domingo, novembro 04, 2007

"Os sexólogos" não existem, toda a generalização se afasta da realidade:).

Os sexólogos
Paulo Moura - 20071104
Do outro mundo
Os sexólogos gostam de fazer afirmações categóricas e normativas, o que é, em si mesmo, uma prova da sua irrelevância. Afirmações categóricas e normativas asfixiam qualquer possibilidade de erotismo e lavariam portanto, se fossem levadas a sério, os sexólogos ao desemprego. Erotismo, acho eu, implica dramatização, ilusão, incursões no desconhecido. Quando nos dizem o que o sexo deve ser, já deixou de dever ser assim, porque já não nos apetece fazê-lo, e portanto já não é sexo.Quando um sexólogo determina o que é saudável e o que não é saudável está apenas a definir as fronteiras das novas perversões. Está a dar-nos ideias. Praticar sexo segundo os conselhos de um sexólogo é como compor um poema segundo o manual de escrita criativa. Ou como pôr o Vasco da Gama a descobrir a Índia com um folheto da agência Abreu. Sem aventura não há arte, nem amor, nem erotismo. Neste sentido, é bom que os sexólogos estejam calados, para se poder manter alguma normalidade na actividade sexual.Uma das afirmações categóricas e normativas que os sexólogos adoram fazer é a de que o ciúme é um sentimento doentio. Tem origem na insegurança, dizem eles. Na falta de auto-estima. O ciumento imagina coisas, acredita em hipóteses improváveis. E, de tanto acreditar, essas coisas que imagina acontecem mesmo, vaticinam ainda os sexólogos. Um amante saudável nunca tem ciúmes. Se há indícios de que o parceiro ou parceira o traiu ou vai trair, deve ignorá-los. São decerto fruto da sua imaginação doentia. Há com toda a certeza uma explicação razoável para esses indícios, por mais gritantes que lhe pareçam. É preciso haver confiança. Se a tivermos em doses adequadas, acreditamos sempre no companheiro ou companheira, mesmo que ele ou ela saia de casa à meia-noite com uma carteira de preservativos nos dentes. Sem dúvida que haverá uma explicação para esse comportamento, não vale a pena pensar muito nisso. O que é preciso é ter confiança. Como se a confiança devesse sempre ser dada, e não precisasse de ser conquistada. Como se não fosse um bem escasso. Os franceses são mais prudentes, ao usarem o verbo "fazer" - faire confiance - em vez de "ter". "Fazer" soa mais como um contrato, implica um comportamento mais activo e responsável. Faz-se confiança, como se faz uma aposta. Ganha-se ou perde-se e a culpa não é de mais ninguém senão nossa. O amor pode ser, na verdade, uma roleta russa e portanto o ciúme é um sentimento tão natural como a sua sede de amor. Há quem o tenha por doença, como também há quem sinta febre sem que isso corresponda a nenhuma infecção. Mas é raro. Na esmagadora maioria dos casos, quem tem ciúmes tem boas razões para os ter. De outra forma não se explicaria este mecanismo do ser humano, numa perspectiva evolucionista. Se acreditarmos que a nossa origem está em Adão e Eva, podemos considerar o ciúme um erro da Natureza, ou uma invenção do demónio, uma vez que não havia, à época da nossa criação, ninguém de quem o ter. Mas se quisermos ser científicos temos de olhar o ciúme com respeito. Quem ama teme perder o objecto do seu amor e tem ciúmes se pressentir que isso vai acontecer. E isso realmente acontece todos os dias. Basta ver a percentagem de casamentos que acaba em divórcio. Não, é melhor não ver. As estatísticas também matam o amor. Jornalista


P.S. Aceito que me considerem irrelevante, mas nunca fiz afirmações categóricas e normativas, excepto contra todas as formas de discriminação. Quanto ao ciúme, recordo alguns anos pós-25 de Abril, em que era considerados politicamente incorrecto. Alguns dos que o diziam, torciam mãos e almas no meu consultório... O ciúme decorre, justificado ou não, da insegurança. E essa, julgo eu, faz parte da nossa natureza. Mas talvez esteja a ser normativo:).

31 comentários:

Sunshine disse...

