sexta-feira, junho 29, 2007

Erro político, tal como o processo movido contra o autor de blog pelo PM. Dá o flanco à acusação de deriva autoritarista.

Saúde
Ministro justifica despedimento com «incapacidade»
O ministro da Saúde justificou hoje a exoneração da ex-directora do Centro de Saúde de Vieira do Minho acusando-a de «deslealdade» e «incapacidade» para o cargo


Em conferência da imprensa, o ministro Correia de Campos explicou que a ex-directora foi confrontada duas vezes pelas autoridades regionais de Saúde sobre o comentário jocoso (que segundo o ministro o atacava politicamente) e, em ambas as situações, «transferiu as responsabilidades para terceiros».

Estas acções, defendeu o ministro, são «prova pública de incapacidade» para o cargo.

A directora do Centro de Saúde de Vieira do Minho, Maria Celeste Cardoso, foi exonerada pelo ministro da Saúde por não ter retirado um cartaz afixado nas instalações do centro contendo declarações de Correia de Campos «em termos jocosos».

O despacho de exoneração foi publicado quinta-feira em Diário da República e uma cópia foi fornecida à agência Lusa por deputados socialistas que se manifestaram «incomodados com a situação».

No despacho do Diário da República pode ler-se o seguinte: «Pelo despacho (...) do Ministro da Saúde, de 5 de Janeiro, foi exonerada do cargo de directora do Centro de Saúde de Vieira do Minho a licenciada Maria Celeste Vilela Fernandes Cardoso, com efeitos à data do despacho, por não ter tomado medidas relativas à afixação, nas instalações daquele Centro de Saúde, de um cartaz que utilizava declarações do Ministro da Saúde em termos jocosos, procurando atingi-lo», refere-se.

Lusa/SOL

50 comentários:

Manuel da Gaita disse...

Isto é tudo muito esquisito. O meu sogro era amigo pessoal de Correia de Campos e foi seu colega de curso. Ele que detestava José Sócrates, sempre garantiu que o actual ministro da saúde era uma excelente pessoa e um excelente jurista.

Eu acho que não deveria haver nenhum material de propaganda politica (pró ou contra o governo) em locais do Estado. O Estado é de todos nós (inclusivamente da Oposição) e o Governo apenas foi nomeado para o gerir. Que me perdoe o Sr. Ministro, mas o Centro de Saúde de Vieira do Minho é tão dele como meu, ou de qualquer outra pessoa.

Efectivamente, é condenável haver considerações em tom jocoso a um titular de um ministério, em instituições do do Estado.

Mas daí a isso ser um motivo para a exoneração do responsável pelo Centro de Saúde, isso é prepotência! É a teoria do "aqui quem manda sou eu, e acabou"... É espantar os fantasmas através de Decreto-lei.

Palpitar disse...

Citei-no no meu blogue.
www.papelprincipal.blogspot.com

"Ministro da Saúde mente diz directora demitida


A polémica à volta do caso parecido com o do Charrua mas agora na saúde continua.
O ministro da saúde chamou à pressa os jornalistas para dar ao povo a sua versão factos.
Correia de Campos disse que a ex-directora Celeste Cardoso não estav á altura do cargo, não foi leal nem imparcial e permitiu que se fizesse política local no centro de saúde de Vieira do Minho.
Pois a directora demitida Celeste Cardoso falou pela primeira vez à Antena 1 e disse com todas as letras que o ministro mentiu.

lobices disse...

...a PIDE voltouuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu

essência disse...

recorda-me...

irneh disse...

Bom...isto está lindo!!! Primeiro, deixaram toda a gente dizer o que lhe passava pela cabeça, inclusivé nos meios de comunicação, e deixaram instalar a libertinagem em nome da liberdade.
Agora, tudo é levado a uns extremos tais que qualquer anedota é punida!

certadaduvida disse...

A insegurança tem esta sintomatologia...

Stranger disse...

Este ministro é muito "pobre"!
Receitem-lhe as "sobras" de algum medicamento para a diarreia mental!
Dentro do prazo, claro, que é para ver se a doença se vai embora...

Pedro Morgado disse...

Este país parece uma anedota de si próprio.

Até um dia... Este clima de intimidação ainda vai acabar mal.

andorinha disse...

Boa tarde.

Não sei se é erro político...vem tudo na sequência da doutrina deste governo: autoritarismo, prepotência e arrogância.

