segunda-feira, julho 10, 2006

Mimado pelos mouros:).

A minha ida a Lisboa ficou marcada pelas gentilezas de que fui alvo. Recebido de braços abertos na Faculdade de Ciências Médicas, o Nuno Monteiro Pereira tinha-me reservado uma surpresa tocante - num anfiteatro cheio, deu-se ao trabalho de responder às dúvidas que em Fevereiro aqui deixei quanto ao conceito de Medicina Sexual. Não menos do que a preocupação transdisciplinar da sua exposição, sossegou-me o público, oriundo das mais diversas áreas e instituições. Nada o obrigava a fazê-lo, sou apenas um lobo solitário fiel aos seus amigos, não represento qualquer espécie de ortodoxia sexológica ou "Conselho de Sábios Anciãos":)))))). Tranquilo quanto ao principal - a prática nossa de cada dia! -, mantenho reservas semânticas. O Nuno foi claro: a Sexologia é a árvore que tudo o resto acolhe à sua sombra, incluindo a também multidisciplinar Medicina Sexual. Mas o que significa o adjectivo "sexual"? Não seria mais lógico falar de Sexologia Médica? Sim, porque sempre cauteloso quanto às tentações hegemónicas da Medicina, não serei eu a negar-lhe o direito a um estatuto privilegiado aos níveis da prevenção, da terapia, da investigação. Sexologia Médica seria até uma expressão mais abrangente do que Sexologia Clínica, por menos acorrentada à nostalgia do tratamento. O adjectivo sexual que acrescenta à Medicina? Dá a entender que existe Medicina assexual? Nem pensar!, das doenças às terapias, tudo se relaciona com a sexualidade, e por uma razão simples - ela faz parte integrante da Pessoa, centro de toda a prática médica digna desse nome. Ao debruçarem-se sobre a vertente da sexualidade mereceriam o mesmo adjectivo a Antropologia, a Psicologia, a História? Não me parece: Antropologia Sexual? Psicologia Sexual? História Sexual? Não soa bem, pois não?
Um dia, a vertente sexual não será esquecida na formação médica pré-graduada e a Medicina deixará de ser culpada de negligência grave. Depois, reforçar-se-ão as pós-graduações na área, elas sim necessitando de adjectivos que as distingam.
Mas, como tive o cuidado de sublinhar, estas dúvidas vêm de trás, sempre me entristeceu que a Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica não se chamasse apenas de Sexologia. Porque as árvores de copas mais largas proporcionam sombra a todos, mesmo que grupinhos se formem, unidos por diversas paixões ou afinidades metodológicas. Já os arbustos, arriscam-se a deixar de fora alguns de nós. E olhem que em Portugal todos não somos demais...
Enfim, divagações. Resta o fundamental, como já disse: a gratidão pela ternura recebida e o alívio pelo "arco-íris intelectual" do anfiteatro:). Quando assim é, tudo é possível.

9 comentários:

Fora-de-Lei disse...

Ai Mouraria, da velha Rua da Palma, onde eu um dia, deixei presa a minha alma...

andorinha disse...

Qualquer dia "estragam-no" com tantos mimos:)))
Vê como é gratificante vencer a sua preguiça inicial, sair do seu casulo e fazer-se à estrada?

"...o alívio pelo "arco-íris" intelectual do anfiteatro."
Alívio porquê? Não será antes contentamento?
Não é agradável ver que na plateia não estão só profissionais da área psi, mas também gente de outros quadrantes que se interessa por estes temas?

thorazine disse...

Só um aparte: Porque é que encontrar um corpo é entretenimento? Um erro um bocado sarcástico : http://img235.imageshack.us/img235/9533/image13jb.jpg

(A primeira notícia de entrenimento! Se forem ver agora ainda está! Acontece...mas não devia acontecer. Mas só pela fonte..já se tira a pinta!)

APC disse...

