sexta-feira, julho 04, 2008

Bom fds!

A Andorinha citava a opinião de MFL sobre o casamento. Estou a salvo de acusação de tiro ao alvo, defendi neste espaço a sua eleição para credibilizar a política portuguesa - sendo zurzido por alguns:) - e gostosamente revelei que nos ligam laços quase familiares. A visão procriativa do casamento finou-se com a "invenção" e generalização do casamento por amor. Claro que a ganapada continua a ter direito de cidade, mas apenas se desejada, a instituição passou a abrigar um projecto de vida e felicidade em comum que pode não a contemplar de início ou dela desistir. Na minha opinião, a tendência é irreversível, pois aos fundamentos do casamento juntaram-se variadas razões que contribuem para a baixa de natalidade. A opinião é, por isso, legítima, e contudo já perdeu contacto com a realidade sociológica. O casamento gay, no quadro actual de privilégio da dimensão afectiva, será apenas combatido por razões morais, travestidas ou não. Conscientemente ou não...

37 comentários:

Nuno Guimas disse...

Bem, vamos lá usar o método cientifico :) ...
Hipótese: É necessário duas pessoas estarem casadas para poderem procriar.

Método experimental: Juntar duas ou mais pessoas solteiras a gosto de sexos distintos e em situação fértil, misturar sem usar métodos anti-concepcionais, e esperar pelos resultados.

Tese: Passados alguns meses verifica-se que a hipótese não fazia qualquer sentido.

Hipótese 2: Duas pessoas casadas têm automaticamente condições necessárias e suficientes para terem uma "catrefada" de crianças.

Método experimental: Façam-se contas a quanto aufere em média um casal português das classes médias, médias baixas e baixas. Juntem-se as despesas necessárias para que cada criança tenha acesso a uma qualidade de vida digna de um país dito civilizado.

Tese: Os politicos deviam ter estudado mais matemática :).
Nomeadamente MFL, que agora anda numa de "consciência social" depois de ter passado toda a carreira politica a olhar-nos como meros números, quase como "Coisas".

lobices disse...

...foi noticiado que o n/ PM enviou uma nota à CS afirmando que o livro "O Menino de Ouro" não foi autorizado!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
...é verdade?

lobices disse...

...MFL acha que o casamento só é para procriar?
...acho muito bem que ela ache isso; todos têm o direito de errar

lobices disse...

...sendo assim, como na opinião dela, os que não podem ter filhos (depois de se terem casado), deverão divorciar-se?

lobices disse...

...e, por fim, um bom fds per tutti
...abreijos

andorinha disse...

Subscrevo o teor do post, claro.

"O casamento gay, no quadro actual de privilégio da dimensão afectiva, será apenas combatido por razões morais, travestidas ou não.
Conscientemente ou não..."


Realço este excerto, até para chamar o FDL à tertúlia.:)))))

"Nomeadamente MFL, que agora anda numa de "consciência social" depois de ter passado toda a carreira politica a olhar-nos como meros números, quase como "Coisas"."

Exactissimamente, Nuno:)
É por isso que cada vez mais não suporto politiquices...

Lobices,
Os casais que não podem ter filhos claro que se devem divorciar.
Assim como ninguém se deve casar depois dos cinquenta.
:)))

Balha-nos Deus!

Bom fds, malta.

Fora-de-Lei disse...

Com receio de parecer politicamente incorrecta, MFL deixou-se cair numa embrulhada de argumentos. Se MFL tivesse dito qualquer coisa do estilo:

"a mim tanto me faz que um homem e mulher casem para procriar ou - unicamente - para poderem ter sexo da maneira que lhes apetecer. O que eu não quero em Portugal é ver uma criança a tratar por mãe um gajo com uma grande bidodaça..."

agora não apareceriam os artistas do costume a dizer isto ou aquilo que nada tem a ver com o pensamento de MFL.

De qualquer forma, o que eu quero é que MFL seja muito mal sucedida na liderança do PSD. Pois, o que eu quero, é que a liderança de MFL não dê azo a Sócrates para este agitar o espantalho do voto útil. O que eu quero, é que em 2009 o PS ganhe as eleições sem maioria absoluta, que fique dependente do PCP e do BE ou então, que Sócrates tenha a lata de reeditar o bloco central para assim os socialistas saberem com que linhas (ideológicas) este tem vindo a coser o seu partido.

yes! my love! disse...

