Funcionária gostou de praxe com "estrume na cara"
joão girão
Alunos julgados em Santarém por praxe violenta
Helena Silva"Sempre achei as praxes divertidas e pedi para ser praxada. Eles fizeram-me a vontade e diverti-me muito". O depoimento de Maria Arlete Miranda encerrou a sessão de ontem do julgamento de sete alunos da Escola Superior Agrária de Santarém (ESAS), acusados de praxe violenta a uma aluna, em 2002. Funcionária daquela escola há 22 anos, a mulher contou que os alunos mais velhos a praxaram com "estrume na cara", o que não achou "nada de extraordinário". "Desde que estou na escola que ouço dizer que 'quem não mexe na bosta não se pode considerar um bom engenheiro'", afirmou perante o tribunal, assegurando nunca ter assistido, por parte dos alunos, a qualquer tipo de excesso nas praxes. Foi também isso que alegaram, ao tribunal, outros seis alunos daquela escola. As brincadeiras com bosta de vaca eram, na opinião de todos, uma prática vulgar nas praxes, decorrendo há décadas e que ainda se mantêm. Desta forma, disseram, "os caloiros são confrontados com o seu futuro porque, no fim do curso, é nesse ambiente que vão trabalhar". Sónia Silva, actualmente já formada, contou que a sua praxe foi "ter que empurrar bolas de bosta com o nariz". Uma situação que, de início, a chocou. "Mas estava numa escola agrícola e a tradição era essa por isso, entrei na brincadeira", explicou. A ex-aluna afirmou ainda estar convicta de que qualquer caloiro que se recusasse a cumprir tal tradição não viria a ser penalizado por isso. O mesmo afirmaram os restantes alunos. Sobre a aluna que, em 2002, foi praxada com bosta de vaca - e que veio a apresentar queixa - duas das testemunhas alegaram tê-la ouvido dizer que pretendia declarar-se anti-praxe por vontade da sua mãe. Respondendo às sucessivas perguntas dos advogados e do Procurador do Ministério Público, os jovens foram contando que "ninguém obrigava os caloiros a fazer o que não fosse da sua vontade", que "os veteranos tratavam cordialmente" os recém-chegados à escola (mesmo que o código da praxe dissesse o contrário) e que "os caloiros não tinham autoridade para praxar outros caloiros". O julgamento prossegue no dia 13 de Março.
15 comentários:
Para mim, praxes e batinas é tudo uma bosta. Mas também não vejo qualquer problema em um(a) caloiro(a) ter que se empurrar maia-dúzia de bolas de merda com o nariz...
Quando muito, alguém no fim perguntará: quem te mandou meter o nariz onde não eras chamado(a) ?!
Já diz o Sérgio Godinho:
"Maçã com bicho acho eu de praxe".
Prof, tenho que me partir a rir consigo.:):):):)
Retiro já o que uma vez disse aqui acerca de si: - Que era um bocadito desatento:(
Qual quê! Afinal o piloto automático está activo :):):)
E sabe que mais? Tem toda a razão, porque nos tempos que correm, *INVESTIR NA BOA DISPOSIÇÃO* é de longe a melhor coisa que podemos fazer por nós e pelos outros!
* *(para além de ser mais rentável do que investir nos certificados de aforro...)
quando o criminoso se torna vítima é chato.
Será que esta mesma "vítima" se visse um dos gandulos que a praxaram receber a mesma dose de estrume, não iria gostar??? não daria aquele sorrisinho de malvadez que normalmente se dá quando acontece algo de mau aos outros???
Hoje.. não se pode brincar... ironizar... nem estrumar ninguém!!!
edu
http://bitaitadas.blogspot.com
(baiao)
'quem não mexe na bosta não se pode considerar um bom engenheiro'
Temos até GRANDES exemplos
Boa noite.
Gostos não se discutem. Se a funcionária gostou...
E acho bem, por que não? Como é dito, os caloiros vão-se habituando desde cedo a lidar com o seu futuro ambiente de trabalho merdoso:)))
...na verdade, bosta é o que há a mais neste País...
É bem verdade, Lobices, podíamos exportar alguma que ainda ficávamos com bastante:)
Nisto das praxes foi levantado novamente o argumento de ser "tradição"!
A questão é, qual é o peso que tem ser ou não tradição perante um juiz?
Se tiver peso, Barrancos está no seu direito!
