sexta-feira, novembro 21, 2008

O episódio mais recente da saga educativa.

A conferência de imprensa que se seguiu ao Conselho de Ministros não trouxe o inesperado. Como aqui todos previmos, o Governo recuou sem recuar; a Ministra avaliou a avaliação e não reagiu às pressões; o espírito de diálogo é absoluto, etc, etc... Nada tendo de pessoal contra a Senhora, foi desconfortável assistir à deglutição de alguns sapos, mas a verdade é que a sua completa inabilidade política tornou este degrau obrigatório (seria ingénuo empregar a palavra desfecho...). Porque além de defender - e impor... - as suas legítimas opiniões sobre metodologias de avaliação, um Ministro deve ser capaz de fazer política. Não me refiro a nenhum exercício de hipocrisia ou contorcionismo de coluna vertebral, é necessária a atenção ao Outro e a pacificação narcísica que permitem auscultar os diversos agentes, esgrimir argumentos, reanalisar os próprios à luz dos que não tinham sido contemplados e decidir com firmeza, mas sem rigidez dogmática. Penso que uma das dificuldades de todo este processo reside na evidente crispação relacional da Ministra, bem evidente nos diálogos (?) mantidos com os jornalistas que a confrontem com realidades diversas da que anuncia e embala.
Para mim, houve apenas um momento de verdadeiro interesse no episódio. Pedro Silva Pereira iniciou-o num registo compreensível - dado o tema, microfones, holofotes e perguntas destinavam-se à Ministra da Educação. E contudo... Mal a Política veio à baila, ei-lo que se lança na "tradução" da laboriosa - e entrecortada por vários papeizinhos! - intervenção da Ministra. Em três penadas, tudo foi explicitado, com enorme clareza e eficácia televisiva. Objectivamente quase cruel, o seu gesto era necessário. E confirmou a ideia que sempre me invade quando o escuto - Silva Pereira é a Eminência bem pouco parda deste Governo. A placidez da postura corporal e os decibéis recatados do discurso emolduram neurónios muito, muito rápidos. E peritos - imagine-se! -em redução de danos:).
Enfim, delírios de psi...

15 comentários:

Ni disse...

Delírios?! Eu chamar-lhe-ia lucidez! Associada à inteligência de quem vê o mundo com os olhos de quem sabe ler almas...

Excelente, o post.

Ainda mais excelente, o autor.

Um abraço com odor a Sénanque... :)

Ni*

andorinha disse...

Subscrevo as palavras da Ni.
Não preciso de acrescentar nada...:)

Jinhos

Canseiroso disse...

E eu só acrescento que, Ministra à parte, os caciques precedem os governantes, proliferam, são maquiavelicos , camaleões,e assim não há ministro que valha...

Anónimo disse...

Não li o post todo, só o titulo mas fala-se novamente de professores, não é?
Acho que eles já deviam ter contratado os Gajos da Luta do "Vai tudo abaixo" para as manifestações deles.
Tenho cá para comigo que já tinham obtido bons resultados :-P

José Lemos disse...

Júlio, a verdade é que neste imbróglio todo, ninguém escapa. Por isso é que está tudo tão extremado..

Nem o ministério, nem o sindicato e até mesmo os professores "acomodados",fazendo com que o todo pague pela parte.

Parabéns pelo excelente blog!
Cumprimentos, Futebol Total.

Unknown disse...

O CHEIRO A LAVANDA É TANTO QUE ATÉ ENJOA!

Sandra disse...

Professor,

Faço minhas as palavras da Yulunga...num país onde quase nada se leva a sério, talvez assim se conseguisse resolver este "impasse" que prejudica alunos, professores,encarregados de educação; talvez os unicos a ganhar com tudo isto sejam os nossos "jornaleiros" e a comunicação "pouco" social...

beijinhos

P.S. tenho saudades que nos leia a alma ;)

Soneca disse...

Caro Professor Machado Vaz

Este comentário nada tem a ver com o seu post. Serve apenas como atalho para lhe agradecer as reflexões e conselhos do programa do passado domingo sobre o luto. Fui eu quem enviou o mail para o programa e as suas palavras ajudaram-me bastante.