Lobices, não me diga que agora os comments no Murcon, também têm limite máximo de caracteres, e que agora só podemos comentar em versão sms :)

Laura disse...

Professor, desculpe lá:):)
Acho excessivo considerar que MFL emitiu a sua opinião sobre o casamento na entrevista em causa.

Claro que “a coisa” se presta a tiro ao alvo.
E claro também que MFL foi infeliz na expressão, politicamente caricatural desde o dia em que foi proclamada intencionalmente (aí sim), por aquele célebre deputado do CDS (tenho a impressão que foi a Natália Correia que o gozou até ao tutano…)

Agora…
(e eu declaro-me suspeita mas julgo ser objectiva quanto a este episódio)
… o que Manuela Ferreira Leite apenas quis dizer ao usar o termo “procriação” foi arranjar um termo equivalente para se referir ao formato normal (heterossexual) das uniões. Quis referir-se ao modelo “natural” (o que também garante a continuidade da espécie).
Mas não declarou a procriação como finalidade do casamento, desculpem lá. Isso é uma interpretação excessiva.

O que ela disse, sim, foi que não chamava a essa união – homossexual- um casamento. E disse ainda que não está de acordo com a extensão de privilégios a essa união…etc.
(presumo que se referia à a adopção).
Limitou-se, afinal, a sancionar o estado actual das opções legais em Portugal.
- Certo?

Claro que eu percebo lindamente que se aproveite para sacar a “bandeira” da causa, denunciar a claustrofobia democrática, acenar com o retrocesso civilizacional... OK.
No fundo, no fundo, todos sabemos como é que estas coisas funcionam psicologicamente.
- Mas sabem que mais?
Tudo isto é um bocadinho igual ao litro.
A coisa já não está exactamente em estado de depender propriamente da opinião do líder da oposição.
Porque o Tribunal Constitucional tem este assunto em agenda. E o Governo tem vários projectos de lei em espera.

Anónimo disse...

Nuno Guimas, the MythBuster :-)

lobices disse...

...to:
yes! my love!
...
...os comments no Murcon não têm limite máximo de caracteres nem apenas poderemos comentar em versão sms
...o que eu escrevi, em pequenos nadas" foi apenas porque me apeteceu que assim fosse
...pela simples razão que fiz um comment, fechei e, de repente, me lembrei de outro assunto, and so on :) capisce?

Luís Alvarenga disse...

Sem qualquer outro tipo de comentário afigura-se-me apropriado relembrar um poema de Natália Correia, quando em 1982 se discutia a interrupção da gravidez e um ilustre deputado do CDS (João Morgado) defendia o casamento apenas para procriação.

Já que o coito - diz Morgado -
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menina ou menino;
de cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca-truca.
Sendo pai só de um rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou - parca ração! -
uma vez. E se a função
faz o órgão - diz o ditado -
consumada essa excepção,
ficou capado o Morgado.

Um excelente fim-de-semana

andorinha disse...

Laura,

Não vi a entrevista, mas pelo que li e intuí a "coisa" vai muito no sentido que tu apontas.
Simplesmente dá-me gozo brincar com estas situações. Situações que, ao fim e ao cabo, não têm graça nenhuma pelo que revelam de tacanhez de espírito por parte de quem as profere.
Custa-me bastante ver que pessoas que aspiram a ter responsabilidades governativas têm este tipo de postura.
É assim tão difícil aceitar a diferença, carago!:)

E como o Júlio já tem dito, penso eu, eles são diferentes porque são em menor número senão os diferentes seríamos nós, os "saudáveis" hetero.

andorinha disse...

Sempre que posso, vejo "O eixo do mal" na SIC-Notícias.
No programa de sábado passado foi mostrado um video que o apresentador disse que está a causar grande polémica em Inglaterrra.
O video mostra um casal gay a preparar o pequeno almoço.
Entratanto aparece na sala o filho que faz uma pergunta à "mãe", chamando-lhe mesmo "mother".
Entretanto os dois adultos, pai e mãe, despedem-se com um beijo, o pai vai para o trabalho e o miúdo fica a conversar com a mãe.
A mim isto não me choca rigorosamente nada.
E as pessoas vão ter que aceitar, mais tarde ou mais cedo...

