quarta-feira, novembro 23, 2011

A céu aberto.

A solidão é o mais fiel dos espelhos. Sublinha a nossa imagem e reduz a dos outros ao exílio das recordações. E assim corta as goelas a preguiçosos álibis...

sábado, novembro 19, 2011

Fim-de-semana e de vida.

Maria,

Cantelães. As saudades da árvore de meus Pais, que se entretém a crescer enquanto me espera, impaciente. E eu, sempre megalómano!, aspiro ainda a um vislumbre do raio verde antes de mergulhar no repouso do crepúsculo.

quinta-feira, novembro 17, 2011

Os amigos.

Maria,

Fui gravar o Hotel Babilónia com o João Gobern e o Pedro Rolo Duarte. Cansado, como vem sendo habitual. Mas primeiro encontrei a Madalena Balsa, que já não via há um ror de tempo e se me pendurou no pescoço, gentil, "Professor...". E os dois patifes, Maria! A fadiga desapareceu num ápice, os três partilhamos amor longo - a rádio. Sempre tive uma relação muito boa com o Pedro, "assombrada" por outra, anterior e muito querida - com a Mãe dele. Que acreditou estar eu à altura de um programa tão exigente como o "Carlos Cruz Quarta-Feira", o Sexualidades começou nessa tarde. Os Rolo Duarte são gente cá de casa, como diria o Bénard. O João... O João definiu como ninguém o objectivo utópico de O Sexo dos Anjos, chamou-lhe um dia "a erotização da Palavra". Sem o sabermos, os três aspirávamos a isso - não a falar de sexo, mas a transformar cada triálogo numa experiência de prazer global, epidérmico, repetidamente irrepetível. Lembro-me de o (não) ver na redacção do Sete, escondido por montanhas de discos, sabedor da minha paixão por Neil Young, "já ouviu o Unplugged?". O olhar entre o escandalizado e o condoído, "ouça, tem uma versão espantosa de Like a Hurricane". E eu saí disparado mas sem dúvidas, opinião dele nunca esbarrara em desacordo meu, a canção despida de electricidade era... electrizante! Foi tão bom, Maria. Para ser perfeito só faltou encontrar o sorriso doce e o espetado polegar do Zé Gabriel à saída. E poder contar-te a gratidão que lhes dedico de viva voz...

segunda-feira, novembro 14, 2011

A outra almofada.

Maria,

Que o meu ombro viaje para Inglaterra e nele adormeças segura, menininha. Boa noite.

P.S. Apesar do Álvaro garantir que em 2012 teremos o princípio do fim da crise, mandei-o pela Ryanair. O dinheiro está caro e gosto de pensar que o exigirás mais vezes...

domingo, novembro 13, 2011

Melancólico...

... é o alívio de presenciar a saída (?) de cena deste inenarrável Berlusconi. Como foi possível, numa democracia, serem os mercados e não os votos a afastá-lo?:(.

quarta-feira, novembro 09, 2011

Um adeus civilizado.

E o coração dela não disparou ao ouvi-lo dizer que viria. Sempre fora pessoa de decisões fáceis mas confrontos difíceis, não lhe apeteceu separação falada e sofrida, pela primeira vez compreendeu quem antes criticava - por sms é menos doloroso. Jamais lho faria... Tomar a decisão, mas deixar-lhe a responsabilidade de fechar portas e bocas - conhecia-o tão bem! - prezava a Estética tanto como a Ética. Nessa noite recebeu-o de pijama e pantufas, deu férias às lentes de contacto e poupou ao lume as batatas, que endureceram como o seu coração. Ele chegou, viu e calou. Nunca mais apareceu. E ela cumprimentou-se - por escolher homem errado, mas inteligente.

segunda-feira, novembro 07, 2011

Ressaca.

Maria,

Outubro foi tão pesado que acabou a cinco de Novembro... E no dia seguinte, quase a medo, supersticioso, arrisquei comprar um romance. Meia-dúzia de páginas lidas, prazer da leitura reencontrado depois de tantos meses, palavras tuas, desalentadas, regressam a casa - "chega-te não morrer nessas maratonas, desgraçado, pensa no que fica por viver!".

Sem ti...