sábado, fevereiro 28, 2015

Verlaine. E a senha para o Dia D...

Chanson d'automne

Les sanglots longs
Des violons
De l'automne
Blessent mon coeur
D'une langueur
Monotone.

Tout suffocant
Et blême, quand
Sonne l'heure,
Je me souviens
Des jours anciens
Et je pleure

Et je m'en vais
Au vent mauvais
Qui m'emporte
Deçà, delà,
Pareil à la
Feuille morte.

quinta-feira, fevereiro 26, 2015

Meu Pai amava este poema.

Il pleure dans mon coeur

Il pleure dans mon coeur
Comme il pleut sur la ville ;
Quelle est cette langueur
Qui pénètre mon coeur ?

Ô bruit doux de la pluie
Par terre et sur les toits ! 
Pour un coeur qui s'ennuie,
Ô le chant de la pluie !

Il pleure sans raison
Dans ce coeur qui s'écoeure.
Quoi ! nulle trahison ?...
Ce deuil est sans raison.

C'est bien la pire peine
De ne savoir pourquoi
Sans amour et sans haine
Mon coeur a tant de peine !

quarta-feira, fevereiro 25, 2015

For murconics only.

My Own Life
Oliver Sacks on Learning He Has Terminal Cancer
By OLIVER SACKSFEB.
A MONTH ago, I felt that I was in good health, even robust health. At 81, I still swim a mile a day. But my luck has run out — a few weeks ago I learned that I have multiple metastases in the liver. Nine years ago it was discovered that I had a rare tumor of the eye, an ocular melanoma. Although the radiation and lasering to remove the tumor ultimately left me blind in that eye, only in very rare cases do such tumors metastasize. I am among the unlucky 2 percent.
I feel grateful that I have been granted nine years of good health and productivity since the original diagnosis, but now I am face to face with dying. The cancer occupies a third of my liver, and though its advance may be slowed, this particular sort of cancer cannot be halted.
It is up to me now to choose how to live out the months that remain to me. I have to live in the richest, deepest, most productive way I can. In this I am encouraged by the words of one of my favorite philosophers, David Hume, who, upon learning that he was mortally ill at age 65, wrote a short autobiography in a single day in April of 1776. He titled it “My Own Life.”
“I now reckon upon a speedy dissolution,” he wrote. “I have suffered very little pain from my disorder; and what is more strange, have, notwithstanding the great decline of my person, never suffered a moment’s abatement of my spirits. I possess the same ardour as ever in study, and the same gaiety in company.”
I have been lucky enough to live past 80, and the 15 years allotted to me beyond Hume’s three score and five have been equally rich in work and love. In that time, I have published five books and completed an autobiography (rather longer than Hume’s few pages) to be published this spring; I have several other books nearly finished.
Hume continued, “I am ... a man of mild dispositions, of command of temper, of an open, social, and cheerful humour, capable of attachment, but little susceptible of enmity, and of great moderation in all my passions.”
Here I depart from Hume. While I have enjoyed loving relationships and friendships and have no real enmities, I cannot say (nor would anyone who knows me say) that I am a man of mild dispositions. On the contrary, I am a man of vehement disposition, with violent enthusiasms, and extreme immoderation in all my passions.
And yet, one line from Hume’s essay strikes me as especially true: “It is difficult,” he wrote, “to be more detached from life than I am at present.”
Over the last few days, I have been able to see my life as from a great altitude, as a sort of landscape, and with a deepening sense of the connection of all its parts. This does not mean I am finished with life.
On the contrary, I feel intensely alive, and I want and hope in the time that remains to deepen my friendships, to say farewell to those I love, to write more, to travel if I have the strength, to achieve new levels of understanding and insight.

This will involve audacity, clarity and plain speaking; trying to straighten my accounts with the world. But there will be time, too, for some fun (and even some silliness, as well).
I feel a sudden clear focus and perspective. There is no time for anything inessential. I must focus on myself, my work and my friends. I shall no longer look at “NewsHour” every night. I shall no longer pay any attention to politics or arguments about global warming.
This is not indifference but detachment — I still care deeply about the Middle East, about global warming, about growing inequality, but these are no longer my business; they belong to the future. I rejoice when I meet gifted young people — even the one who biopsied and diagnosed my metastases. I feel the future is in good hands.
I have been increasingly conscious, for the last 10 years or so, of deaths among my contemporaries. My generation is on the way out, and each death I have felt as an abruption, a tearing away of part of myself. There will be no one like us when we are gone, but then there is no one like anyone else, ever. When people die, they cannot be replaced. They leave holes that cannot be filled, for it is the fate — the genetic and neural fate — of every human being to be a unique individual, to find his own path, to live his own life, to die his own death.
I cannot pretend I am without fear. But my predominant feeling is one of gratitude. I have loved and been loved; I have been given much and I have given something in return; I have read and traveled and thought and written. I have had an intercourse with the world, the special intercourse of writers and readers.
Above all, I have been a sentient being, a thinking animal, on this beautiful planet, and that in itself has been an enormous privilege and adventure.
Oliver Sacks, a professor of neurology at the New York University S


sábado, fevereiro 21, 2015

Ainda há gente a lembrá-la...

