tag:blogger.com,1999:blog-10966841.post5370160099469394310..comments2024-03-02T00:33:56.082+00:00Comments on Murcon: Um delicioso poeta burilando a prosa:).Unknownnoreply@blogger.comBlogger34125tag:blogger.com,1999:blog-10966841.post-33363765464325444102012-08-03T23:32:09.871+01:002012-08-03T23:32:09.871+01:00Bart
a minha diretora de colégio diria o mesmo co...Bart<br /><br />a minha diretora de colégio diria o mesmo com outras palavras. E os dois sem a razão inteira. Mas uma parte cabe-vos.for sure.beahttps://www.blogger.com/profile/13626101053088888192noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-10966841.post-12083760303796803692012-08-03T08:08:33.762+01:002012-08-03T08:08:33.762+01:00Já aqui disse e vou repetir, porque me parece que ...Já aqui disse e vou repetir, porque me parece que vocês não entenderam. A actração física, sentimental, sexual, etc. não é nada que nasça da nossa vontade, pela nossa vontade, com o fim de cumprir a nossa vontade. Não! Quando dois seres sentem atracção, física, sexual, sentimental, estão nesse momento, a protagonizar uma cena de uma peça, escrita pelo Universo. Desiludam-se os caríssimos que sentem - quando recostados plácidamente numa esplanada de um jardim tomando um refresco de manga e gozando o efeito dos doces raios do astro-rei; ao passar-lhes pela frente uma bela mulher, trajando a leve transparÊncia de um vestido florido, pisando o chão que lhe agradece a subtileza de cada passo, e lançando no ar a fragância doce do almíscar - uma intumescência e um forte desejo de a tomar nos braços, a beijar, acariciar excitar e penetrar, que esses desejos derivam de uma vontade própria, de um livre arbítrio.<br />Nooops!<br />É uma armadilha meus caros!<br />Basta que pensem que o mundo não existiria já, nem Deus, se esta armadilha não tivesse sido tão magistralmente urdida.<br />Imaginem se tanto o homem como a mulher, ao encontrar-se, não sentissem o menor desejo um pelo outro?!<br />Yahhh!!! Teríamos ficado pelo Adão e pela Eva.Bartolomeuhttps://www.blogger.com/profile/08050771950264834903noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-10966841.post-49623065339624536992012-08-03T02:21:42.285+01:002012-08-03T02:21:42.285+01:00Obrigada pelo miminho. Nunca te esqueces...:)
Bei...Obrigada pelo miminho. Nunca te esqueces...:)<br /><br />Beijinhosandorinhahttps://www.blogger.com/profile/00135299308769574190noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-10966841.post-37299094634951144922012-08-03T02:18:31.691+01:002012-08-03T02:18:31.691+01:00Caidê,
O melhor beijo é sempre o próximo:)
Fique...Caidê,<br /><br />O melhor beijo é sempre o próximo:)<br /><br />Fiquem bem.<br /><br />http://www.youtube.com/watch?v=XGbcMuhlNiAandorinhahttps://www.blogger.com/profile/00135299308769574190noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-10966841.post-43540106185942008822012-08-03T01:06:33.985+01:002012-08-03T01:06:33.985+01:00Faltou o miminho para o embalo:
http://www.youtube...Faltou o miminho para o embalo:<br />http://www.youtube.com/watch?v=ulor1MHq5hY&feature=relatedCaidêhttps://www.blogger.com/profile/17071888863709830545noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-10966841.post-28515539320931125162012-08-03T01:02:54.637+01:002012-08-03T01:02:54.637+01:00Ímpio
Sinto o mesmo.
....
