sábado, julho 15, 2006
Associação livre.
O Expresso. O artigo sobre a Guerra Civil Espanhola. Claro que o lado republicano não era tão angelical como meu Pai jurava. Mas como comparar? As Brigadas Internacionais e a aura romântica que justamente as acompanhou. Badajoz - e tudo o resto... - com a cumplicidade salazarista. Malraux e A Esperança. Esses magníficoa anarquistas, fora do tempo, fora da disciplina necessária para ganhar uma guerra, mas dentro de um sonho que me maravilha. O meu Pai, definitivo - a Anarquia não é a ausência de Governo, é a sua inutilidade. O laboratório da Alemanha e da Itália. A cobardia da França e da Inglaterra. Guernica. O uivo dos stukas. O exílio de tantos e a morte de muitos mais. Lorca encostado à parede. Unamuno revoltado com o "Viva la muerte". Franco e os mortos que construíram o Vale dos Caídos. Meu Bisavô, no exílio, empurrado para França. Chamberlain, patético - "Paz nos nossos tempos". Quando aprenderemos que os fascismos não interpretam as concessões como provas de conciliação, mas sim de fraqueza? No pasarán, dizia a Pasionaria. Passaram. Para nossa vergonha...
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22 comentários:
Boa noite! ;]
De História e de Guerras que a marcam no tempo como rutuais de passagem,... pouco sei. Mas é das vezes em que me sinto orgulhosa de ser mulher. É que as guerras que travamos podem ser mesquinhas mas raramente matam. Nós podemos odiar mas comovem-nos os filhos dos inimigos, ou o choro das suas mães. Há no comportamento masculino um estigma de violência e de sede de dominio que se for partilhado em grupo é o que se vê. Terão sido os grandes ditadores e guerreiros homens mal-amados ou tão somente bandeiras que outros mais violentos ergueram e mantiveram para à História?
abraços
Curioso...
... no meu cantinho postava algo sobre as guerras também :
Madre, sabes quien maté?
Aquél soldado enemigo
Era mi amigo José
Compañero de la escuela
Con quien tanto yo jugué
De soldados y trincheras
do cancioneiro Espanhol "Madre anoche en las trincheras"
;)
Desculpem a desconversa:
aqui esta mais um prova como nuestros hermanos dobram tudo:
http://www.youtube.com/watch?v=DB5nxG2MmrM (Versão tuga)
http://www.youtube.com/watch?v=P3vCtFX5eFs (versão dos vizinhod)
Sobre manifestações fascistas, actuais, pus um post na Sexta-feira derivado do futebol.
Sobre guerras devo dizer que não há comportamentos angelicais em nenhuma das partes. E que o pior delas é o incremento e o alimento de ódios que levarão anos a diluir, se é que alguma vez ficarão para sempre diluídos. E também não alinho no mito de que a guerra é um produto da violência masculina sendo as mulheres angélicas, maternais e pacíficas. Porque só conhecendo-se as mulheres em plena acção de guerra é que se pode avaliar das suas canduras. E posso afirmar que as mulheres em acção são fogo. E basta ver-se em Portugal quem são as pessoas decididas nas manifestações. E nas famílias. E nos empregos. As mulheres são umas lutadoras. No bom sentido. Mas no mau sentido são senhoras de uma crueldade, que muitas histórias o justificam.
Mas voltando para a Guerra Civil de Espanha. Onde todos foram anjos e demónios. Eu recomendo dois livros. Um, “Los Mitos de la Guerra Civil” de Pio Moa. O outro é “La Guerra Civil en la Província de Badajoz - Repression Republicano-Franquista” de José Luís Gutiérrez Casalá. É um livro que não julga. Descreve a guerra por cada pueblo. Tem os nomes dos mortos e de quem matou. Aqui se pode aquilatar a mesquinhez de todo aquele período e dos interesses, os mais variados possíveis, que se jogaram naquele tabuleiro com as vidas das pessoas, independente do lado a que pertenciam, se é que muitos pertenciam a algum lado ou disso tinham consciência. A mesquinhez que cada ser humano, em algum momento da sua vida, pode exibir é avassaladora. E o pior é que a guerra é uma actividade sanitária da humanidade. Infelizmente, as sociedades deixam-se conduzir a tais redutos, que a guerra apresenta-se como o único remédio para as maleitas sociais até então geradas.
"Antes morir de pie que vivir de rodillas".
Dolores Ibarruri (La Pasionaria)
Fora-da-lei
Muito antes, em Angra do Heroismo, então só Angra, o capitão da fortaleza disse, aquando do dominio filipino: «Antes morrer livres do que em paz sujeitos.»
O contrário de fraqueza não é violência, não é guerra. Ou, pelo menos, não tem de o ser a maior parte das vezes: Gandhi e Luther King provaram-no... aliás a sua força era tal que a única maneira de os parar foi matando-os.
