segunda-feira, março 08, 2010

TVC1

O processo de Eichmann. A ladainha clássica - "obedeci a ordens"... "Hitler"... Quando visitei Dachau recordei as experiências feitas com universitários americanos, que administravam (teóricos) choques eléctricos a actores implorando misericórdia. Porque tinham recebido ordens para o fazer... O Mal como visão ontológica é um mito que nos protege de um espelho perturbador - os maiores crimes podem ser cometidos por gente banal. Adjectivá-la de monstruosa não a transforma em extra-terrestre. Por muito que nos custe, o horror de que falava Conrad é, pelo contrário, simplesmente humano:(.

33 comentários:

Fora-de-Lei disse...

Muito ao contrário do que "prescreve" o famoso ditado, outra coisa que é igualmente humana é o facto da História se poder sempre repetir. Atenção a certos sinais, aqueles sinais que derivam do fartum do politicamente correcto. Veja-se, apenas a título de exemplo, os resultados das últimas eleições autárquicas na Holanda...

A Menina da Lua disse...

Era pequenina mas ainda me lembro do julgamento na televisão do processo de Eichman, posto numa cabine de vidro e do impacto que tudo isso teve lá em cada.

Pois é Professor! essa tomada de consciência é absolutamente assustadora.:(

Histórica e humanamente falando costumo dizer que a humanidade perdeu de vez a ingenuidade com dois terríveis acontecimentos no século XX: a descoberta da bomba atómica que põe pela primeira vez na mão do homem a possibilidade da destruição do planeta e o nazismo que sem ter necessariamente o pretexto de defesa ou conquista, constrói e organiza a destruição de indefesos duma forma completamente assumida, massiva, organizada e instituída...:(

Ainda hoje noticiaram que pelo menos 500 pessoas foram mortas em actos de violência étnica e religiosa na cidade de Jos na Nigéria.Tudo o que saísse de casa, fosse criança, mulher ou idoso era morto à catanada. Infelizmente é África e pouco se liga.

Penso que essa consciência individual deve fortemente ser assumida pelo colectivo dos países num sentido de tomarem todas as medidas e estarem atentos aos sinais de modo a contrariarem novas tentativas de desumanidade.

Os animais na selva limitam-se a sobreviver nem que para isso tenham que matar...mas o homem vai muito para alem disso; mata por muito mais razões e por vezes só por matar... mesmo com a desculpa camuflada de ter sido mandado ou obrigado.

Felizmente que tambem existe o outro solar do Homem que o põe a ser capaz de amar e a viver no sentido de construir o Bem e o Belo... e é por isso que eu apesar de tudo, continuo sinceramente a acreditar que ainda existem pessoas que mesmo contra tudo e contra a sua própria vida se recusam ao mal e à desanumanidade.:)

thorazine disse...

A experiência com universitários é uma variante da socialização da culpa, não é?

Qual é o nome quando essa "culpa" é partilhada com um "dado" ciêntífico? É que o "ciêntificamente provado" hoje em dia é um selo marcado a ferros, e pode ir desde a "doutora em Actimel" ao Dr. Watson a dizer que os negros têm um pré-disposição para serem menos inteligentes que os caucasianos..

Fora-de-Lei disse...

"... e pode ir desde a "doutora em Actimel" ao Dr. Watson a dizer que os negros têm um pré-disposição para serem menos inteligentes que os caucasianos."

Mas isso, em paralelo com o facto comprovado (?) de possuirem um maior grau de testosterona, não torna a raça negra inferior. Apenas a torna diferente. Até porque nesse caso, então também nós brancos (indo-europeus ou não) nos deveríamos sentir inferiores à raça amarela pelo facto desta apresentar índices médios de QI superiores aos nossos. Aceitar que existem raças e que não somos todos iguais, é o melhor caminho para se acabar de vez com o racismo. Em sentido contrário, insistir no politicamente correcto é que é o caminho errado...

andorinha disse...

"O Mal como visão ontológica é um mito que nos protege de um espelho perturbador - os maiores crimes podem ser cometidos por gente banal. Adjectivá-la de monstruosa não a transforma em extra-terrestre."