Simone e Ivan Lins enca...Ímpio<br />Sinto o mesmo. <br />....<br />Simone e Ivan Lins encantam-me há tanto!...Boa!<br />....<br />O poema de Neruda é bonito, sim! <br /><br />Somos feitos de vividos amores e desamores e é com eles que aportamos a cada novo abraço que se torna omnipresente quando é muito significativo.<br /><br />Alguém já aqui disse que o melhor beijo é sempre o último. <br /><br />É talvez a pessoa do beijo, seja ele significativo...Caidêhttps://www.blogger.com/profile/17071888863709830545noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-10966841.post-38797433964452731972012-08-02T23:58:43.389+01:002012-08-02T23:58:43.389+01:00Pois pouco ou quase nada tenho a acrescentar. Gost...Pois pouco ou quase nada tenho a acrescentar. Gostei da referência ao Poema do Melro do Guerra Junqueiro, esse sim um ser alado com forte sentido político; há pássaros que não gostam de se verem engaiolados. Quanto ao post pois não teria sido a minha escolha para falar de política ou mostrar o meu desencanto sobre ela, na actual conjuntura. <br />À política, levo-a a sério mesmo quando me desencanto ou farto dela, pois as coisas que se levam a sério por vezes fartam ou desencantam. Nestas alturas refugio-me na gargalhada, pois, lá dizem os médicos que rir faz bem e alivia a figadeira. E não devo ser o único pois já Eça de Queirós usava a mesma terapia.<br /><br />“A Única Crítica é a Gargalhada<br />A única crítica é a gargalhada! Nós bem o sabemos: a gargalhada nem é um raciocínio, nem um sentimento; não cria nada, destrói tudo, não responde por coisa alguma. E no entanto é o único comentário do mundo político em Portugal. Um Governo decreta? gargalhada. Reprime? gargalhada. Cai? gargalhada. E sempre esta política, liberal ou opressiva, terá em redor dela, sobre ela, envolvendo-a como a palpitação de asas de uma ave monstruosa, sempre, perpetuamente, vibrante, e cruel – a gargalhada! Política querida, sê o que quiseres, toma todas as atitudes, pensa, ensina, discute, oprime – nós riremos. A tua atmosfera é de chalaça. “ Eça de Queirós<br /><br />Saravá<br />ÍmpioImpio Blasfemohttps://www.blogger.com/profile/17643552619954984129noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-10966841.post-74682505299407352112012-08-02T20:04:39.303+01:002012-08-02T20:04:39.303+01:00Bart,
Tu és doido! A comida envenenada...:) lol
...Bart,<br /><br />Tu és doido! A comida envenenada...:) lol <br /><br />"..<i>.a mulher que acabou de conhecer e com quem está disposto a ter sexo, já o teve com variadíssimos outros."</i><br /><br />Teve agora!!!! Essa é virgem!<br />Mas se é só para sexo não faz mal...kékesehádefazer?<br /><br />"<i>Somos mesmo parvinhos, caráças!"</i><br /><br />Subscrevo! Pois sois!:) <br /><br /><br />BEA:)<br /><br />Saudades, miúda! <br />Boas férias.<br /><br />Rainbow,<br /><br />Belíssimo o dueto! Simone e Ivan Lins conjugam muito bem:)andorinhahttps://www.blogger.com/profile/00135299308769574190noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-10966841.post-70320982495420598662012-08-02T18:55:57.010+01:002012-08-02T18:55:57.010+01:00Rain
os intervalos estão para a vida como o silên...Rain<br /><br />os intervalos estão para a vida como o silêncio para a música.<br />bigada, viu?<br /><br />a Simone sim, que tem voz de fascinação.beahttps://www.blogger.com/profile/13626101053088888192noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-10966841.post-12867106980002732922012-08-02T16:01:59.226+01:002012-08-02T16:01:59.226+01:00Boa Tarde:)
Menina,
