quinta-feira, outubro 18, 2012

No more.


Depois dos resultados eleitorais do PP nos Açores, fiquei ainda mais curioso acerca da tomada de posição de Paulo Portas sobre o Orçamento. Estamos a falar de um homem muito inteligente. (E educadíssimo!, a única vez que nos encontrámos esperou pacientemente que eu mirasse,  remirasse e namorasse umas garrafas de bom vinho, sem perceber que tornava impossível a passagem para os lavabos do estabelecimento. Ainda coro quando me lembro do seu amável e sorridente “não tem importância”, nunca estive tão perto de me mudar com armas,  bagagens e vergonha para o Centro DireitaJ))))). Estamos a falar do decano dos líderes partidários nacionais, de um homem com extraordinária capacidade de trabalho – outros em férias e ele em feiras… - e para aí umas sete vezes sete vidas políticas! E um talento extraordinário para passar entre os pingos da chuva… Tenho assistido, com deliciada deformação profissional, ao seu extraordinário número de trapézio – ser Governo e Oposição ao mesmo tempo. Mas no more. O singelo comunicado - que viu a luz do dia pela calada da noite… - é uma rendição sem condições, embora se adivinhe a aprovação de uma ou outra medida avulsa para reivindicar no próximo acto eleitoral. Manda a justiça reconhecer que o desafio era impossível. Porque não chove em Portugal – quase escrevia Santiago, coisas da memória… -, é um dilúvio que se abate sobre o País. Paulo Portas sabe que ficará politicamente encharcado. Menos mal, há por aí muito português que o está literalmente e até ao osso…

63 comentários:

Paulo Ribeiro disse...

Hmmm... Mais tarde ou mais cedo ele vai acabar por quebrar a coligação e apresentar-se como o grande salvador da pátria.
E o povo, de fraca memória, nem se vai lembrar que ele fez parte do governo. :(

http://revolucaodosovos.wordpress.com/2012/10/10/eu-aprovo-estas-medidas-de-austeridade/

pinto disse...

Não diria melhor Abraço

andorinha disse...

No more...seria o mote para corrermos com estes tipos. Eu confesso que já não sei do que estamos à espera...

andorinha disse...

Miguel Relvas afirma que não há espaço para estados de alma.

Eu, se não estivesse no Murcon, disparava forte e feio. Aqui, contenho-me. Custa-me, confesso.
Perante tanta barbaridade que vou lendo/ouvindo diariamente.

Mas quem se julgam estes tipos? Estes medíocres? Gente sem qualquer ética ou moral...
Não há espaço? Então há espaço para quê?
Para continuar a roubar?
Claro, para isso há sempre espaço. A esta hora já estão a maquinar qual será o próximo roubo.
E vamos continuar a assistir impavida e serenamente a isto?:(((

Anónimo disse...

Há tempos ouvi um colega seu do Independente falar de umas coisas que tomavam para fazerem diretas. A avaliar pela hora do comunicado a coisa não se alterou. Eu nem Red Bull provei. Será isso que faz as notas?!

Anónimo disse...

Quanto à passagem para os lavabos, eles que a fizessem maior, ora essa! :)

AQUILES disse...

Primeiro devo dizer que os resultados dos Açores, embora sofram muito a influência das tempestades nacionais, tiveram muito a ver com questões locais, e com passarões cá do quintal (um deles o do CDS).
Depois gostaria de dizer que a solução disto, a trapalhada nacional, só se resolverá quando se exigir, e se conseguir, prender e condenar todos os malandros que lesaram muito o país. Até lá protestar nada vai resolver. Eles riem-se dos protestos e continuam na senda do crime. Eu diria que só à bofetada, ao pontapé e algo mais se conseguirá tirar o país do pântano. Parafraseando Shakespeare, matar ou não matar, eis a questão.

Impio Blasfemo disse...

ANDORINHA

“Mas quem se julgam estes tipos?. Excelente pergunta. Admito é que mais uma vez vá ficar sem resposta pois certas tipologias de tipos e tipas não aprecia nada que hajam muitas questões que caiam na rua. Tal sai-lhes do controlo e isso não é nada do gosto destas tipologias ou, brincando com o conceito, topologias do poder.. Segundo as estas, Cristo teria sido encerrado, a 7 chaves num templo, de preferência no deserto, e teria de fazer voto de silêncio. Dá uma espreitadela no artigo do Demétrio Alves cujo link está abaixo; vais gostar.

JESUS CRISTO FECHADO NO TEMPLO
http://pracadobocage.wordpress.com/2012/10/18/jesus-cristo-fechado-no-templo/
“Até que ponto é que nós construímos uma saúde democrática, com a rua a dizer como se deve governar?” e “O que está a acontecer é uma corrosão da harmonia democrática, da nossa Constituição e do nosso sistema constitucional.”
Aplicada esta visão dois milénios atrás, Jesus Cristo teria ficado encerrado nos estaleiros navais de José, ou, quando muito, limitar-se-ia a falar no Templo.
Hoje, D. José seria um desempregado da fé.

IMPIO

bea disse...


Sem grande entendimento de política mas conhecendo um pouco o político, Paulo Portas deu a resposta esperada.

Hoje o telejornal foi um amontoado de más notícias. das grandes. e depois ainda vem um relvas impiedoso e cheio de maldade, pérfido mesmo, com este mimo

"no colete-de-forças que nos é imposto pelo resgate não há espaço para ânimos fracos, estados de alma e profissionais da desistência».

Na verdade temo um bocado estas inflexibilidades, as supremacias da força e o aniquilar dos fracos. Ok, estava contextualizado, queria dizer que o momento não é para ruturas. Mas tem um fundo meio xenófobo, qualquer coisa que fede.

Ai Portugal que não nos acontece nada de bom!

A conversa de gente que não presta não se devia ouvir mas eles vêm falar para os telejornais e mandam no país, fazer o quê?

rainbow disse...


Sobre PP, o que dizer?
Que é uma raposa matreira, um animal político, um homem inteligente.
E que ajuda a destruir o país.


Andorinha

"Miguel Relvas afirma que não há espaço para estados de alma."

Os estados de alma não pagam impostos, logo inúteis...
Andorinha, isto anda de mal a pior. E nós não podemos ficar de braços cruzados a ver a banda passar.