Para mim esta é a frase mais marcante do post. E é assustadora já que é terrível pensar que qualquer um de nós poderia cometer
essas atrocidades.
Queremos sempre pensar que estamos no lado "bom" da vida e não no outro, o dos assassinos, terroristas,violadores, gentinha que veio ao mundo já com esses maus instintos.
Seria tudo tão mais fácil e tranquilizador, não era?
Dá que pensar...

andorinha disse...

FDL,

Eu também considero que há raças.
Não as coloco em termos de inferioridade ou superioridade, são diferentes, apenas.

"Aceitar que existem raças e que não somos todos iguais, é o melhor caminho para se acabar de vez com o racismo."

Aqui já não sei...
Haverá pessoas para a quais o conceito de raça leva imediatamente à discriminação, por partirem do pressuposto de que umas são superiores às outras.

Cê_Tê ;) disse...

Meninos, não há raças nos humanos!!! isso é um discurso Hitleriano.
Se houver por aí um antropologo...

Quanto aos "monstros"...
Se quisermos podemos SEMPRE desculpabilizá-los (biologicamente, socialmente, condicionados,...).
Os monstros são terríveis quando lhes é dado poder. Os grupos em que se inserem- sejam eles de cariz religioso, político, desportivo... criam um nicho desculpabilizador e amoral proporcional ao culto dos simbolos que os unem. À monstrsidade do chefe junta-se a ambição dos boys...
É como um superorganismo: a culpa é de todos e de cada um ainda que nehum seja responsável por tudo.
Mas... MAS... estas "coisas" não crescem na clandestinidade: NÃO! crescem porque há quem desvie o olhar ou valorize o lado bom (que todos os monstros têm).
Também deveria haver penas para os chefes de estado que deixam as atrocidades acontecerem para lá das suas fronteiras...

Cê_Tê ;) disse...

;)))
A apostar nas raças humanas poderíamos falar dos portistas e alfacinhas...

Ah! ;)) FDL admitindo que ainda faz espermatogenese ;P e copula com fêmea(s) férteis sem adopção de método contraceptivo prepare-se!; é que podendo ela ser ariana pode ter dela um descendente preto retinto. Seria assim... uma éspecie de Lotaria! Mas pode acontecer. ;P

(apeteceu-me "malhar-lhe";P)

Fora-de-Lei disse...

andorinha 6:39 PM

"Aqui já não sei... Haverá pessoas para a quais o conceito de raça leva imediatamente à discriminação, por partirem do pressuposto de que umas são superiores às outras."

És capaz de ter uma certa razão porque, no fundo, existirão sempre atrasados mentais...


Cê_Tê ;) 8:52 PM / 9:00 PM

"Meninos, não há raças nos humanos!!! isso é um discurso Hitleriano. Se houver por aí um antropologo..."

Não há raças nos humanos ??? Como assim ??? Na espécie humana, há pelo menos três raças: branca, negra e amarela / caucasiana, negróide, mongóide - isto para não falar nos ameríndios / australóides. E entre a raça branca ainda existem sub-raças: nórdicos, alpinos, eslavos e mediterrânicos.

"... é que podendo ela ser ariana pode ter dela um descendente preto retinto. Seria assim... uma éspecie de Lotaria! Mas pode acontecer."

Se ela fosse 100% ariana isso seria impossível. Mas eu entendi a brincadeira. E da maneira que a "multiculturalidade" vai avançando, não me adimiro nada que daqui a duas ou três gerações comecem a acontecer muitas dessas surpresas cromáticas...

Cê_Tê ;) disse...

FDL
Não é uma grande referência mas já é alguma coisa.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ra%C3%A7a

Quanto á "lotaria" era pode acontecer sim.

Ainda a propósito da estúpida discriminação cromática (é de uma irracionalidade que até arrepia!!!) vejam o que acontece com os africanos albinos. (E quando escrevo pretos albinos.


http://veja.abril.com.br/300909/comercio-horrores-p-142.shtml

http://www.youtube.com/watch?v=kf6p1bikr3I

HORROROSO, não?

Cê_Tê ;) disse...

