quarta-feira, fevereiro 27, 2008

Trinta e seis anos depois...

Iniciei o processo burocrático para a minha reforma antecipada. Mantive-me atento a variáveis fisiológicas e estados de alma e nem um sobressalto. Tinha razão - é tempo; preciso dele.

domingo, fevereiro 24, 2008

E porque não a polícia de choque?

Lojas inglesas instalam repelente para crianças e adolescentes
Dispositivo emite som de alta freqüência que afugenta só menores de 20 anos de idade. Entidades de defesa dos direitos humanos se unem para banir o aparelho do mercado.
Da Associated Press


Um grupo de defesa dos direitos das crianças e outro de defesa dos direitos humanos se uniram na Inglaterra em uma campanha para banir um aparelho de alta freqüência projetado para afastar crianças e adolescentes com mau comportamento de lojas, shoppping e outros estabelecimentos comerciais. O "repelente de crianças" chamado Mosquito emite um som desagradável em alta freqüência que normalmente só é escutado por ouvidos jovens, com menos de 20 anos. "Esse aparelho é uma medida provisória e não ataca a verdadeira causa do problema", disse Al Aynsley-Green, do English Children Commissioner. Em entrevista à rádio BBC, ele disse que as crianças não têm um lugar onde possam se reunir, a não ser as ruas.
"Acho que isso é um sintoma poderoso do que eu chamo de verdadeiro mal no coração de nossa sociedade", disse ele. "Estou muito preocupado. Vejo um imenso buraco entre os jovens e os velhos, o medo, a intolerância, até mesmo o ódio da geração mais velha pelos jovens." Shami Chakrabarti, diretor do grupo de direitos humanos Liberty, apóia a campanha. "Imagine a indignação que seria provocada se fosse introduzido algo que causasse desconforto a pessoas de uma determinada raça ou gênero, em vez de ser algo com as nossas crianças", disse. "O Mosquito não tem espaço em um país que valoriza suas crianças e procura ensinar a elas dignidade e respeito." O inventor do Mosquito, Howard Stapleton, foi chamado para dar informações sobre como usar o aparelho. "Informamos aos proprietários das lojas para usar o aparelho quando tiverem algum problema. Eu ficaria mais que feliz de estabelecer um contrato que estipulasse como ele pode ser usado", disse ele ao jornal "Western Mail".

terça-feira, fevereiro 19, 2008

O horizonte a vinte metros.

Maria,

Domingo, quando me preparava para deixar Cantelães depois do jogo, o céu a caminho de Vieira parecia benfiquista, de tão vermelho. Mas o fogo ao longe tem algo de televisivo e plastificado. Só quando cheguei ao pomar me apercebi das chamas à direita, por trás da casa; vizinhas. Fiquei especado, repetindo um "não" supersticioso. (Como as crianças, que fecham os olhos perante evidências desagradáveis e esperam já não as ver ao abri-los.) A encosta ardia, alguns ramos do lado de cá do caminho iam-se juntando à procissão. Falei à D.Irene, que chegou num ápice, o marido a reboque. E foi ele a espancar as chamas mais atrevidas, eu fiquei bloqueado, mangueira na mão, à espreita do primeiro assalto ao muro. A GNR irrompeu antes dos bombeiros e cumpriu o seu dever - registou a ocorrência antes dela se dar, "é o proprietário? Onde mora? Rua João de Barros...". E o fogo rondava. Esotérica cena... Susto engolido, a D.Irene resumiu tudo numa frase - "estivesse o vento contra e não havia safa!". Já pensaste, Maria? Imagina que tinha partido mais cedo, ver a bola no Porto, como em geral faço. Ninguém teria reparado naquele foco do incêndio, os outros foram em zonas povoadas. Até hoje, o medo era teórico, agora tornou-se um aperto que não mais me deixará. Estou preparado para a minha precariedade. Para a daquela casa, não:(.

Literalmente na merda...

