quarta-feira, setembro 27, 2006

Não necessariamente a física...

Jogos para adiar a morte

Descobrir em outro
a palavra precisa,
a desolada matéria do sonho,
imóvel, fixa sobre o papel.
Palavra que nomeia fantasmas
mas também labaredas de vida
e - ao fundo - o eco do mar,
a sua perdurável presença momentânea,
ondas e horas, sílabas e símbolos.
Tudo o que nos resta, tudo e nada:
jogos para adiar a morte.

Juan Luis Panero, Poemas.

16 comentários:

A Menina da Lua disse...

Boa noite

Que poema triste!...

Depois de ler o poema até me levou a questionar que por vezes a lucidez atrapalha... se com ela podemos sentir a morte ainda em vida... :(

Contudo parece-me existir aqui um certo desencanto, uma certa incapacidade de transformar o "tudo e nada" em alguma coisa que nos ressuscite para a vida...

Fora-de-Lei disse...

Bolas, nem a propósito... Ou será que foi ?! Anyway, até parece um poema dedicado à carreira do Fernando Santos como treinador do Glorioso... ;-))

A Menina da Lua disse...

Fora-de-Lei:)))

Você não existe:))

Até neste poema "denso" você lê e se dá a objectividades!

Agora teve graça :))

chato disse...

Chiça, isso é mesmo um poema pó Benfica.
O meu Sporting viveeeeee!

AQUILES disse...

De facto não tem (quase)nada a ver com a morte fisica. Mas tem tudo a ver com a morte lenta da satisfação individual com a existência, com o expectar e o concluir. Enfim, vidas.

Su disse...

fico com o eco do mar..... mas sem jogos.....
jocas maradas

viktor disse...

Estão abertas as inscrições para o Jantar do Murcon de 28 de Outubro.
Para mais informações, clique aqui.

CêTê disse...

Não sou grande amante de poesia. Não conheço muitos poetas ou poetisas. Contudo gosto muito da obra de António Gedeão e raramente me prende o olhar outro poeta. Mas esse poema que nos oferece hoje bateu-me em cheio como uma onda. Atirou-me ao chão e fez-me engolir uns pitolitos. ;]
Atenta procuro descortinar se mais 7 se seguirão...;]

Vê professor por que acho que merecemos mais um livro seu? Mesmo não sendo seu o poema foi o professor que o escolheu. E quando se sente assim o potencial de criar está ao rubro, à flor da pele.
Disparates, meus? Quem sabe... que sejam.

CêTê disse...

"pirolitos";]

andorinha disse...

Boa noite.

Não me parece um poema triste, faço uma interpretação diferente.
Enquanto jogarmos, estamos vivos; se desistirmos do jogo, morremos.
O que é a vida senão um jogo?

"Palavra que nomeia fantasmas mas também labaredas de vida..."
A moeda tem sempre duas faces...

Fora de lei(9.04)
Não batas mais no ceguinho:)))))

Cêtê (10.46)
Não acho que sejam disparates teus...ou então, são meus também:)

(V@R)ito disse...

Não sei se gosto mais do seu blog pelos:

a) seus posts
b) por ser benfiquista
c) pelos comentários dos seus leitores
d) pela música.

Mas que gosto gosto.

noiseformind disse...

Boss, tás desafiado a fazer um inspirado nesse para mander este para a obnibulidade; ))))))))))))


Descobrir num pranto
O sorriso angular,
A intrínseca coisa vivente,
Pulsante, latejante a pele.
Palavra que traz para perto afazeres
Mas tb o descansado vagar pedestre
e - no fundo - restolho e cinza.
Um fim desesperado numa estátua de pele seca
Coisas e átomos, cosmos e Nada.
Ou o que tens por atacado e deste em troca de sôfregos refrigérios:
Entreténs para passar pela vida ; )

by NOISEFORMIND

Condição prévia - não podes demorar mais de 5 minutos nem ter livros de poesia abertos ; )))))))))

thorazine disse...

Temos poeta..

:)))))))))

lobices disse...

...não tenho medo da morte
...tenho medo da dor
...não procuro formas de adiar a morte mesmo a não física
...apenas vogo ao sabor das ondas do Universo e navego como sei e remo ou luto contra a corrente com os apetrechos que me foram dados para utilizar
...não sei se faço bem ou se faço mal, mas faço
...faço o que sei fazer
...e, talvez nem lute tanto como deveria lutar
...e, talvez não chegue nunca a encontrar a razão da luta ou da não luta, do enfrentar ou do aceitar
...mas não arranjo jogos para adiar
...
...não sei, mas com esta manhã de chuva, sinto uma enorme tentação em não me mover e esperar apenas que a chuva passe
...isso, eu sei, a chuva passará e há algo mais que também sei: eu também passarei
abreijos

PAH, nã sei! disse...

passará, passará... mas alguém há que ficar...

gostaria de perceber o porquê de me recordar das "cançonetas" de criança, dos jogos, das gargalhadas...

Carla Augusto disse...

Este blog é fantástico!
Parabéns!
Se gostar de Itália (entre outras coisas...) visite o meu!