Aquiles,
Já cá fazia falta a sua frontalidade.
Abraço para "voses":)

Bea,
Tu não sabes o que te dói. A mim dói-me o braço.
Há dias, na escola, fui literalmente mordida pelo "nosso" menino autista. É assim...
O que me fez pensar: nós damos o nosso melhor, lidamos com situações complicadas todos os dias. E os nossos governantes teimam em medidas de austeridade, que além de muitíssimo injustas e penalizadoras, e economicamente ineficazes, funcionam como factor desmotivador para quem trabalha, não apenas pelo salário, mas também por amor à camisola.

E desculpem a minha pouca disposição.
Uma musiquinha e bons sonhos:

http://www.youtube.com/watch?v=hHVxQKa5xEU






andorinha disse...

Aquiles,

"...só se resolverá quando se exigir, e se conseguir, prender e condenar todos os malandros que lesaram muito o país. Até lá protestar nada vai resolver."

Concordo contigo, em teoria. Mas isso nunca se vai conseguir. Eles protegem-se uns aos outros. Todos tem telhados de vidro.
Protestar só, é pouco, concordo.
Perante tanto disparate, tanta incompetência, tanta malvadez, esta gente perdeu a legitimidade para governar.

Impio,

Li. Pois...estas vozes da Igreja que de vez em quando também se juntam à festa...:(

"O que está a acontecer é uma corrosão da harmonia democrática, da nossa Constituição e do nosso sistema constitucional.”"

Por acaso até concordo, mas tudo isso está-se a verificar por parte do governo. Mas por acaso esses tipos querem saber da Constituição para alguma coisa? Mas D. José está a brincar ou quê?
Estou farta desta merda toda...

andorinha disse...

Ainda estou a trabalhar...

With a kiss and a hug for all of you:

http://www.youtube.com/watch?v=BgUnYzXU-Fo&feature=fvst

bea disse...

a hug, lembra-me alguém

bea disse...

Que ternura, andorinha.obrigada.

bea disse...

Rain

então o garoto deu-te uma dentadinha no braço...passa :). Bem mais depressa que todo o mal que nos assola. é que são coisas demais. cansei.

vamos dormir :)

AQUILES disse...

Começo a ter muitas saudades das baladas. Nesta a letra diz que o silêncio cresce como um cancro:

http://www.youtube.com/watch?v=VflKiZzb4h4

Temos que voltar ao Zeca, porque "eles não deixam nada".

JoZé disse...

Educadíssimo? Até pode ser... Mas, no caso em causa, quem não seria gentil ao ver o seu caminho obstruído por uma estrela enamorada por umas garrafas de vinho? :)

Impio Blasfemo disse...

Do silêncio dos inocentes aos silêncios dos culpados e como os inocentes transformam os seus silêncios em barulhos. Felizmente há barulho, pois se só houvesse silêncio dos culpados e também dos inocentes, então estaríamos já passado da actual democradura à ditadura, tendo perdido, em definitivo, qualquer capacidade de expressão ou liberdade. Lembrando alguém, teríamos posto a democracia na gaveta, já que o socialismo, enfim, talvez só envergonhadamente tenha posto aqui e acolá a cabeça de fora desde que um dos nossos patronos o mandou para a gaveta. Engraçado que ele (o socialismo) obediente e educadamente, foi….
Lembra-me a actual situação o livro do Aquilino, “Quando os Lobos Uivam”, história dos anos 40, passada nas Beiras, quando o Estado Novo resolve impor aos beirões uma nova lei onde os terrenos baldios, que sempre tinham sido usados para uso comunitário, seriam agora usados para plantar pinheiros, assim, sem mais nem menos. Surge a revolta de homens humildes, e tudo acaba numa “caçada” por parte da polícia aos instigadores da revolta. Vem-me também à memória a história do pai de uma amiga minha que, na sua juventude, tendo aderido ao PCP, andava a distribuir panfletos pelo Douro vinhateiro. Tendo sido apanhado em flagrante, foi perseguido por montes e vales e baleado na barriga e deixado por lá a esvair-se em sangue. Felizmente foi recolhido pelos aldeões, transportado para o Porto e operado em segredo pelo irmão, que o salvou. Toda a vida não conseguiu endireitar bem as costas; esse foi a paga de ter sido baleado. Conseguiu fugir de Portugal e refugiu-se em África, onde viveu e morreu.
Aproximam-se tempos difíceis, tempos de contestação dos poderes assentes no governo, na AR e noutros lugares da governação e até agora a polícia tem agido sem fazer exagerado abuso da violência. Aqui e acolá dá umas cacetadas em quem já está no chão e não oferece resistência, mas quando se treina alguém para bater é difícil que esse alguém não bata quando tem oportunidade para o fazer. É Pavloviano…..

Por tudo isto o Paulinho das Feiras vai ter de deixar de ser o NIN da política portuguesa, o tal que moralmente não aprova mas que moralmente consente pois o País não aguenta uma crise, diz ele, ou talvez ele (PP) não aguente perder as luzes da ribalta, dizemos nós. Ronrona silêncios conspira-constipa-tivos pois são sempre acompanhados de sonoras e repetidas fungadelas.

IMPIO

bea disse...

Bom Dia :)

Ímpio

se há coisa que não me apraz - não apraz a ninguém - é depender de pessoas em quem não confio. Paulo Portas não é confiável. E não por dirigir um partido com que não me identifico, que o povo não é tão sectário assim; se as soluções são boas, aceita-as vindas de onde vierem. Mas o passado ensina e o presente confirma: as pessoas tornam-se cada vez mais quem são.

Exilado

penso que PP não gosta muito de estrelas no caminho, e ainda menos que o ofusquem.
mas sendo para o WC, e conhecendo o professor, tenho para mim que ria para dentro. Parece-me uma pessoa que tira partido da diversão.

Prefiro o irmão, mas PP tem qualidades inegáveis. Dentro do que representam, são dois lados melhores e julgo que os pais hão de estar orgulhosos

bea disse...

até breve :)

Anónimo disse...

Há muitos políticos que teimam em falar para o povo numa linguagem/vocabulário que os faz não entendiveis. Julgo até ser de propósito pois aproveitam para, indirectamente, chamarem o povo de ignorante. Com o PP nada disso acontece. De facto eu entendo tudo o que ele diz. Só não concordo com nada do que ele faz.

bea disse...