Funcionária gostou de praxe com "estrume na cara"
joão girão
Alunos julgados em Santarém por praxe violenta
Helena Silva"Sempre achei as praxes divertidas e pedi para ser praxada. Eles fizeram-me a vontade e diverti-me muito". O depoimento de Maria Arlete Miranda encerrou a sessão de ontem do julgamento de sete alunos da Escola Superior Agrária de Santarém (ESAS), acusados de praxe violenta a uma aluna, em 2002. Funcionária daquela escola há 22 anos, a mulher contou que os alunos mais velhos a praxaram com "estrume na cara", o que não achou "nada de extraordinário". "Desde que estou na escola que ouço dizer que 'quem não mexe na bosta não se pode considerar um bom engenheiro'", afirmou perante o tribunal, assegurando nunca ter assistido, por parte dos alunos, a qualquer tipo de excesso nas praxes. Foi também isso que alegaram, ao tribunal, outros seis alunos daquela escola. As brincadeiras com bosta de vaca eram, na opinião de todos, uma prática vulgar nas praxes, decorrendo há décadas e que ainda se mantêm. Desta forma, disseram, "os caloiros são confrontados com o seu futuro porque, no fim do curso, é nesse ambiente que vão trabalhar". Sónia Silva, actualmente já formada, contou que a sua praxe foi "ter que empurrar bolas de bosta com o nariz". Uma situação que, de início, a chocou. "Mas estava numa escola agrícola e a tradição era essa por isso, entrei na brincadeira", explicou. A ex-aluna afirmou ainda estar convicta de que qualquer caloiro que se recusasse a cumprir tal tradição não viria a ser penalizado por isso. O mesmo afirmaram os restantes alunos. Sobre a aluna que, em 2002, foi praxada com bosta de vaca - e que veio a apresentar queixa - duas das testemunhas alegaram tê-la ouvido dizer que pretendia declarar-se anti-praxe por vontade da sua mãe. Respondendo às sucessivas perguntas dos advogados e do Procurador do Ministério Público, os jovens foram contando que "ninguém obrigava os caloiros a fazer o que não fosse da sua vontade", que "os veteranos tratavam cordialmente" os recém-chegados à escola (mesmo que o código da praxe dissesse o contrário) e que "os caloiros não tinham autoridade para praxar outros caloiros". O julgamento prossegue no dia 13 de Março.

domingo, fevereiro 17, 2008

:). Sem dúvida!

Profs....a culpa é deles!(Texto de Ricardo Araújo Pereira)
Neste momento, é óbvio para todos que a culpa do estado a que chegou oensino é (sem querer apontar dedos) dos professores. Só pode serdeles, aliás. Os alunos estão lá acontragosto, por isso não contam. O ministério muda quase todos osanos, por isso conta ainda menos. Os únicos que se mantêm temposuficiente no sistema são os professores. Pelo menos os que vãoconseguindo escapar com vida.É evidente que a culpa é deles.E, ao contrário do que costuma acontecer nesta coluna, esta não é umaacusação gratuita. Há razões objectivas para que os culpados sejam osprofessores.Reparem: quando falamos de professores, estamos a falar de pessoas queescolheram uma profissão em que ganham mal, não sabem onde vão sercolocados no ano seguinte e todos os dias arriscam levar um banano deum aluno ou de qualquer um dos seus familiares.O que é que esta gente pode ensinar às nossas crianças? Se elespossuíssem algum tipo de sabedoria, tê-Ia-iam usado em proveitopróprio.. É sensato entregar a educação dos nossos filhos a pessoas comesta capacidade de discernimento? Parece-me claro que não.A menos que não se trate de falta de juízo mas sim de amor ao sofrimento.O que não posso dizer que me deixe mais tranquilo. Esta gente opta porpassar a vida a andar de terra em terra, a fazer contas ao dinheiro ea ensinar o Teorema de Pitágoras a delinquentes que lhes querem bater.Sem nenhum desprimor para com as depravações sexuais -até porque sofrode quase todas -, não sei se o Ministério da Educação devia incentivareste contacto entre crianças e adultos masoquistas.Ser professor, hoje, não é uma vocação; é uma perversão.Antigamente, havia as escolas C+S; hoje, caminhamos para o modelo deescola S/M. Havia os professores sádicos, que espancavam alunos; agorao há os professores masoquistas, que são espancados por eles. Tomandosempre novas qualidades, este mundo.Eu digo-vos que grupo de pessoas produzia excelentes professores: o povocigano.Já estão habituados ao nomadismo e têm fama de se desenvencilhar bemdas escaramuças. Queria ver quantos papás fanfarrões dos subúrbios iampedir explicações a estes professores. Um cigano em cada escola, é aminha proposta.Já em relação a estes professores que têm sido agredidos, tenho menosesperança.Gente que ensina selvagens filhos de selvagens e, depois de seragredida, não sabe guiar a polícia até à árvore em que os agressoresvivem, claramente, não está preparada para o mundo.Ricardo Araújo Pereira in Opinião, Boca do Inferno, Revista Visão

quinta-feira, fevereiro 14, 2008

Cegueira, mecanismo de defesa, resposta politicamente correcta?:).