Em muitos aspectos parece que voltámos ao 24 de Abril.
Maiorias absolutas assemelham-se a ditaduras já que os nossos políticos não conseguem resistir à vertigem e à ganância do poder.

Fico imensamente triste ao verificar para onde caminha este país.... e não vislumbro nenhuma luz ao fundo do túnel:(((((

lobices disse...

...o FADO proposto para Património Imaterial mundial da Unesco:
...
«É um sonho tornado realidade»
MARIZA, EMBAIXADORA DA CANDIDATURA DO FADO...


A colecção dos discos de música portuguesa na posse do britânico Bruce Bastin vai ser adquirida por Portugal, garantiu recentemente à agência Lusa o secretário de Estado da Cultura, Mário Vieira de Carvalho.


Efusiva, Mariza, embaixadora da candidatura do fado a património imaterial da humanidade pela UNESCO, afirmou à Lusa ser esta "uma notícia genial”.

“Para mim, que tanto me bati pela vinda desta colecção para Portugal, é um sonho tornado realidade". A fadista afirmou ainda que "esta colecção coloca tudo em aberto quanto às origens do fado e vem beneficiar-nos a todos, pois ficamos a conhecer melhor como se cantava, tocava, etc."

"Eu que pergunto sempre aos mais velhos como era e procuro aprender, estou muito curiosa em saber o que nos reserva a colecção. Resta agora saber quando a vamos poder ver e estudar", disse a criadora de "Ó gente da minha terra".


A presidente da Associação Portuguesa dos Amigos do Fado (APAF), Julieta Estrela, membro do conselho consultivo do Museu do Fado, afirmou-se satisfeita "por terem chegado a bom porto as negociações. É essencial agora garantir a sua preservação, digitalização, para que não se perca, e permitir um acesso efectivo dos investigadores de modo a tirar proveito do que nos poderão revelar essas gravações".

Numa altura em que se prepara a candidatura do fado à UNESCO, a presidente da APAF afirmou que "a colecção pode dar uma achega essencial".


O estudioso de fado Vítor Duarte Marceneiro, é peremptório em afirmar que "o estudo desta colecção vai trazer surpresas".

NL | Lusa

lobices disse...

...o notícia do fado foi para desanuviar...

Laura disse...

É triste, de facto. Estão todos a ficar contaminados...

Conheço bem a Administração Pública e o que posso dizer é que:
1º- O clima censório vive-se há muito tempo, mesmo antes dos "casos públicos". É claro que sempre houve boys, mas tinham...como direi... uma certa "ética" comportamental. Não me lembro jamais de sentir (como agora sucede mesmo) uns olhos estranhamente cravados em alguém que num grupo de colegas vai dizendo o que pensa. Como agora.
2º- Ninguém duvida que a Ad. P. precisa de uma varredela, mas talvez não seja exactamente àqueles a quem eles estão a fazê-lo. E é essa prática que deixa todos boquiabertos.
Mas é assim...a drástica promessa eleitoral de "aliviar" os quadros em, pelo menos 75 000 funcionários até ao fim da legislatura, instalou 1 clima de medo (pânico) redobrado. Especialmente naqueles serviços já identificados como objecto de "downsizing", ninguém sabe o que pode esperar.
- E adivinhem lá quem é que vai listar os funcionários "dispensáveis" e como tal convertíveis em supranumeráriosO? Os dirigentes máximos dos serviços. ...- Topam?
Resultado: lei da rolha. O pão é mais importante que o direito à opinião.
E é justamente por isso (por causa de quem é dispensado no concreto) que à boca cheia se chama ao PRACE (programa de reestruturação da Am. Central do Estado) o "programa de realojamento dos amigos e camaradas de estado".

Mas o mais engraçado de tudo é que a exposição de motivos do governo sobre a reforma, (que é necessária), é...
e passo a citar ipsis verbis:
... "o desejo de que a Ad. Pública crie 1 clima favorável a 1 cultura de CIDADANIA ACTIVA...".

Estranho! Porque se os resultados à vista são o produto de 1 cultura de cidadania, então nem quero saber em que "cidade-estado" vivemos nós...

lobices disse...

...mas... tenham muito cuidado...tenham muito medo...tenham muito medo... eles andam aí
...os perseguidores do anedotário nacional andám aí
...tenham muito cuidado
...vejam lá o que dizem
...vejam lá o que escrevem
...

lobices disse...

