira, março 07, 2007

Dois.

PSD e CDS-PP acusam PS de defender aborto livre

2007/03/07 13:36

E de enganar os portugueses. O partido do Governo respondeu

PSD e CDS-PP assumiram-se esta quarta-feira contra a nova lei que despenaliza a interrupção da gravidez, acusando o PS de consagrar o aborto livre e de enganar os votantes no referendo, noticia a Agência Lusa.
Na votação do projecto de lei conjunto do PS, PCP, BE e Verdes na especialidade, os deputados do PSD que apoiaram o «sim» no referendo de 11 de Fevereiro, como Ana Manso e Luís Campos Ferreira, declararam-se enganados pelos socialistas.
Segundo a Lusa, o líder parlamentar social-democrata, Marques Guedes, defensor do «não», insistiu que a lei deveria estabelecer que a consulta médica prévia à realização do aborto fosse «no sentido de encorajar a mulher a não interromper a gravidez».
O CDS-PP, partido oficialmente pelo «não», lembrou, através do deputado Pedro Mota Soares, que o Presidente da República, Cavaco Silva, apelou a que se procurasse «unir a sociedade portuguesa e não dividi-la ainda mais» com a nova lei do aborto.
«O Estado deveria combater o aborto. Este projecto representa um claro retrocesso em relação ao que muitos deputados desta câmara andaram a dizer aos portugueses durante o referendo», alegou, referindo-se à importação da lei alemã, que prevê um aconselhamento dissuasor da interrupção da gravidez.
Em resposta, o deputado do PS Ricardo Rodrigues considerou que «se havia dúvidas sobre a posição do PSD sobre esta matéria ficaram esclarecidas» e que «a linha oficial» do maior partido da oposição é o «não» à despenalização do aborto por opção da mulher.


P.S. Uma consulta médica para "encorajar a mulher a não interromper a gravidez" seria uma versão "baratinha" das famosas Comissões de Aconselhamento e violaria claramente os resultados do referendo que privilegiaram a opção da mulher. Informar - completamente, como defendo no post anterior - não é sinónimo de encorajar uma das opções possíveis.

Um...

Esquerda aprovou nova lei do Aborto
2007/03/07 13:07

Informação à mulher sobre regimes de adopção ficou de fora

O PS e a oposição de esquerda aprovaram esta quarta-feira os artigos da nova lei do aborto, em que incluíram meia frase da proposta social-democrata, gesto insuficiente para obter o apoio do PSD e do CDS-PP, escreve a Lusa.
O projecto de lei do aborto do PS, PCP, BE e Verdes foi votado, na especialidade, na Comissão de Assuntos Constitucionais, bem como as alternativas apresentadas pelo PSD e por três deputadas independentes da bancada socialista, que foram chumbadas.
Segundo a Lusa, em cima da hora e contrariando o que disse o presidente do partido, Ribeiro e Castro, o CDS-PP entregou também, através do deputado Pedro Mota Soares, propostas de alteração, igualmente chumbadas pelo PS e pela oposição de esquerda.
Por sua vez, PS, PCP, BE e Verdes alteraram esta manhã o seu próprio projecto para incluir meia frase do PSD, estabelecendo que as mulheres serão infor madas «sobre as condições de apoio que o Estado pode dar à prossecução da gravidez e à maternidade».
O PS chegou a admitir, terça-feira, acrescentar ao projecto a informação «sobre os regimes de adopção e acolhimento familiar», mas essa segunda parte da frase da proposta do PSD acabou por ficar de fora da nova lei do aborto.
A maioria dos artigos do diploma obteve o voto contra dos três deputados do PSD presentes na reunião da comissão, o independente Quartim Graça, José Pedro Aguiar Branco e Luís Montenegro.
O mesmo fez a deputada independente da bancada socialista Maria do Rosário Carneiro, autora, com as deputadas Teresa Venda e Matilde Sousa Franco, de uma das propostas alternativas.
A discussão e votação final global, em plenário, da nova lei do aborto deverão realizar-se esta quinta-feira.


P.S. Não percebo como se propicia uma informação completa dos apoios que o Estado pode dar para a prossecução da gravidez sem falar dos regimes de adopção e acolhimento familiar.

terça-feira, março 06, 2007

Em dia de S.Gabriel:).

"A minha mãe contava-nos que ele chegara uma noite a casa, enlouquecido pelo álcool, um minuto depois de uma galinha ter plantado a sua caganita em cima da mesa da sala de jantar. Sem tempo de limpar a toalha imaculada, a esposa conseguiu tapá-la com um prato para evitar que o marido a visse e apressou-se a distraí-lo com a pergunta da praxe:
- O que queres comer?
O homem deu um grunhido:
- Merda.
A mulher levantou então o prato e disse-lhe com a sua santa doçura:
- Aí a tens.
Diz a história que o próprio marido se convenceu então da santidade da esposa e se converteu à fé de Cristo."