Cycle

Os mais sábios são os que se fazem entender por todos.Já tornaram simples e acessíveis as coisas complicadíssimas.e quem fala para si ou amigos, fique em casa em reunião familiar, a TV serve para comunicar`com as massas.O povo é na verdade ignorante mas os políticos são os responsáveis pela estreiteza do horizonte. é melhor não cuspirem para o ar. Até por estarem a encurtá-lo diariamente.

bea disse...

Cycle

Retomando
“bea,
não frequentas um blogue de um sexólogo?!”

E eu, será que entrei em algum e nem me lembro. ou não sabia?! mas e a cycle, como sabia ?! E logo, Ah!

É que o professor é mais eclético e meu professor das conversas que são sobre tudo. E normalmente gosto do ângulo. Palavra que não me lembra muito essa faceta que, pensando melhor, até dá ao blogue e ao professor assim uma aura meio práfrentex meio o que é que será isto. Que é afinal uma coisa tão normal que tb normal haver um especialista; em tudo que há norma tb há patologia. E trata-se. Ou também os incuráveis? Deve haver, sim. Como diz o jo ão a cabeça é complicada. Mas por acaso o mais perfeito. Se abraçamos uma pessoa, abraça-se tudo e nem sempre ela no abraço; e nós lá, ó pra mim sem cabeça. Campeões do impossível.

Anónimo disse...

bea,
mesmo!

Manuel disse...

Só agora passei por aqui e a discussão já vai adiantada. Deixo apenas 3 comentários:

Caro Prof:
O seu texto pinta o Paulo Portas demasiado cor-de-rosa. Pessoalmente, não duvido do que diz. Politicamente, acho que não tem estaleca para ser um verdadeiro estadista, não passa de um jornalista-conspirador, mestre em pequenos tacticismos.

Andorinha:
«No more...seria o mote para corrermos com estes tipos. Eu confesso que já não sei do que estamos à espera...»
O problema não é corrermos com estes, é que outros melhores teremos.
O Louçã, é o que se vê, fala, fala, fala, soluções razoáveis ou assumpção de responsabilidades nada;
o Jerónimo, coitado, aquilo nem para começar dá, só sabe carregar no botão Rewind e Play da cassete já demasiado gasta;
o Totózé Seguro nem falar sabe. E tirou a licenciatura em 2004, numa daquelas «universidades de excelência» que por aí há, em Relações Internacionais (estão todos a pensar emigrar), na colheita do Vara e do Relvas, daí o silêncio quanto ao caso Relvas;
no PSD, os poucos que se aproveitam ou foram ou estão a ser ostracizados, restam os populistas e os demagogos (do tipo Meneses);
no CDS, aquilo cheira demasiado a naftalina, embora esteja ocupado por um geração nova ilustrada, oriunda da Academia. O grande médico-pedagogo João dos Santos costumava dizer que «há pessoas que morrem ao 30 mas só são enterradas aos 70». É um pouco o caso destes jovens do CDS, são novos mas com ideias bem velhas. Sabem defender muito bem os ricos e enquanto o Portas existir, secará tudo à sua volta, não haverá alternativas.
Portanto, resumindo e concluindo, só vos deixo esperança.

Aquiles:
«Depois gostaria de dizer que a solução disto, a trapalhada nacional, só se resolverá quando se exigir, e se conseguir, prender e condenar todos os malandros que lesaram muito o país.»
O nosso maior problema é nós não compreendermos a verdadeira dimensão da crise, isto é, todas as suas componentes, de que a falta de preparação dos políticos e a desonestidade de muitos deles é apenas uma dessas componentes. Enquanto nos convencermos que os nossos problemas se resumem aos roubos dos políticos ficamo-nos pela rama.

Depois desta verborreia toda aqui vos deixo algo mais agradável.
Curtam:
«Coro da Primavera»: José Afonso (pelo Coro dos Antigos Orfeonistas da Universidade de Coimbra, em Bratislava)
http://youtu.be/sF2KUgxauAE

andorinha disse...

Manuel,

"Enquanto nos convencermos que os nossos problemas se resumem aos roubos dos políticos ficamo-nos pela rama."

Provavelmente ficamos. Mas seria bom começarmos por algum lado.
Políticos corruptos e incompetentes deveriam ser responsabilizados criminalmente. Mas não, neste país de brandos costumes nada acontece. Essa gente é intocável, ponto.
Não sei se ficarmos todos de braços caídos porque não há solução nem alternativas será a resposta adequada.
Não sei...
E quando perder a esperança, de vez, resta-me o quê?
Aceitar pacificamente continuar a ser roubada?


O Coro da Primavera é magistral!
Só por isso já valeu a pena teres-me moído o juízo:))))))

rainbow disse...


Boa noite:)

Vejam até ao fim que vale a pena:

http://www.youtube.com/watch?v=Xf0zu3BKegk

andorinha disse...

Rainbow,

Acabei de ver. Que retrato tão bem tirado dos políticos e do sistema!

Fabuloso! Simplesmente fabuloso!

Fiquem bem.

Caidê disse...

E andamos nestes futebóis há tempo de mais. Como se esta ministeirada merecesse ter público fixado nos seus golpes de rins!...Como se os nossos golpes fossem estes sórdidos desempenhos políticos em que um ganha e outro perde (eleitorado e credibilidade).Como se todo o governo de um país não passasse de uma dinâmica eleitoralista de antes, durante e depois.

Eles resolvem os seus problemas com mais ou menos equilibrismo nos trapézios da farsa do poder, mas de tanta manobra intestina para conquistarem prestigiados lugares e empacotarem rendimentos aparentemente legítimos (de facto assentes na fraude, no legislar antecipatório, no manancial das informações secretas à Borges, no compadrio), rendimentos e dividendos que vão beneficiar apenas os seus clãs, na verdade não sobra mais nada , nada sobra de eficaz em prol do governo do colectivo. É saque exclusivo, em proveito próprio, sem réstea de amor à nação.

Com amigos assim, não precisamos de inimigos! São os nossos governantes que destroem a riqueza que era nossa, porque era do coletivo. Não é Merkel! São eles! Porque se o mal fossem os outros, se o mal viesse de fora, então os bons governantes haviam de se opor aos de fora, para salvar os de dentro. Mas não há da parte deles qualquer amor biológico, não têm amor que lhes venha da consanguinidade. E Deus só têm um: o capital e o próprio privilégio.