...e pensar eu que, antes do 25 de Abril de 74, andava nas reuniões clandestinas, fazia parte de clubes proíbidos, via filmes fora do circuito (vindos pelas mãos do meu saudoso Alves da Costa do Cine C´lube do Porto) por serem proíbidos... fazia parte de grupos de teatro (o TEP, por exemplo), interpretei peças proíbidas, etc
...saltei de alegria quando se deu o 25 de Abril
...liberdade
...viva a liberdade
...expressão da opinião vinda de dentro, do coração de cada um de nós...
...
...hoje, tenham muito medo... hoje não se pode dar uma piadinha (que não ofende ninguém...)
...
...alguém se lembra do:
"podi..ó...empurrá-lo?..."
Salazar mandou fechar o Jornal dos Ridículos por causa disso
...estou a ficar com medo
...do meu País
...estou a ficar com medo
...com muito medo
...

Laura disse...

Não resisto:

3º- Outra bizarria: a formação profissional inunda a administração. Aplausos, muitos aplausos sinceros! Até que enfim, de facto aprender é 1 tarefa de 1 vida inteira.
E sabem qual é 1 dos temas-chave, recorrente?
"Gestão e Ética da Admin. Pública".
Ética, leram bem, ética a sério. Com nomes reputados do foro, certamente bem intencionados. Ética da decisão, ética comportamental, ética da liderança, etc...
Máxima transmitida (a que faço vénia):
- "na adm. pública, ao contrário da privada, os meios usados são tão ou mais importantes do que os fins pretendidos".

E é este governo que assim prega o mesmíssimo que incentiva a delação, a arbitrariedade pessoal dos ministros e afins, numa palavra, a morte absoluta da dita "cultura de cidadania"...
Por exº, o caso DREN: mandava "a tal ética" que fosse o delator a sofrer consequências a a ser mandado trabalhar e a aprender o que é a pluralidade.

- Foi?`
É o foste...

Moral da história:
- "Cidadão" é aquele que tem salvo conduto e tutor na cidade-estado, e sabe falar o seu dialecto.
Estamos mal, estamos.

PS- Um dia destes alguém lê isto e sou processada...por não ser "sócretina"

lobices disse...

...tenham muito medo

CêTê disse...

Boa noite.

Fico com um profundo sentimento de pena por este tipo de acontecimentos, depois da raiva.

Este governo JOCOSO deveria saber fazer a correcta leitura das coisas e mudar de atitude (já que de rumo parece impossível). Acho que as coisas vão incendiar se a OTA não for mesmo para a frente ainda mais com mais uma campanha a fazer.

Não sei se é (mais )um "erro" político ou falta de boa formação! Não me admirava nada que os progenitores de alguns mandantes tivessem sido do AR!!! e/ou que tivessem sido ultrapassados por gente livre e ousada.
Erro político foi mesmo dos Gatos terem ido para a RTP1! Mas da experiência ganha pode ser que surja uma obra-prima. Ainda se vai descobrir que os Republicanos foram espicaçados por "quem nós sabemos" ;P

Faço votos para que as forças armadas estejam atentas e sejam leais sim mas ao povo!


Lealdade? Mas que merd@ é essa de nos IMPOREM lealdade quando nos tratam a baixo de cães? Eu não os elegi! Não escolhi quem ia gerir o meu ministério que nem sei com que critérios foi escolhido.


Pena tenho eu de não ter votado no Poeta!

blogico disse...

boa noite a todos

Eu acho que o valor fundamental da nossa sociedade é a liberdade de expressão, mas será este um caso de privação da mesma?

em qualquer empresa, um empregado que insulte publicamente o patrão é imediatamente despedido. porque é que na empresa estado haveria de ser diferente?

CêTê disse...

Acabadita de chegar ao mail:

A diferença entre Portugal e a República Checa é… que… a República Checa tem o governo em Praga….
e Portugal tem a Praga no governo

;]

CêTê disse...

Pois no privado também há bufos (normalmente pretendendo promoções) e chefes que merecem ser insultados.

Já deve ter reparado que nem todos os "chefes" são "insultados" Mais raro ainda será acontecer em tantos "departamentos" e muito menos pelos utentes de todos os serviços!