Maria Clara
Share on Facebook
Share on Twitter
Share on Orkut
Share on Delicious
Share this



Maria da Conceição Ferreira Machado Vaz, filha de Guilherme Ferreira e de Sorgue Caetano Ferreira, nasceu a 5 de Outubro de 1923, na Travessa das Almas, freguesia da Lapa, em Lisboa. 
Em 1942, com 19 anos, já abrilhantava uma peça em cena no Grupo Dramático "Os Combatentes" de Campo de Ourique - onde era já famosa no ping-pong - deitando a casa abaixo com palmas sempre que interpretava as “suas” bonitas canções com uma voz da mais pura e cristalina água, por vezes a roçar o canto lírico.Pouco tempo depois, num concurso organizado pel'O Século, descobria-se que "Nasceu uma estrêla!" título d'O Século Ilustrado de 18 de Janeiro de 1943, a propósito do êxito sem precedentes alcançado pela jovem cantadeira na opereta "A Costureirinha da Sé", estreada no Porto em 8 desse mês e onde contracenava com António Vilar, Costinha e Luísa Durão, tendo estes últimos de lhe dar um empurrãozinho para ela conseguir entrar em cena...

Foi durante as sessões dessa opereta que Júlio Machado de Sousa Vaz, neto de Bernardino Machado e, na altura, quase professor catedrático, a conheceu e dela não mais se separou até que a morte o levou em 1999, com 90 anos. Embora o romance não tivesse sido muito fácil, pois, de início, Maria Clara respondia com bastante parcimónia aos convites do jovem professor universitário, casaram ainda esse ano, indo viver para a Rua Anselmo Braamcamp e, depois, para a Rua do Bolhão, no Porto, perto do famoso Mercado onde todas as vendedeiras sempre a trataram carinhosamente por Clarinha.

A 16 de Outubro de 1949, com 26 anos, foi a feliz mamã de um menino sensível e terno, que aos 10 ou 11 anos, muitas vezes a acompanhava aos espectáculos, escutando-a, embevecido, atrás dos bastidores. Que sempre foi ela a sua melhor amiga e conselheira até que a doença no-la roubou a todos, nunca fez segredo o seu filho Júlio Machado Vaz.

Maria Clara, além de ter actuado em numerosos espectáculos na rádio, em revistas e no teatro, gravou centenas de canções de variadíssimos géneros, entre fados, canções ligeiras, marchas, etc., entrando no coração de todos os que tiveram a felicidade de a escutar. Foi uma das “Rainhas da Rádio”. Do seu vasto reportório podemos destacar títulos como "Figueira da Foz", "Maria Severa", "Marcha do Outono", "Ó Zé Aperta o Laço", "Amor, Não Digas Não", "De Cá Para Lá", "Alfazema do Monte", "A Casa de Santo António", "Barca do Lago", "As Pedras Que Tu Pisas" ou “Canção de Tavira”.

No entanto, quando concorreu à Emissora Nacional, foi reprovada, talvez devido às ideias progressistas de seu marido, o qual tinha sempre o cuidado de a prevenir para não apertar a mão a certa gente... Infelizmente, Maria Clara não saberá nunca desta pequena homenagem. Aquando do falecimento do seu marido, querendo segui-lo e simultaneamente não deixar o seu filho e netos, o seu espírito partiu com o Dr. Júlio Vaz e deixou para trás o seu corpo entre o carinho dos seus.

Portal do Fado.


quinta-feira, fevereiro 12, 2015

Only for murconics.