Ontem revi o filme "25 de abril". M. Caetano dizia que se renderia desde que o poder não ficasse na rua. Recentemente já ouvimos finos magnatas dizer que o governo não pode ceder à rua. Que semelhança!...Mas a rua só quer lembrar que a Constituição ainda é a lei fundamental a que todos estão obrigados.M. Caetano disse que sabia que já não governava, mas hoje se a Constituição falasse diria o que, então, disse M. Caetano.

Já lá vai muito tempo que defendo que temos de sair do euro. Digo também hoje que temos de rescindir com os Tratados - não havendo condições para cumprir um contrato ninguém pode ficar obrigado a ele. Não queremos, não podemos, abrir-nos à concorrência neoliberal.

Temos e queremos cultivar a nossa terra, pescar na nossa ZEE, produzir nas nossas indústrias, desenvolver o nosso turismo, obter e oferecer qualidade. Viveremos com os produtos a que possamos aceder - e se industriais e de valor acrescentado muito elevado pela incorporação de tecnologias de ponta, os preços se revelem de tal forma desequilibrados para o nosso poder de compra, então que se não vendam tais produtos no nosso mercado até que as nossas produções tenham um valor de troca justo e não denegrido.

Queremos produzir, queremos trabalhar, queremos reerguer-nos de tantos desfalques e enquanto tivermos de optar por um povo à fome ou pela merda dessas tecnologias produzidas pelos capitalizados, queremos e podemos escolher um povo que coma para trabalhar e que trabalhe para poder comer.

E não queremos apenas que o nosso povo sobreviva, que também há de viver. Só a miserabilidade priva da saúde, da educação e da cultura. Não seria essa a opção!

Na minha opinião BASTA e BASTA porque há opção para o colectivo. Enquanto o colectivo estiver vivo, tiver saúde e saberes.

Não! Este OE não promete apenas o desaparecimento da classe média, promete a mendicidade das famílias.

Se um dia for preciso fazer uma revolução social não poderá ser com cravos. Apenas é preciso mudar de mãos o poder e dar 200 ou 300 euros e uma habitação social e um centro de saúde e um hospital e uma escola pública ao Passos, ao Gaspar e ao Cavaco, entre outros, para que nos ensinem o que, ignorantes, não sabemos fazer - não morrer à fome com esse rendimento.

Sempre fui a favor do amor!
Com amor lhes pagaria. Juro que os condenava tão só a um destino social dessa natureza.

De dizer estas coisas perdi o medo, porque, como diria Neruda, "Confesso que (já) vivi".


bea disse...

Manuel

Obrigada pelo coro da primavera, com passarinhos e tudo, é muito completo :)

Tb não vejo ninguém com chama na política portuguesa. Mas tem de haver, as mudanças precisam de agentes.

Rain

tb vi :) é engraçado e assim à primeira leitura quase parece que somos é muito estúpidos por ter inventado governos e formas de ser da governação, que terminam corrupto e fora dos propósitos do iniciais. Como se uma falta de lógica e um despropósito que sempre se instala e é também da natureza humana.

Talvez seja palermice, mas tenho de crer em governos que dão bem. Tenho ao menos de acreditar que, até nos que acabam mal, há um período em que valem a pena. que depois disto que nos cabe há de ser diferente. Ainda que não o seja já para nós.

Um beijo de boa noite a quem está. ou.estão-se-me baralhando as ideias
Fiquem bem :)

bea disse...

Caidê

dava-lhes o mesmo castigo que tu. Podes crer que seria a melhor maneira.

Impio Blasfemo disse...

O Dilema do Paulinho das Feiras (PdF)
“Só pode ir às feiras quem anda de cabeça erguida” (disse ele, ver abaixo)

http://www.youtube.com/watch?v=8aItZss3Ynk

Pois este é o grande dilema do PdF (não confundir com FdP). De facto para se andar de feira em feira é preciso andar de cabeça erguida ou então com um bom cordão de guarda-costas e mesmo assim os ovos podem adquirir asas, instantaneamente. Ora esta face , com este NIM baseado na cínica duplicidade de posição política “eu sei que é mau mas a pátria precisa do meu voto” faz-lhe perder a tal “cara erguida” para poder andar de feira em feira. Assim, tal como ele explica, restam-lhe os Centros Comerciais, mas aí também há ovos, pois os centros comerciais têm geralmente supermercados associados. Um enorme dilema do PdF, um colossal dilema, diria mesmo mais, um ciclópico dilema. E depois que sabe ele fazer se não tiver a cadeira do CDS? Um inultrapassável dilema. Pena é que não o pode adiar por muito mais tempo. A “turma” do CDS já lhe apontou, uns, a faca às goelas, outros, a faca ao coração. É mesmo um arrepiante dilema.
Mas a opinião generalizada sobre o PdF está bem descrita no blog Aventar

http://aventar.eu/2012/01/01/que-feito-do-paulinho-das-feiras/

"Falei com feirantes. A D. Ofélia, no Fundão, disse-me que a coisa está má: “Vende-se muito pouco, as pessoas já cortam na comida”, acentuou. Em Alpedrinha, a tia Odete, com a banca cheia de brócolos, couves, nabos, cenouras, cebolas, batatas e não sei que mais, também se lamentou da quebra de vendas. Mas, zangado, azedo, estava em Ponte de Sor o Sr. Ismael, homem de 70 anos, de semblante fechado e duro. Quando lhe perguntei pelo negócio, de mau humor e olhar furioso, gritou: “Estou farto de ser enganado, volte cá o Sr. Paulinho das Feiras que eu e os outros aqui do mercado, tratamos-lhe da saúde. Ele ou qualquer outro político, levam uma corrida em osso!””

IMPIO

rainbow disse...


Bom dia:)


Andorinha e Bea

Também achei delicioso o link.
Mas ficou uma reflexão: a responsabilização de todos nós por tudo o que se passa na sociedade e no planeta.
Aproveitem o sol:)

Caidê
Grande comentário!

Bom sábado para todos

http://www.youtube.com/watch?v=HagzTRmUBIE&feature=related


























bea disse...

buona notte

Caidê disse...

Rain(bow)
Só agora vi o teu link acerca dos governantes e dos governados: Excelente! Posta a descoberto toda a irracionalidade de um sistema de "pescadinha com rabo na boca"... Já catrapisquei a animação para a partilhar.
E depois "I can see it clearly now"... :))) Vinte e um pontos numa escala de vinte mais um.