JFR disse...

Já defendi em comentário no Murcon e, escrevi noutros locais de que a legalização formal da união entre duas pessoas do mesmo sexo é, em minha opinião, necessária e desejável.

Necessária, para acabar com a clandestinidade legal hoje existente.

Desejável, para acabar com a clandestinidade de matérias mais importantes ao bem-estar do povo e que são ofuscadas por aquele tema.

Quanto à necessidade, a clandestinidade legal poderá ser ultrapassada de forma fácil. Bastará, para o efeito, considerar a união entre duas pessoas do mesmo sexo, uma união de facto. Este estatuto, criado em 2001, parece-me conter todos os privilégios positivos necessárias a essas uniões. E, numa altura em que estão aprovadas pelo Parlamento, as alterações à Lei do Divórcio, retirando à figura jurídica do casamento várias das suas prerrogativas, muito mais esbatidas estão as diferenças entre uniões de facto e casamento.

Quanto ao desejável, é evidente que da entrevista de MFL foi muito mais falada a sua intervenção, a propósito do casamento de homossexuais – que, se a estatística estiver certa e todos quiserem a união, incide, directamente, sobre a vida de 10% dos portugueses – do que outros temas, que afectam, directamente, todos os portugueses.

Ou haverá outros propósitos para não responder ao necessário e ao desejável?

Su disse...

MFL qd falou em casamentos queria dizer sociedades comerciais por quotas......

jocas maradas

Samanu disse...

Bom dia!

Uma criança precisa da afectos...

Portanto... penso que será melhor ser adoptada por um casal gay, que certamente a amará, do que crescer sem amor algum, abandonada numa instituição qualquer, à espera de quem nunca vai chegar...

thorazine disse...

"..Desejável, para acabar com a clandestinidade de matérias mais importantes ao bem-estar do povo.."

JFR,
Os homeossexuais SÃO o povo e é necessário "per si" e não para não ofuscar outros demais devido ao seu mediatismo! As filas de espera oncologia também só afecta 10% da população...mas não é por isso que não é um problema do povo!

Qt Às declarações de MFL acho que só está a fazer a caminha para a direita mais ortodoxa se poder vir deitar..visto que se sentiram despejados com alguns laivos de esquerda recentes!

fiury disse...

o casamento é um contrato, consagrado na lei, com direitos e deveres para os dois lados. tem vindo a avoluir em função do desenvolvimento. apenas se constata que a lei ainda discrimina pelo sexo o acesso a esse contrato.

Fora-de-Lei disse...

andorinha 11:06 PM

"Entretanto os dois adultos, pai e mãe, despedem-se com um beijo, o pai vai para o trabalho e o miúdo fica a conversar com a mãe."

O miúdo fica a conversar com a mãe ??? Mas qual mãe, andorinha ??? Uma mãe é alguém que já nasceu com aquilo que diferencia a mulher de um homem. Deves estar a brincar...

andorinha disse...

FDL (10.12)

Não estou nada a brincar; temos ideias diferentes sobre este assunto, já sabes...

Foi assim que a situação foi retratada no video e não me chocou nada. Poderia ter escrito mãe entre aspas, mas para quê?
Todos perceberam o que eu quis dizer.
E não me estou a armar em "modernaça", a escrever isto e a pensar o contrário.
Não, é assim que eu penso e sinto, hast du verstanden?:)))

JFR disse...

thora:

Para mim o significado de povo não tem limitações que me parece passaram na tua cabeça! Eu incluo,todos os cidadãos portugueses, sem excepção. Basta leres, com atenção, o que eu escrevi.

E reafirmo o que já disse antes: não me parece correcto que os temas que influem, directamente, na vida de 100% dos portugueses, sejam marginalizados pelos responsáveis da discussão pública e substituídos por aqueles que só afectam, directamente, 10%.

Seja para apoiar ou criticar o conteúdo da entrevista de MFL, muito mais haveria, em termos de aplicação ao espectro populacional, para ser tratado por políticos e jornalistas.

Existiriam espaços temáticos, como o Murcon, onde a questão da legalização das uniões homossexuais seriam, e bem, analisados e discutidos como tema principal das declarações de MFL.

cabecinhapensadora disse...

