quarta-feira, setembro 01, 2010

O Outono chegou mais cedo.

A primeira semana de Setembro é casa de aniversários. A sombra de minha Mãe partiu, o homem dela nasceu. Por coincidência, nestes dois dias em Lisboa, cada vez que fiz zapping tropecei em gente a perorar sobre o pensamento positivo, incluindo num episódio de Anatomia de Grey! A tristeza tornou-se obscena:(. E para equilibrar a minha, construo uma intuição optimista, politicamente correcta, "socrática" - a sombra de minha Mãe decidiu abrilhantar o aniversário de meu Pai, de quem herdei a absoluta indiferença por tal data, festejo-a pela ternura que a tribo me desperta. Faço as contas e chego a conclusão científica - a viagem até ao paraíso dos amantes demora cinco dias. Chegará para evitar o exílio, numa sociedade que abomina a angústia e a degola à força de pastilhas?

20 comentários:

tereza disse...

sem tempo de momento para mais

http://www.youtube.com/watch?v=Xp6SPJMdXko

bea disse...

Ainda bem que "".Sem elas, isso sim, seria obsceno.
O paraíso dos amantes com viagem de 5 dias? julgava bastante a presença dos ditos. Ou serão esses, talvez, dois amantes particulares.Os exílios e as angústias são de sofrer. E andar.Não de degolar com facas que não cortam. Digo eu que sou só pessoa e não psi.
Bom regresso a Setembro :)

tereza disse...

para os cientistas rsrsrs até pode ser uma viagem de cinco dias rsrsrs mas para gente simples como eu rsrsrs o paraíso dos amantes é mesmo ali ao lado dentro do que o meu amôr traz vestido rsrsrs e o outono é a mais bela das estações ela é fresca apesar de colorida em tons de fogo ela é chuva na vidraça e sol de verão teimando em ficar é o ansiado adeus do calor e a vontade do frio ainda por chegar e é a idade em que se tem tudo para ser feliz rsrsrs é só querer

Su disse...

5 dias? preciso deles.....
não a consigo degolar nem à força de pastilhas.......pois...........
isso é q é obsceno :(

jocas maradas .sempre

Bartolomeu disse...

"Perorar" é algo que nos últimos tempos, ganhou enorme número de adeptos na nossa sociedade, sobretudo na "ala" dos que, pouco fazem para que o actual estado de coisas se altere.
No entanto, identifica-se um "estado de espírito" comum, uma "onda", ou uma "moda" ditada pela ancestral tendência lusitana para o milagre.
Ao olharmos para a nossa história, identificamos imensos, todos na base do pensamento positivo.
Isto afinal, é um país de pensadores...

isabel disse...

@Bart conheces alguma forma mais saudável de estar ? quando se pode fazer tão pouco para mudar o actual estado de coisas ? Diz que ontem no 5 para a Meia Noite, o Joaquim d'Almeida disse lá umas verdades acerca das motivações dos políticos, (ou)biste-o(as) ?

Sobre o post " O Outono chegou mais cedo " só sei dizer que a escrita de JMV já é para mim um amor incondicional, antes de ler :) já amei :)) e sempre a pensar no próximo post ~~

andorinha disse...

Por acaso penso que também vi esse episódio, mas aí o pensamento positivo "à força" acabou por ser substituído pelo pensamento realista e toda a gente enfrentou muito melhor a situação que estavam a tentar negar.

Ao ler o post lembrei-me da imensidão de livros de auto ajuda que por aí pululam.
É fácil, lemos um e a tristeza desaparece de vez e passamos todos a viver no melhor dos mundos. Não é aliciante?

Cultivar a tristeza parece-me uma atitude negativa; enfrentá-la, conviver com ela durante algum tempo e procurar outra "companheira" já me parece bem mais saudável.

Bartolomeu disse...

Ouvi o Joaquim, ontem, Isabel.
Disse aquelas verdades que todos, plácidamente, vamos coleccionando como se fossem cromos da bola e depois, trocamos as repetidas, com outros coleccionadores.
Hmmm?
A solução?
Bom, parece-me que a única possível, é boicotar.
Não, não estou a perorar...

isabel disse...

E os custos do boicote, Bart ? Quem os paga ? Os mesmos ?

Bartolomeu disse...

Os custos do boicote, são compensados na retoma da sustentabilidade, Isabel.
O que queremos?
Passar o tempo com lamentações?!
Ou readquirir a capacidade de sonhar e de construir aquilo que sonhamos?!

Vírgula disse...

Isabel e Andorinha,
Estou em momento final - concordo inteiramente com as vossas últimas frases (Isabel- 1º comentário).

Ponto de Interrogação disse...

Bolas! Depois do que foi dito acho que, a propósito deste post que considero lindíssimo (para não variar) não consigo escrever mais nada.

Também acho que fazer da tristeza uma forma de estar na vida é insalubre. Concordo com a Andorinha.

Olha, o Bartolomeuzinho já veio do estrangeiro!!! (^_^)

Bartolomeu disse...

Pensaste que iría ficar lá eternamente... até ao final dos tempos?

isabel disse...

Bart,

retoma da sustentabilidade ? só se estivermos a falar de algo prévio à existência humana ;))

muito sinceramente, penso que podemos já não ir a tempo; isto não quer dizer que não possamos tentar fazer alguma coisa para contrariar os efeitos de milhares de anos a cometer erros ~~

mas as causas, continuam as mesmas: o Homem conseguiu a proeza de aglutinar numa só espécie animal, várias: de predadores e de presas, mais ou menos fáceis ~~

proeza agravada pela capacidade efectiva de subjugar tudo à sua passagem ~~

através de um processo repugnante, que passa pela acção dos maus, selada com o "silêncio" dos bons~~

o BOICOTE podia ser a arma perfeita, se a determinação que move os homens para o bem, fosse tão forte como a que os move para o mal, MAS, todos sabemos que não é assim~~

E concordo quando se diz que é pela educação, pela formação, e pela informação que podemos mudar,

MAS e quem as controla ? :(

Cê_Tê ;) disse...