AQUILES 6:35 PM
Cada um tem a sua Angra do Heroísmo... seja ela nos Açores, em Espanha ou noutro país qualquer.
Boa tarde.
Aquiles e Fora da lei, estou convosco.:)
Boa noite.
Também em associação (mais ou menos) livre, lembrei-me do meu avô paterno, falecido muito antes de eu nascer, que deu à filha mais velha, nascida por volta de 1910/11, o nome de Anarquia Aurora. Era este o nome que constava no bilhete de identidade. A minha tia não apreciou muito o fervor ideológico do pai e queixava-se do nome:).
Quanto a Hitler, pois é, só conseguiu subiu ao poder devido à inércia das "grandes potências" da altura e com a conivência de forças políticas internas que ingenuamente (talvez estupida e insconscientemente sejam melhores adjectivos) pensaram "deixemo-lo livrar-nos dos comunistas, que depois logo o despachamos". Como se nessa altura, ainda conseguissem controlar alguma coisa. Nas eleições de 1932, os sociais democratas, o partido do centro e os conservadores do DNVP juntos, já não incluindo o partido comunista, tiveram a maioria. Depois, nas eleições de 1933, o partido Nazi só teve 40 e picos %. Sem o DNVP e o partido do centro, Hitler não teria conseguido governar e feito votar a lei que o instituíu como ditador efectivo. E parece que certas pessoas não aprendem nada com o passado. No Chile, Eduardo Frei, antigo presidente e líder do partido Democrata Cristão, com o mesmo raciocínio, primeiro apoiou com grande empenho a junta e Pinochet. Quando as medidas deste lhe começaram a entrar em casa é que se tornou um grande democrata e passou para a oposição.
Infelizmente, l'histoire se répète vezes demais.
passam.....e nós? sem vergonha!....
jocas maradas de tempo
Pamina 11:26 PM
"Infelizmente, l'histoire se répète vezes demais."
Quando se é realmente inteligente, é difícil não aprender com a História. Basta lembrar, por exemplo, o papel de Melo Antunes no 25 de Novembro de 1975...
Fora de lei (11.26),
Exactamente. Tinha escrito no fim do comentário o seguinte: "Vá lá, em 75, em Portugal, essa sequência não aconteceu.", mas apaguei. Felizmente:), alguns aprendem.
Também eu gostava de saber mais dos meus antepassados.
O meu bisavô, combatente da 1ª grande guerra (em África) foi preso por supostamente por ajudar os republicanos presos em e enviados para África. Foi expulso do exército e só com a intervenção do seu amigo (?) Norton de Matos voltou ao exército. Só depois de morrer foi reconhecida a sua ajuda na implementação da república e atribuida uma pensão à minha bisavó. Estes dados são incertos...só passados pela minha avó que não têm muito bem a certeza do que se passou. Ela pouco se lembra,
mas conta que depois de se retirar ele se perdia nas suas garrafas de vinho e no seu cachimbo para "amenizar" o seu trauma de guerra e muitas vezes chegava a casa gritando com a voz embriagada: "EU SOU REPUBLICANO DEMOCRÁTICO". Sou um fã de uma pessoa que mal conheço e pouca da sua história sei. E que muito mais gostaria de saber.
As únicas coisas que tenho dele é umas fotografias e uma livro de nome "Técnicas de combate"! Se nada mais conseguir saber sobre ele, ficará o mito..e fantasia que descendo de um lutador pela liberdade.. :)))
Boa noite
Como a Pamina e o Thora, também descendo de oponentes a regimes que coartavam a liberdade.
Meu Avô Paterno (nascido cerca de 1885) era Republicano e tinha por vezes de "ir passar uns dias" fora de Setúbal, onde residia, pois certas pessoas amigas lhe diziam que "era melhor", pois essas pessoas sabiam que ia haver rusgas de cariz político.
Meu Pai foi simpatizante anarquista. Era relativamente vigiado pela Pide e uma vez não foi preso pela intercessão de uma colega e amiga do Coral Orfeão Cetóbriga, que era filha do subchefe da Pide em Setúbal.
Também escrevia muitas cartas e postais em Esperanto para países da Europa, principalmente para jogar xadrez por correspondência. Às vezes as cartas eram abertas. Uma vez por causa de uma rusga teve de esconder uma data de livros em Esperanto que estavam em casa do seu patrão na altura, assim como a revista anarquista que recebiam de Barcelona.
De outra vez, não foi admitido num emprego pois recusou inscrever-se na Legião.
Foi e continua a ser um defensor da liberdade da cultura e da cultura da liberdade...:))
Bem, para quem ainda não viu esta curta não perca: http://www.youtube.com/watch?v=QZrKgqc1Rnw
Vencedor de vários prémios em vários países europeus. :))
Do Blog da Yulunga, dedicado aos homens. Ponham-se à fresca ;))... e descontraiam um pouco deste calor...
