domingo, maio 25, 2008

Domingo à noite.

Fim-de-semana "cosy" no refúgio dos Sobrinho Simões em Âncora. A longa amizade cúmplice. As saudades das proles respectivas afogadas em recordações sorridentes, quarenta anos depois falamos dos filhos deles, de netos! Expedição punitiva às tapas da Casa da Abuela na outra margem do rio, com os inevitáveis protestos da colite. Aceitei fazer no Outono um Curso sobre Sexualidade e Civilização Ocidental em Serralves. Lá se vai o descanso da reforma... E contudo, é para mim uma estratégia imperativa de sobrevivência - preciso de meditar o sexo como produto cultural através de espaço e tempo, para não enjoar o exibicionismo acéfalo que hoje nos enfiam goela abaixo.

25 comentários:

andorinha disse...

São abraços em Lisboa, abraços em Âncora, é um felizardo:)

Quanto ao curso acho uma óptima ideia. Para si, para não ficar já com os vícios de um reformado indolente:), mas também para quem o vai frequentar.
O tema é interessante e vai cativar certamente muito boa gente.

maribete disse...

Creio que o descanso da reforma é para muitos de nós uma ilusão. A reforma é muito menos o desejo de parar do que o de mudar e fazer o que nos dá gozo. Quando estas actividades são, mais do que profissão, algo que lhe dá prazer é difícil dizer não. E verdade seja dita, nós agradecemos pois ter a possibilidade de o ouvir falar sobre um tema tão importante, tão ligado à vida e tão maltratado, como só o prof o sabe fazer é algo que não pudemos perder. Obrigada por nos dar a possibilidade de o continuar a ouvir.

Passarinha.Assada disse...

Ó Senhor Doutor... esse curso sobre "Sexualidade e Civilização Ocidental", já tem data marcada? Qual a sua duração? É muito caro ou haverão "coupons" / bolsas de estudo para as bifanitas mais aplicadas?

E para quando um sobre Sexualidade e Civilização Oriental?, se das "Bifanitas ao Alto!", pouco sabemos? ;)

cabecinhapensadora disse...

É pena que nem todos possamos ir a Serralves. Espaço e Tempo são condição logo, condicionam.
O "exibicionismo acéfalo " quase parece uma outra forma de pudor exacerbado; a exposição continua a deixar intocável a sexualidade como valor e dimensão humana; não é a única forma de nos encontrarmos, mas tal como qualquer outra, detém a sua especificidade. E não há dúvida que o sexo é uma forma de encontro no outro, ou pelo menos de aí nos procurarmos. Se uma pessoa pode ser um hipotético lugar de nós, torna-se objecto do nosso respeito.

Ti disse...

É também um grande contributo para a sobrevivência dos seus ouvintes...
Quando houver datas para o dito, faça no-las chegar para poder que possa crescer mais um bocadinho a ouvi-lo.

lobices disse...

...meditar o sexo?

Roberto Ivens disse...

Caro Prof.,

«O sexo como produto» faz realmente meditar. Ao preço a que andam as "outras" comodities nos mercados internacionais...

Fora-de-Lei disse...

P: No Porto, as pessoas da sua geração falam sempre da existência de uma "tribo" à qual pertencem. Às vezes, parece só um grupo de pessoas, cujo denominador comum é o estrato social. É mais do que isto?

R: É mais do que isso: sentido de pertença, cumplicidade, falta de mobilidade social, alguma homogeneidade profissional, ética republicana, primado da acção sobre o discurso, ironia e humor q.b., boas contas, … [Aviso à navegação: Portugal está a dar cabo das profissões e isso é péssimo; também é mau ter-se perdido, generalizadamente, o hábito das contas à moda do Porto]

< http://entre-vidas.blogspot.com/2007/08/manuel-sobrinho-simes.html >

Canseiroso disse...

Tanta informação e tão variada, em tão curto espaço Murcon, nem parece seu.
Gostei dos filhos, dos netos, das tapas, do rio, das conversas que aí vão surgir sobre sexo, da reforma, da meditação e do acéfalismo.
Vale o facto de ter sido domingo à noite, de outra forma haveria menos nostalgia e mais acção.
Mas é sempre um prazer.

CêTê disse...

"DEUS" deveria ter-me concedido a graça de nesta vida me fazer reencarnar numa cómoda cadeira do anfiteatro de Serralves. Ainda que sobre ela se sentasse sempre um rabiosque.;/ MAS COM ouvidos!;) (e sem ser no tampo. ;))))
E para compensar o estado de quadrúpede (que só em certos momentos aprecio);)))) dar-me asas para esvoaçar no parque para acompanhar gravações no exterior/ noutros espaços.


Quanto aos comportamentos acéfalos- também há os pseudo-acéfalos que são puramente provocatórios. Não excluíndo outras razões bem mais complexas e interessantes como a do mimetismo das tendências dominantes.;)


bom final de dia

PILAR disse...

O tal "exibicionismo acéfalo" manifesta-se em tantas formas, no sexo é apenas mais uma ...
Às vezes penso que somos espiritualmente pouco desenvolvidos, querendo chegar ao outro e a todo o seu mundo apenas e só pela via do corpo...
A possibilidade de alcançar uma intimidade tal, que o corpo é um caminho mais, para o encontro com o outro ...é eventualmente viável... seria concerteza bonito de ver desfilar por aí vidas em comunhão!