(pronto a divulgar e partilhar:
http://www.youtube.com/watch?v=mj8DPYwWj84)

andorinha disse...

Cêtê,

Pronto, cachopa, nunca mais falo em raças, falo só em raça humana, pode ser?:)

Com uma ariana o FDL poderia ter um pretinho como filho?????
A minha alma está parva!
Explica-me lá isso devagarinho como se eu fosse muito burra...:)))

Se te der muito trabalho, deixa lá...

andorinha disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Cê_Tê ;) disse...

Basicamente a cor de pele que apresentamos depende (para além da alimentação e exposição ao sol que a potencia) de informação que está nas nossas células. Quando nos reproduzimos doamos metade dessa informação. Essa informação que será somada a do parceiro poderá levar informação sobre a nossa cor que não revelamos mas que possuímos. Durante todo o processo podem ocorrer "erros" que podem fazer a respeito dessa informação um tom de pele surpreendente!;P
(não sei se se entende dito assim)
O albinismo é a manifestação de um "erro radical".


http://pt.wikipedia.org/wiki/Heran%C3%A7a_quantitativa

Fora-de-Lei disse...

Cê_Tê ;) 9:56 PM

"FDL, não é uma grande referência mas já é alguma coisa. http://pt.wikipedia.org/wiki/Ra%C3%A7a"

Esse conteúdo resulta de um mero artificialismo intelectual que visa evitar novas "chatices" daquelas que já custaram muito à Humanidade... «O uso criminoso da noção de "raça" durante a Segunda Guerra Mundial pelo regime nazista levou os antropólogos a não mais utilizar tal tipo de classificação.» «Isso estaria de acordo com a proposta feita pela UNESCO logo após a Segunda Guerra Mundial de utilizar o termo por "grupo étnico", mais adequado cientificamente e que inclui os componentes culturais, em substituição ao termo "raça"»

Cê_Tê ;) disse...

FDL, também permite contornar problemas de racismo (não discordo, nem poderia discordar)mas a não definição de raça humana em termos biológicos assenta noutras incongruências de natureza genética.

(Quando ao rigor científico da minha "malhação" e para que não me caiam em cima... Note-se que acertar na Lotaria é coisa estatisticamente neglicenciável e desconheço o seu fenótipo e genotipo da ariana.)

Fora-de-Lei disse...

Cê_Tê ;) 10:58 PM

"Note-se que acertar na Lotaria é coisa estatisticamente neglicenciável e desconheço o seu fenótipo e genotipo da ariana."

No próprio artigo que a CêTê "linkou" é referido que no cruzamento entre brancos não pode haver descendentes mulatos ou negros. Portanto...

$hort disse...

Oi Professor,

A possibilidade do horror é inata ou é aprendida(chaveta(lol), ponto, ponto de interrogação, reticencias, não sei)

Arno Gruen fala sobre os excessos alcoolicos e suicidios dos guardas dos campos de concentração e, ao longo dia, pensei no exemplo das crianças soldado dos países africanos que, drogados out of their mind, são enviados a executar massacres, eventualmente nas suas aldeias de origem.

A experiencia academica, parece isso mesmo, uma experiencia academica mas, que não alcança para lá do placebo, é indubitavelmente um passo. Um passo na corrida necessária à fuga da ignorância, origem do preconceito e discriminação. Se a possibilidade do horror é inata como a eliminar da reciclagem(lol)? Ou ser-nos-á necessária em que tipo de cenário?


Dos comentários lembrei-me que só nos é possível discriminar à extenção dos nossos sentidos, não me é possivel avaliar a cor dos comprimentos de onda que os outros emitem, reflectidos do sol, mas não me é agradavel o odor de um sem-abrigo...

Tudo o que existe é a nossa história, e a nossa história é tudo o que existe - do "O Porteiro de Pilates ou O segredo do Judeu errante".

$hort disse...

;)

Faltou ainda reflectir sobre o encaixe, o poder de encaixe do horror, enquanto mandante, executante e cumplice - como tambem ele ou é inato ou aprendido(chaveta(lol), ponto, pon...(lol)

Bartolomeu disse...

