quinta-feira, outubro 08, 2009

Associação livre.

Bartolomeu levanta uma questão interessante - e quando o pássaro volta? Confesso que alucinei sobre ave sem retorno, mas compreendo a dúvida, há amores que regressam. Intocados? Por outros alguéns ou pelo que os levou a deixar-nos? Se por outros alguéns, como reagimos nós? Depende do que sentiram ou fizeram? Nós homens, temos reputação de reagir de forma diversa quando quem amamos conheceu alguém no sentido bíblico do termo:). E no entanto há paixões vestidas, até longínquas!, que modificam - às vezes para sempre... - o olhar de quem volta. Pobres de nós quando nos batemos contra essas rivais - castas na Carne, sem esperança ou desejo de cura para o delírio que lhes rói e salva o espírito.
Em outras ocasiões não houve ninguém entre nós e nós. Mas o que fez voar o pássaro, impotente embora para evitar o seu regresso, chega e sobra para o manter em guarda. Contra nós, que porventura o magoámos, mas também contra si mesmo, que baloiça entre o alívio deliciado e faminto por nos reencontrar e uma sensação amarga de cedência, por acreditar piamente que o não merecemos ou amamos bem. Quando existe tal ambivalência, a bonança que sucede à tempestade anuncia nova tormenta...
Compreendo a parcimónia de Bartolomeu em face de aves migratórias. E contudo, quantos se podem gabar de nunca ter consultado relógio de pulso ou calendário, na esperança de ver alguém pousar de novo na área bem pouco protegida do seu peito:)?

27 comentários:

andorinha disse...

A Cêtê bem que tinha razão...:)

"Intocados?"
Isso talvez não, penso ser difícil. Mas para mim isso não é necessariamente negativo.
Deverá haver apenas um período de adaptação à nova plumagem, ao novo trinado...
Se voltou por alguma razão foi, ainda que fosse tão somente por ter concluído que os outros amores foram piores:)))))))

Só uma rectificação: depois de me ter escutado, o Bartolomeu já não tem qualquer parcimónia em relação a aves migratórias.
Fica a correcção feita. A verdade acima de tudo:)

Amanhã volto. Os meus neurónios recusam-se a fazer serão...:)

Yolanda disse...

Ainda estou na fase de ave impotente e despeitada (tudo muito recente), mas tenho aves amigas que me ajudam a manter na rota de migração.
Ás vezes deixo-me ir. Mas vou sózinha. Estou demasiado cansada. Tão cansada que nem mostro o peito (não vá alguma ave querer parar nele).

eupropria disse...

Se são passaros é para voar e nao para estar em gaiolas. Relembrei a história da menina, do passaro e da gaiola....

Anfitrite disse...

Não falemos de penas, falemos de pele e de sentimentos:

Atrás da Porta
Elis Regina

Quando olhaste bem nos olhos meus
E o teu olhar era de adeus
Juro que não acreditei, eu te estranhei
Me debrucei sobre teu corpo e duvidei
E me arrastei e te arranhei
E me agarrei nos teus cabelos
Nos teus pelos, teu pijama
Nos teus pés ao pé da cama
Sem carinho, sem coberta
No tapete atrás da porta
Reclamei baixinho
Dei pra maldizer o nosso lar
Pra sujar teu nome, te humilhar
E me vingar a qualquer preço
Te adorando pelo avesso
Pra mostrar que ainda sou tua

Composição:
Chico Buarque/Francis Hime

http://www.youtube.com/watch?v=WwxdydRpjFw

Anfitrite disse...

FDL,
Então agora virou amigo do Rumsfeld?!
Até já arranjou uma gripe sem sintomas, para ainda se vender mais Tamiflu?

Bartolomeu disse...

Oh minha amiga Andorinha... «se não consegues vencê-los, junta-te a eles»
;)))
Diz o rifão.
E... pior que a incapacidade de fingir, penso que seja a solidão.
E o ser humano não existe na solidão, definha, azeda e socumbe. A menos que consiga atinjir o "nada" e estabelecer a ligação directa com o cosmus... nesse caso...
Mas... importantes são as «desfolhadas» que o Professor J M apresenta neste post. (saltei dos passarocos para o milho, porque me recordei daquele outro ditado que diz: o primeiro milho é dos pardais, assim, mantemo-nos dentro do contexto).
A cena, ou seja o buzilis, encerra naquela "alegoria"...«Em outras ocasiões não houve ninguém entre nós e nós» o cerne da questõe.
É que... entre nós e nós, dificilmente admitimos outro corpo... estranho.
;))))))

CF disse...