Carta (Esboço)

Lembro-me agora que tenho de marcar um 
encontro contigo, num sítio em que ambos 
nos possamos falar, de facto, sem que nenhuma 
das ocorrências da vida venha 
interferir no que temos para nos dizer. Muitas 
vezes me lembrei de que esse sítio podia 
ser, até, um lugar sem nada de especial, 
como um canto de café, em frente de um espelho 
que poderia servir de pretexto 
para reflectir a alma, a impressão da tarde, 
o último estertor do dia antes de nos despedirmos, 
quando é preciso encontrar uma fórmula que 
disfarce o que, afinal, não conseguimos dizer. É 
que o amor nem sempre é uma palavra de uso, 
aquela que permite a passagem à comunicação ; 
mais exacta de dois seres, a não ser que nos fale, 
de súbito, o sentido da despedida, e que cada um de nós 
leve, consigo, o outro, deixando atrás de si o próprio 
ser, como se uma troca de almas fosse possível 
neste mundo. Então, é natural que voltes atrás e 
me peças: «Vem comigo!», e devo dizer-te que muitas 
vezes pensei em fazer isso mesmo, mas era tarde, 
isto é, a porta tinha-se fechado até outro 
dia, que é aquele que acaba por nunca chegar, e então 
as palavras caem no vazio, como se nunca tivessem 
sido pensadas. No entanto, ao escrever-te para marcar 
um encontro contigo, sei que é irremediável o que temos 
para dizer um ao outro: a confissão mais exacta, que 
é também a mais absurda, de um sentimento; e, por 
trás disso, a certeza de que o mundo há-de ser outro no dia 
seguinte, como se o amor, de facto, pudesse mudar as cores 
do céu, do mar, da terra, e do próprio dia em que nos vamos 
encontrar, que há-de ser um dia azul, de verão, em que 
o vento poderá soprar do norte, como se fosse daí 
que viessem, nesta altura, as coisas mais precisas, 
que são as nossas: o verde das folhas e o amarelo 
das pétalas, o vermelho do sol e o branco dos muros. 

Nuno Júdice, in “Poesia Reunida” 

quarta-feira, fevereiro 11, 2015

terça-feira, fevereiro 10, 2015

Mercadoria...

Fragmento do Homem

Que tempo é o nosso? Há quem diga que é um tempo a que falta amor. Convenhamos que é, pelo menos, um tempo em que tudo o que era nobre foi degradado, convertido em mercadoria. A obsessão do lucro foi transformando o homem num objecto com preço marcado. Estrangeiro a si próprio, surdo ao apelo do sangue, asfixiando a alma por todos os meios ao seu alcance, o que vem à tona é o mais abominável dos simulacros. Toda a arte moderna nos dá conta dessa catástrofe: o desencontro do homem com o homem. A sua grandeza reside nessa denúncia; a sua dignidade, em não pactuar com a mentira; a sua coragem, em arrancar máscaras e máscaras. 
E poderia ser de outro modo? Num tempo em que todo o pensamento dogmático é mais do que suspeito, em que todas as morais se esbarrondam por alheias à «sabedoria» do corpo, em que o privilégio de uns poucos é utilizado implacavelmente para transformar o indivíduo em «cadáver adiado que procria», como poderia a arte deixar de reflectir uma tal situação, se cada palavra, cada ritmo, cada cor, onde espírito e sangue ardem no mesmo fogo, estão arraigados no próprio cerne da vida? 
Desamparado até à medula, afogado nas águas difíceis da sua contradição, morrendo à míngua de autenticidade - eis o homem! Eis a triste, mutilada face humana, mais nostálgica de qualquer doutrina teológica que preocupada com uma problemática moral, que não sabe como fundar e instituir, pois nenhuma fará autoridade se não tiver em conta a totalidade do ser; nenhuma, em que espírito e vida sejam concebidos como irreconciliáveis; nenhuma, enquanto reduzir o homem a um fragmento do homem. Nós aprendemos com Pascal que o erro vem da exclusão. 

Eugénio de Andrade, in 'Os Afluentes do Silêncio'

segunda-feira, fevereiro 09, 2015

Ou princesa:))))).

domingo, fevereiro 08, 2015

quinta-feira, fevereiro 05, 2015

terça-feira, fevereiro 03, 2015

segunda-feira, fevereiro 02, 2015

Um bálsamo... Durmam bem.

domingo, fevereiro 01, 2015

A má consciência.

Recebido como um Avô estimado no Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca:). Na plateia predominavam médicos jovens, o que sempre me provoca um prazer especial. Mas não só, infelizmente...:(. Cada vez mais sinto que lhes falo de uma prática médica longe do seu alcance, devido a todo o género de constrangimentos. À porta, manifestação em protesto contra insuficiências ao nível dos Cuidados Primários...
Falei-lhes de Osler e Heisenberg. Talvez o segundo seja mais adequado, o primeiro franziria o sobrolho perante a realidade actual. Em contrapartida, não percebendo nada de Física, acho o mundo que nos rodeia um hino à incerteza.
Que Deus os proteja. E aos doentes...