O casamento é um contrato. A prazo. Certo. Que, por isso mesmo, pode ser de homo ou hetero. Basear-se no afecto é um factor de peso para ter essa abertura. São 10%? Digo: 10% é muita gente. E ao Estado cabe zelar pela equidade. Ou seja, estar atento aos direitos atropelados das minorias, que, como alguém aqui referiu, são povo, digo que são pessoas e como tal merecem ser tratadas. Sem discriminação.
Se fosse o contrário, e eles constituíssem a maioria? Não sei. No entanto, o teatro exibicionista que pretensamente defende esta minoria específica, apouca-a. Seria bom não esquecer que todo exibicionismo choca a norma e prejudica a aceitação. Todo o excesso é prejudicial. Prejudica a aceitação. Ela pode até estar consagrada na lei, mas não existe no lugar onde se faz de verdade: dentro de nós. Nós TOLERAMOS. E talvez como em nenhum outro país, a tolerância portuguesa é qualitativamente inferior à aceitação. O que queremos dizer quando afirmamos "tolera-se"? ou mesmo "o seu comportamento é apenas tolerável"?
A nossa TOLERÂNCIA dá que pensar :)

andorinha disse...

Júlio, o fim de semana já lá vai:))))))

Laura disse...

Para quem é viciado na leitura:

Vai ser lançado depois de amanhã (4ª feira) na FNAC do Chiado, às 7.30 PM, o livro

"Casamento entre pessoas do mesmo sexo - Sim ou Não? Não ou Sim?",
de Pedro Múrias e Miguel Nogueira de Brito
.

Dois autores, ambos desta geração, conhecidos juristas, cultos e intelectualmente sérios, com opiniões opostas sobre o tema.
Deve valer a pena a deslocação :):)

A editora é a Entrelinhas, salvo erro.

Fora-de-Lei disse...

andorinha 12:11 AM

Ok. Trata-se então de uma mãe que tem o útero descaído aí entre uns 15 a 20 cm... ;-)

Se é esta a tua definição (fisiológica) de mãe, estamos entendidos. Siga para bingo.

yes! my love! disse...

Cabecinhapensadora,

o casamento é um contrato, mas é um contrato com efeitos muito especiais e um regime muito especial !

que não pode ser considerado um contrato a prazo, nem certo, nem incerto !

porque ninguém pode casar declarando que vai estar casado por um prazo certo,

ou por um prazo incerto, mas cujo termo ficará dependente da verificação de um pré-determinado facto futuro!- que não seja o da morte de um dos cônjuges, até porque se este contásse como tal, todos os casamentos seriam ab initio contratos celebrados a termo incerto :)

o que eu quero dizer, é que o casamento é por natureza um contrato celebrado sem termo, que pode cessar, de diversas formas, e com diversos fundamentos, ou por diversas causas !

a meu ver, o que os principais interessados no alargamento do conceito de casamento aos enlaces entre pessoas do mesmo sexo, querem,

tem essencialmente a ver com os regimes de bens, e os direitos sucessórios!

bem como, com o direito de adoptar que é o mesmo que poderem exercer em conjunto, o poder paternal sobre os filhos - adoptados por ambos ou só por um, sendo o adoptado, filho de apenas um deles - e em caso de divórcio, separação etc. poderem regular esse exercício, com tudo o que isso significa!

imagine-se, querendo, quem o conseguir,

a viver uma vida inteira ao lado de alguém do mesmo sexo, e à morte dessa pessoa, não ser seu herdeiro!

ou a não poder criar filhos juntos nos termos em que se exerce o poder paternal em conjunto, e em caso de separação, não ter como regular esse exercício;

ou sem poder ter acesso aos direitos e deveres, isto é, ao estatudo de casado em regime de comunhão geral de bens, ou de comunhão de adquiridos;

e outras consequências - efeitos - nomeadamente, as que se prendem com as pensões alimentícias - cuja previsão para a união de facto, muito embora exista, não passa na grande maioria dos casos de uma pura miragem que na prática nunca se concretiza!

o que falta decidir, é se os casais formados por pessoas do mesmo sexo devem poder beneficiar dos efeitos do contrato de casamento, que tantos casais formados por pessoas de sexo diferente podem livremente celebrar!

eu pessoalmente acho que se estes casais já existem como tal, se eles já cuidam de crianças e já as educam, sentindo necessidade de aceder ao estatudo de casados - estatuto legal do actual regime do contrato de casamento -

e se estes casais já actuam como pais em conjunto, sentindo uma necessidade real de regular esse exercício "do poder paternal de facto"

será só uma questão de tempo!