Agora percebo donde vem a su...Boa Tarde:)<br /><br />Menina,<br /><br />Agora percebo donde vem a sua sensibilidade. Quem sai aos seus...:) <br /><br />Bea<br /><br />Sua desaparecida:)Abraço.<br /><br /><br />Andorinha,<br /><br />Obrigada pela música, gostei muito.<br />Ia começar a falar de melros, quando o Bartolomeu me silenciou com o belo poema de Guerra Junqueiro.<br />Sobre a Mafalda, pois, tem sete vidas, a malandra, não fosse ela uma gata:)<br />Do poema de Pablo Neruda, acho lindíssimo. <br />Os ciúmes, irracionais sempre, são uma perda de tempo. Ainda mais se forem retrospectivos. O passado é fundamental na construção da pessoa que nos tornámos. <br /><br />http://www.youtube.com/watch?v=Nj_X-Uv7yyA<br /><br />Bom dia per tuttirainbowhttps://www.blogger.com/profile/12460400895049394945noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-10966841.post-23623234666829246842012-08-02T15:02:20.691+01:002012-08-02T15:02:20.691+01:00Fala-se muito da política pelo vazio de não haver....Fala-se muito da política pelo vazio de não haver. como se falar sobre, a traga de volta. E vai ficando a sobra das palavras,excesso vazio e imprestável de caixas que não guardam.<br /><br />E não distingo os melros de outras aves mas talvez que algum no quintal a chagar-me o juízo. Porém, quem quer que sejam, estes pássaros são reais não apenas porque existem; a realidade é vê-los viver a sua condição, havê-la no presente. E isso falta àqueles a quem demos o direito de serem políticos. <br /><br />É preciso retirar o que demos.<br /><br />E fiquem bem. que.<br />beijinhosbeahttps://www.blogger.com/profile/13626101053088888192noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-10966841.post-46894049264984769842012-08-02T14:10:46.237+01:002012-08-02T14:10:46.237+01:00Ainda à dias dizia o Professor à Inês, que lhe che...Ainda à dias dizia o Professor à Inês, que lhe chegam caramelos às consultas bloqueados na ideia de que na vagina da mulher, permaneceram pénis de outros homens...<br />O engraçado da questão, é a mente do homem não bloquerar perante a certeza de que, a mulher que acabou de conhecer e com quem está disposto a ter sexo, já o teve com variadíssimos outros. Só o aflige se a situação se passar com a própria mulher.<br />Somos mesmo parvinhos, caráças!Bartolomeuhttps://www.blogger.com/profile/08050771950264834903noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-10966841.post-35656044076871632492012-08-02T14:07:42.135+01:002012-08-02T14:07:42.135+01:00Andorinha, não ha truques. é tudo ao natural.
;)
O...Andorinha, não ha truques. é tudo ao natural.<br />;)<br />Opino!<br />Opino que o Pablo era um ganda mentiroso. Ou então, esqueceu-se de referir no verso:<br />Trá-los a todos<br />Ao lugar onde te espero:<br />Que já tenho pronta a comida envenenada e;<br />Estaremos sempre sós,<br />Estaremos sempre, tu e eu,<br />Sozinhos sobre a terra<br />Para começar a vida!<br /><br />A menos que o escritor estivesse a pensar dedicar-se à produção de enchidos...Bartolomeuhttps://www.blogger.com/profile/08050771950264834903noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-10966841.post-89835163062856050782012-08-02T14:03:05.003+01:002012-08-02T14:03:05.003+01:00A Menina;
revela-se assim, a minha incapacidade de...A Menina;<br />revela-se assim, a minha incapacidade de perceber à primeira, as coisas simples.<br />Lavre-se em acta!<br />;)Bartolomeuhttps://www.blogger.com/profile/08050771950264834903noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-10966841.post-88748264046861854272012-08-02T12:58:45.441+01:002012-08-02T12:58:45.441+01:00Bom dia:)