Bea
O Pacheco Pereira falava no mito de Sísifo há uns programas. Ao que o nosso povo está condenado! Esforço pelo esforço. Esforço tão inglório! Desgaste tão brutal. Seria muito pôr Passos, Gaspar, Cavaco, e outros argonautas daqui e dalém a levar o pedregulho doravante? Um género de desafio de futebol que chega ao intervalo e muda de campo. Como sempre o árbito parece estar comprado - é que nunca mais apita e nunca mais se chega ao intervalo :)))

Bom Domingo para todos!

AQUILES disse...

Manuel
Quando me referi ao lesar o país está tudo contido, não só o roubo. Ele há muito roubo, mas nem é, para mim, o grande problema. O grande problema é um conjunto de vários vectores. Destaco aqui alguns, e só alguns. Um é o desastre da instrução pública, e no que isso se vai reflectir ao longo de anos no desenvolvimento do país. Quiçá ter-se-á comprometido o futuro do país. Outro vector é a sistemática destruição do tecido produtivo do país ao longo de anos, com o começo nesse reinado do grande professor Cavaco. E com alunos/colaboradores tão "brilhantes" o que será que ele lhes ensinou? A falta de uma linha de rumo no conceito de estratégia, e de geostratégia de defesa nacional, condenou-nos no xadrez internacional. E esta defesa tem pouco a ver com com a questão militar, embora também tenha a ver com a vertente militar. Mas a cultura, os interesses económicos, os recursos, a representatividade, a demografia, a defesa das juventudes para o futuro, entre outros, são defesa nacional.
Claro que os miúdos que agora andam na politica, e que nos governam, são ignorantes destes teores. E só se interessam para satisfazer negociatas a quem subservem. Sobre isto havia muito a dizer, mas julgo que o espaço não é adequado a um bom debate do tema.

Manuel disse...

Aquiles:

De facto, este não é o espaço para grandes explanações sobre todos os aspectos do assunto em causa.
Mas sobre mais este lugar-comum «Um é o desastre da instrução pública, e no que isso se vai reflectir ao longo de anos no desenvolvimento do país», pergunto: como se compagina esta afirmação com o salto educativo dado em todos os indicadores internacionais e reflectidos anualmente no «Education at a Glance»?
É que nunca tivemos tanta gente na universidade e tanta gente formada com nível superior, que está a dar cartas no país (nas imensas empresas tecnológicas entretanto criadas a partir das universidades) e no estrangeiro.
Como se compagina isto com o apregoado desastre?
Isto apesar dos reais problemas que ainda temos e de ainda ocuparmos os lugares da cauda (no confronto com os 27 parceiros europeus).
Temos que ter sempre em conta o lugar de onde partimos.

Caidê disse...

Aquiles
"Outro vector é a sistemática destruição do tecido produtivo do país ao longo de anos..."
Não podia estar mais de acordo.

E o problema é que a destruição continua, mesmo tendo mudado o perfil de grande parte dos nossos empresários, hoje gente capaz de aliar a formação académica à inovação tecnológica, à produtividade e à competitividade.

Em todo o caso, a falta de incentivos, a sobrecarga fiscal, a malha legislativa caótica e penalizante, a falta de reconhecimento,amputam a pequena iniciativa privada, só dando lugar à produção em massa e aos giga-investidores.

Em qualquer caso, havia que facilitar e mesmo incentivar a iniciativa privada mais aberta à modernização e à incorporação de novos saberes e de novas tecnologias e havia que proteger as formas de produção mais tradicionais. A evolução dos diversos sectores faz-se a ritmos diferentes, mas o que se fez foi trucidar o que poderia ter continuado a laborar não como marca de modernidade, mas como marca de sobrevivência de outro modo de produção anterior.Ao trucidar essas formas de produção (e de comercialização)desvalorizou-se o trabalho em si mesmo, até na ganância de separar trabalho e capital até à última gotinha.

Foi mais fácil culpabilizar os portugueses dizendo que só sabiam viver de subsídios e que eram indigentes (toda a pobreza é indigente para os magnatas!...) enquanto se acabavam com as viabilidades económicas dos pequenos negócios, acabando com as formas de produção e distribuição das pequenas iniciativas. O mercado destruíu-os, não lhes deu mais lugar, levando-os à ruína.

Passámos a ter CBDs (Central Business Districts) e a ter de fazer migrações diárias de médias distâncias para comprar uma carcaça, um botão, um limão. As cidades repartem-se em áreas de dormitório e em áreas CBDs. O pequeno comércio desapareceu de muitas áreas residenciais. Nasceram novas urbanizações só para classe média e média-alta, onde se implantaram os comércios de classe média endividada, mas quase todas à sombra de um Centro Comercial mega.

Desumanizaram-se espaços de residencialidade urbana.

Desertificaram-se áreas de interior.

A cegueira é a de não se entender que "the small is beautiful" e tudo porque se diviniza que "the capital is enormous, colossal, stupendous, anonymous and it is abroad".

Manuel
Também concordo com a tua observação sobre o valor dos nossos recursos humanos, mais concretamente sobre esta geração de portugueses com elevadíssimos graus de escolarização e de especialização.

AQUILES disse...

Manuel
Quando frequentei o 6º e 7º ano de liceu, em Oeiras, havia uma só turma, de rapazes e raparigas, das alínes A,B,C,D e E. Quem se lembra sabe do que falo. A alínea F, ciências, tinha várias turmas prara raparigas e para rapazes. Depois da década de 70 deu-se uma alergia à matemática e à fisica. E houve um boom na universidade que nasceram como cogumelos. Houve imensa licenciaturas nos anos de 80 e 90, mas não de ciências. E aqui não há extensão para este debate. Entretanto os licenciados de ciências, bons, vão saindo e dando cartas lá fora, é certo. Mas os de humanisticas, nem tanto. Há aqui uma distorsão das realidades. Por isso eu lhe chamo desastre. O nível de instrução evoluíu, na verdade, mas ....

AQUILES disse...

Caidê

Concordo com o seu ponto de vista. Todavia eu não sou muito de só acusar os políticos. Pois se eles fazem, nós todos pactuamos com o que fazem. Nós todos não somos só vitimas, também somos cumplices. Mais que não seja pela omissão.

Caidê disse...