O mal e o bem, não existem!
Se existissem, estaríam algures, num local conhecido, mesmo que inatingível e então, a busca por eles cessaria.
Existem conjunturas que potenciam o conceito de bem ou de mal, de acordo com determinados valores que constroem uma outra conjuntura que por sua vez, compõe outra conjuntura, etc.
Hitler acreditou certamente nos métudos com que atingiria os fins. O seu exército acreditou defender os mesmos princípios, o povo alemão também.
Imagine-se que toda a nação árabe decidia lançar um ataque massivo à península, com o fim de retomar aquilo que em tempos conquistáram...
Bárbaros, chamar-lhes-íamos, como eles nos chamaram, como lhes chamaram antes de nós.
Diferentes conjunturas, diferentes valores de bem e de mal...

Cê_Tê ;) disse...

Ainda sobre o assunto do post e sobre a ganância se quem viu o filme "O rapaz do pijama às riscas" mas eu achei magífica a mutação fisionómica do agente nazi (David Thewlis)ao longo do filme! (A consciência e os dilemas contidos no rosto.)

Quando à dualidade Bem/ Mal anexa à ciência haveria tanto a conhecer e clarificar...
Ainda que (se) saiba pouco... a experimentação em mulheres de métodos contraceptivos hormonais foi desastrosamente imoral.
A cirurgia ocular também tem que se lhe diga mas diz-se pouco. Em que países estará a ser experimentada com mais expressão e quais as verdadeiras motivações? que população-cobaia está a ser usada?- perguntas às quais não sei dar resposta mas que incomodam... Não será seguramente em Inglaterra com a família Real.;P

macaco do 1ºD disse...

Estimado,

É um prazer contactá-lo e em primeiro lugar elogiar pelo bom blog que expõe a todos nós, leitores.

Envio este coment para anunciar a abertura de um novo blog, o "Macaquinhos no Sótão". http://osmacacosdosotao.blogspot.com/

Um blog pensado há muito, mas que só agora decidi abrir.

Gostaria muito de contar com a sua ajuda na promoção deste blog, colocando o link se possivel.

Como é claro, retribuirei sem piscar os olhos em colocar o seu link na minha página!

Espero uma resposta sua.

AQUILES disse...

Estava aqui em dúvida se havia de comentar, ou não. Decidi-me.
Os crimes são sempre cometidos por gente banal. E a fronteira que separa a fronteira de se cometer a acção é ténue. Tem-se matado muito, pois é sobretudo de morte que aqui nos referimos, de assassínio. Há duas quantias para esse crime: uma é de um ou dois mortos e a outra quantia vai de três a 3mil ou trinta mil. A partir de três não faz diferença. Mais um menos um. Podem-me achar cruel, cínico, e outros, politicamente correctos, podem-me achar qualquer coisa que não percebem, pois não está na cartilha do politicamente correcto. Mas eu refiro-me a factos que não se passam no aconchego do sofá nem no remanso de um lar de classe média anódino. Dar palpites sem ter vivências, vale pouco e não é frutífero. Se calhar nunca tiveram de sobreviver. Vejam como é que no Chile as pessoas passaram logo para a sobrevivência após o terramoto. Na Nigéria. Lembram-se dos Hutus e dos Tutsi? E etc. É diário. É necessária uma formação, forte, com uma ética e moral sólida, para não se cair no crime. E todos somos banais. Se dermos atenção à exposição das vítimas, em que se especializaram os jornais televisivos, apercebemo-nos que pessoas banais, tímidas, fazem coisas horrorosas aos seus semelhantes, muitas vezes familiares. Falamos de assassínios. E uma violação pedófila, homossexual ou não, só não é um assassínio porque não tira a vida. É a violência exercida sobre os outros que reveste várias faces. Falou-se por aí de uns seres se sentirem superiores a outros. Invocando raça. Mas não é preciso raça. Esse é o jogo do dia a dia. Todos a tentarem ser superiores a todos. É a competição. Na escola, no emprego, na rua, nos filhos, no carro. Todos querem ter mais importância do que valem. Todos são banais. Mas não se juntam com todos. E os filhos não se misturam, pois são de outro estatuto, de outro estrato social. Assim como os pais e as mães. Demarcam-se nas roupas, nos carros, nas exposições e teatros a que assistem, mesmo que nada entendam. É preciso parecer superior ao outro. Mas isto só funciona num equilíbrio sempre precário, quer individual, quer colectivo. Quando esse equilíbrio se esboroa, os banais fazem as usuais banalidades. Violência sobre os outros. Desde há milhares de anos.

