Governo cria
linguagem para justificar medidas de austeridade
Em quatro folhas A4, constam os ensinamentos dirigidos aos
gabinetes ministeriais. São normas para responder às perguntas, da
imprensa sobretudo, sobre as medidas de austeridade anunciadas.
Ana Sofia Santos (www.expresso.pt)
13:40 Segunda feira, 10 de setembro de 2012
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(clique na imagem para
ver o documento em formato PDF)
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O documento, que ensina os ministérios a justificarem medidas de
austeridade, foi enviado logo na sexta-feira, dia do anúncio pelo primeiro-ministro,
e dá instruções aos assessores de como lidar com a pergunta "é um novo
aumento de impostos?".
A encabeçar a lista de argumentos que os ministérios devem reproduzir para
justificar as mexidas na Taxa Social Única, o Governo privilegia "o
combate" ao desemprego. Fruto da melhoria das condições de tesouraria das
empresas.
Além disso, os responsáveis pelo 'passa a palavra' devem também salientar o
facto do aumento da TSU para os trabalhadores "reequilibra as contas para
a Segurança Social, preservando o futuro, pensões, reformas, acesso aos mais
desprotegidos da sociedade, e reforço de verbas para o desemprego".
Apesar de não apresentar contas sobre o verdadeiro impacto das medidas, o
Governo mostra trabalho de casa ao comparar vários países no que toca às
contribuições para a segurança social por parte dos patrões.
"As empresas deixam de ter a seu cargo a maior fatia das contribuições
da segurança social", à semelhança do que se passa na Alemanha.
Se a questão incidir sobre a "insensibilidade social" das
medidas, deve ser dito que "os trabalhadores do sector privado e do sector
publico de menores rendimentos serão protegidos por um crédito fiscal em sede
de IRS, por intermédio do qual terão ou uma redução do imposto a pagar, ou uma
devolução maior" e que "os parceiros sociais terão um contributo
muito importante a dar na definição do esquema mais adequado".
E há a instrução para recusar a medida como um novo aumento de impostos. O
que deve ser dito é que "as contribuições dos trabalhadores sobem, mas as
contribuições das empresas descem. Como um todo, a economia não fica mais
sobrecarregada com impostos/contribuições. Isso é que é importante
salvaguardar".
Expresso
online.
Alguns de vocês, línguas viperinas e preconceituosas, dirão que se trata
de uma espécie de catecismo. Nada mais falso! A isto chama-se homogeneização do
discurso para facilitar a sua compreensão pelas massas menos esclarecidas. De
resto, fontes geralmente bem informadas, revelaram-me que o esforço dos membros
do Governo para trabalharem em conjunto de modo afinado não se fica por aqui.
Até em Conselho de Ministros ensaiam para empolgar a Nação. Querem ver?
15 comentários:
Há duas coisas em que devemos estar bem informados. Sexo e Politica.
Obrigada a todos pela partilha.
eu quero que o governo inteirinho vá a um sítio. E não saia.
Bea,
Eu quero isso também...
andorinha
:)) olhai que duas
Já tinha conhecimento disto. Eu tenho ligação directa às notícias.
"Intempestivo...
Em tempo estive?...
Sem tempo estou.
É tempo festivo?...
Paciência estourou.
Lembra tempestade.
Com forte trovoada.
Assim eu sou, estou,
De tempo em tempo.
Fora do tempo azado,
De súbito, impropício...
Hora errada, inopinado.
Previsível, imprevisto.
Chuvisco no molhado?
E inda quero ser quisto..."
Francismar Prestes Leal
...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ...
(Sá de Miranda
Como tem o PP no seu blogue, já que eu não tenho palavras.
Eu não queria que eles fossem para um certo sítio. Eu queria vê-los metido no Coliseu romano a funcionar e entregues às feras famintas. Porque estes sujeitos merecem mesmo sofrer em vida até definharem de tanto sofrimento.
Pedro,
Faça o favor de pôr a fotografia anterior. Ao menos para eu ver uma foto, que me lembre bons tempos e bons filmes. Agora é só tecnologia maluca.