Porra, Bart!:) Não entendo como se cons...Bom dia:)<br /><br />Porra, Bart!:) Não entendo como se consegue acordar a essa hora da madrugada:) com essa genica toda...<br />Tens que me ensinar o truque:)<br /><br />E já que estamos em maré de poesia aqui fica um belíssimo poema que "roubei" ao Júlio lá no outro lado.<br /><br /><br />Sempre<br /><br />Do teu passado<br />Não tenho ciúmes.<br /><br />Vem com um homem<br />às costas,<br />vem com cem homens nos cabelos,<br />vem com mil homens entre o peito e os pés,<br />vem como um rio<br />cheio de afogados<br />que encontra o mar furioso,<br />a espuma eterna, o tempo!<br /><br />Trá-los a todos<br />Ao lugar onde te espero:<br />Estaremos sempre sós,<br />Estaremos sempre, tu e eu,<br />Sozinhos sobre a terra<br />Para começar a vida!<br /><br />Pablo Neruda, Os Versos do Capitão.<br /><br />Lindo! Se todos, homens e mulheres agissemos assim, não seria otimo?<br />Que dizes, Bart? Opina...:)<br /><br />Vou...fiquem bem:)andorinhahttps://www.blogger.com/profile/00135299308769574190noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-10966841.post-14364076498685469982012-08-02T12:08:45.347+01:002012-08-02T12:08:45.347+01:00Bartolomeu:)
Se calhar foi isso:) um pouquinho le...Bartolomeu:)<br /><br />Se calhar foi isso:) um pouquinho lerdo:)) (não leve a mal)<br /><br />Então! existe coincidência no objectivo geral da obra; poema satírico de crítica social e política, com críticas a figuras sociais semelhantes e em cumplicidades implícitas e explícitas; um chama-se "O MELRO" e o outro "O PINTO".<br /> Existentem assim semelhanças, no mesmo jeito burlesco e brincalhão... na forma e até no estilo dos poemas...<br />A comparação que aqui coloquei, se bem que diminuta, permite alguma ilustração dessa descarada e brincalhona semelhança, aliás assumida pelo meu pai!<br />Claro que cada poema é distinto e original e por isso não se coloca a questão de plágio..<br /><br />Understand?:))A Menina da Luahttps://www.blogger.com/profile/03763610594911911057noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-10966841.post-26730717388185817412012-08-02T11:23:38.373+01:002012-08-02T11:23:38.373+01:00Parabéns à A Menina, herdeira da ilustre gene poét...Parabéns à A Menina, herdeira da ilustre gene poética de seu pai.<br />Mas minha querida... não compreendi a questão da semelhança dos poemas.<br />Hoje devo ter acordado um pouco mais lerdo do que é habitual...Bartolomeuhttps://www.blogger.com/profile/08050771950264834903noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-10966841.post-57171540277131023422012-08-02T10:14:40.345+01:002012-08-02T10:14:40.345+01:00Bartolomeu:)
Muito engraçado:)
Já agora e a pr...Bartolomeu:)<br /><br />Muito engraçado:) <br /><br /> Já agora e a propósito tambem lhe digo que meu pai que era escritor e poeta, escreveu e publicou nesse mesmo ano de 1930, o opúsculo "O Pinto". Trata-se dum poema de crítica político social, de assumida paródia ao longo poema "O Melro" de Guerra Junqueiro. poeta que aliás admirava e a quem dedicou e referenciou em alguma obra.<br /><br /><br />Transcrevo por graça, a parte do poema de meu pai no passo correspondente ao início do de Guerra Junqueiro:<br /><br />O cura era um velhote conservado,<br />Malicioso, alegre,prazenteiro;<br />Não tinha pombas brancas no telhado,<br />Nem rosas no canteiro:<br />Andava às lebres pelo monte, a pé,<br />Livre de reumatismos,<br />Graça a Deus, e graças a Noé.<br />O melro desprezava os exorcismos<br />Que o padre lhe dizia:<br />Cantava assobiava alegremente;<br />Até que ultimamente<br />O velho disse um dia:<br />... ...<br /><br />e agora repito o de Guerra Junqueiro para confronto:<br /><br />O melro, eu conheci-o: <br />Era negro, vibrante, luzidio, <br />Madrugador, jovial; <br />Logo de manhã cedo <br />Começava a soltar, dentre o arvoredo, <br />Verdadeiras risadas de cristal. <br />E assim que o padre-cura abria a porta <br />Que dá para o passal, <br />Repicando umas finas ironias, <br />O melro; dentre a horta, <br />Dizia-lhe: "Bons dias!" <br />E o velho padre-cura <br />não gostava daquelas cortesias. <br /><br /><br />:))A Menina da Luahttps://www.blogger.com/profile/03763610594911911057noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-10966841.post-79601983324197543192012-08-02T08:51:58.637+01:002012-08-02T08:51:58.637+01:00"Meus filhos, a existência é boa