Não se arrepia quando os trabalhadores de uma fábrica cujos "chefes" os enganaram fazem valer até às ultimas consequências os seus direitos- (nessa altura já os bufos já estão também na lista)

Mas o reinado estará para breve. ;]]]]]

andorinha disse...

Laura,
Estou completamente de acordo.
E sublinho a moral da história:

"Cidadão" é aquele que tem salvo conduto e tutor na cidade-estado, e sabe falar o seu dialecto."

Nem mais...

Quanto à hipótese de sermos processados, seremos vários aqui:)

Cêtê,

E que Praga...:)))

JFR disse...

O que mais me preocupa é a figura do "Bufo". É ela, a criadora do clima de insegurança que em cada repartição pública se tenderá a desmultiplicar. E, desculpe o Prof. JMV, o Governo não "dá o flanco à acusação de deriva autoritarista". O Governo usando, por via directa ou indirecta, essa figura do "Bufo", estimula a sua proliferação. E consequentemente o autoritarismo. A auto-opressão. E aí está, quanto a mim, a enorme gravidade da situação. Que não vem aí. Já se vive.

Fora-de-Lei disse...

ELES ANDEM AÍ...

Escrevi isto em 2006. Infelizmente, um ano depois isto parece-me cada vez mais actual.


Os tempos são outros, mas nunca se sabe...

Primeiro levaram os comunistas,
mas eu não me importei com isso.
Eu não sou comunista.
Em seguida levaram alguns operários,
mas não me importei com isso.
Eu também não era operário.
Depois prenderam os sindicalistas,
mas não me importei com isso.
Eu não sou sindicalista.
Depois agarraram os sacerdotes,
mas como não sou religioso,
também não me importei.
Agora estão me levando,
mas já é tarde.
Bertolt Brecht

Primeiro despediram os funcionários públicos,
mas eu não me importei,
não sou funcionário público.
Depois proibiram a greve dos professores,
mas eu não me importei,
não sou professor.
Depois proibiram a manifestação dos militares,
mas eu não me importei,
não sou militar.
Depois foram os juízes, os polícias, os enfermeiros,
mas eu não me importei,
não sou juiz, nem polícia, nem enfermeiro.
Agora estão a bater-me à porta,
mas já é tarde.
António Cebola


Similitudes...

Salazar disse um dia que "preferia ser temido do que amado". Sócrates tem feito o que fez - tudo dentro de um estilo muito peculiar - e continua a ter a maioria das intenções de voto. Similitudes no povo, nos governantes ou em ambos ?!

Fora-de-Lei disse...

Site Linha Alerta promove Denúncia de Conteúdos Ilegais na Internet

O novo serviço online Linha Alerta disponibiliza um conjunto de meios para reportar, de forma anónima, conteúdos da Internet susceptíveis de serem considerados ilegais. As denúncias são triadas e encaminhadas para posterior investigação e eventual acção judicial.


Pornografia infantil, apologia da violência e apologia do racismo são os conteúdos ilegais visados, numa primeira fase. Mas numa segunda nunca se sabe... Portanto, tenham cuidado. Muito cuidado com aquilo que dizem.

andorinha disse...

FDL (11.38)

"Portanto, tenham cuidado. Muito cuidado com aquilo que dizem."

Como é? Vamos entrar já por aí?
Vamos deixar-nos amordaçar?
Vamos-lhes dar esse gozo???

Quanto mais cerceiam a liberdade de expressão, não ficas com mais vontade de gritar?
Eu fico...

Fora-de-Lei disse...

andorinha 11:49 PM

"Quanto mais cerceiam a liberdade de expressão, não ficas com mais vontade de gritar? Eu fico..."

Até que enfim! Só agora consegui perceber porque é que há malta que gosta tanto de "brincar" com algemas ou outros dispositivos manietantes... ;-)

andorinha disse...

FDL (11.56)

Looooooooooooooooooooooool
Só tu e esta tirada para me fazeres rir agora:)

Hasta mañana.

thorazine disse...

FDL,
o submisso é que tem sempre o poder..ele é que diz: BASTA!! ;)

Unknown disse...