;D
Aspásia (2.36),
A propósito do teu comentário, para que não haja equívocos, sei muito pouco sobre o meu avô paterno. Actualmente, conheço mais sobre a família materna do que paterna. Quanto a este avô, sei que devido às suas ideias se incompatibilizou um bocado com a família da mulher (pelo nome que deu à filha presumo que era republicano e anarquista ou anarcosindicalista) e que veio com a minha avó, a minha tia Aurora e o meu pai (nascido em 1913) do Porto para Lisboa, em 1918. Sei também que não quis baptizar os filhos e que o meu pai acabou por ser baptizado às escondidas pela mãe da mãe.
Thorazine (1.02),
Thorazine,
Também acho interessante descobrir antepassados, assim como factos da vida dos que já sabemos que existiram.
Às vezes, a lenda apela mais à imaginação, mas se tens interesse em saber mais sobre esse bisavô, tenta procurar em livros ou registos. Como era militar, talvez haja dados no Arquivo Histórico Militar. Não sei se há um no Porto. Uma prima minha conseguiu encontrar muita informação no de Lisboa.
A propósito das lutas liberais, no ano passado descobri uma história que até dava uma série de televisão "Moitafloriana", com o subtítulo meio balzaquiano "uma família portuguesa do século XIX dividida pela guerra". Os meus tetravós maternos tiveram 17 filhos, dos quais sobreviveram 13. Destes, 4 foram militares, o mais velho do lado dos miguelistas e o meu trisavô e mais outros 2 irmãos do lado dos liberais. Os 4 irmãos estiveram exilados e nunca mais se reuniram todos. O miguelista esteve em Espanha e os liberais em Plymouth, até desembarcarem nos Açores. Depois estes estiveram no cerco do Porto, um morreu, e a seguir os dois restantes juntos na batalha de Asseiceira.
A minha tetravó, já viúva nessa altura, também apoiava os liberais e cortou completamente relações com o filho mais velho. Até deixou de assinar o nome com o último apelido, por ele usar esse, e o mesmo fizeram várias irmãs e irmãos, entre os quais o meu trisavô. Dizem os registos que este foi primeiro setembrista, mas aos 40 e tal anos estava do lado dos cartistas, etc., etc., etc.
Também tenho aqui num livro da mesma prima dados curiosos sobre a vida de um antigo presidente da Câmara e Governador Civil do Porto, António Ribeiro da Costa e Almeida (este era do partido progressista e penso que não mudou), filho duma irmã do trisavô "setembro-cartista". Por exemplo, no dia em que ele nasceu, em Viseu, em casa da avó dele, minha tetravó, houve uma rusga à procura do pai, um militante liberal, que escapou por pouco, pois pegou nele ao colo e escondeu-se, mas o seu choro quase os denunciou. Quando esteve na Câmara, parece que apoiou muito o Serviço de Incêndios portuense e em Paranhos há uma rua com o nome dele. É curioso ler estas coisas.
hehehe
Juntou-se aqui um grupinho de descendentes de lutadores "carago"! ;))))))
Pamina,
sim, já pensei bastante em "investigar" sobre a vida desse meu bisavô. Ainda não me informei acerca de resgistos nenhuns pois nem faço a mínima ideia onde me dirigir, mas certamente que os há! Ele era "inssurrecto" e por causa disso levou algumas sançoes do exército. Ele em Luanda, pelo que a minha avó conta, trabalhava como mecânico num hangar mas várias vezes "pediu emprestado sem avisar" uns aviões para ir dar as suas voltas e sendo apanhado "sem carta teve problemas, hehehe. Politicamente correcto não era...mas tenho imensa curiosidade para saber mais! :)))))))))
Vou-me informar sobre onde adndarão esses registos...
Gostei de saber as vossas histórias...era bom poder ter a máquina do tempo para ir dar umas voltas.
Ahh..
um bocado confuso, mas pelo que percebi ele teve lá duas vezes. Primeiro na Guerra (com 1º sargento de Infantaria) e depois (já com a minha avó) a trabalhar para o exército português como mecânico! Sinceramente não sei quando foi que ele deu apoio aos republicanos, mas deverá ter sido mesmo na altura de guerra guiando-me pela cronologia!
" Passaram. Para nossa vergonha..."
Pois foi...passaram!!!.
A Guerra Civil de Espanha foi um fratricídio com nuances de enorme arbitrariedade e principalmente requintes de violência e terror... Lembro-me de minha mãe me contar histórias de refugiados terriveis...
Quantas vezes na História do homem constatamos acontecimentos destes, fruto não só da desumanidade de uns mas tambem da negligência e cobardia de outros?...
Mas tambem existem felizmente outros contrapontos muito dignificantes...Haja esperança:)
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