MT disse...

"preciso de meditar o sexo como produto cultural através de espaço e tempo, para não enjoar o exibicionismo acéfalo que hoje nos enfiam goela abaixo."

Apoiado.

Gostei da sua análise sobre a internet no programa de hoje.

Beijinhos

Lúcia disse...

"preciso de meditar o sexo como produto cultural através de espaço e tempo, para não enjoar o exibicionismo acéfalo que hoje nos enfiam goela abaixo."
Ora aí está porque é que há tanta gente que gosta de ler o que escreve e que o ouve com esmerada atenção! Obrigado

andorinha disse...

Cêtê,

Aprecias a posição de quadrúpede emcertos momentos?:))))) Loooooooooooooool

Só tu para te saires aqui com uma dessas...
Não tens decoro nenhum, moça:))))

Jinhos

isabel disse...

Caro professor

Vivo a meio de Lisboa e Porto. Antes da A25 era uma viagem do impossivel. Desde Março que sou "amiga de Serralves". Vou poucas vezes mas sabe-me bem pertencer a esse mundo. Fico com a ilusão que saio da mediocridade..
Até breve

Laura disse...

Pois. Tem toda a razão!
Mas como esse tal fenómeno exibicionista e gratuito é acéfalo ( e como acontece a todos aqueles seres humanos que são acéfalos) os visados não entendem a mensagem:)
Aliás, pior ainda: - nem entendem sequer que ela lhes é dirigida :)
Desconfio eu...De que.

Su disse...

estou desatenta...........a tudo.....


jocas maradas...sempre

ops nem sei pq deixo esta "bosta" aqui.................mas.........

CêTê disse...

(Andorinha: ))))) O pior é a crescente dificuldade articular para passar ao estado de bípede, depois. ;P- Tu é que provocas.;P)

TIC disse...

Parecia o início de uma aceitação forçada para acabar num extremo previsivel sobre sexo.
Quem sabe destinguir esse exibicionismo como o certo para engolir?

oui! mon amour! disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
oui! mon amour! disse...

... o que eu ia dizer depois de ler este post está tudo neste " non si compra la fortuna " :)

http://italiasempre.com/verpor/nonsicomprala2.htm

TIC disse...

"Quem sabe destinguir esse exibicionismo como o certo para engolir?"

Distinguir.

Desculpem o erro!

Anónimo disse...

«Aceitei fazer um Curso sobre Sexualidade ...em Serralves.

E contudo, é para mim uma estratégia imperativa de sobrevivência - preciso de meditar o sexo como produto cultural através de espaço e tempo, para não enjoar o exibicionismo acéfalo que hoje nos enfiam goela abaixo», Professor Julinho

Ok, os visados serão não tanto os acéfalos, mas o marketing que os direcciona - será na SIC Mulher??

O exibicionismo acéfalo é também apenas mais uma prole do consumismo. (Eu escrevi "também apenas" propositadamente!)

Seja como for os verdadeiros exibicionistas acéfalos são as crianças (mais acéfalas) e os adolescentes (mais exibicionistas).

Eu podia por isso quase dizer que os exibicionistas acéfalos adultos são nostálgicos, antes de serem exibicionistas!

Portanto, o que o enjoa penso que será a perseverança do exibicionismo acéfalo já depois da idade adulta - devia ser um exibicionismo mais avançado -; mas mais o sex-marketing para e de produção de sexo acéfalo (e direccionado para lucros monetários!)

noiseformind disse...

Abastecer na Casa Biandota e dormir logo ali ao lado no Hotel Meira. Assim são as minhas recordações de VPA. Remotas, que muitos são os km que me separam hoje delas.

Quanto ao exibicionismo acéfalo, ele é necessário, é mostrando os podres do auto-conhecimento (falta dele, neste caso) que se consegue progredir para o fim dos tabus que mantêm tanta gente satisfeita por ignorância ou contente por falta de referências.

Mas é melhor n falar muito de sexo estando aqui a teclar do Reino. Se algum ciber-motoar descobre que estou aqui neste antro de podridão sexual eventualmente financiado por capitais semitas lixo-me e lá se vai a internet que tanto trabalhinho me deu a montar com algumas liberdades (entre as quais o blogspot).

Se o próximo Jantar do Murcon fôr na Arábia Saudita, alinho!!! ; ))))

Anónimo disse...

vamos continuar com o sexo/exibicionismo acéfalo,

é que há aqui uma coisa importante que se deve perceber, é que o sexo não precisa de ser feito de uma forma inteligente!

também há um aspecto importante no marketing do sexo - que aparece também muitas vezes associado à venda de outros produtos -, é que não é mais - nem menos - de que outras actividades de marketing que fazem apelo à euforia, como por exemplo, aquelas que visam a selecção nacional; portanto, há uma série de marketings que apelam à euforia nas mais diversas formas, pode ser por causa do sexo, ou do futebol, ou até dos telemóveis

a euforia é uma espécie de libertação, portanto é fácil de alimentar, e incentivada por actividades de marketing, adquire uma forma de contra-censura, que facilita essa sua libertação

(se bem que para mim o exibicionismo acéfalo são os barrigudos na praia enquanto as mulheres tapam as mamas, há coisas...)