quinta-feira, janeiro 31, 2013

E de quantas cervejas precisarei eu para tão ciclópica tarefa?:).

Júlio Machado Vaz vai tentar fazer António Costa e António José Seguro ultrapassarem os seus problemas Por Vítor Elias António Costa deu a António José Seguro o prazo limite de 10 de Fevereiro para unir o PS, mas o IP sabe que a relação entre os dois ainda pode ser salva. Para tal, o casal político mais bipolar da actualidade vai recorrer ao famoso sexólogo Júlio Machado Vaz, que lhes vai ensinar que apenas com diálogo, compreensão, respeito e duas cervejas logo ao pequeno-almoço os casais conseguem ultrapassar as suas divergências. Caso o divórcio aconteça, António Costa fica com o cão e António José Seguro com o Marcos Perestrelo. VE Inimigo Público.

domingo, janeiro 27, 2013

Our Lady Peace, "Are You Sad?"


Preocupante, mas não surpreendente.

A venda de medicamentos antidepressivos em Portugal bateu um novo recorde em 2012, ao registar uma subida de 7,6 por cento. Os portugueses compraram, em média, 20.500 embalagens por dia. Os dados, fornecidos ao jornal «i» pela consultora IMS Healt, mostram que as vendas de antidepressivos em Portugal aumentaram 7,6 por cento ao longo do último ano, num total de 7,5 milhões de embalagens vendidas. Diariamente, são mais de 1.469 do que em 2011 (6,9 milhões de embalagens), nota o diário, acrescentando que esta subida poderá não estar relacionada apenas com o aumento de depressões, embora estes casos sejam frequentes. P.S. Manda a verdade dizer que há mãos demasiado leves a receitar...

sábado, janeiro 12, 2013

Um episódio triste:(.

"Médicos pelo Sim" banidos da Universidade Católica A Universidade Católica suspendeu a pós-graduação em Serviço Social na Saúde Mental, que deveria começar em fevereiro. A decisão surge após um dos grupos que defendeu a criminalização das mulheres no referendo de 2007 ter contestado a participação de personalidades que fizeram campanha pela despenalização do aborto. ARTIGO | 12 JANEIRO, 2013 - 01:01 A Universidade apenas respondeu por escrito à Rádio Renascença a informar que o curso já não irá arrancar no próximo mês, alegando que "constatou entretanto ter havido um lapso de tramitação formal no processo de aprovação interna, pelos órgãos legalmente competentes da Faculdade, do mesmo". Sem fazer comentários sobre a escolha dos docentes que convidara para lecionar a pós graduação, a Universidade Católica Portuguesa afirma apenas que "o curso já não está a ser oferecido pela Faculdade, e não irá sê-lo até que a proposta científica seja aprovada nos termos correctos." A decisão surge depois do grupo 'Mulheres em Ação' ter contestado a presença de personalidades que apelaram ao 'Sim' no referendo que permitiu o fim da pena de prisão para as mulheres que fizessem uma interrupção voluntária da gravidez nas primeiras dez semanas em estabelecimento de saúde legalmente autorizado. O comunicado citado pelo 'Público' defende que dado tratar-se de “uma instituição da Igreja” na Católica devem “ser escolhidos docentes e investigadores que, além da idoneidade profissional, primem pela integridade da doutrina”. Entre os nomes banidos da Universidade Católica estão António Leuschner (presidente do Conselho Nacional de Saúde Mental e do Hospital Magalhães de Lemos), Álvaro de Carvalho (coordenador do Programa Nacional de Saúde Mental), José Miguel Caldas de Almeida (diretor da Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa) e Francisco George (director-geral da Saúde, o único dos quatro que não fez parte dos 'Médicos pelo Sim' no referendo mas igualmente apoiante da mudança na lei portuguesa). “Uma atitude de ayatollahs no mundo muçulmano” “Estava tudo preparado para avançar, com financiamento assegurado e os convites feitos e aceites”, afirmou Álvaro de Carvalho ao 'Público'. O médico que coordena o Programa Nacional de Saúde Mental diz ainda que apesar da "justificação formal", a Universidade Católica tomou uma “decisão profundamente ideológica”, comparando-a a “uma atitude de ayatollahs no mundo muçulmano”. “Lamento que uma instituição universitária que respeito confunda de forma grave posições pessoais com perspectivas ideológicas e religiosas e com a actividade científica”, acrescentou. Também António Leuschner foi surpreendido pela decisão da Católica. “Tomei conhecimento através de uma noticia numa rádio e pelo email da pessoa que me convidou a dar conta da decisão da universidade”, disse ao Correio da Manhã, lamentando que “ainda existam pessoas que não conseguem conviver no mesmo planeta com outras, que têm opiniões diferentes”. O médico que preside ao Conselho Nacional de Saúde Mental e é professor catedrático convidado no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar informou a Universidade que deixará de participar na pós-graduação em Psicogeriatria. Carvalho e Leuchner eram responsáveis por dois dos três módulos do início do curso, dedicados à lei de saúde mental, internamento compulsivo e ao sistema e as políticas nacionais de saúde mental. Francisco George e José Miguel Caldas de Almeida iriam participar nas Conferências de Abertura do Curso. A página com o programa do plano curricular foi retirada do site da Universidade Católica, mas ainda pode ser consultada aqui. P.S. Tenho amigos na Universidade Católica. Se isto é verdade, imagino a sua consternação perante uma atitude que transforma a aceitação da diferença que pautou a vida de Jesus numa perigosa heterodoxia.(Devo salientar que na única e longínqua vez que fui convidado da Universidade Católica me trataram principescamente…). Tenho muita pena. Como universitário aposentado e antigo aluno de um Colégio dirigido por padres. Que seriam incapazes de assim ostracizar o Outro pelas suas opiniões…

domingo, janeiro 06, 2013

Porque surgiram na imprensa escrita nacos da minha intervenção na iniciativa Fazer ouvir o Porto, aqui a deixo sem “corte e costura”.