Esperava ler aqui algum comentário sobre os acontecimentos de hoje mas o jogo ainda não acabou pelos vistos.;(((((((

Bartolomeu disse...

Isabel, se quiseres ter o incómodo de ler o último post que publiquei no meu blog, ficarás a conhecer uma parte da minha opinião, acerca desta matéria.

isabel disse...

Sem incómodo Bart :) foi um prazer !

Anónimo disse...

CASA PIA: a (verdadeira) súmula do acórdão.

1. Esses pedófilos de uma sociedade secreta, vírgula, que desviaram as atenções para o Carlos Cruz, vírgula, andam todos por aí, vírgula, e ninguém sabe deles, vírgula, porque fazem parte da Maçonaria, vírgula, e portanto são considerados de inimputáveis.

2. Foi provado neste tribunal, vírgula, com muita boa vontade, vírgula, duas situações de abusos sexuais de Carlos Cruz sobre menores ocorridos numa casa na avenida das Forças Armadas, vírgula, em Lisboa, vírgula, e pelo menos uma numa casa em Elvas, vírgula, onde ocorriam orgias habituais, vírgula, e onde este entrava por um buraco cavado por uma toupeira, vírgula, tendo sido portanto o único abusador a ser reconhecido por esta.

3. Foi considerado neste tribunal, vírgula, que o Senhor Carlos Silvino, vírgula, é uma testemunha tão credível como são credíveis os seus abusos, vírgula, estabelecendo-se por isso uma relação de paridade.

4. Foram feitas, vírgula, outras considerações ou provas, vírgula, que não se encontram especificadas nesta súmula, vírgula, porque a súmula é esta, vírgula, e não foi considerada outra súmula neste tribunal.

Branca disse...

Por coincidência ao voltar atràs nas suas páginas adorei ler esta reflexão que vem tão ao encontro do que tenho pensado estes últimos dias. É horrível que cada vez que que me emocione, nem é preciso chorar, me mandem tomar comprimidos. A médica de família já caiu nessa tentação, não os tomei, descansei apenas. Nos últimos dias porque me emocionei algumas vezes por razões concretas e mais que razoáveis, por mudança radical de vida, por situações relacionadas com os filhos, dizem-me algumas colegas "Tens que tratar de ti, ir ao médico e fazer os tratamentos direitinhos", mas agora é probido chorar? Se andasse a fazê-lo a toda a hora ainda se compreendia, mas considero-me uma pessoa lúcida, capaz de distinguir as minhas necessidades e de procurar ajuda se necessitar.
Escrevo alguns poemas, habitualmente positivos. Apeteceu-me esta semana, porque senti, porque estava em dia de o fazer, porque saiu como uma catarse, colocar lá no meu blog um texto diferente. Alguém me disse (com boa intenção) que logo que tivesse forças colocasse algo bonito, que me desse prazer, que as pessoas não gostam de nos ver estilhaçados. Pois, que não gostem.
Que raio, passei a vida a ser forte, a rir para os outros mesmo quando não me apetecia e já agora não faltava mais nada que tivesse que me contrariar quando preciso e me apetece fazer algo de diferente.
É como diz o professor "uma sociedade que abomina a angústia e a degola à força de pastilhas"
Recuso-me a não ser eu e sempre me recusarei a esta normalização, doa a quem doer.
A catarse fez-me bem, foi o melhor dos tratamentos.

Adorei a sua ternura, a lembrança dos pais, a emoção dos aniversários, adoro gente humana que ri e chora também, que tem lembranças destas e que sabe torná-las transparentes e partilhá-las.

Um abraço
Branca

Branca disse...

Por coincidência ao voltar atràs nas suas páginas adorei ler esta reflexão que vem tão ao encontro do que tenho pensado estes últimos dias. É horrível que cada vez que que me emocione, nem é preciso chorar, me mandem tomar comprimidos. A médica de família já caiu nessa tentação, não os tomei, descansei apenas. Nos últimos dias porque me emocionei algumas vezes por razões concretas e mais que razoáveis, por mudança radical de vida, por situações relacionadas com os filhos, dizem-me algumas colegas "Tens que tratar de ti, ir ao médico e fazer os tratamentos direitinhos", mas agora é probido chorar? Se andasse a fazê-lo a toda a hora ainda se compreendia, mas considero-me uma pessoa lúcida, capaz de distinguir as minhas necessidades e de procurar ajuda se necessitar.
Escrevo alguns poemas, habitualmente positivos. Apeteceu-me esta semana, porque senti, porque estava em dia de o fazer, porque saiu como uma catarse, colocar lá no meu blog um texto diferente. Alguém me disse (com boa intenção) que logo que tivesse forças colocasse algo bonito, que me desse prazer, que as pessoas não gostam de nos ver estilhaçados. Pois, que não gostem.
Que raio, passei a vida a ser forte, a rir para os outros mesmo quando não me apetecia e já agora não faltava mais nada que tivesse que me contrariar quando preciso e me apetece fazer algo de diferente.
É como diz o professor "uma sociedade que abomina a angústia e a degola à força de pastilhas"
Recuso-me a não ser eu e sempre me recusarei a esta normalização, doa a quem doer.
A catarse fez-me bem, foi o melhor dos tratamentos.

Adorei a sua ternura, a lembrança dos pais, a emoção dos aniversários, adoro gente humana que ri e chora também, que tem lembranças destas e que sabe torná-las transparentes e partilhá-las.

Um abraço
Branca