Boa noite!
Tive pena de não ler a pérola :( (cartaz afixado).
Numa entrevista ao JN o Sr. Ministro disse"Nunca vou a um SAP nem nunca irei" (SAP é o Serviço de Atendimento Permanente- Urgência dos Centros de Saúde)." Um dos médicos que leu, presumo que indignado, e, convenhamos que com razão, afixou ipsis verbis as palavras do Sr. Ministro acrescendo apenas ""Você está num SAP. Faça como o ministro da Saúde vá ao S. Marcos". Como pode ler-se no Jornal da localidade de há meses atrás.
http://www.jornaldevieira.com/noticias.asp?opcao=2&idart=1762
Sem insultos ao ilustre ou algo que lhe manche a gravata. As graves afirmações não são do médico, a meu ver, mas do próprio ministro. Esqueceu o ditado velho "Peixe morre pela boca", mas teve razão para esquecer limpinho como o peixe, só mesmo o peixe :))))

lobices disse...

...via DN
...
Socialistas preocupados com efeitos deste caso
A exoneração da directora do Centro de Saúde de Vieira do Minho, por causa de um cartaz que gozava com declarações do ministro da Saúde, caiu mal entre muitos socialistas. Para quem Correia de Campos usou de "excesso de força", num caso que poderia ter sido resolvido de outra maneira.

Depois de Manuel Alegre ter vindo qualificar como "intolerante" o despacho que demitiu Maria Celeste Cardoso do cargo, também o deputado socialista Vítor Ramalho disse ontem ao DN não compreender a reacção do ministério a este caso. "Os contornos do despacho são para mim incompreensíveis. Não os percebo, não percebo a razão", sustentou o também líder da distrital socialista de Setúbal. "Digo isto em defesa do PS e dos valores do PS, fundado como um partido que preza a liberdade de expressão", acrescentou Vítor Ramalho, sublinhando que numa "situação normal" - entenda-se "num quadro de direito à liberdade de expressão" - uma "situação destas não deve ocorrer".

Para o deputado da maioria "os serviços públicos não devem ser palco para comentários jocosos" - mas o que "seria razoável, se o ministro soubesse que havia um cartaz nesses termos, era pedir para o retirar". E não avançar para uma medida que "pode pôr em causa a imagem do ministro e do Governo". "Não vejo razão para isto", conclui o deputado.

As reservas de Vítor Ramalho estão longe de ser isoladas no interior do partido. "Isto não é o PS", afirmou ao DN outro socialista, questionando o argumento de quebra de lealdade invocado por Correia de Campos para justificar a exoneração da directora do Centro de Saúde (ver texto na página ao lado). "O dever de lealdade funcional é algo diferente de uma anedota", acrescenta. Para deixar uma pergunta: "Quantas vezes não se dirão anedotas, em escolas, em locais públicos, sobre o Governo ou sobre ministros. Vai-se fazer o quê? Andar atrás de toda a gente?". O mesmo socialista adverte ainda que o partido está a dar trunfos ao adversário: "Numa situação em que se pede compreensão aos portugueses, estamos a dar o flanco em matérias de mercearia". E esta é uma reserva que se estende mesmo a outros nomes do PS que se revelam mais concordantes com a decisão de Correia de Campos. Ou seja, mesmo nestes casos os socialistas não deixam de manifestar preocupação com os efeitos de mais este caso junto da opinião pública, depois do episódio com Fernando Charrua (ver caixa em baixo). E há mesmo quem assegure que o assunto não deixará de ser levado à reunião do grupo parlamentar e aos órgãos próprios do partido.

Oposição quer ministro na AR

Marques Mendes, líder do PSD, já veio apontar este caso como um exemplo da intimidação que, afirma, grassa no País. Para Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, "é mais um sinal, mais um tique no quadro de acontecimentos preocupantes". "Oxalá sejam só tiques e apenas sinais, mas que são inquietantes são", sustentou o líder comunista. BE e PCP pediram já a audição do ministro Correia de Campos no Parlamento.
...
(subscrevo)

lobices disse...

...via TVI
...
O Observatório Português da Saúde, que reúne os mais reputados especialistas do sector, chumba de alto a baixo a política do Governo. Os peritos acusam o ministro Correia de Campos de estar a reduzir a protecção social dos portugueses, sem ter legitimidade política para tal.

Em causa está o encerramento de serviços e o aumento dos custos com a saúde suportados pelos portugueses, que não estava previsto no programa eleitoral do PS.