Só quando é..."Meus filhos, a existência é boa <br />Só quando é livre. A liberdade é a lei, <br />Prende-se a asa mas a alma voa <br />Ó filhos, voemos pelo azul! Comei!" - <br /><br /><br />E mais sublime do que Cristo, quando <br />Morreu na Cruz, maior do que Catão, <br />Matou os quatro filhos, trespassando <br />Quatro vezes o próprio coração! <br />Soltou, fitando o abade, uma pungente <br />Gargalhada de lágrima, de dor, <br />E partiu pelo espaço heroicamente, <br />Indo cair, já morto, de repente <br />Num carcavão com silveiras em flor. <br /><br /><br />E o velho abade, lívido d'espanto, <br /> Exclamou afinal: <br />"Tudo o que existe é imaculado e é santo! <br />Há em toda a miséria o mesmo pranto <br />E em todo o coração há um grito igual. <br />Deus semeou d'almas o universo todo. <br />Tudo que o vive ri e canta e chora <br />Tudo foi feito com o mesmo lodo, <br />Purificado com a mesma aurora. <br />Ó mistério sagrado da existência, <br /> Só hoje te adivinho, <br />Ao ver que a alma tem a mesma essência, <br />Pela dor, pelo amor, pela inocência, <br />Quer guarde um berço, quer proteja um ninho! <br />Só hoje sei que em toda a criatura, <br />Desde a mais bela até à mais impura, <br />Ou numa pomba ou numa fera brava, <br />Deus habita, Deus sonha, Deus murmura! <br />............................................................ <br />Ah, Deus é bem maior do que eu julgava" <br /><br /><br />E quedou silencioso. O velho mundo, <br />Das suas crenças antigas, num momento, <br />Viu-o sumir exausto, moribundo, <br /> Nos abismos sem fundo <br />Do temeroso mar do Pensamento. <br />E chorou e chorou A Igreja, a Crença, <br />Rude montanha, pavorosa, escura, <br />Que enchia o globo com a sombra imensa <br />Dos seus setenta séculos d'altura; <br />O Himalaia de dogmas triunfantes, <br />Mais eternos que o bronze e que o granito, <br />Onde aos profetas Deus falava dantes, <br />Entre raios e nuvens trovejantes, <br />Lá dos confins sidérios do infinito; <br />Esse colosso enorme, em dois instantes <br />Viu-o tremer, fender-se e desabar <br /> Numa ruína espantosa, <br />Só de tocar-lhe a asa vaporosa <br />Duma avezinha trémula, a expirar! <br />................................................. <br />................................................. <br />E, arremessando a Bíblia, o velho abade <br />Murmurou: <br /> "Há mais fé e há mais verdade, <br /> Há mais Deus concerteza <br />Nos cardos secos dum rochedo nu <br />Que nessa Bíblia antiga Ó Natureza, <br />A única Bíblia verdadeira és tu!..."<br /><br />Guerra Junqueiro <br /> <br /> ;)))))))Bartolomeuhttps://www.blogger.com/profile/08050771950264834903noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-10966841.post-91193812234293333282012-08-02T08:51:49.210+01:002012-08-02T08:51:49.210+01:00E já de longe ia bradando:
...E já de longe ia bradando: <br /><br /><br /> "Olé! <br /> Dormiram bem? Estimo <br /> Eu lhes darei o mimo, <br />Canalha vil, grandíssima ralé! <br />Então vocês, seus almas do Diabo, <br />Julgam que isto que era só dar cabo <br /> Da horta e do pomar, <br />E o bico alegre e estômago contente, <br />E o camelo do cura que se aguente, <br />Que engrole o seu latim e vá bugiar! <br />Grandes larápios! Era o que faltava <br /> Vocês irem ao milho, <br /> E a mim mandar-me à fava! <br />Pois muito bem, agora que vos pilho <br />Eu vos ensinarei, meus safardanas! <br />Vocês são mariolões, são ratazanas, <br />Têm bico, é certo, mas não têm tonsura <br />E, nas manhas, um melro nunca chega <br />Às manhas naturais de um padre-cura. <br />O melhor vinho que encontrar na adega <br />É para hoje, olé! Que bambochata! <br />Que petisqueira! Melros com chouriço! <br /> E então a Fortunata <br />Que tem um dedo e jeito para isso! <br />Hei-de