quinta-feira, março 23, 2006

Sem prolongar desnecessariamente...

Medicamento pode inverter Alzheimer
2006/03/23 | 12:47
Estudo revela que o genérico Donepezilo pode melhorar as faculdades cognitivas dos pacientes em casos mais graves da doença.

Um medicamento com o nome genérico de Donepezilo pode inverter os efeitos da doença de Alzheimer nos pacientes mais gravemente afectados, segundo um estudo publicado esta quinta-feira pela revista médica britânica The Lancet, noticiou a agência Lusa.

O estudo foi realizado por médicos do prestigioso Instituto Karolinska, da Suécia, que compararam o efeito do Donepezilo (disponível em Portugal) em 99 pacientes a quem foi administrado o fármaco durante seis meses e noutros 95 tratados só com um placebo. Todos sofriam de demência severa, uma condição que afecta um em cada cinco doentes de Alzheimer.

«O nosso estudo demonstra que o Donepezilo pode melhorar as faculdades cognitivas e conservar essas funções nos pacientes afectados por Alzheimer grave», afirmam os autores do estudo.

Uma preocupação dos estudiosos de Alzheimer é que os tratamentos com fármacos podem permitir a sobrevivência do paciente num estado de demência e prolongar assim desnecessariamente o seu sofrimento.

«A administração prolongada de inibidores de colinesterase (de que é exemplo este fármaco) não afecta a sobrevivência», dizem os autores do estudo.

No seu entendimento, «este tratamento deveria ser uma opção disponível porque pode ajudar os pacientes em fase avançada de demência sem prolongar desnecessariamente o tempo em que sofrerão de Alzheimer grave».

11 comentários:

andorinha disse...

Sendo eu leiga na matéria, esta notícia deixou-me confusa.
Colocam-se-me algumas questões.
Pelo que entendi, o Donepezilo seria uma boa opção para ajudar os pacientes em fase avançada de demência. Então por que não é utilizado?
"...o genérico Donepezilo pode melhorar as faculdades cognitivas em casos mais graves da doença."
Os danos a nível cognitivo e numa fase avançada da doença são reversíveis ou passíveis de serem atenuados?
Se isso é possível numa fase tão avançada da doença, não seria de investir numa fase mais precoce?
Porquê só numa fase avançada?

maloud disse...

Há algo que impeça os médicos de começarem imediatamente a usar o medicamento? Ou têm que esperar que alguém superiormente se pronuncie? Pelo que percebi já está homologado, portanto não devia haver nenhuma objecção.

deeper disse...

Pela informação que tenho o donipezilo não afecta a sobrevivência do doente e ajuda a melhorar as faculdades cognitivas destes.
Contudo cada caso é um caso e a sua administração deve ser avalaida, pelos efeitos secundários de qualquer medicamento.
Proponho que façam uma busca ne net. Tem muita informação.
Passem bem:).

Vera_Effigies disse...

Boa noite!
Tema penoso, para mim, este....
Só deixar um abraço a todos, ainda que tardio
MJ

Vida Involuntária disse...

Deuses, que já não vinha aqui há tempos e topo que o Alzheimer atacou o MURCON. Longe vão as joviais euforias dos 200 comentários.

QuADRA POP.

Já lá vão Abril e Maio,
Já lá vão estes dois meses.
Já lá vai a liberdade
Com que te eu amava, às vezes.

Sandra Coelho disse...

Bom dia!

A minha avó morreu com Alzheimer. É uma doença horrível, ver a minha avó a degradar-se de dia para dia foi duro. Seria bom tê-la tido mais tempo lúcida mas o resto do corpo também se degrada e eu acho que, no final, ela não tinha consciência do mal que estava e eu acho que prefiro assim. Melhorar as faculdades cognitivas sem conseguir melhorar o corpo, acho que também não tinha sido muito bom. Preferia que me falassem de um medicamento que actua nas fases iniciais.

noiseformind disse...

Penso que este é dos posts em que houve o maior divórcio entre o Boss e o Maralhal e este é um risco que se corre em qq blog, especialmente quando o Postador tem uma pré-imagem tão forte como o Boss tem aqui em nós.
O medicamento em si está à venda no mercado (sob a designação de Aricept), é estupidamente caro (cerca de 100 euros cada caixa de 28, quer tenha 10mg de princípio activo ou apenas metade, o que já diz qq coisa da margem de lucro que a PFIZER obtém com ele) mas julgo que questão aqui é outra, e o Boss dirá se estou assim tão enganado ou não.

Parece-me que o Ju estava a falar da notícia, da atrocidade que é dita pelo meio do anúncio da investigação:

"No seu entendimento, «este tratamento deveria ser uma opção disponível porque pode ajudar os pacientes em fase avançada de demência sem prolongar desnecessariamente o tempo em que sofrerão de Alzheimer grave»"

O que me saltou aqui à vista foi o facto de os investigadores terem usado na mesma análise duas frases perigosamente. "qualidade de vida" e "prolongar desnecessariamente". Então a boa notícia é que o medicamente reverte a condição ou que não "prolonga desnecessariamente"? Sim, que chatice, prolongar a vida, que irritante conceito num medicamento. Pior, qq dia descobrem um que cure e aí então é que vai ser um ainda mais estupidificante prolongamento. A decisão de novo na posse dos médicos, poder devolvido aos "genies in the bottle" da bata branca ; ((((((((((((((((((((((((((((

Mas posso ter acertado ao lado tanto quanto qq um dos anteriores comentadores.

noiseformind disse...

http://www.infarmed.pt/prontuario/mostra.php?origem=ono&flag_palavra_exacta=1&id=309&palavra=Donepezilo&flag=1

Para confirmarem o que digo do preço do medicamento ; (

Moon disse...

"Um crespúsculo no regaço"

É uma velharia tocante (adorei a forma de amar expressa nela) que li e reli porque não digeri à primeira... Não estava familiarizada com a doença e não conhecia ninguém afectado por ela. E só mais tarde a compreendi um pouquinho melhor, quando no enterro do meu cunhado a própria mãe dele, doente de Alzheimer, dizia a chorar em alta voz que tinha muita pena de estar a enterrar o irmão...(!) Fiquei incomodada, desfeita... Não tinha noção que era assim. Como é que alguém podia perder-se tanto? E fui assistindo à sua degradação até vê-la tornar-se quase uma sombra de si própria (ela era cheia de vida).
Quanto ao genérico, espero que a sensibilidade e o bom senso prevaleçam aos interesses politicos.

mtc disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Sandra Coelho disse...

Estamos a falar do Aricept? A minha avó tomou isso desde o diagnóstico até morrer (1,5 anos). Se mesmo assim a evolução foi visível neste tempo e esse medicamento é o topo de gama, então nem quero pensar como correrão as coisas sem ele...
É uma doença horrível. Com ou sem medicamentos.