porque por mais tempo que leve,

a realidade acabará sempre por se reflectir nos ordenamentos jurídicos,

ainda que não com a mesma designaçã para uns e outros casais,

independentemente de serem ou não formados por pessoas do mesmo sexo, todos acabarão por poder ter os mesmos direitos e deveres de " formalmente casados";

e se bem que, como aconteceu com a IVG, a legalização nunca tenha o mérito de acabar de vez com o fenómeno da clandestinidade, porque o peso da reprovação social continuará a ser dramático ainda por muitos e muitos anos ~~

andorinha disse...

Cabecinhapensadora (9.47)

Subscrevo o que afirmas.
E realço: "A nossa TOLERÂNCIA dá que pensar :)"

Pois dá...

FDL (7.42)
Acordaste mal disposto?!:)))
E não deturpes as coisas.
Alguma vez deixei aqui a definição fisiológica de mãe?

Viva o GLORIOSO!:)

JFR disse...

O comentário de “yes! my love” contém a principal razão que me levou a sugerir que a legalização das uniões entre casais homossexuais, quando desejada por estes, fosse realizada através da declaração legal dessas uniões, como uniões de facto. Se essa legalização, não parece ser de fácil aceitação por parte significativa do povo português, julgo que se tornará mais complicada, em termos de aceitação, se condicionar – facilitando - o processo de adopção por casais homossexuais.

É que, pegando num brilhante excerto do comentário de “cabecinhapensadora”, não são verdadeiros sinónimos os conceitos “ACEITAR” e “TOLERAR”, opinião que partilho, totalmente. E, por isso, julgo que aqueles que são, apenas, tolerantes em relação à legalização (não serão a maioria?), poderão passar à não aceitação se, a figura jurídica do casamento, tornar mais simples os processos de adopção por esses casais.

Logo, salvo se, para eles, for a adopção a razão principal da sua luta, a legalização das uniões de casais homossexuais parece-me mais fácil e rápida de ser aceite, pela via das uniões de facto do que pelo casamento. Só não sei se a rapidez interessa a todos. Ou se, esta matéria, vende jornais, espaço televisivo, fóruns radiofónicos e lucubrações políticas que nos mantém "utilmente" afastados de outros importantes problemas. Em minha opinião, alguns, bem mais importantes e prioritários.

RAM disse...

Andorinha,

Quando li a sua referência ao video transmitido no "Eixo do Mal", não pude deixar pensar que se trata, efectivamente, de um mau/péssimo exemplo, na medida em que remete para uma visão "estruturalmente" heterossexual - e diria mais "machista" - do casamento.
Vejamos: 2 homens numa sala, o puto trata um deles por "Mother", o outro vai trabalhar - suponho que o "Father" - e a "Mother" fica em casa.
Não poderia o miúdo tratar ambos por "Dad", ou pelo nome próprio?
Não poderiam ambos trabalhar?
Não poderia a "Mother" ir trabalhar e o "Father" ficar em casa?
Estranha tolerância esta que defende a homossexualidade, mantendo o modelo tradicional e heterossexual como referência!
A tolerância exige, do meu ponto de vista, a aceitação da evolução permanente dos paradigmas sociológicos, na perspectiva de que o futuro exige que o presente - e o porque não o passado - sejam vistos como pontos de partida para um futuro que abra lugar à coexistência de diversos modelos familiares, similares nos direitos e deveres, mas diferentes nas super-estruturas organizacionais.

CêTê disse...

Boa noite a todos ;) (ou bom dia ,P)

"O casamento gay, no quadro actual de privilégio da dimensão afectiva, será apenas combatido por razões morais, travestidas ou não. Conscientemente ou não..."

Acreditando na ténue diferença das coisas que grosseiramente me parecem diferente ia jurar que há casamentos gays por outras razões que não as afectivas! ;)))) Ou agora o amor romântico só existe na adversidade? Bolas! Bolas! Bolas!


((((Há um "gay" português que até me faz querer entrar numa missão suicida lol de "catequisação")))) ;)
Ele é a voz, o sorriso, a presença, o charme,...

Enfim...

Passarinha.Assada disse...