comer-vos todos um a um, <br />Lambendo os beiços, com tal gana enfim, <br />Que comendo-vos todos, mesmo assim <br />Eu fico ainda quase em jejum! <br />E depois de vos ter dentro da pança, <br /> Depois de vos jantar, <br />Vocês verão como o velhote dança, <br />Como ele é melro e sabe assobiar!" <br /><br /><br />Mas nisto o padre-cura, titubeante, <br /> Quase desfalecendo, <br />Atónito de horror, parou diante <br /> Deste drama estupendo: <br /><br /><br />O melro, ao ver aproximar o abade, <br /> Despertou da atonia, <br />Lançando-se furioso contra a grade <br /> Do cárcere. Torcia, <br />Para os partir os ferros da prisão, <br />Crispando as unhas convulsivamente <br /> Com a fúria dum leão. <br />Batalha inútil, desespero ardente! <br />Quebrou as garras, depenou as asas <br /> E alucinado, exangue, <br /> Os olhos como brasas, <br />Herói febril, a gotejar em sangue, <br />Partiu num voo arrebatado e louco, <br /> Trazendo, dentro em pouco, <br />Preso do bico, um ramo de veneno. <br />E belo e grande e trágico e sereno, <br />Disse:Bartolomeuhttps://www.blogger.com/profile/08050771950264834903noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-10966841.post-69745031814130281242012-08-02T08:51:15.695+01:002012-08-02T08:51:15.695+01:00Falta-me a luz e o ar! Oh, quem me dera
...Falta-me a luz e o ar! Oh, quem me dera <br /> Ser abutre ou fera <br />Para partir o cárcere maldito! <br />E como a noite é límpida e formosa! <br /> Nem um ai, nem um grito <br />Que noite triste!, oh, noite silenciosa!" <br /><br /><br />E a natureza fresca, omnipotente, <br /> Sorria castamente <br />Com o sorriso alegre dos heróis. <br /> Nas sebes orvalhadas, <br />Entre folhas luzentes como espadas, <br /> Cantavam rouxinóis. <br /><br /><br /> Os vegetais felizes <br />Mergulhavam as sôfregas raízes <br />A procurar na terra as seivas boas, <br />Com a avidez e as raivas tenebrosas <br />Das pequeninas feras vigorosas <br />Sugando à noite os peitos das leoas. <br />A lua triste, a Lua merencória, <br /> Desdémona marmórea, <br />Rolava pelo azul da imensidade, <br />Imersa numa luz serena e fria, <br /> Branca como a harmonia, <br /> Pura como a verdade. <br />E entre a luz do luar e os sons das flores, <br />Na atonia cruel das grandes dores, <br /> O melro solitário <br />Jazia inerte, exânime, sereno, <br />Bem como outrora o Nazareno <br /> Na noite do calvário! <br /><br /><br />Segundo o seu costume habitual, <br /> Logo de madrugada <br />O padre-cura foi para o quintal, <br />Levando a Bíblia e sobraçando a enxada. <br /> Antes de dizer missa, <br />O velho abade inevitavelmente <br /> Tratava da hortaliça <br />E rezava a Deus-Padre Omnipotente <br /> Vários trechos latinos, <br />Salvando desta forma, juntamente, <br />As ervilhas, as almas e os pepinos.Bartolomeuhttps://www.blogger.com/profile/08050771950264834903noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-10966841.post-42089787022082373082012-08-02T08:50:33.650+01:002012-08-02T08:50:33.650+01:00E deixando a gaiola pendurada,
Continuou a ler o ...E deixando a gaiola pendurada, <br />Continuou a ler o seu latim, <br /> Fungando uma pitada. <br /><br /><br />Vinha tombando a noite silenciosa; <br />E caía por sobre a natureza <br />Uma serena paz religiosa, <br /> Uma bela tristeza <br />Harmónica, viril, indefinida. <br /> A luz crepuscular <br />Infiltra-nos na alma dorida <br />Um misticismo heróico e salutar. <br />As árvores, de luz inda douradas, <br />Sobre os montes longínquos, solitários, <br />Tinham tomado as formas rendilhadas <br /> Das plantas dos herbários. <br />Recolhiam-se a casa os lavradores. <br />Dormiam virginais as coisas mansas: <br /> Os rebanhos e as flores, <br /> As aves e as crianças. <br /><br /><br />Ia subindo a escada o velho abade; <br />A sua negra, atlética figura, <br />Destacava na frouxa claridade, <br /> Como uma nódoa escura. <br />E, introduzindo a chave no portal, <br /> Murmurou entre dentes: <br /><br /><br /> "Tal e qual tal e qual! <br />Guisados com arroz são excelentes." <br /><br /><br /> * * * * * * <br /> <br />Nasceu a Lua. As folhas dos arbustos <br />Tinham o brilho meigo, aveludado, <br />Do sorriso dos mártires, dos justos. <br />Um eflúvio dormente e perfumado <br />Embebedava as seivas luxuriantes. <br />Todas as forças vivas da matéria <br />Murmuravam diálogos gigantes <br /> Pela amplidão etérea. <br />São precisos silêncios virginais, <br />Disposições simpáticas, nervosas, <br />Para ouvir falar estas falas silenciosas <br /> Dos mundos vegetais. <br />As orvalhadas, frescas espessuras, <br />Pressentiam-se quase a germinar. <br />Desmaiavam-se as cândidas verduras <br />Nos magnetismos brancos do luar. <br />.................................................. <br />.................................................. <br /><br /><br />E nisto o melro foi direito ao ninho. <br />Para o agasalhar, andou buscando <br />Umas penugens doces como arminho, <br />Um feltrozito acetinado e brando. <br /> Chegou lá, e viu tudo. <br />Partiu como uma frecha; e, louco e mudo, <br />Correu por todo o matagal; em vão! <br />Mas eis que solta de repente um grito <br />Indo encontrar os filhos na prisão. <br /><br /><br />"Quem vos meteu aqui?!" O mais velho, <br />Todo tremente, murmurou então: <br /><br /><br />"Foi aquele homem negro. Quando veio, <br />Chamei, chamei Andavas tu na horta <br />Ai que susto, que susto!, ele é tão feio! <br />Tive-lhe tanto medo! Abre esta porta <br />E esconde-nos debaixo da tua asa! <br />Olha, já vão florindo as açucenas; <br />Vamos a construir a nossa casa <br /> Num bonito lugar <br />Ai! quem me dera, minha mãe, ter penas <br /> Para voar, voar!" <br /><br /><br /> E o melro alucinado <br /> Clamou:<br /> "Senhor! senhor! <br />É porventura crime ou é pecado <br /> Que eu tenha muito amor <br /> A estes inocentes?! <br />Ó natureza, ó Deus, como consentes <br />Que me roubem assim os meus filhinhos, <br /> Os filhos que eu criei! <br />Quanta dor, quanto amor, quantos carinhos, <br /> Quanta noite perdida <br /> Nem eu sei... <br /> E tudo, tudo em vão! <br /> Filhos da minha vida <br /> Filhos do coração!!! <br />Não bastaria a natureza inteira, <br />Não bastaria o Céu par voardes, <br />E prendem-vos assim desta maneira! <br /> Covardes! <br />A luz, a luz, o movimento insano, <br />Eis o aguilhão, a fé que nos abrasa <br /> Encarcerar a asa <br />É encarcerar o pensamento humano. <br />A culpa tive-a eu! Quase à noitinha <br /> Parti, deixei-os sós <br />A culpa tive-a eu, a culpa é minha, <br /> De mais ninguém! Que atroz! <br /> E eu devia sabê-lo! <br />Eu tinha obrigação de adivinhar <br />Remorso eterno! eterno pesadelo! <br />.................................................Bartolomeuhttps://www.blogger.com/profile/08050771950264834903noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-10966841.post-83952425193333879542012-08-02T08:49:53.009+01:002012-08-02T08:49:53.009+01:00O MELRO
O melro, eu conheci-o:
Era ne...O MELRO <br /><br /> O melro, eu conheci-o: <br />Era negro, vibrante, luzidio, <br /> Madrugador, jovial; <br /> Logo de manhã cedo <br />Começava a soltar, dentre o arvoredo, <br />Verdadeiras risadas de cristal. <br />E assim que o padre-cura abria a porta <br /> Que dá para o passal, <br />Repicando umas finas ironias, <br /> O melro; dentre a horta, <br /> Dizia-lhe: "Bons dias!" <br /> E o velho padre-cura <br />não gostava daquelas cortesias. <br /><br /><br />O cura era um velhote conservado, <br />Malicioso, alegre, prazenteiro; <br />Não tinha pombas brancas no telhado, <br /> Nem rosas no canteiro: <br />Andava às lebres pelo monte, a pé, <br /> Livre de reumatismos, <br />Graças a Deus, e graças a Noé. <br />O melro desprezava os exorcismos <br /> Que o padre lhe dizia: <br />Cantava, assobiava alegremente; <br /> Até que ultimamente <br /> O velho disse um dia: <br /><br /><br />"Nada, já não tem jeito!, este ladrão <br /> Dá cabo dos trigais! <br /> Qual seria a razão <br />Por que Deus fez os melros e os pardais?!" <br /><br /><br /> E o melro entretanto, <br /> Honesto como um santo, <br /> Mal vinha no oriente <br /> A madrugada clara, <br />Já ele andava jovial, inquieto, <br />Comendo alegremente, honradamente, <br />Todos os parasitas da seara <br />Desde a formiga ao mais pequeno insecto. <br />E apesar disto, o rude proletário, <br /> O bom trabalhador, <br />Nunca exigiu aumento de salário. <br /><br /><br />Que grande tolo o padre confessor! <br /><br /><br /> Foi para a eira o trigo; <br /> E, armando uns espantalhos, <br /> Disse o abade consigo: <br />"Acabaram-se as penas e os trabalhos." <br />Mas logo de manhã, maldito espanto! <br /> O abade, inda na cama, <br />Ouvindo do melro o costumado canto, <br /> Ficou ardendo em chama; <br /> Pega na caçadeira, <br /> Levanta-se dum salto, <br />E vê o melro, a assobiar, na eira, <br />Em cima do seu velho chapéu alto! <br /><br /><br /> Chegou a coisa a termo <br />Que o bom do padre-cura andava enfermo; <br /> Não falava nem ria, <br />Minado por tão íntimo desgosto; <br />E o vermelho oleoso do seu rosto <br />Tornava-se amarelo dia a dia. <br />E foi tal a paixão, a desventura <br />(Muito embora o leitor não me acredite), <br /> Que o bom do padre-cura <br /> Perdera o apetite! <br /><br /><br />Andando no quintal, um certo dia, <br />Lendo em voz alta o Velho Testamento, <br />Enxergou por acaso (que alegria!, <br /> Que ditoso momento!) <br />Um ninho com seis melros, escondido <br /> Entre uma carvalheira. <br /><br /><br />E ao vê-los exclamou enfurecido: <br /><br /><br />"A mãe comeu o fruto proibido; <br />Esse fruto era minha sementeira: <br /> Era o pão, e era o milho; <br /> Transmitiu-se o pecado. <br />E, se a mãe não pagou, que pague o filho. <br />É doutrina da Igreja. Estou vingado!" <br /><br /><br />E, engaiolando os pobres passaritos, <br /> Soltava exclamações: <br /> "É uma praga. Malditos! <br />Dão me cabo de tudo esses ladrões! <br />Raios os partam! Andai lá que enfim"Bartolomeuhttps://www.blogger.com/profile/08050771950264834903noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-10966841.post-59319688420889593682012-08-02T08:47:15.639+01:002012-08-02T08:47:15.639+01:00Pois fique sabendo, Senhor Professor; aquilo que d...Pois fique sabendo, Senhor Professor; aquilo que diz respeito aos melros, também se encontra envolto em política. E mais! Em religião também, pelo menos, fazendo fé no que escreveu Guerra Junqueiro:<br />(Vá, apanhe lá com este enxerto, se conseguir manter-se no divã, sem pestanejar)Bartolomeuhttps://www.blogger.com/profile/08050771950264834903noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-10966841.post-15032122403920063972012-08-02T01:11:05.564+01:002012-08-02T01:11:05.564+01:00Rainbow,
Já que estamos a falar de melros...també...Rainbow,<br /><br />Já que estamos a falar de melros...também vejo vários da minha varanda. Um dia destes eu estava lá com a Mafalda e ela forma um salto sem eu esperar a tentar apanhar um que passou a voar muito perto. Moro num primeiro andar, é o que me vale:)<br />Não o apanhou, felizmente. Ficou lá em baixo a olhar para mim com "cara de parva" e lá tive eu que ir buscar a "menina"...Dona sofre...:)<br /><br />Esse video é muito bom, já comentei na altura. Merece o sucesso que está a ter.<br /><br />http://www.youtube.com/watch?v=tjOZ8upPXyc&feature=share<br /><br />Fiquem bem:)andorinhahttps://www.blogger.com/profile/00135299308769574190noreply@blogger.com