Os peritos universitários de Lisboa, Porto e Coimbra consideram incompreensível a política do Ministério da Saúde. O Observatório acusa o Governo de falta de legitimação política para prosseguir este caminho, porque não estava previsto no programa eleitoral do Partido Socialista.

Os peritos entendem que há cada vez menos protecção social na saúde, por causa do fecho de serviços, como as maternidades, bem como devido à política de corte nas comparticipações, que tornou os medicamentos mais caros para o cidadão e por causa das taxas moderadoras criadas para os internamentos e cirurgias.

O Observatório diz que as novas taxas moderadoras da Saúde são «socialmente injustas» e considera que são uma «punição», porque os portugueses não podem moderar o consumo de cirurgias e de internamentos hospitalares.

A reforma das urgências não é atacada na sua concepção, mas merece muitas críticas na maneira como está a ser posta no terreno pelo Governo.

O ministro estreou-se mal, dizem os peritos, ao começar pela diminuição dos serviços disponíveis, em vez de criar as urgências básicas previstas, o que naturalmente aumentou a insegurança da população.

O relatório, que vai ser apresentado publicamente na próxima semana, também encontra aspectos positivos na actuação do Governo. À cabeça, o facto de os orçamentos da Saúde serem agora verdadeiros, aproximando-se das necessidades reais do sistema, bem como o lançamento da Rede de Cuidados Continuados e a reforma dos cuidados primários com a criação de Unidades de Saúde Familiares.

Os peritos pedem atenção para o facto de o interior estar a ficar de fora desta reforma estrutural, considerada mais importante que a Ota ou o TGV.

A Menina da Lua disse...

Bom dia

Relativamente à exoneração da chefe do SAP considero a decisão exagerada e quase "ingénua" porque o "Poder" quando quer consegue ser bem mais subtil porem implacável...a comunicação social agradece:)

Claro que em Portugal a tolerância, o respeito pela opinião e liberdade dos outros, a prática democrática e principalmente o sentido cívico de quem tem o poder, são realidades que existem muitas vezes apenas no papel ou na Lei. Parece-me que falta ainda um longo caminho a percorrer no sentido da educação cívica e democrática para já não falar no sentido da individual, onde os "machismos" ainda têm a sua maior expressão.

Porem e falando sob ponto de vista político e apesar de eu não pertencer ao partido do poder, penso que a crítica generalizada e sistemática ao governo não ajuda e não resolve coisa nenhuma; existem medidas e reformas que têm o seu timing para dar resultados. Salvo situações de corrupção e de irresponsabilidade, deve ser dado tempo e credibilidade a um governo democrático para governar, sob pena de não termos ninguem de bem e valorizável a governar, inclusive nós próprios...:) até porque nos resta sempre a nossa "justa" e severa avaliação final nas próximas eleições:)

Unknown disse...

Se houver as tais eleições... O quadro político deixa adivinhar outras intenções...
Tenho dito!

Anónimo disse...

Bom dia maralhal.
Jocoso é o que esses "matraquilhos" andam a fazer com a saúde em Portugal.

Anónimo disse...

Atras do pano
Fazia parte da perola uma fotocopia de um entrevista do tal ministro, em que este dizia que nunca tinha recorrido, nem iria, aos chamados serviços de atendimento permante. O medico que foi autor do tal cartaz apenas incitava os utentes a usarem em qualquer situacao a urgencia do Hospital de Braga.
Não vejo nada de jocoso no tal cartaz ao não ser o triste comentário do ministro.

Anónimo disse...

E já que estou numa situação de desemprego, vou começar a chamar nomes a eles à força toda.
Pela logica exonerando-me eles do meu cargo, passo de desempregada a empregada.
LOOOOOOOOOOOOOOL
Palhaços, matraquilhos :-)

Anónimo disse...

Blogico
em qualquer empresa, um empregado que insulte publicamente o patrão é imediatamente despedido. porque é que na empresa estado haveria de ser diferente?
Tens toda a razão na primeira parte do comentário que também se aplica a segunda.
O Estado é realmente uma "empresa" mas uma empresa contratada por nós para gerir o nosso país. Assim sendo deveriam ir para a rua cadac vez que não zelassem pelos nossos direitos, cada vez que nos prejudicassem, cada vez que nos espetassem uma faca nas costas, cada vez que usassem de poder abusivo em relação a quem lá os colocou e lhes paga uns chorudos ordenados; isso dá despedimento por justa causa- abuso de confiança.
Enquanto não nos virmos como patrões desses senhores não vamos a lado nenhum.

blogico disse...

