Alguém morreu. Depois de negar aos amigos uma última visita. Seria arrogante decretar que "teve razão". Limiro-me a dizer que compreendo e acho que faria - ei? - o mesmo: se não podemos evitar deixá-los, ao menos que nos seja concedido o privilégio de escolher o tipo de recordações que lhes deixamos.
29 comentários:
concordo................
"ao menos que nos seja concedido o privilégio de escolher o tipo de recordações que lhes deixamos"
é isso mesmo
jocas maradas de sentires
Isso, Su. Eu também.
jocas maradas de sentires.
Ou então, deixar-lhes espaço para que recriem (imaginando) os nossos momentos finais... que conjecturem: -Será que o gajo se finou de consciência (!?) apaziguada com sigo própria?
-Hmmm... o gajo foi um bocado malandreco e... constou-se que teve um caso com uma criadita em casa dos pais, uma miuda que tinha vindo da província e que ele engravidou, mas com quem não casou, por imposição familiar... e acho que esteve tambem metido nuns negócios esquisitos... dizem que se fartou de ganhar dinheiro de que nunca ninguem soube a origem...
-Um amigo comum disse-me um dia que o gajo estava feito com uns gajos do governo e umas cenas maradas com dirigentes políticos africanos e cubanos... uma salganhada do caraças!
-Ah mas olha que até pode ser verdade, mas tambem não é menos verdade que o tipo tinha muito bom fundo, para alem de estar ligado a obras sociais de caridade, apoiava financeiramente instituições de protecção a crianças orfãs.
-Pá, não quero ser inconveniente, sobretudo neste momento, mas ouvi uns zuns-zuns, que o tipo foi chamado ao ministério público por suspeita de pertencer a uma rede pedófila, acho que ainda fizeram umas buscas a um computador que o gajo tinha refundido numa cave de uma mansão em sintra, dizem que foi o motorista dele que se chibou.
-Dasss, tu não me digas que este caramelo que era tão nosso amigo, se metia nessas cenas!?
-Não sei man, mas uma vez vi eu o gajo a chegar com o iate à marina de cascais e saírem lá de dentro umas 5 ou 6 garinas que aparentavam não ter mais de 18 ou 20 anitos!
- 20 anos!!!???... e eram boas?
- Dahhh... já viste alguma miuda de 20 anos que não seja boa?
- Bahhh... que se lixe... afinal o gajo já está morto...
- Mas afinal(!?), falámos de tudo, menos da saudade que sentimos do nosso amigo...
Lamento...eu julgo que não faria o mesmo, daria aos outros a oportunidade de se despedirem...concerteza que se lembrariam de mim como entendessem(no passado remoto ou recente), que também é direito deles... quem somos nós para determinar as memórias dos outros?? Tenho a certeza que as memórias que deixamos não são bem aquelas que gostariamos(serão detalhes e situações que já nem nos lembramos e que tocaram outros...e não momentos "picture perfect".
É uma opção do foro particular e, como se dizia antigamente, cada um sabe aonde lhe doem os calos.
Não sei...tenho imensa dificuldade em comentar posts deste tipo.
Lido muito mal com a morte, a minha e a dos que me são próximos...
Não sei o que faria, ou farei se me vir numa situação dessas.
Espero poder evitar ter que fazer essa opção. Nem sequer ter tempo de a colocar...
Concordo, ou pelo menos entendo bastante bem (já nem sei):) o ponto de vista da Eva.
Considero até que há um certo egoísmo da nossa parte ao agirmos assim, com a "desculpa" de que queremos preservar só boas recordações. E alivia-nos a consciência, será?
Ao fim e ao cabo foi o amigo que assim decidiu...
"Facilitou-nos" a vida pois se visitá-lo já era algo que não queríamos fazer...:(
Peço desculpa se isto soa de forma crua, mas são vários os sentimentos que me invadem ao ler o post e os comentários.
Não sei quem é o morto/a, mas seja quem for decerto era uma das melhores pessoas do Mundo, apesar de algumas pequenas "coisitas"!!
Não penso muito na morte em si própria, apenas na dor que a poderá anteceder e essa desejava não ter. Se puder escolher...
Apenas desejo que o meu percurso funerário seja o mais curto possível, desde o falecimento ao forno crematório mais próximo e uma só pessoa que recolha minhas cinzas para serem lançadas no mar de águas quentes.
Odeio a hipocrisia e cinismo de Funerais...
Não sei se nos é concedido o privilégio de escolher as recordações que deixamos ou se somos motor de revolta por não termos permitido um último contacto e motivar sentimento de vazio ou de algo eternamente inacabado...
bart.....entras numa de cusca..ninguém imaginou tal.
falamos de sentires e opções e não de tesão à custa do alheio..dasss
carlos...é isso mesmo, cada um tem direito a escolher como quer ser lembrado.
fengkf2008 e tal precisa um 腹切り
obvio se fores capaz............pois
opssss com o stress esqueci das minhas jocas maradas............:)
É Su... parece que de "tolos e cuscos" temos todos um pouco, eu... vou acumulando "os poucos" que os outros rejeitam.
no aproveitar é que está o ganho... dizem.
;)))
A partir de certa idade a malta acha que ja tem direitos de posse sobre o nosso dia-a-dia. E dizer-lhes nao pesa-lhes nao apenas como contrariedade mas como diatribe de quem ja n veem com verdadeira auto-motivacao, de tanto se intrometerem nos seus dias.
Bom dia maralhal.