Mais uma pérola musical para os que se entristecem com o país onde desembocámos, ou seja, parece que todos os que alimentavam expectativas mais fulgurantes.

http://www.youtube.com/watch?v=paeNnR33i5Q&feature=share


Caidê disse...

Aquiles
Também acho que nos esquivamos quantas vezes ao exercício da cidadania (ativa).

No entanto, partimos para a democracia depois de quase 50 anos de fascismo e de censura e de pobreza e com muito analfabetismo. E isso não obstou a que fizéssemos a revolução de 74, o que é de engrandecer.

O nosso sistema educativo no pós 74 creio que nunca esteve bem orientado - desfocado das necessidades de um projeto para o desenvolvimento. Nesse sentido, os jovens têm sido muito prejudicados pois têm investido em formações longas, caras e sem nenhuma projeção no mercado de trabalho em grande parte dos casos.

Eu fui vítima de numerus clausus na área das ciências exatas - na verdade, porque me recusei a aceitar 2ªs opções.

E olha que para entrar para as ciências humanas numa Universidade Pública trancar-me-iam a entrada com menos de 16!...

E os exames que mais gostava de fazer eram os de Matemática, porque pelo menos a classificação era exacta, enquanto na área das ciências humanas acabava por ser mais exigente e diabólica porque era muito mais subjectiva.Sem dúvida, que era mais fácil obter 18 em Matemática do que em Sociologia - é a minha experiência!...

rainbow disse...


Caidê

Mais uma achega para o vosso debate:

http://visao.sapo.pt/ricardo-araujo-pereira=s23462

E um extra-terrestre muito diferente do outro link que deixei:

http://www.youtube.com/watch?v=uK4oFQRMl60

E um outro estado de alma:

http://www.youtube.com/watch?v=aJxrX42WcjQ

E um desejo de boa semana para ti e para todos

Impio Blasfemo disse...

Aquiles

“Se eles fazem nós também pactuamos”
Não sei se estou de acordo com esta sua informação. Em primeiro lugar, para se considerar que a população “pactua” teria de se partir do princípio que ele está ou é informada. Em segundo lugar, teríamos de ter mecanismos efectivos que nos permitissem mostrar que não estávamos de acordo e como tal a decisão não era tomada. Isto pressupunha uma ligação real da população ao seu representante na AR e tal relação não existe, como sabe, antes e depois do 25 de Abril. Teria de haver um novo 25 de Abril para que isso passasse a acontecer. Voltámos ao princípio dos partidos liberais onde a sucessão na AR é quase dinástica. O povo não elege o seu deputado, como sabe, mas vota num partido que leva X deputados ao parlamento. É uma coisa muito diferente e não se vê vontade política para passar a ser de outra forma. Isso destruía, de alguma forma, o poder formado dentro dos partidos, as estruturas deixavam de ser hierárquicas e isso eles não gostam, da direita até à esquerda.

IMPIO

bea disse...

Olá a todos. Bom Dia!!!

Ontem li o que escreveram. Sobre educação. 1. o contrasenso de nunca ter existido tanta gente bem preparada a nível de ensino superior e ainda assim afirmarmos que as novas medidas estão a atrasar a educação. 2. Sobre a divergência entre as ciências humanas e exatas, havendo correntes para todos os gostos, de que todas são humanas, de que umas têm x caraterísitcas e outras y. de que as exatas são mais difíceis. De que.
Ponto 1: seria demasiado estúpido se numa sociedade que democratiza o ensino, como nos aconteceu após 1974, não existissem mais e melhores profissionais. Os disparates das novas medidas só se antevêem, os resultados, em termos de qualidade profissional, são futuro; o que temos hoje, é o resultado do 25 de Abril . E é verdade que temos formação de qualidade em alguns setores reconhecidos no estrangeiro. Se bem que, a par de universidades com elevado padrão de desempenho tenham proliferado outras com os mesmos cursos e maior facilidade na obtenção de diplomas – e não, não me refiro a quem tem diplomas sem frequência ou faz exames a domingos e feriados - . A verdade é que as universidades portuguesas tb têm a sua cotação internacional. E umas são boas, outras médias e outras podem formar quem quiserem que, em termos de interesse internacional, os seus alunos não contam. E se emigram? Esses, se emigram, para vencer, têm de fazer prova de vida na profissão e subir a pulso. Que só assim os aceitam. No mercado nacional, como a cunha está de novo em alta, não interessa tanto onde se estudou. Acredito contudo que, sobretudo no setor empresarial, preocupado com o lucro, empresas mais isentas sejam tb mais exigentes. Mas não sei. Com o alastrar do desemprego há hoje muitas formas do setor empresarial conseguir bons resultados a custo mínimo. E a legislação laboral propicia situações deste teor.

vou pensar no ponto dois:)

bea disse...

Acerca do ponto dois, pouco a acrescento ao que já foi dito. Toda a gente sabe que, de uma forma geral, as ditas humanidades, em termos profissionais, pagam pior e há maior dificuldade em encontrar emprego. Também é verdade que são refúgio de quem foge das ciências exatas. Mas nem todo o que foge às ciências exatas o faz apenas para fugir ao trabalho que exigem; também porque não se gosta mesmo que haja apetência, ou porque a apetência vai toda no outro sentido, além de não haver gosto. A dificuldade de ambas é relativa ao sujeito que as frequenta. Conheço dois garotos normalíssimos um numa área e outro na outra. E nenhum deles faria decerto a área do outro. Se a fizesse, seria com extrema dificuldade.

Gostei do link da Rain, que aliás é repetido e a que sempre encontro beleza:) Que a nossa humanidade esteja por detrás e sobre todas as coisas! Ou nada faz sentido. Porque ainda que a vida não o tenha, faz-nos falta haver.àmen.ou: amem

Rain

Quando parece que todos noutro lugar: obrigada pelo que por aqui semeias. Um bom lugar para ti, onde quer que estejas.

Pode que voltes

AQUILES disse...

Impio

Concordo com o que disse, no geral. Mas o que disse tem uma questão: O povo que vota e elege é incapaz, imbecil e inapto? Aqui há dias tive este problema, aqui, com um individuo que disse isso mesmo dos eleitores que derrotaram o PSD, esquecendo-se que eram os mesmos que já tinham dado vitórias ao PSD.
O sistema de representação democrática, em Portugal, está prevertido. E dá azo a uma ditadura de directótios partidários e consequente corrupção. No que estamos de acordo. Mas porque é que não nos revoltamos, invadimos a Assembleia quando lá estiverem deputados e ministros, e não os atiramos pela janela fora até partirem o pescoço na calçada?