Por outro lado, se não tiver peso a ASAE tem o dever de acabar com a comercialização dos enchidos, do bolo no caco, sardinha na telha, e essas "badalhoquices" todas.. :))))
Eu sou contra a tourada, e a favor da ASAE! E contra as praxes obrigatórias! :)
Tudo isso de praxes me confunde. Cada vez tendem a ser mais violentas e deixarem de ser uma simples brincadeira que dantes até era engraçado. Tem de se acabar com tudo aquilo em que não acreditamos e que não queremos participar de livre vontade. Quem quer ser praxado de forma a que não magoe ninguém quer fisica quer psicolágicamente tudo bem. Força. Quem não quer tudo tem de acabar logo ali e não haver como me parece que há represálias.
Há praxes e praxes! Há delas com muita imaginação e que ainda hoje em convívios me fazem chorar de riso. Depende muito de quem faz a praxe e de quem a recebe. Tem de haver bom senso mas infelizmente o alcóol e o comportamento de grupo derruba as balizas do razoável.
Dentro do limite não nutro grande simpatia por quem escapa a uma praxe razoável, devo confessar. Mas eu sou do tempo... ;))) em que a praxe durava 15 dias. Agora não sei o que fazem os estudantes para além da praxe!?
Quanto à funcionária... bem... quem sabe a senhora desejasse ser estudante e ter por isso direito a praxe. Não é das piores! Então não foi dito por alguém com responsabilidade política num dos programas dos Prós e contras que há funcionários nas universidades que lançam notas e que assim dão por feitas as cadeiras aos alunos? Esta funcionária deveria ser avaliada de EXCELENTE! Vejam ela até participa activamente nas praxes!!!
Ha para aí muito ministro com estatuto de trabalhador estudante que certamente não teve praxe e precisava. Como as leis têm agora quase todas efeitos retroactivos uma boa palete de tijolos assentava-lhe na perfeição.
;))))))))))))))
Isto do professor andar a fazer copypast não está bem!;P
Está a transformar o bar num MAc! Então o pessoal estava habituado a comidinha caseira, artisticamente confeccionada e agora é "isto"?
Mais parecem as refeições que faço!
;))))
Mas mais vale isto do que pão rijo!
;))))
Muito trabalho...
Espero que qualquer dia apareça uma sobremesa mercado.
xau
Professor,
Ruy Belo "dedicado" a Cantelães:
Oh as casas as casas as casas
as casas nascem vivem e morrem
Enquanto vivas distinguem-se umas das outras
distinguem-se designadamente pelo cheiro
variam até de sala pra sala
As casas que eu fazia em pequeno
onde estarei eu hoje em pequeno?
Onde estarei aliás eu dos versos daqui a pouco?
Terei eu casa onde reter tudo isto
ou serei sempre somente esta instabilidade?
As casas essas parecem estáveis
mas são tão frágeis as pobres casas
Oh as casas as casas as casas
mudas testemunhas da vida
elas morrem não só ao ser demolidas
elas morrem com a morte das pessoas
As casas de fora olham-nos pelas janelas
Não sabem nada de casas os construtores
os senhorios os procuradores
Os ricos vivem nos seus palácios
mas a casa dos pobres é todo o mundo
os pobres sim têm o conhecimento das casas
os pobres esses conhecem tudo
Eu amei as casas os recantos das casas
Visitei casas apalpei casas
Só as casas explicam que exista
uma palavra como intimidade
Sem casas não haveria ruas
as ruas onde passamos pelos outros
mas passamos principalmente por nós
Na casa nasci e hei-de morrer
na casa sofri convivi amei
na casa atravessei as estações
respirei - ó vida simples problema de respiração
Oh as casas as casas as casas
E Eugénio de Andrade para a casinha que é o "Murcon" e onde eu me sinto tão bem. Obrigada e parabéns!
Uma casa que nem fosse um areal
deserto; que nem casa fosse;
só um lugar
onde o lume foi aceso, e à sua roda
se sentou a alegria; e aqueceu
as mãos; e partiu porque tinha
um destino; coisa simples
e pouca, mas destino:
crescer como árvore, resistir
ao vento, ao rigor da invernia,
e certa manhã sentir os passos
de abril
ou, quem sabe?, a floração
dos ramos, que pareciam
secos, e de novo estremecem
com o repentino canto da cotovia
Já no tempo da Inquisição se dizia que era tradição. Por isso ninguém levava a mal, apenas os "hereges" é que se queixavam e antes de serem purificados pelas chamas, eram lançados à populaça. Como na altura os jogos de futebol ainda não eram o desporto das multidões, estas divertiam-se à maneira tradicional. Hoje alguns dos nossos jovens continuam na linha dessa tradição, aplicada à sua medida e dentro da contemporaneidade do país e do seu futuro como profissionais.
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