O amor é realmente cego, comprovam cientistas dos Estados Unidos
Apaixonados tendem a não reparar em outras pessoas atraentes ao seu redor.É como se o sentimento servisse de tapa-olho, diz pesquisadora.
Da Reuters
O amor é realmente cego, ao menos quando uma pessoa apaixonada olha para outro alguém que não o objeto de seu amor, afirmaram pesquisadores dos EUA.
Estudantes de faculdade que afirmam estar apaixonados possuem chances menores de notar a presença de outros homens ou mulheres atraentes, descobriu uma equipe de cientistas da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) e do site de encontros amorosos eHarmony.
"Sentir amor por seu parceiro parece tornar todas as outras pessoas menos atraentes, e esse sentimento parece trabalhar de forma bastante específica, permitindo que essa pessoa elimine de sua mente os pensamentos a respeito do outro alguém atraente", afirmou Gian Gonzaga, do eHarmony, cujo estudo foi publicado na revista Evolution and Human Behavior.
"É quase como se o amor colocasse um tapa-olho nas pessoas", acrescentou Martie Haselton, professora associada da UCLA nas áreas de psicologia e estudos da comunicação.
Gonzaga e Haselton pediram que 120 universitários heterossexuais e compromissados avaliassem fotos de membros atraentes do sexo oposto tirados do site eHarmony.
Os voluntários eram instados então a escolher as fotos mais atraentes, e escrever um texto sobre ou o atual parceiro deles ou sobre um assunto qualquer.
Enquanto escreviam, os pesquisadores pediam que os estudantes esquecessem os "bonitões" e as "gatinhas" do site e que, no entanto, colocassem uma marca às margens do texto caso acontecesse de pensarem nas fotos com as pessoas atraentes.
Os voluntários que escreveram sobre seus parceiros apresentaram chances seis vezes menores de admitir que pensavam nas fotos do que os voluntários que escreveram sobre um assunto qualquer.
Mais tarde, quando instados a lembrar das pessoas bonitas presentes nas fotos, os universitários que escreveram sobre seus parceiros citaram um número menor de detalhes físicos daquelas pessoas.
"Essas pessoas conseguiam lembrar-se da cor da camiseta ou se a foto tinha sido tirada em Nova York, mas não se lembravam de quase nada de atraente a respeito da pessoa", afirmou Gonzaga.
"Ou seja, não é toda a memória que fica prejudicada. É como se esses estudantes tivessem pré-selecionado as coisas que os fariam pensar sobre o quão atraente aquela outra pessoa era."

quarta-feira, fevereiro 13, 2008

Isto é que é protecção!

Romeno reclama de gemido de boneca inflável e sex shop é multado
Boneca havia parado de 'gemer' e esvaziava muito rápido.A loja foi multada em 600 libras e o homem recebeu um novo produto.
Autoridades de proteção ao consumidor da Romênia receberam uma reclamação inusitada: um consumidor estava indignado pois sua boneca inflável havia 'perdido o gemido', noticiou o site Ananova nesta semana.
Confirmado o defeito na boneca, o sex shop de Brasov, na Transilvãnia, foi multado em 600 libras (cerca de R$ 2 mil) e obrigado a dar uma nova boneca ao comprador. O homem, que segundo o site tinha por volta de 40 anos, também reclamou que o produto esvaziava muito rápido. Iulian Mara, chefe do centro de proteção ao consumidor, disse que "não importa o quanto a reclamação pareça estranha, nós fomos ao sex shop onde o homem comprou o objeto e vimos que ele estava certo." Segundo Mara, "a boneca estava perdendo ar rapidamente e devido a falhas no sistema elétrico não fazia os sons específicos esperados."

quinta-feira, fevereiro 07, 2008

Porto.

Maria,
Céu aberto a um azul tão longo que se misturava com o de águas já curvas e as gaivotas em terra. Como estátuas, Pena Ventosa acima - que tormenta as perseguia? E porque se encarniçavam naquela invocação feroz do meu olhar? Maria, montavam guarda. Não viradas para fora da cidade, mas para dentro; não receosas da ira da Natureza, mas compungidas pelo desleixo dos homens. Cada uma velava, acusadora, um telhado desfeito do meu Porto. E são tantos...:(. Clandestinos; escarranchados sobre águas-furtadas que apenas adivinhávamos quando íamos pelas ruelas ao Domingo de manhã; margens feridas do céu que espreitava para lá da roupa a secar; cascos esventrados fugidos para os mastros de navio macambúzio em doca seca; cicatrizes que já nem recordam o sangue esvaído. Subi a um terraço da Rua das Flores, Maria, e vi cascata em ruínas jorrar de uma Sé lívida de asco, vergonha e espera inúteis. E as lágrimas que me turvaram os olhos serviram de tiro de partida ao voo das gaivotas. Que não as confundiram com promessa de chuva, mas tomaram como testemunhas de que eu percebera - a tempestade em terra não abrandará com uma simples mudança de vento...

terça-feira, fevereiro 05, 2008

Terça-Feira de Carnaval.

Velório, enterro, abraço aos amigos, um frio na alma que se ri das boas-vindas no termómetro de parede. A minha geração cumpre os rituais de morte com rostos cada vez mais fechados. Por solidariedade firme e triste e crescente aversão ao cinzento de lápides, jazigos e impermeáveis. Mas não só. Uns exorcizam-no, outros calam-no, todos o sentem - há um vento gélido e caprichoso que faz uma gincana, obscena por divertida, enquanto o cortejo arrasta os pés. E zune, ameaçador. Como se cantarolasse a ladainha de infância: "pim-pam-pum, cada bola mata um, prá galinha e pró peru, quem se lixa és tu". Por isso nos abraçamos com angústia, prometemos jantar próximo, actualizamos números de telemóvel. E outra voz longínqua se faz ouvir, à medida que os automóveis arrancam: "mais uma voltinha, mais uma corrida!". Quem entrará na box a seguir?