(Viver para contá-la).

segunda-feira, março 05, 2007

Pela mão do Pedro Tamen.

Amigo, temos veias importunas:
não é o sangue que arde, mas nós que o violamos
e trazemos de longe aonde estamos
ausências de vento nas escunas.
Por isso a custo navegamos
quase com raiva ou medo ou até pranto
- que o vento é sempre santo.

domingo, março 04, 2007

A vergonha que não chega de Marte.

Maria,
Leste o post do Alquimista? Quase me apetece dizer que a palavra ódio é demasiado elaborada para aquela gente (e outra semelhante por esses estádios fora). Funcionam por reflexos condicionados que nem a morte de alguém quebra, tomam por solidariedade e rituais de grupo o que não passa de acefalia, envergonham quem pensam apoiar. E todos nós por arrastamento, por deixarmos crescer um mundo em que comentadores se referem ao fenómeno dizendo que "todo o estádio aplaude, excepto uma pequena minoria..." e passam adiante, o esférico já rola! E ao segui-lo no relvado, desviamos o olhar e ignoramos a vergonha...

sexta-feira, março 02, 2007

Sem estruturas de apoio vai acontecer mais vezes...

Matou a mulher doente e suicidou-se a seguir
Virgilio Rodrigues
Os corpos foram removidos ao fim da noite de ontem pelos bombeiros para a morgueMarisa RodriguesManuel Santana, 75 anos, esteve sempre ao lado da mulher, portadora de Alzheimer. Mas a doença agravou-se e as noites sem dormir deixaram-no à beira do desespero. Pediu ajuda para interná-la, mas o apelo não surtiu efeito. Ontem decidiu acabar com o sofrimento. Matou a companheira a tiros de caçadeira, na casa de ambos, em Loulé, e suicidou-se. A triste história do casal, que depois de uma vida de trabalho em França escolheu viver a reforma no sítio de Soalheira, freguesia de São Sebastião (Loulé), deixou todos em estado de choque. A doença de Olívia Nunes, de 72 anos, era conhecida, mas ninguém esperava este desfecho.Manuel era conhecido pela dedicação à companheira. "Fazia-lhe todas as vontades, ia a Loulé passeá-la, davam-se muito bem", comentavam os vizinhos. A aparente calma que se sentia à porta da moradia do casal, palco da tragédia, quebrou-se quando os corpos foram removidos pelos bombeiros. Deu lugar a muito choro e lamentos. "Ainda estou meio zonzo. Como é que o meu primo foi capaz de fazer uma coisa destas?", questionava-se Artur Mendes. "Ela de há uns tempos para cá não o deixava dormir. Passava a noite a conversar como se fosse uma criança. Ele era um santo e tinha muita paciência, mas com certeza que perdeu o tino, depois de passar muitas noites de seguida sem dormir", acredita. Olívia sofria de Alzheimer há cerca de sete anos. A doença foi piorando e as noites sem dormir levaram Manuel a pedir ajuda. Na passada sexta-feira, foi à junta de freguesia de São Sebastião. Chorava muito e os funcionários decidiram telefonar ao presidente, Horácio Piedade. "Estava desesperado que até metia dó. Disse que não aguentava mais. Queria interná-la", contou. "Contactei a acção social da câmara de Loulé e pedimos uma ambulância, que os levou ao hospital de Faro", acrescentou o autarca. No dia seguinte, ao cruzar-se com Manuel, soube que Olívia "teve alta horas depois de chegado ao hospital. Disse-me que foi medicado e já tinha conseguido dormir melhor". Ontem Manuel telefonou ao filho (o único do casal) que reside em França. Contou-lhe que ia pôr termo ao sofrimento. O filho telefonou de imediato a uma vizinha, que se deslocou à moradia do casal. Encontrou Olívia morta, deitada no sofá, e Manuel, também já sem vida, tombado entre a porta das traseiras e o quintal. A GNR recebeu o alerta às 16.30 horas, mas os militares, ao constatarem ter sido utilizada uma arma de fogo, informaram a Polícia Judiciária (PJ) de Faro, com competência para investigar este tipo de crimes. Mal os inspectores da PJ deixaram a casa, com sacos com indícios recolhidos na moradia, um familiar, um vizinho e o presidente da junta, apressaram-se a limpar o sangue com vassouras, detergentes e baldes de água. "É para evitar que o filho que vem de França sofra ainda mais ao ver isto", diziam.

quinta-feira, março 01, 2007

Pontapé de saída.

O Zé propôs um primeiro tema para o post-it (é assim que se escreve?). Causas do aborto clandestino em geral e na realidade pós-referendo em particular. Concordo com a distinção, é uma ingenuidade pensar que o aborto clandestino, mesmo até às 10 semanas, desaparecerá com a lei a ser aprovada. Que pressupostos culturais? Que causas sociais? Que mecanismos psicológicos?


P.S. O Vik vai providenciar um link directo no Murcon, em princípio ainda hoje.