E a andorinha qd volta, volta porquê? Volta porque sente que sim, ou porque do outro lado sente que não? Acho possíveis as voltas. Com cuidado. São sempre susceptíveis de más interpretações. Ou interpretações dolorosas, mas verdadeiras. Ou então são mesmo genuinas. Onde o outro faz verdadeira falta, e tudo se põe atrás das costas. Parecem-me raras estas. Digo eu.

Anónimo disse...

Tudo o que se experimenta nos acrescenta. E se regressamos não somos os mesmos. E é sempre a primeira vez. Se somos os mesmos não é recomeçar, são cenas dos próximos capítulos, e nada de novo a esperar. No entanto, quem anda para trás é caranguejo. E mais vale começar do que recomeçar. Mas tudo isto é Mar…

Fora-de-Lei disse...

Bolas, nunca vi tanta passarada tão desorientada. Se não conseguem encontrar o (vosso) norte, aprendam com a Águia Vitória que nunca se perde e está sempre pronta para dar umas bicadas valentes. Ou então façam uma "regressão por hipnose". Pode ser que apareça uma prótese no lugar das asas que, algures no tempo, vos foram cortadas...


Anfitrite 4:06 AM

"Então agora virou amigo do Rumsfeld?!"

Chiça, penico, chapéu de coco... amigo desse gajo NUNCA! A propósito de amigos, vi o Zé, o agora amigo do "monhé", a andar de bicicleta no troço da ciclovia Benfica-Alvalade. Lá ia ele todo feliz, mais uma cambada de "amigos". Agora que lhe tirei o retrato de perto, julgo ter ficado a perceber essa sua (dele) tendência para mudar de amigos como quem muda de camisa...

Sandra disse...

Todas estas dissertações fizeram-me lembrar uma música bem conhecida (cantada por Doris Day, Pink Martini, etc), que retrata bem aquilo em que acredito:

Que Sera Sera

When I was just a little girl
I asked my mother, what will I be
Will I be pretty, will I be rich
Here's what she said to me.

Que Sera, Sera,
Whatever will be, will be
The future's not ours, to see
Que Sera, Sera
What will be, will be.

When I was young, I fell in love
I asked my sweetheart what lies ahead
Will we have rainbows, day after day
Here's what my sweetheart said.

Que Sera, Sera,
Whatever will be, will be
The future's not ours, to see
Que Sera, Sera
What will be, will be.

Now I have children of my own
They ask their mother, what will I be
Will I be handsome, will I be rich
I tell them tenderly.

Que Sera, Sera,
Whatever will be, will be
The future's not ours, to see
Que Sera, Sera
What will be, will be.

Se mergulharmos francamente dentro de nós próprios, se encararmos como somos na realidade sem imposições sociais (só para nós), determinados receios deixam simplesmente de existir e conseguimos lidar melhor com determinadas situações...em nós e nos outros.
(Depois de ler parece-me confuso e não sei se consegui transmitir o que penso...mas às vezes é complicado verbalizar sentimentos.
:)

Bartolomeu disse...

Existimos, reflexo de um "mundo" construído pelos nossos sentidos... é isso Sandra!
;)

A Menina da Lua disse...

Pois é Professor! após regressos nada volta a ser como antes...e com poucas hipóteses de ser para melhor...

"Contra nós, que porventura o magoámos, mas também contra si mesmo, que baloiça entre o alívio deliciado e faminto por nos reencontrar e uma sensação amarga de cedência, por acreditar piamente que o não merecemos ou amamos bem. Quando existe tal ambivalência, a bonança que sucede à tempestade anuncia nova tormenta..."

Contudo penso que podem haver outros regressos...Quando o sentimento tiver a sorte e o espaço para ainda permanecer, tornar-se-á possível o regresso mas agora vestido com outras roupagens como sendo a amizade que no fundo é um outro amor desinteressado de retornos...porem o passado vivido em comum torna esta amizade particular e em nada comparável às demais. Por isso eu costumo dizer e principalmente quando há filhos comuns, que um ex marido é um grau de parentesco distinto que tem a sua própria particularidade e importância:))


Gostaria tambem de aqui deixar o meu regozijo pela atribuição do Prémio Nobel da Paz 2009 a Barack Obama, que segundo a Fundação sueca do Nobel o merece pelos:
"seus extraordinários esforços de reforço da diplomacia internacional e cooperação entre povos, capturar a atenção de todo o mundo e dar ao seu povo esperança para um futuro melhor".

Laura disse...