Muito bem posta a discussão etimo-semântica entre uma medicina sexual e uma sexologia médica, que mais sentido faria, isso se abordada por esse (de si lato)prisma doutrinário e respectiva praxis. Já o "clínica" barra com a finitude de modelos de observação e terapêuticos, quando cada vez mais a medicina se espraia hoje por campos menos ortodoxos (ainda que merecendo os epítetos de "para-qualquer coisa", "alternativa", etc. - ocorreu-me agora o exemplo da homeopatia, mas não quero meter água). Sim, à ideia da grande árvore, claro. Temos o físico e o emocional (de mãos interlaçadas) como vias de acesso a todas as dimensões da existência, sendo a sexual uma delas (sim, podemos distingui-la de níveis outros, mais técnicos, como a profissional, etc.), mas, mais que isso, fonte de onde nascem e onde desaguam todas as águas [curiosamente, é por isso mesmo que já me perece bem a ideia de uma Antropologia Sexual, porque não? Lembrando agora - em associação livre, perdoem-me - a interessante incursão pela História da Sexualidade do Prof. José Pacheco, por exemplo].
Gostei muito deste pequeno resumé sobre uma grande reflexão, que se quer feita por quem sabe tanto da teoria e do terreno. Obrigada :-)

APC disse...

[E a miríade de cores a aliviar a cinzentude monopolizadora dos saberes, há-de, pois, ser um grande alívio para quem viva de aprender (d)a vida!]

thorazine disse...

Para quem quiser reviver os 80's: http://music80s.planetaclix.pt/ :))))))

thorazine disse...

Só mais uma antes de me lançar:


Federação vai pedir ao Governo que isente Selecção do pagamento de IRS
11.07.2006 - 08h18 Lusa


A Federação Portuguesa de Futebol vai pedir ao Governo que isente de IRS os prémios de participação no Mundial que serão pagos aos jogadores, cerca de 50 mil euros por cabeça.

De acordo com o "Jornal de Negócios", a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) entende que os prémios de presença e em função do resultado que os jogadores da selecção receberam pela sua participação no Mundial da Alemanha (no qual ficaram em quarto lugar entre 32 equipas) devem ficar isentos de imposto porque a Selecção contribuiu para a "divulgação e prestígio" do país.

O presidente da FPF, Gilberto Madaíl, disse ao "Jornal de Negócios" que "a pretensão vem de anos anteriores", mas agora, mais uma vez, "há a firme intenção de repetir o pedido junto do Governo uma vez que entendemos que esta isenção decorre dos princípios e das normas legais em vigor".

Em causa está o nº5 do artigo 13º do Código do IRS, que dispõe que este imposto "não incide sobre os prémios atribuídos aos praticantes de alta competição, bem como aos respectivos treinadores, por classificações relevantes obtidas em provas desportivas de elevado prestígio e nível competitivo".

De acordo com o económico, a FPF já tinha apresentado o pedido ao Governo em 2002, durante o Mundial Coreia/Japão, em 2003, no europeu de sub-17, e em 2004, no Campeonato da Europa (em que Portugal ficou em segundo lugar), mas nunca obteve resposta.

O director desportivo da Federação, Carlos Godinho, admitiu ao mesmo jornal que antes do Campeonato do Mundo na Alemanha a "FPF voltou a equacionar a questão internamente e em contactos com os jogadores".

O jornal refere que Gilberto Madaíl está a preparar-se para apresentar ao Governo uma exposição e acrescenta que a decisão ficará nas mãos de Pedro Silva Pereira, que tutela a pasta do Desporto, e do ministro das Finanças, Teixeira dos Santos.

O económico destaca também que o novo pedido de isenção deverá ter a mesma fundamentação das anteriores.

"As selecções nacionais têm obtido, na última década, relevantes resultados internacionais, que muito têm contribuído para a divulgação do prestígio do País no exterior, situação que é justificada pelo lugar que ocupa actualmente o futebol português a nível mundial", lê-se no último dos documentos enviados ao Governo, a que o JdN teve acesso.

Na exposição, a FPF invoca o artigo 12º nº 5 do Código do IRS, que prevê isenções aos prémios atribuídos a atletas de alta competição, e o Estatuto dos Benefícios Fiscais

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FDX! Os ganapos que mais euros ganham querem fugir ao fisco???? O pessoal esfola-se para ganhar os 350€ limpos... :(((((((((

APC disse...

Eheheheh, Thor... Sempre a dar-lhe com garra :-) Por aí não sei, mas por cá tá um daqueles dias diferentes... entre o cinzento e o cor-de-areia, com aspecto frio mas temperatura quente... Trovoada!!!
Vou trabalhar.
Inté,
Moira

Cleopatra disse...

Só podia ser mimado pelos Mouros.
E pelas mouras!!
Claro pelas mouras!
Ou acha que nós não sabemos receber? Essa agora!
No princípio (era o verbo! LOL) passei 2 anos no Porto.
Jurara a mim mesma que nunca trabalharia no Porto.
E não é que gostei Carago!
Como eu fui mimada!
E ainda sou.

VOLTE SEMPRE!!