Ó Senhor Doutor... já que a MFL é quase da família, para quando e se ela chegar ao governo, faça-lhe um pedido em meu nome, sim? Ela que autorize o Ministério da Saúde a comparticipar a Betadine.

Trata-se não só duma medida profiláctica de higiene pública mas, sobretudo dum grande favor à passarinha.

É que, Senhor Doutor, parafraseando o nosso querido amigo Marcelo Rebelo de Sousa: "Assim Não!", há fanchona que aguente. ;)

cabecinhapensadora disse...

Bom Dia Yes,
penso que o sentido que quis dar, e não consegui, ao 'contrato a prazo' em que o casamento passou a consistir é esse mesmo: o da incerteza que tão bem disseste e nos caracteriza. Não há certezas adquiridas a não ser as do presente. E as da esperança que confia num dado que, como sabes, é relativamente novo: O amor. A novidade do séc XX, no casamento. E, com ele, a fragilidade. Por 'ser eterno enquanto dura'? Não sei. Nota que, e apenas por convicção pessoal, ou quem sabe um sentido religioso que projecto nos sentimentos, recuso essa eternidade efémera do 'enquanto dura', salvo se entendermos por 'durar' aquilo que podemos depreender do Tempo que não é o dos relógios. A duração entendida como Tempo no qual todos acontecemos,e onde inventamos unidades que nos orientam e não são Duração; são fracções, pequenos grãos, efemérides que nEle acontecem. O Tempo é a nossa questão fundamental, onde se faz a nossa humanidade. Julgo o Amor como Duração. Eternidade. E nada do que é Amor pode ser menos. Ser-se homo ou hetero é também um grão de poeira, um pormenor não essencial. Negar-lhes direitos é obtuso. Julgo, como tu, que um dia virá em que não serão apenas uniões de facto.
Estou a lembrar-me daquele filme "A Letra Escarlate". Talvez lhes tenhamos posto disfarçadamente, a letra ao pescoço. Castigar as pessoas pela sua natureza quando ela não é lesiva para terceiros, parece-me tão ridículo como marginalizar quem é alto ou baixo, ou tem olhos azuis :) Os preconceitos são corredores muito compridos e escuros e em que pensamos pouco quando não temos que fazer a travessia. Mas os nossos desertos pessoais existem.
Um bom dia para ti:) extensivo a todos que têm a bondade de nos ler :)

Nitrato de Sódio disse...

Meus caros, tolerância não é aceitação, como já aqui foi dito. Digo mais: quando alguém se diz tolerante, dá o primeiro sinal de intolerância.

Quanto ao casamento entre homossexuais: Não! O casamento/matrimónio, civil ou religioso, é uma figura contratual/jurídica para definir a união entre dois seres de sexos diferentes, com o objectivo de, entre si, constituir família. Podem ou não constituí-la. Podem até, por motivos a que são alheios, verem os seus esforços frustrados. Mas, esse é o objectivo primordial do casamento e, não deixa de ser casamento por esse objectivo não ser atingido.

Os homossexuais, podem e devem aspirar a ver as suas relações aceites, em termos de igualdade, no ordenamento jurídico. Mas, não chamemos a isso casamento. Chamemos, como no Reino Unido, uma 'Civil Partnership', parceria civil ou, seguindo o que entre nós já é comum, União de Facto. Casamento, não.

Depois, relativamente ao comentário de RAM, subscrevo. Estou absolutamente de acordo.

Como também concordo, reunidas as condições exigíveis para qualquer adopção por heterossexuais, com a possibilidade de homossexuais poderem adoptar. Mas, atenção que, há que exigir, em qualquer caso, que as crianças tenham referências para os papéis masculino e feminino. Porque, doutra forma, estaremos a viciar o jogo, deliberadamente. Além de ser ridículo e até concupiscente, um homossexual masculino aspirar ao papel de mãe, ou uma lésbica aspirar ao de pai.

andorinha disse...

Ram,

Desde o momento em que aqui referi esse video, apercebi-me de que corria a risco de vir a ser zurzida pelos meus camaradas murcónicos também pelo que afirmas.
Eu própria questionei um bocado isso, se o video perpetuará, ao fim e o cabo, modelos tradicionais de família travestidos de roupagens mais modernas.