Professor, adorei ver o seu amigo Manuel Sobrinho Simões na entrevista da RTPN (programa "Navegadores").
Só uma pessoa muitíssimo inteligente consegue ter aquela capacidade de genuína modéstia, sendo, ainda por cima, quem é.
Uma personalidade encantadora, (imagino eu).
É nestas alturas que fico consolada, porque comprovo aquilo que sempre pensei - e que aliás me transmitiram desde criança. As pessoas verdadeiramente superiores não têm ponta de vaidade ou de narcisismo, são grandes e lúcidas demais para cairem nessa:):)

Anónimo disse...

“E contudo, quantos se podem gabar de nunca ter consultado relógio de pulso ou calendário, na esperança de ver alguém pousar de novo na área bem pouco protegida do seu peito:)?”

Soube agora. Alguém, a meio da vida, morreu sem aviso. A esperança, de ver alguém pousar de novo, pode ser assim interrompida e fica-se a olhar para o relógio ou calendário ou … não.

Cê_Tê ;) disse...

Pázinhos (plural de pá)
(Apaguei a minha associação livre porque era tão rica como óbvia ;)))) Mas que é um bom exercício... é.
E o mais engraçado é que mesmo quando se disparata para "disfarçar" é tanto ou mais revelador. Tentem ;P)
Eu comecei por "ave"...

bfds
;)

andorinha disse...

Oh Bartolomeu,

E eu a pensar que tinha sido convincente, afinal...:(
Assim não vale, nunca mais te falo.

:))))

FDL,

"...aprendam com a águia Vitória que nunca se perde..."

Ai perde, perde...já a vi meia atarantada:)

Mas voltando ainda ao tema do post.
Por vezes o pássaro voa porque quer tão só explorar outros céus, outras paragens, outros ramos.
Uma amiga minha namorava há sete anos. A relação estava ultimamente sem chama, parecendo ter atingido um beco sem saída, tão estreito que nem sequer era possível fazer inversão de marcha...:)
Ela optou por voar para outras paragens. A vida profissional também estava "bloqueada" e ela foi para o estrangeiro.
Isto foi há dois anos. Por lá continua, pois encontrou emprego
Encontrou também vários amigos, amores, curtições de um dia ou de uma semana...enfim, viveu.
Veio cá nas férias e está outra mulher. Cresceu, amadureceu, ganhou toda uma experiência de vida que não tinha e, é este o cerne do meu comentário, sentiu/percebeu lá em Barcelona que o ex-namorado era o tal. Era nele que pensava quando se sentia triste, quando queria partilhar uma alegria; contou-me que recordava imensas vezes os bons ou maus momentos que havia vivido com ele.
Houve uma reaproximação,reataram
e para já, (não estou a agoirar nada):) tudo está a correr bem.
Os olhinhos dela brilhavam ao contar-me isto. Como ela me disse, "soltou-se" e agora a relação está melhor, mais apimentada, mas o essencial é que ela percebeu que é na relação deles que vale a pena apostar.
O pássaro que cá ficou tem agora novas cores, mais brilhantes e apelativas.:)

Se ela não tivesse agido assim, a relação estava condenada ao fracasso e era pena porque eu acho que aqueles dois foram feitos um para o outro:)))))))))

Isto não é historieta de telenovela e sei bem que nem todos os casos terão este final risonho. Este teve, também porque o rapazinho:) se portou à altura.
Nem ponta de ciúmes, aparentemente, nem recriminações.

Não concordo por isso que se afirme que quando o pássaro regressa se mantem em guarda, ou de pata atrás:) nem que exista forçosamente a tal ambivalência de sentimentos.
No caso que contei quem se poderá sentir de certa forma mais inseguro será ele, pensando eventualmente se não quererá ela algum dia levantar voo de novo.

Mas entretanto nenhum dos dois se dedica a estas ruminações, dedicam-se a saborear uma relação reconstruída. Ela continua em Barcelona e ele cá.

Moral da história: o amor sobrevive com mais pujança quando os pássaros vivem em gaiolas separadas:)

E pronto, era isto que queria contar...

Bom fds:)

Bartolomeu disse...

Bahhh!!!
Tambem, nunca falaste... diriges-te sempre a mim por escrito. E nem sequer conheço a tua caligrafia.
Pode haver algo mais deprimente, Andorinha?
;))

Su disse...

..ops..não me gabo de nada..pois


jocas maradas ........de tempo.....de voos..........de.......

Bartolomeu disse...