Faço minhas as palavras da Andorinha. Não lido bem com a morte e não gosto de falar dela.
Mas de uma coisa tenho a certeza; quando morrer vou com umas trombas de palmo e meio toda lixada por ter morrido.
O actor Raul Solnado, de 79 anos, morreu às 10h50 de doença cardio-vascular, informou o Hospital de Santa Maria, onde estava internado. Solnado, conhecido sobretudo pelo talento como humorista, é uma das mais destacadas figuras da cultura portuguesa. (via SIC)
R.I.P.
...Prof.:
...é melhor apagar esses comentários que aparecem com caracteres japoneses pois, dentro deles lêm links perigosos
penso que a verdadeira amizade comtempla a despedida, quando é possível. o estado do corpo não deve ser impeditivo de se despedirem de nós. a morte faz naturalmente parte da vida e quem me tratou bem durante a vida terá direito a despedir-se se a morte vier com aviso prévio.também gosto de me despedir de quem parte.os amigos são para as ocasioes e se eles se querem despedir...
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Não digam que morri. Suspirarei para lá do depois, amarei para lá do adeus, desejarei para lá do impossível.
fiury:
Não podia estar mais de acordo.
Ainda a propósito do tema, deixo aqui um excerto de um artigo de Ernesto Ferreira da Silva que li ontem em A Bola.
"(...) Numa delas, sob o título Tive a sorte de o conhecer, Mourinho, de quem Robson foi mestre e amigo, afirmava não ter falado com ele nos últimos dois meses porque lhe era difícil, porque não queria pensar que ele estava a morrer, porque não era aquela imagem que queria guardar para sempre de Bobby Robson, porque não era aquela voz que queria ouvir.
Curiosamente, em Junho de 2005, já eu tinha lido, salvo erro no JL, afirmações de António Lobo Antunes, com idêntico argumentário, em relação ao seu amigo Eugénio de Andrade, vítima de doença prolongada, como eufemisticamente se diz, em vez de vítima de cancro. Sendo a amizade um sentimento tão nobre como o amor, faz aflição saber que alguns nunca hão-de poder dizer dos amigos: "estive sempre presente com eles nos momentos bons e maus da vida."
Subscrevo integralmente.
Acrescento apenas que reconheço a quem parte o pleno direito de partir como quiser.
Nem concebo que pudesse ser de outra forma.
Se isto parecer contraditório, afirmo desde já que não é:)
Noisito,
A malta só tem "direitos de posse sobre o nosso dia a dia" entre os zero e os quinze:)))
Fora desses limites alguma patologia haverá:))) Loooool
Em quem acha que os tem ou em quem os aceita...
Yulunga,
É giro o que diz, quando tem como pseudónimo um titulo dos "Dead Can Dance" :).
Quanto ao post, penso que denota um grande altruismo querermos nos nossos últimos momentos deixar àqueles de quem gostamos imagens que não os magoem mais, nem deixem ainda feridas mais dificeis de sarar. Assim como aposto que fica sempre muita coisa por dizer, que os outros se calhar acabam por assimilar ao longo do tempo em que nos recordam e nas conversas imaginadas em que nos idealizam talvez formando dessa forma a tal "alma imortal" de que por vezes ouvimos falar.
..já que é inevitável que um enorme pedaço de algo de dentro de nós tenha sido arrancado à força, deixando um espaço que sentimos que ainda tinha tanto para preencher num tempo desejado, esperado, num futuro sonhado. Ficam as recordações e algo mais, que não se desejava...
na minha própria tristeza vos deixo o meu sentido abraço virtual, pelas sentidas palavras lidas neste blog a que não me escuso espreitar mesmo que de passagem tão brevre... e um beijo soprado em brisas leves, por aí ... um prazer, sempre...
seja bem aparecida Lady, isto anda muito chocho sem si e sem a cab...
ponha-se boa!
Form,
Bons olhos te vejam! Tenho saudades dos teus comentários... :-)
Paula,
Pois é... a Cab sumiu do mapa. Cab, onde andam os seus sapatinhos de verniz? :-)
Anda é tudo na boa-vai-ela! ;-) Ou então estão para aí todos a aaaaa...aaaaa....tchim!!! ;-)
:-P
T.
Nuno Guimas
;-)
Mas era suposto por gostar deles a morte não me meter medo?
:) obrigada... virei devagarinho...
beijos
Seria talvez de desejar que fosse mais fácil guardá-los perto e não ter o balde de água fria quando nos lembramos que já cá não estão...
O tema morte, o sentimento de ver alguém partir, a consciência de se saber que daí em diante não se cruzarão mais olhares com essa pessoa... é um tema complicado, peculiar e que, confesso, põe em alerta as minhas memórias.
Não falo de amigos. Falo sim de avós. De uma avó... da minha. Da pessoa que eu mais admiro, da mulher mais corajosa que tive o privilégio de conhecer e com quem tive a honra de privar e de aprender.
Quis o destino que eu não a beijasse uma última vez. Quis o destino que não nos despedissemos. Às vezes pergunto-me: terá sido mesmo o destino ou foi a sua teimosia que o ditou assim?!(neste momento sorrio... sei que ela também está a sorrir).
Fisicamente não a vejo. Mas todos os dias a beijo em pensamento. Sei que, onde quer que esteja, está comigo.
Não acredito em Deus, não é a essa entidade que peço ajuda. É a minha avó que tem esse estatuto. É com ela que me chateio quando algo corre mal, é a ela que agradeço o que de melhor me acontece.
Mas não nos despedimos...
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