AQUILES disse...

Bea
Julgo que se referia ao que escrevi sobre educação. Devo esclarecer, se por acaso isso não estava bem explicito, que julgo que estava, que não há demérito entre um grupo e outro, que no meu tempo se chamavam de letras e ciências. Eu sou de humanisticas, história. O que eu me referia era à escassez de determinadas áreas necessárias para o desenvolvimento económico, para a produção com destino à exportação, para a inovação tecnológica, tão apregoada. Ainda ontem fui informado, por fonte fidedigna, que este ano houve 35 cursos de engenharia que ficaram sem um único aluno. Não deve ter sido no Técnico, mas espelha algum problema que existe.
Com isto quero realçar que todas as áreas são necessárias para o desenvolvimento. Eu entendo que a filosofia é uma área importante do conhecimento que agora, ao que parece, está a ser excluída do ensino secundário. E faz imensa falta quer para quem vai para filosofia, como para história, para engenharia, medicina, matemática, etc..
Este tema, como já disse, é demasiado vasto e intenso para andarmos aqui a debitar curtas metragens, pois não se consegue ver o filme todo.
E ainda nem sequer me tinha referido às equivalências do 12ºano, ou do 9º. Há histórias, aqui, do muito bom e do muito mau. Sobretudo as que estão associadas aos saques a verbas da UE para formação.

AQUILES disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
AQUILES disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
AQUILES disse...

Caidê
É verdade que o período após o 25 de Abril sucedeu a um longo perído do salazarismo, que por sua vez se queixaram da 1ª República, que por sua vez se queixaram do último quartel da monarquia, que se queixaram do Fontismo anterior, que se queixaram da monarquia constitucionalista de 1820, que se queixaram do Ancien Regime, e etc., etc..
Cada geração, ou gerações tem de fazer o que deve, e se for capaz e tiver engenho para isso. Caso contrário viverá acantonada a um canto a queixar-se. E o "fizemos" o 25 de Abril é uma multidão que não vi a 24. Aliás, julgo que nessa multidão estavam nuitos dos que dois meses antes batiam palmas e enchiam recintos para dar vivas a Marcello Caetano. É como hoje, após os resultados eleitorais aparecem muitos a festejar eufóricamente a vitória, que na véspera nem se sabia que estavam expectantes pelo resultado, ou que andavam nas comitivas dos perdedores. Estes brandos costumes fazem dos portugueses muito maleáveis e com facilidade de adaptação. É como agora, nessas grandes manifestações contra o governo. Se não houve aldrabice nas eleições, e ninguém se queixou, metade dos manifestantes votou no PSD. E agora queixam-se.

Manuel disse...

Aquiles:

Quanto aos problemas do Ensino não se pode negar que existam e são bem graves alguns.
E na sociedade?
Não existem?
Não estarão relacionados?
Mas as queixas têm sido transversais a todos os tempos, senão veja:

«A maioria dos estudantes […] desfalece perante o mais rudimentar trabalho analítico; raciocina errado, se raciocina; não sabe classificar; deduz mal, induz pior» [Monarquia, decreto da Reforma de Jaime Moniz, 22/12/1894];

«Em Portugal, o aluno sai da escola primária um verdadeiro ignorante» (Albano Ramalho, 1909, inspector primário). [República, ou pré-República, 1 ou 2 anos depois o panorama não seria diferente];

«Verifica-se nas respostas de muitos examinandos uma ignorância absoluta de certas matérias e lêem-se em muitas delas os disparates mais fantásticos» (Alves de Moura, professor e reitor do Liceu e Braga, 1939). [Inícios do Estado Novo];

«O nível mental da maioria dos alunos do ensino liceal é muito baixo» (Fernando Pinho de Almeida, 1955 - filósofo, ensaísta e professor de liceu, 1908-1991). [Pleno Estado Novo].

E quanto à evocação das nossas memórias para comparar a qualidade educativa (ou outras) entre épocas, é melhor relativizarmos esse parâmetro.
A escritora espanhola Rosa Montero diz das nossas memórias: «A memória é uma história que contamos a nós próprios».

AQUILES disse...

Manuel
Acabei agora mesmo de ver o magistral coro em Bratislava. Obrigado.
Quanto ao que disse no seu último post, completamente de acordo. Mas insisto com o que disse no meu post anterior ao seu:
Cada geração, ou gerações, tem de fazer o que deve, e se for capaz e tiver engenho para isso. Caso contrário viverá acantonada a um canto a queixar-se.

bea disse...

Aquiles

A filosofia obriga a pensar e incentiva ao livre arbítrio. Comporta algum perigo. É não promovível. E se o é, é-o sobretudo na dimensão que considero redutora, a da lógica – a que os doutos senhores dão outro nome. Que na filosofia portuguesa também as correntes mandam mais que ela mesma. E em Portugal a maioria das coisas assim. Não me queixo, constato. E claro que a filosofia é para todos. Mas digo-lhe que os melhores alunos de filosofia, com as devidas exceções, são os dos cursos de ciências e tecnologias.

A bomba dos em extinção RVCC, será substituída. O ensino profissional que se expande e expande nas escolas traz ótimas propostas para o analfabetismo funcional.

Pois, isto não é propriamente um fórum, mas lugar de opinar e dar a saber. Não é uma tese :) por isso prescinde de esgotar o assunto. Às vezes só lemos e aprendemos. Outras lemos o que sabemos; e ser dito por outra pessoa também é bom. Outras participamos com um ou outro ponto de vista. Umas vezes doméstico como os meus; outras mais amplo e elucidativo como os vossos.

Mas o direito a desgostar de um partido em que se acreditou, existe. Ou fica-se atado a ele para sempre, mau grado as asneiras?! - que eu saiba é no futebol que esse amor é acéfalo por completo. As razões por que o PSD ganhou são as mesmas por que agora ganharia um PS. O que os faz flutuar . Nenhum deles é de confiança, são pontos de fuga.

Suponho que nenhum partido político nos ofereça confiança confiança (estou como Lobo Antunes numa crónica, talvez sobre a felicidade ou assim e de que gostei: sou feliz, mas feliz, feliz, acho que não; e feliz, feliz, feliz, ainda menos).