Voltando-me para o tema da história do teu comentário, Andorinha...
Se contasses a história da tua amiga a um tipo do inicio do século passado, ele não acreditava, se contasses a um de meados do século, ele abanava a cabeça e respondia tzzz...tzzz. Como estás a conta-la a tipos do presente, estamos todos um pouco como aquele maralhal que se junta à volta de um acidente a que não assistiram e que vão debitando culpas quer a um quer a outro condutor.
Ora bemzes, o segredo, a chave, a receita, o feitiço para que uma relação resulte naquilo que ambos desejam, é a igual à que faz com que um determinado tipo, ou tipa, se torne num rei, ou num vagabundo... um pequeno nada (tal e qual canta o Joãozinho Helton, alem de que, é necessário que ambos desejem o mesmo.
Talvez os teus amigos desejassem o mesmo e esse mesmo se tenha transformado em outro mesmo que ambos descobriram que desejavam depois do anterior mesmo ter sucedido. Aquilo que tu dizes... perdão, que tu escreves, é que desejas (sem agoirar) que ambos continuem com os desejos sintonizados.
Porreiro pá!
;)))

Caidê disse...

Era uma vez uma ave-miúda a bater as asas na sua primeira migração. Veio a tempestade que lhe estilhaçou a quilha com que julgava poder voar sem cansaço e sem embaraço. Via-se no espelho dos líderes do seu grupo e assim aumentadas via também as suas forças para a viagem. Trovoadas, ventos, julgava sabê-los e não temia. A força das asas não definhava, consequente de não saber. Vieram nortadas e resistiu.
Até que a força do ar que sobrevoava a lançou de penhasco em penhasco. É verdade que um dia lá chegou ao fim da sua primeira migração, mas perdida do grupo teve de construir líderes de ficção, para ser ensinada para seu governo. Custou a chegar o dia em que sim, se sentia pronta para retornar. Afinal, passara mais de metade da sua curta vida a crescer. Não retornava ao passado, porque era outra sendo a mesma. Retornar não resumia toda a sua expectativa, mas, sim queria retornar ao trajecto estrelado de que se desviara. Caso aí encontrasse algo de menor do que esperava, algo menor do que se fizera, ainda teria mais migrações, assim se mantivesse com vida e fagulha para levar a vida.

andorinha disse...

Bártolo meu:)

Queres conhecer a minha caligrafia? Para quê?
Que desperdício!
Tenho coisas mais interessantes para conheceres:))) Loooool

Acabada de acordar, só digo...perdão, escrevo, disparates...:)

Quanto ao que escreves, tenho apenas a afirmar que não dei receitas, porque não as há.
Contei apenas um caso.
Claro que os dois desejavam o mesmo ou nada do que aconteceu teria sido possível.
Portanto, e para concluir a minha "dissertação", penso que estamos basicamente de acordo.


Caidê,

"Não retornava ao passado, porque era outra sendo a mesma. Retornar não resumia toda a sua expectativa, mas, sim queria retornar ao trajecto estrelado de que se desviara. Caso aí encontrasse algo de menor do que esperava, algo menor do que se fizera, ainda teria mais migrações, assim se mantivesse com vida e fagulha para levar a vida."

A minha amiga está aqui retratada na perfeição! Até parece que a conheces!:)))

Mas é como dizes, sem dúvida.

Bartolomeu disse...

Não duvido mínimamente que possuas "coisas" tão ou mais interessantes que a tua caligrafia, passíveis de as desejar conhecer, Andorinha.
Não imagino quantas, ou quais, seria como assistir a um filme, conhecendo antecipadamente o argumento, se o desejasse fazer.
E... claro que estamos de acordo, mesmo que eventualmente discordássemos, e... o caso que apenas contaste, é o exemplo disso mesmo. Foi preciso acontecer a discordia, para que ambos descobrissem a concordia... concordas?!
;))))

noiseformind disse...

Hoje em dia e dificil treinar pombos-correio capazes de levantarem interdicoes a voltar ao lugar onde foram (e nos fizeram) felizes. O ser humano medio (tirando as prostitutas que se ofereciam e se oferecem aos homens a justo preco) tem por estes dias muito mais seres na cama do que aquilo que e emocionalmente aceitavel ter no cerebro, que aquela historia do coracao sentir e treta, dado que o bicho nao tem um so neuronio.

E ha um problema que Van der Voort ainda ha pouco tempo discutia num paper: o mundo actual beneficia a busca de avatares sobre a busca de seres humanos. Ou seja, ja nao e o problema da "compatibilidade de defeitos", discutida ao longo de tantos anos, mas sim o problema de as pessoas, ao estarem socialmente colocadas em terrenos quantativamente mais ferteis ja nao procuram exactamente uma pessoa mas um ser ideal, e poortanto virtual, de carinho e afectividade que ultrapassa em muito a sua real capacidade de investir.