Há cerca de dois anos, a pedido de um jornal, escrevi o seguinte: “Vacinemos o Porto… contra si mesmo! O cinzento austero do casario e o nevoeiro, que pelas manhãs sobe das águas, parecem ter invadido os espíritos. Assim toldados, procuram o aconchego da auto-piedade, dedos acusadores rumo ao Terreiro do Paço. Chega! O Porto deve diagnosticar os sintomas de terrível doença, o centralismo, mas reconhecer a indolência depressiva que alimenta. É preciso endireitar a coluna vertebral, que tantas vezes garantiu as costas direitas do país, e mirar o espelho sem contemplações: por que se esgota a edilidade na louvável busca de rigor nas contas, mas teimosa, vê na Cultura a Mãe de todos os inúteis?; por que não consegue esta área metropolitana construir um projecto televisivo que a honre?; por que desagua em Lisboa – e não a prazo… - tanto portuense, cuja voz seria preciosa ao reforçar da tripeira?; por que não desafiamos a nortada e caímos em fraternos braços galegos, que pela mão da autonomia esqueceram tempos de peseta a quarenta e nove tostões? Porquê, carago? O Porto guarda, orgulhoso, os versos do Eugénio, os esquissos de Siza, a prosa de Agustina, Serralves, a Casa da Música, o Dragão que me habita pesadelos benfiquistas, o Douro, a Pena Ventosa…, onde a aventura começou. E esta gente, a minha gente!, leal, hospitaleira, trabalhadora; que pressente o declínio e hesita entre a resignação e o sobressalto cívico. O tempo urge. Falo da alma, não de relógios.” Um par de anos volvidos, não retiro uma linha. Pelo contrário!, sublinho-as a negro carregado, quando vejo amigos abraçados à Casa da Música para a salvar. Fazer ouvir o Porto é frase triste mas verdadeira, admite que não somos ouvidos. O que, de resto, nada garante, os Governos aperfeiçoaram a arte do pseudo-diálogo - todos ouvem e ninguém escutam; mas por todos decidem. Fui, sou e serei um defensor da regionalização. Apesar da pequenez deste jardim ressequido à beira-mar plantado, não duvido das suas vantagens. Nem lhe nego os riscos… Não foi a minha primeira derrota, não será a última. Aceito-as pesaroso, mas grato pelo privilégio que traduzem. Nascido e criado em Anselmo Braamcamp, visita assídua das suas “ilhas” por vontade expressa de Mãe lisboeta – “anda, vai brincar para a rua” -, recordo o silêncio de meu Pai na Junta do Bonfim, ao consultar resultados que eternizavam na Presidência o inefável Américo Thomaz. E em silêncio regressávamos. Diferente só o esgar de desprezo que vincava o seu rosto. Nunca em outra situação, mesmo na cidade que os absolve e celebra!, lhe ouvi fímbria de vernáculo. Mas quando esbirros zelosos concediam ao excitante marinheiro vitórias de cento e dez por cento, os lábios deixavam-lhe escapar um “sacanas”, os olhos ficavam rasos de água revoltada. Os mesmos que vi chorar de alegria quando Humberto Delgado, na nossa Avenida dos Aliados, fez sonhar a cidade e o país. Ele não pôde demitir Salazar, as derrotas não me fazem desejar demitir ou suspender a Democracia. Mas confesso que ainda me surpreendem as rasteiras que lhe passam. Como essa ideia peregrina de retirar competências às autarquias e entregá-las, de mãos e euros beijados, a dezenas de novas chefias intermédias. Eis o pesadelo da regionalização ao vivo, a cores e a solo - dos sonhos dela nem vestígio. Apenas a multiplicação de cargos e funcionários tentaculares, fiéis ao Poder e pagos por todos. O Porto tem de ser ouvido. E ouvir-se cuidadosamente, sobretudo em ano de autárquicas. Na área da política stricto sensu através de escrutínio de malha fina. Os candidatos afectos à coligação brindar-nos-ão com inevitáveis equilibrismos circenses, afirmações recentes sobre a Casa da Música não permitem dúvidas. Mas os outros partidos devem-nos a recusa da demagogia e a resistência à gula de transformar eleição local em mero degrau para legislativas. Porque os portuenses já demonstraram que não hesitam em julgar e punir até os que amam e lhes merecem gratidão. Fazer-nos ouvir, sim; a todo o custo. Mas lembrando o velho Eugénio: “Que fizeste das palavras? Que contas darás tu dessas vogais de um azul tão apaziguado? E das consoantes, que lhes dirás, ardendo entre o fulgor das laranjas e o sol dos cavalos? Que lhes dirás, quando te perguntarem pelas minúsculas sementes que te confiaram?” Ele tinha razão. Palavras que nada semeiem serão levadas pelo vento norte; as que traírem colherão tempestades; às genuínas, os tripeiros abrirão alas, braços e sorriso escancarado, mal conhece esta cidade quem a decreta sorumbática por granítica e austera. Sussurremos-lhe ao ouvido, desencantado mas esperançoso, as palavras certas; ofereçamos ao seu olhar vigilante as obras correspondentes; e o Porto inundará as ruas. Sem pedras no sapato. Mas pronto a assentá-lo no fundo das nossas costas se o desiludirmos!