O Governo parece ter entendido o que Fernando Pessoa escreveu
"A Doença da Disciplina.
Das feições de alma que caracterizam o povo português, a mais irritante é, sem dúvida, o seu excesso de disciplina. Somos o povo disciplinado por excelência. Levamos a disciplina social àquele ponto de excesso em que cousa nenhuma, por boa que seja — e eu não creio que a disciplina seja boa — por força que há-de ser prejudicial.
Tão regrada, regular e organizada é a vida social portuguesa que mais parece que somos um exército de que uma nação de gente com existências individuais. Nunca o português tem uma acção sua, quebrando com o meio, virando as costas aos vizinhos. Age sempre em grupo, sente sempre em grupo, pensa sempre em grupo. Está sempre à espera dos outros para tudo. E quando, por um milagre de desnacionalização temporária, pratica a traição à Pátria de ter um gesto, um pensamento, ou um sentimento independente, a sua audácia nunca é completa, porque não tira os olhos dos outros, nem a sua atenção da sua crítica.
Parecemo-nos muito com os alemães. Como eles, agimos sempre em grupo, e cada um do grupo porque os outros agem.
Por isso aqui, como na Alemanha, nunca é possível determinar responsabilidades; elas são sempre da sexta pessoa num caso onde só agiram cinco..........." (Fernando Pessoa)
Ímpio
Pessoa é extraordinário. Apanhou-nos.
Anphy
o tempo de atirar pessoas aos leões já passou. E não é de repetir. Quem seríamos se o fizéssemos, senão uns renascidos bárbaros? ok, eles merecem. Mas eu não.
Um destes dias, dizia-me um amigo, "se és meu amigo, trata de ti" - parece que é de Ovídio (está tudo nos clássicos :). É algo que também se lhe aplica, Anphy.
Ando um cado preocupada. O professor ainda não comentou a sua condução na cadeira nova. Será só para enfeitar?! Ox- Alá
E portem-se que tenho o almoço ao fogão. E por aí.
Nós não precisamos de manuais, apenas da palavra "basta"!
~CC~
Sábado é dia de manifestação!
Vamos lá sair de casa e mostrar o nosso descontentamento!
Basta, sr. Passos Coelho! Basta de lixar quem trabalha!
Caramba! Não concordo mais do que qualquer um mas... onde estavam as vozes que se alevantam agora quando os fundos foram distribuidos e usados para outros fins? Quantos conhecemos que usurparam o que não era deles em sua prol apenas? Quantos só querem passar primeiro sem perceber que os outros também merecem?
Gostava de ver a resmunguice com esses também!
Mais!
Achamos piada a sátiras, maldizeres, piadinhas... perguntem-lhes como conseguem tirar um mês inteiro de férias! Respondem que estão a recibos e são precários... eu respondo de volta e digo que não consigo!
Pedro Faria
acabamos sempre a descobrir que o fundo é mais fundo do que pensamos. Tens todos os motivos para a luta. Mas os outros também, um comboio é ele inteiro seja nas carruagens da frente ou de trás, sempre o mesmo comboio. É como tal que temos de nos entender. Parece-me.
Mas eu quem sou
Bea
Temos todos que nos entender desde que o governo vá e não volte, como disse no seu comentário?
Em carpintaria isso chama-se virar o bico ao prego para espetar em duas tábuas distintas...
Boa tarde!
Estas respostas "standard" têm a mesma linha de montagem das dos monopólios, como a EDP.
Nas reclamações à EDP também aparecem sempre respostas em “linguagem facturada”que se escuda em termos como – potência... , KWh..., KVA ..., Hora de vazio..., Hora de cheio.... Mal de nós que temos de...dar à luz EUROS, para pagar um vazio de explicações a reclamações onde a potência(machista) em que se escudam, parece estar sempre em horas de cheio... ehehhe.
Agora percebo porque os ministros vão para lá depois dos mandatos :))))O governo deve ser o mestrado.
Não dá riso. É muito sério.
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