Yulunga

Concordo completamente. É preciso não esquecer é que quem tem o poder de os mandar para a rua somos nós, os associados desta grande empresa. Podemos exigir que a pessoa que nós contratamos para esse efeito (o presidente) demita o governo, ou organizar um movimento de sociedade civil que faça o mesmo. O problema é que vejo muita gente a queixar-se, mas ninguém se mexe...

Anónimo disse...

Atras do pano
Vem a noticia no Correio da Manha de hoje, sábado, mas o essencial do que querias saber é o seguinte:

O cartaz da polémica – uma fotocópia ampliada de uma entrevista em que Correia de Campos dizia que nunca foi nem nunca irá aos Serviços de Atendimento Permanente, o que levou Salgado a ‘aconselhar’ os utentes a “fazer como o ministro e ir às Urgências de Braga” – foi colocado em horário nocturno, na véspera de fim-de-semana, há cerca de um ano.
(...) "LIMITEI-ME A CITAR O SR. MINISTRO"
(...) O médico Salgado Almeida, que é vereador da CDU na Câmara de Guimarães, assumiu, na fase de inquérito, através de cartas que chegaram à Sub-Região de Saúde de Braga e à Administração Regional de Saúde do Norte, a autoria da colocação da fotocópia com a entrevista do ministro e do comentário considerado jocoso. O clínico diz que não se compreende a exoneração da directora e que se limitou a “citar o senhor ministro, que aconselhava as pessoas a não ir aos SAP”.

andorinha disse...

atrásdopano (1.24)

Ainda és mais radical do que eu:)
"Se houver as tais eleições..."
É lá posível que não haja!...
Sabes alguma coisa que eu não sei, é?:)))))))

Também não pertenço ao partido no poder; aliás não pertenço a nenhum, nem tenciono vir a pertencer.
Agora considero uma visão muito pobre da democracia achar-se que nós a exercemos se de 4 em 4 anos formos depositar o papelinho na urna...
Há toda uma intervenção cívica que não se esgota nesse momento e que é importantíssima.
É pena que trinta e tal anos depois do 25 de Abril ainda seja essa a mentalidade de muita gente:(

Tempo e credibilidade para governar?
Tempo tem-no, a credibilidade desbaratou-a toda ao tomar medidas desajustadas quase diariamente.´
Basta ver-se os ministros desdizerem hoje o que vão dizer amanhã:) e vice-versa.

Klatuu o embuçado disse...

Às vezes dou comigo a pensar em como é que se sentirão as pessoas de Esquerda da sua geração... deve ser fodido!

Abraço.

andorinha disse...

Klatuu,

Acredita que é. Sou de esquerda e da mesma geração, e o desencanto e a frustração são enormes:(

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Fora-de-Lei disse...

andorinha 11:03 AM

Só existiriam razões para te sentires desencatada e frustada se o Sócrates fosse de esquerda... Um facto, é que o governo de Sócrates (dito socialista) está à direita do PSD. Daí a dificuldade deste último em fazer uma oposição que se veja / que se faça sentir.

Como poderia ser de esquerda o governo que até hoje mais atentou contra os direitos (e até mesmo a liberdade) de quem trabalha por conta doutrém ?!

Ninguém de esquerda tem que se sentir de má consciência consigo próprio com a(s) política(s) deste governo. Este é, definitivamente, um governo de direita. Até os mais indefectíveis socialistas já começaram já a ver o filme...

A.Mello-Alter disse...

Pois é professor:
As saudades que nós já temos do PS na oposição.
Mas quando nos lembramos da alternativa...
Valha-nos o Glorioso

Marx disse...

Concordo que se trata de um «erro político». E, antes disso, de um acto meramente estúpido...

andorinha disse...

Fora de lei (8.22)

Não precisas de me explicar como se eu fosse muito burra!:)))))))))

Se fosse outro que não tu a fazer-me esse comentário, nem sabes a resposta que levava........:)

É evidente que concordo contigo.
Claro que o governo é de direita, as políticas que faz, são-no, pelo menos, já que assumir-se é coisa que, obviamente, não faz.
Só acrescento uma coisa: a oposição à esquerda também é muito ténue, logo o governo tem a vida facilitada.