Como prova de agradecimento, gostaria de lhe enviar uma música de uma banda de que gosto muito The Divine Comedy. A música chama-se "A Lady of a Certain Age" e sempre que a oiço e a sua letra magnífica, lembro-me da leitura que o Professor às vezes faz de outras letras e penso sempre que seria bem apreciada pela sua sageza de psi. Talvez até já a conheça. Bem, como não posso deixar a música aqui, deixo-lhe esta sugestão, quase como uma prenda de gratidão.
Uma vez mais obrigada e peço-lhe uma coisa: assim que surgirem mudanças em relação a este conflito interno, posso deixar aqui testemunho delas? Posso partilhar consigo? Não se preocupe não sou uma fã psicótica e perseguidora, nem estou à espera que se lembre de mim do pé para a mão. Mas fiquei sensibilizada pela abordagem que fez no programa e pelos conselhos.

De qualquer forma, o Professor já me ajudou muito.

Obrigada pela simpatia.
Sónia Junqueira

Adictos ao Amor e Sexo Anónimos disse...

caro Júlio Machado Vaz,
desculpe dirigir-me a si através do seu blog, na verdade gostaria de escrever-lhe no âmbito do programa "O Amor É..." na Antena 1 mas não encontrei endereço mail do programa, espero que compreenda. Gostava apenas de lhe dar informação sobre um grupo de recuperação na área da adição ao amor e ao sexo formado em Lisboa desde há um ano e meio, um grupo de recuperação de 12 Passos, como Alcoólicos Anónimos. Pensei em fazer-lhe saber isto porque ouvi-o há poucos dias no “O Amor É...” falar de um grupo de anónimos para pessoas virgens com mais de 30 anos e percebi que tem uma boa relação com grupos de recuperação deste tipo e na verdade este grupo, chamado AASA - Adictos ao Amor e Sexo Anónimos, é muito recente e precisa de alguma divulgação, acreditamos que há muita gente com problemas nesta área mas é difícil fazer chegar a informação e o grupo não tem ainda muita dinâmica em termos de novos membros a chegar, etc. Ao ouvi-lo e sabendo que é sexólogo pensei que seria desde já importante dar-lhe esta informação. O blog do grupo é aasalisboa.blogspot.com. Estou a pensar enviar também a informação para a Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica e se tiver outras pistas a dar-nos para divulgação do grupo junto de pessoas que possam estar interessadas e a quem essa informação possa ser útil ficar-lhe-emos muito gratos. Saudações muito cordiais, pelo grupo AASA Lisboa, Vera

Klatuu o embuçado disse...

Não é necessário tomar partido ou sequer avaliar a justeza das propostas educativas... A Ministra da Educação é incompetente; o que o demonstra é simples de verificar: iniciou uma reforma que não é exequível pelo próprio aparelho burocrático do Estado. Ou seja, em versão tuga de tasco: meteu-se em grandes cavalgadas, para as quais nunca teve fôlego.

Abraço.
P. S. A minha malta abriu um Bar... ;)

Nuno Guimas disse...

Delirei :)

Nuno Guimas disse...

Delirei :)

Nuno Guimas disse...

Delirei :)

Vincent Amos disse...

Interlúdio publicitário/ spamico

Tem menos graça que os Monty Python mas também pode dar para rir:
Relato da vida de um desempregado que perdeu o emprego porque fala demais. A ver em:

recemdesempregado.blogspot.com

Teófilo M. disse...

Concordo em absoluto com o seu 'post', no entanto os sapos a deglutir pelos vistos ainda não chegam.

A inaptidão política da ministra é um facto, mas que fazer quando o(s) interlocutor(es) não concordam com nenhuma das propostas apresentadas e reclamam aquilo a que já tinham dado assentimento?

Nada há de mais imoral do que negar um acordo, daí que quem está de boa-fé se sinta ofendido.

Ah!, pois, mas claro que não estamos a falar de ética, mas de política, não é verdade.