Prof. Inês de Castro disse...

Caro Júlio Machado Vaz
Apesar de ter consciência do despropósito e do atrevimento (sei que não é o lugar nem o contexto adequado), tento entrar em contacto de todas as maneiras possíveis de que me lembro (a teoria do estar a seis elos relacionais de qualquer pessoa conhecida não está a funcionar)para saber se seria possível colaborar com duas activistas escolares que andam cansadas de resistências e desistências. Somos, as ditas, Lurdes Silva e Inês de Castro, professoras no Agrupamento de Escolas de Cerva, pequena escola, apesar do “agrupamento”, de uma pequena vila, na interioridade do distrito de Vila Real, muito embora a A7 aqui tão perto. A Lurdes é, entre outros fazeres muitos de ainda acreditar, coordenadora do projecto de educação para a saúde (PES); eu sou, além de “assessora das flores” (linguísticas) e das “macacadas” (teatrices e afins), coordenadora do Departamento de Línguas e do projecto de leitura da escola.
Na falta de outros interlocutores, trocámos ideias e constatamos o óbvio: os nossos projectos e a escola que queremos precisam dos pais, pelo que decidimos organizar um encontro de educação parental. Neste contexto, gostaríamos que a conversa passasse pela questão da construção dos papéis de género, porque se reflecte na relação dos pais com a escola e nas expectativas experienciais dos alunos; pelas formas da violência de género, e sexual, que se pressente marcante; assim como outras modalidades de ser mais com os afectos. Por aí temos tentado passar, ela de uma forma mais pro-activa, orientando (limitada pela resistência) os colegas, eu numa estratégia algo insidiosa “vendendo”, ao engano, livros e leituras sobre temáticas relacionadas.
Falta-nos, sentimos, uma voz que seja mais cativante para vencer a resistência dos colegas e a apatia dos pais (mães, vá lá, o possível parental). Por isso pensámos em cometer este disparate de o convidar para o nenhures de Cerva e do nosso projecto. Havendo vontade. Curiosidade e possibilidade, enviaremos o “programa das festas”, como quem diz o proposto e aprovado projecto de educação parental do nosso Agrupamento.

Inês de Castro Silva

Fora-de-Lei disse...

Professor, ouvi por aí dizer que pior que o outro ARSEN4L só mesmo este AR5ENAL... ;-) Só espero que o Marselha não seja assim...

A Menina da Lua disse...

Aquiles

" É necessária uma formação, forte, com uma ética e moral sólida, para não se cair no crime."

Concordo em absoluto!

Contudo a formação individual nesse sentido é importante mas não chega...é igualmente importante que o colectivo, que os países no seu todo interiorizem essa consciência e principalmente que ajam, impondo limites
com medidas e contextos impeditivos que levem à violência...

As leis para mim devem traduzir Ética e parece-me que o estado de direito tem muitas vezes se esquecido e travado a vivência por e para os valores...


"Dar palpites sem ter vivências, vale pouco e não é frutífero"

Será?

Duvido que as pessoas que vivam essas realidades terríveis tenham tempo ou disponibilidade para pensarem ou terem sequer condições para agirem. Penso que cada um com a sua consciência cívica e moral tem todo o direito de pensar e principalmente o dever de se interrogar sobre tudo o que possa fazer para ir nesse sentido.

Quanto às vivências! As vivências de cada um são as vivências de cada um...e ninguem tem de se sentir culpado ou responsabilizado por não ter outras... pois cada um tem a liberdade de escolher as que pode e ainda saber gerir as outras; as que não escolheu e lhe calharam pela sorte ou pelos azares da vida...