Não sei o que nos vai acontecer, mas garanto, eu, que não fiz o 25 de Abril, que não sabia o que era, que o tive de aprender do princípio, não quero voltar atrás. E farei o que possa para não.

Não julgo que as pessoas digam “fizemos o 25 de Abril”senão em sentido figurado. A maioria de nós nem sequer sabía a qualidade da revolução ou o que nos traria. Mas também não andava a dar vivas a Marcelo Caetano. Para a maioria dos portugueses, os chefes de estado eram entidades mais ou menos desconhecidas, uma foto ao lado de um crucifixo. Éramos absolutamente despolitizados e ainda não tenho certeza se palmilhámos o caminho certo nesse sentido.

E ainda que nós não, os nossos líderes palmilharam?

Impio Blasfemo disse...

AQUILES

“Mas porque é que não nos revoltamos, invadimos a Assembleia quando lá estiverem deputados e ministros, e não os atiramos pela janela fora até partirem o pescoço na calçada?”

Pois vontade não nos faltaria, lá isso é verdade. Seria uma AR tipo Miguel de Vasconcelos o Defenestrado, ou a AR Defenestrada.
Deixando a ironia, entre aqueles que comem do tacho, os que aspiram a comer e os que só criticam como os outros comem, estamos mal servidos, passe embora algumas verborraicas e sonoras intervenções aqui e acolá, para a TV transmitir e os Jornais venderem papel, porque para pouco mais servem. Há que alimentar a imprensa, senão de que é que eles conseguiriam viver senão da multiplicação até à exaustão das mesmas ideias dias seguidos a fio?
Veja-se o choque fiscal colossal, septicémico, e toda a série de adjectivos que lhe deram. Para que serviu tanto gongorismo, tanta adjectivação, tanta verve? Apenas o sindicato dos Juízes parece ir avançar para o pedido de fiscalização preventiva do OE. E ainda o criticam por se meter em questões políticas?! Mas quem mais se mete? Quem mais avança? Pobre povo que devia ter uma AR que o defendesse e que só lhe sobra o Sindicato dos Juízes. Pobre povo…

IMPIO

rainbow disse...


Bea

"Quando parece que todos noutro lugar: obrigada pelo que por aqui semeias. Um bom lugar para ti, onde quer que estejas."

Muito obrigada mesmo, a precisar imenso de "ouvir" essas palavras.
Também os arco-íris precisam de conforto.
Vivemos tempos em que a humanidade se esvai.Abraço.

Impio Blasfemo disse...

Bea
Mas a sociedade civil está a movimentar-se no sentido correcto e a não deixar cair os braços. A ver vamos se resulta nalguma coisa. Mas ficar parado é que não

http://www.publico.pt/Política/movimento-de-pensionistas-avanca-com-accoes-contra-os-cortes-no-orcamento--1568373

IMPIO

AQUILES disse...

Impio

Os juizes falharam ao falarem antes de tempo. Para evitar isso o Maecleo Rebelo de Sousa já sugeriu que o presidente avance com um pedido de fiscalização prévia ao TC para se evitar os sucessicos precalços de constitucionalidade que os juízes poderiam arranjar sem isso. Assim bloqueiam-nos, segundo parece.

Impio Blasfemo disse...

Aquiles

O Sindicato dos Juízes colocou o Cavaco entre a espada e a parede e o discurso indirecto é simples e linear “Ou avanças tu (entenda-se Cavaco) com o pedido de fiscalização preventiva ou avançamos nós. Se avançarmos nós porque tu não avanças e o TC disser que há inconstitucionalidade nalguns aspectos do OE 2013 então ficas (Cavaco) mal na fotografia e tu (Cavaco) não queres ficar mal na fotografia, ou será que arriscas a ficar mal na fotografia perante o povo português e a Constituição que, segundo dizes (Cavaco) juraste defender no acto de posse de Presidente da República?”
É este o entalanço que o Sindicato dos Juízes fez ao Presidente da República e o Marcelo percebeu-o e na sua qualidade de Conselheiro do Presidente, mandou recados, que é isso que ele sabe melhor fazer.

IMPIO

AQUILES disse...

Impio

Avizinha-se uma época de guerrilha judicial à volta de interpretações constitucionais.

Anfitrite disse...

Gente,

Acho que o PR para pedir o visto prévio, tem de ter muito trabalho e dizer quais são as medidas sobre as quais tem dúvidas, para pedir o parecer do TC. E quase que arriscaria a dizer que ele não vai ter fruta para isso. Vai ficar pró pós e entretanto vai passando pelos pingos da chuva.

Impio Blasfemo disse...

Anfy

Pois quando se quer esticar a manta para além do tamanho natural dela geralmente ou se fica encolhido ou dorme-se com os pés de fora. É o Princípio de Peter, quanto mais se sobe....mais se notam as debilidades. Está na altura de talvez ele ter uma conversa com o Sindicato dos Juízes; eles explicam-lhe a matéria e tiram-lhe as dúvidas, com jeito até lhe escrevem o texto com o menu de dúvidas para ele apresentar ao TC. Ou porque não com o Jorge Miranda? Dizem que ele percebe do assunto. Até dizem que foi um dos pais da nossa Constituição. Ser Presidente não passa apenas por cortar fitas, escrever no Facebook ou fazer discursos lá para fora. Tudo isso é importante, mas às vezes há que fazer o TPC, ler, estudar, perceber os assuntos e tomar atitudes; uma chatice, sobretudo porque o Delfim do PSD anda a fazer asneira grossa. Uma chatice, uma enorme chatice. É preciso assumir o cargo com a sua plenitude, não basta dizer que se jurou a Constituição e que se jurou defendê-la; é preciso prová-lo sempre e sem excepções; uma chatice, uma enorme chatice. Sobretudo em fim de saison, no outono da carreira política, quando sabia bem sair com palmas e louvores; uma chatice, uma enorme chatice.
Ou seja, ao Cavaco cabe-lhe agora ser um PR, e não tentar parecer um pingo da chuva, quando faz chuva, um entre muitos pingos da chuva. Uma chatice, uma grande chatice, para ele. Vale o tal Sindicato dos Juizes, pelo menos haja um punhado de gente.....

Abraço
IMPIO

bea disse...

Um desejo: assistir ao pingo de chuva que quer ser PR