"Ninguém de esquerda tem que se sentir de má consciência consigo próprio com a(s) política(s) deste governo."

Eu não me sinto de má consciência comigo, sinto-me frustrada e desencantada, sim.
Vivi os meses imediatamente a seguir ao 25 de Abril em Lisboa, andei no meio de soldados, devorava jornais, devorava tudo, ia a debates, a manifestações, as ilusões eram imensas...
Ao fim de 33 anos resta-nos o quê?:(
Como não sentir desencanto?

Júlio Pêgo disse...

Quando o Poder age desta forma, sem estofo para aguentar o incómodo, algo vai mal por este país.Seria interessante ver mais além do sintoma, na procura da doença que tanto irrita o Ministro!
Júlio Pêgo

Andreia Azevedo Moreira disse...

Assusta-me deveras pensar que posso vir a conhecer uma realidade da qual a minha mãe fala (ainda) no passado. "Antigamente não podíamos isto" ou "não podíamos aquilo", "tínhamos medo", "desconfiança", etc, etc. Já esteve mais longe quer-me parecer.

MãeAdvogada disse...

" A Liberdade de Expressão é, como todos sabemos, uma arma poderosa, sem a qual não existe Democracia !

Quando ( bem ) usada pelos Poetas, Compositores, Humoristas e Gente das Artes em geral, é praticamente ilimitada !

Mas quem não é Político, quando está a trabalhar, não deve fazer Política;

e mais do que isso, quando se está a trabalhar, não se devem pôr em causa as Políticas de Estado, nem os nossos Orgãos de Soberania !

A Liberdade de Expressão, usada como instrumento político, num local de trabalho, em especial, num serviço público, não é um bem, é um mal !

Num local de trabalho, trabalha-se, não se faz política ! nem propaganda !



E além de não ser correcto usar instrumentos de propaganda em locais de trabalho, e em especial, em serviços públicos !

falar de um Titular de Orgão de Soberania, seja ele, um Governante, um Deputado ou um Juíz, ou falar de um Superior Hierárquico, ou de um Colega - no local de trabalho, para os outros Colegas - usando termos e expressões objectivamente injuriosos, não é um bem ! é um mal ! desde logo, para a Democracia, pela falta de respeito que encerra, e tbm porque, acaba por funcionar como incitamento ao desrespeito pelo outro e pela função do outro e pelo papel que ele desempenha no nosso Estado de Direito !

Cada um é livre de pensar o que quiser, e de o dizer, na sua vida privada, usando os termos e expressões que quiser - entre familiares, amigos et caetera ! sem a intenção de difamar e sem com isso, conseguir difamar e pôr em causa a actuação de quem quer que seja !

Mas quando essa liberdade é exercida, fora da vida privada, num lugar público, no trabalho, num serviço público, ela ganha a força da propaganda política ! e muito antes disso, ela ganha força difamatória, constituindo não só um ataque à Pessoa, mas tbm um ataque ao próprio Estado, representado na função por ela exercida !

Por isso, não posso sequer comparar uma peça humorística (...) à qual assistimos porque queremos, se queremos e como e quando queremos !

com aquilo que se faz, quando se afixa algo, ou se diz num local de trabalho ( seja ou não, de Função Pública ) algo acerca de um Ministro, ou do Primeiro Ministro ! e isto, porque a trabalhar não se faz humor ! não se faz propaganda ! não se insultam, não se gozam, nem se atacam os Orgãos de Soberania ! nem os Superiores Hierárquicos, nem os Colegas !

e isto,

sob pena de certos locais de trabalho, se poderem transformar em animadas noites de São João... em que os martelados, são os Ministros, e os Governantes em geral ! e em que os martelinhos, são os neurónios descontentes da malta !

Não quero com isto dizer, que concorde com demissões, exonerações, et caetera, como forma de castigo pelos excessos eventualmente cometidos ! cada caso, é um caso ! e não conheço o suficente de nenhum para me pronunciar em concreto !

Quero apenas dizer, aquilo que acabo de dizer - em suma, que os locais de trabalho não servem para fazer política, nem propaganda, nem humor com o que nos desagrada, em Política, e não só ! existem muitas outras formas e muitos outros lugares para o fazer ! sem pôr em causa a Ordem Pública e o nosso Estado de Direito ! "

( rapinado de um Fórum, com autorização expressa da autora )