Antigamente quando alguem procurava uma companhia ideal diziamos que a pessoa delirava, agora dizemos que e uma questao de tempo porque ha 300 milhoes de pessoas no Hi5 e 45 milhoes de pessoas no Badoo e temos o Bluetooth para nos metermos com desconhecidos em esplanadas.

O que nao e verdade.

Foda-se! O que eu nao dava por ter casado com a primeira miuda que beijei, o que implicaria provavelmente namorar com ela uns 15 anos desde que isso foi aos 9. Nessa altura eu ainda era um daqueles seres humanos antigos para quem uma desculpa nao era uma forma de as pessoas baterem com a porta mas uma forma de iniciar um processo de reconstrucao. Um tempo obscuro em que realmente as pessoas desenvolviam interesses comuns, em vez de fingirem fazer isso enquanto nao dao umas quecas.
Um tempo tao distante e tao absurdamente lento em que se passava dias sem comunicar sem que isso fosse motivo de iradas mensagens de subita desconfianca e neurose.
Eu fui desse tempo por uns tempos, e troquei isso tudo por um tempo que achei ser o meu tempo e meus caros, estou arrependido. Porque agora vivo num mundo em que a pessoa com quem acordamos (e ai ja estou a assumir passar a noite com, o que para a malta nova ja e quase pornografico) pode muito bem nao ser a pessoa com quem nos deitamos na noite a seguir, e nao estou so a falar dos conjugues infieis que inventam fds no trabalho.

Regressos, hoje em dia? Em seres muito solitarios, talvez. Ou em momentos nocturais de culpa ou saudade mais embevecedora.

Mas para a criatura humana normal a solucao esta um pouco assim como a das cabras montesas, saltar sempre para o desconhecido, nao querendo assumir responsabilidades passadas. Para elas nao ha transumancia possivel, nem terrenos virtuosos de montanha com ares rarefeitos da mesquinhez em que jogamos os nossos afectos terrenos. Ha apenas uma consulta de um perfil, uma mensagem banal e toda a banalidade que dai consequencia...

andorinha disse...

Bartolomeu,

Concordo, acho que sim...estou cheia de sono:))))

Miúdo,

Que raio de post tão desencantado e pessimista!

"Eu fui desse tempo por uns tempos, e troquei isso tudo por um tempo que achei ser o meu tempo e meus caros, estou arrependido."

E isso é irreversível?!
Não tens capacidade de decisão?
Não construimos nós em grande medida o mundo em que queremos viver no que toca a relações afectivas?
De que serve o arrependimento se não se tira proveito dele para inverter a situação?

Quanto aos regressos, há sim e não forçosamente em seres solitários.
Conheces a amiga que referi, aliás já bebemos umas valentes caipirinhas juntos e de solitária ela não tem nada, como bem podes imaginar...:)
Mais uma vez se comprova que todas s generalizações são abusivas...

Take care!:)

Cê_Tê ;) disse...

Trabalhe duro!
Milhões de pessoas
que vivem do Rendimento Mínimo,
sem trabalhar, dependem de você.

Votos de uma boa semana ;)))

Cê_Tê ;) disse...

Noise- foi talvez a 1.º vez que vi a "alma". Gostei de o ler. ;)

Caidê disse...

Se escreves e a tua alma se solta por momentos, e te revês nessa alma liberta de ti, do tu que és em quotidiano, então sentes que existes para ti, numa existência que não se deixa agrilhotinar pela materialidade dos teus dias presentes ou passados.
Na transparência dessa comunicação entre ti e a alma que tens em ti, projectas-te em moldes de essência, sobrevém em ti a raiz de ti próprio.
A terapia, amigo,depende da dimensão do teu texto. Cria, cria-te por ele, emerge da tua raiz, desponta no relvado de um jardim, levanta o caule ao sol e sente esse calor que te faz desejar crescer em altura, em rumo, bem para o alto, em direcção bem calorosa. Beija o ar mansinho que te faz bailar num pendor bailarino, canta acordes de balada, atrai para redor de ti uma população de aves livres, ensinadas por rouxinóis. Pela escrita podes pintar os teus quadros e a cor e a tinta, nada de "fast", nem de todo só guache, aguarela quando choras por não seres Alice no quadro que desenhaste, cera quando te juntas aos ranchos de infantes que, de bibe, brincam sem se preocuparem se é racional, emocional, ficcional. Diz o amor que não deste, mas não ficou perdido, porque a tua alma, a que deixaste no grafismo do teu texto, essa é livre, livre como a tua escrita. Terás sempre o meu ombro, se encostares o teu rosto amante ao traçado da minha escrita, que essa morrerá quando a tinta se extinguir e eu própria, junto com a minha alma,tenha, então, de sucumbir - muda, fechada, no silêncio da ausência da escrita.