Devo dizer que só vi o video uma vez, mas na minha opinião, o que ele pretende focar (e consciencializar as pessoas para), é a existencia perfeitamente harmoniosa de um casal de homossexuais com um filho.
Perguntas tu se:

"Não poderia o miúdo tratar ambos por "Dad", ou pelo nome próprio?
Não poderiam ambos trabalhar?
Não poderia a "Mother" ir trabalhar e o "Father" ficar em casa?"


Claro que sim, a resposta a todas essas perguntas é afirmativa.
Mas não fui eu que fiz o video; se o tivesse feito, teria tido esse cuidado no que diz respeito ao trabalho. A forma como o miúdo se lhes dirige é-me indiferente.
Penso que foi feita de forma propositada para chamar mais a atenção e talvez "chocar", não sei...

"Estranha tolerância esta que defende a homossexualidade, mantendo o modelo tradicional e heterossexual como referência!"

Podem-me acusar de muita coisa, mas nunca de ter esse modelo tradicional de relação como paradigma.
Logo eu!:)))
Há imensas formas de estruturar uma relação ou uma família, seja o que for, e todas elas são válidas; tudo isso depende apenas da vontade de cada um.

Só um último pormenor: eu não defendo a homossexualidade.
Não defendo nem deixo de defender.
Pura simplesmente não faço distinções nem discrimino. Não gosto de discriminações seja elas de que tipo forem.

Em relação à "Tolerância" partilho exactamente os pontos de vista já muitas vezes expressos pelo Júlio.
Tolerar já implica fazer juízos de valor e não encarar os outros, neste caso, os homo, como nossos iguais.

Respondi?:)

A Menina da Lua disse...

Bom dia

Meus caros murcónicos, hoje ninguem mas mesmo ninguem se pode dar ao "luxo" de não ser flexível pelo menos mentalmente, pois de contrário não consegue sobreviver neste mundo em permanente mudança...:)

Ser conservador (que pode ser diferente de ser tradicional) é uma atitude de resistência de não aceitação às diferenças que de certa maneira é um caminho autista que nos pode levar perigosamente ao isolamento...

Ser tradicional pode ser diferente. Ser tradicional é aceitar e admitir que os valores e os princípios pelos quais se foram estruturando e desenvolvendo ao longo da vida, continuam válidos por dentro e continuam a fazer sentido para se projectarem e se motivarem para a vida. Mas podem manter abertura para a mudança e respeito pelos outros..que é bem diferente de ser barata tonta que "embarca" sem sentir, em todas as diferenças que lhe apareçam pela frente.

Todos nós nos situamos algures entre esses dois polos de enorme diferenciação; conservadorismo e aceitação à mudança e o que nos faz mudar apenas pode acontecer dentro de nós. Uma questão importante é sentirmos mesmo o respeito e o sentir do outro mas tambem entendermos que nunca somos donos das verdades e das certezas deste mundo e que muito ainda pode ser descoberto, sentido e vivenciado por nós.

Penso que o Ram traduziu muito bem no seu comentário a subtileza da questão quando diz:
" Não poderia o miúdo tratar ambos por "Dad", ou pelo nome próprio?
Não poderiam ambos trabalhar?
Não poderia a "Mother" ir trabalhar e o "Father" ficar em casa?"

Pois é! a questão é que as soluções são muitas e variadas apenas devem depender de quem as vivencia e sente e não tanto para cumprir figurinos de mudança que se podem traduzir por vezes tanto ou mais conservadores que os outros.

Socialmente e em estado democrático, as leis devem saber enquadrar, traduzir e respeitar o espaço para todos os cidadãos apesar das diferenças. E as leis estão sempre a mudar até porque quando o visionamente é clarividente como diz e muito bem o Professor "a tendência é irreversível":)

Anónimo disse...

Concordando com lobices:
E uma vez que um casal não consiga procriar sem ajuda médica, e que sendo de classe média não tenha posses para pagar as fortunas cobradas pelas clinicas de infertilidade, e que o estado que clama por mais criancinhas não é capaz de lhes dar o apoio necessário em tempo útil, resta-lhes o divórcio, mesmo que o casamento seja de aço, uma vez que se tornaram indignos de tal condição, porque o seu corpo não foi capaz de cumprir eficientemente o fim para o qual foi concebido!!!
Tenho dito!!
P.S.-sugiro a consulta do site www.apfertilidade.org