O Professor e filósofo José Gil faz hoje a sua última aula como professor com o tema "A Formação da linguagem artística e a Filosofia". Ele afirma que a arte acrescenta às pessoas mais inteligência porque possui uma linguagem que só quem a conhece pode ter. E diz igualmente que há cidades mais inteligentes que outras porque sabem melhor partilhar essa linguagem no seu colectivo.

Ele diz ainda e à semelhança do que aqui já foi falado pelo Professor Júlio, que uma das coisas mais importantes que lhe aconteceu foi ter a possibilidade de partilhar ao mesmo tempo com os alunos em sala a descoberta do saber como se fossem ondas de pensar que se cruzam e se potenciam, elevando-nos ao espanto.:)

bea disse...

Há dois estados impressionantes no homem: a desesperança absoluta e a fria determinação do mal. A primeira foi/é muitas vezes gerada pela segunda e sua vítima. São pessoas vulgares? Diria que não. Transgressores dos limites vitais, com naturalidade infringem a vida e infligem dor e morte. É certo, são homens, os aleijões da psique a deformar-lhes a mente. Também eles foram/são meninos de sua mãe. Ou não.

AQUILES disse...

MENINA DA LUA

O post aponta para homicidios em grande escala. Violência sobre muitos. Porque é que banais cometem tais atrocidades é que é preciso entender. E é preciso saber o que entender.
Concordo em absoluto que as leis devem traduzir ética. Aliás, faz parte da sua essência. Todavia era necessário que quem as fizesse e as aprovasse tivesse ética. Que não é o caso, quando as leis são feitas à medida das vigarices que vão cometer. Há uma série "CASOS ARQUIVADOS", que seria impossível em Portugal. Foi tudo feito para se conjugar com a morosidade da justiça, e prescrever ao fim de 5 anos, que é muito menos do que leva a resolver-se qualquer coisa judicialmente.
Mas voltando aos homicidios, porque será que todos somos, potencialmente, capazes de violar o 5º mandamento? (ou 6º, dependendo do rito e religião)

AQUILES disse...

E a propósito do tema homicidio, ou mesmo sem propósito, sugiro alguns livros.
-O CISNE NEGRO de Nassim Nicholas Taleb.
-PROMESSAS QUE OS AMANTES FAZEM QUANDO COMEÇA A SER TARDE, de Darian Leader.
-BREVE HISTÓRIA DE QUASE TUDO, de Bill Bryson.
-MILLENIUM (3 volumes de leitura ávida) de Stieg Larsson.
- COLAPSO - Ascensão e queda das sociedades humanas, de Jared Diamond.

$hort disse...

Oi Tertúlia,

Somos também seres luminosos, às vezes também temos que ter a nossa luz ajustada à obscuridade dos nossos companheiros, pelo menos de espaço :).

Li esta ideia em qualquer lado, mas também li que, apesar de concordar com a ivg, esta nunca pode ser considerada ética, independentemente de quaisquer argumentos é, por definição, contra a ética. O facto de a nossa história ser construída em massacres, aindividualmente penso que o actual Homos levou a cabo o exterminio selectivo dos outros hominiedos, não iliba a nossa responsabilidade individual da tal possibilidade do horror, mandante, executor ou cumplíce :(.

A arte é sem duvida, parte do outro lado do espectro, faz parte da história da humanidade desde o inicio, a musica, a pintura, escultura aparecem quando comecam a existir uma vida em comunidade prospera, com alguma de excedencia de recursos,mas pressupoem uma existencia de uma comunidade assente na comunhão de uma forma de vida, valores, moral, etica, não efectivamente os conceitos teóricos mas pelo menos alguns dos conceitos práticos e também a intencão de os aplicar em objectivos comuns.

Apesar de todas as tragédias que nos têm acompanhado, a humanidade continua a viver na crista de uma onda que continua a crescer :).

Caidê disse...

Em cada homem não educado emocionalmente reside um agressor. Conrad falou amplamente das sociedades animais...

AQUILES disse...

CAIDÊ
Em cada homem educado emocionalmente reside um agressor. Também. É só escolher os exemplos.

Caidê disse...

Aquiles
Há homens que tardam em permitir que neles sobrevenha o resíduo da sua animalidade contra iguais. Há homens que vivem da sua animalidade.