Ciúmes... tem de os haver.
Hoje ouvi um programa seu,de algumas semanas atrás, em que afirmava que as mulheres se apercebem primeiro que uma relação vai mal. Concordo totalmente... as mulheres sentem quando deixam de ser amadas e isso acontece nos mais pequenos pormenores... é aí que a verdade está: no beijo frio, no abraço à chegada que deixa de existir, no tratamento distante...
E depois aparece o ciúme: "Porque está a acontecer tudo isso?" É preciso ter os olhos abertos...porque confiar demais às vezes é mau, é acreditar que conosco não irá aparecer outra pessoa, é fechar os olhos à insegurança justificada. Podemo-nos aperceber tarde demais e aí é pior, muito pior que um murro no estômago.
No entanto, o sol brilha e irá brilhar sempre (parece que vai deixar de brilhar, mas isso não é para os nosssos tempos)para todos.

AQUILES disse...

Mas o ciúme não é só insegurança ...

Sunshine disse...

É insegurança de perder quem se ama...

thorazine disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
thorazine disse...

...ou até a segurança de que o outro atura a ciumeira! :))

Concordo que a confiança conquista-se. E mesmo havendo quebras desta penso que tem de ser inserido no contexto, tanto da pessoa como da relação..

Qt à opinião do jornalista em relação aos sexis (hehe) acho que em todas as áreas há especialistas que vêem sempre a preto e branco! Aliás, penso que a maioria das pessoas tem pavor à entropia humana e anseia pela "normalização". E contra mim falo. Às vezes.. :)

thorazine disse...

Sugestão: Se puderem vejam o novo documentário do Michael Moore "Sicko". Estou tão contente por não morar nos States..:))

http://www.imdb.com/title/tt0386032/

olhosquefalam disse...

tenho alguma dificuldade em enquadrar o ciúme no amor. mesmo pra quem é inseguro. se está comigo não é porque foi obrigado/a, mas pk quer.e se um dia me "trair", então , vou ter pena, ficar muito triste e talvez insegura. mas não com ciúme.vou apenas desejar que ao menos, tenha sido com alguém melhor que eu, pra não ter ke sofrer tb a desilusão de saber que tive um "burro" ao meu lado!como dizia a minha avó Nunca pra pior!!!:)lolololol

andorinha disse...

Boa noite.

Júlio, não diga mais nada, não vê que o homem diz que "é bom que os sexólogos estejam calados"?
Tudo o que disser pode ser usado contra si, ou então fale só na presença do seu advogado:)))))))))))))))))

Este Paulo deve ser um ciumento do caraças!
Às tantas foi a um sexólogo que o deve ter alertado para a dimensão doentia do seu ciúme, o homem não achou graça nenhum e agora vinga-se.
Os sexólogos são uma cambada de incompetentes!:) Looooool

Já deu para me rir um bocadinho.

PS: Ciúmes não sei o que são; devo ter que ir a um sexólogo para me corrigir esta anormalidade:)))))))

andorinha disse...

Há coisas que não entendo.

"...é acreditar que connosco não irá aparecer outra pessoa..."- Sunshine.

As relações só se degradam se aparecer outra pessoa??????????
Vai por aí vai, que vais longe...:)

"...vou apenas desejar que ao menos, tenha sido com alguém melhor do que eu..." - Olhosquefalam

Mas isto significa o quê? O que é "ser melhor"?

Manolo Heredia disse...

Eva e Adão já tinham ciúmes, pela simples razão de que seus antepassados lhes transmitiram esse comportamento por via genética.
Os macacos, os leões, os coelhos... também têm ciúmes. A Evolução criou o ciúme para ajudar a garantir a sobrivuvência do mais forte. A fémea tem ciúme para garantir que pode contar com o apoio do macho na criação dos filhos. O macho tem ciúme para evitar vir a gastar energias na criação de filhos que não são seus.
O ciúme é um comportamento variante da defesa do território.

Manolo Heredia disse...

Generalizando: o ciúme é a reacção natural que emerge sempre que alguém sente surgir uma ameaça no acesso aos recursos disponíveis a que tem direito.
Estão aqui abrangidos todos os tipos de ciúme: entre amantes, entre irmãos, entre colegas, etc.
O ciúme só é injustificado quando há uma má avaliação por parte do ciumento, ou da ameaça, ou da quantidade de recursos disponíveis.
È por isso que certas senhoras da "Alta" não têm ciúmes das lambisgoias que dormem com os maridos!

Sunshine disse...

Não, as relações não se degradam só se aparecer outra pessoa. Não devo ter sido clara. Penso que quando uma relação se vai degradando ao longo do tempo, também se vai abrindo uma porta para que entre uma terceira pessoa... Penso que a outra pessoa é mais uma consequência do que a razão pela qual as relações se degradam.
A outra pessoa não me interessa ....melhor ou pior tanto faz...o pior é o sentimento de perda num "investimento", por vezes, feito a longo prazo.

noiseformind disse...

(breve regresso à falange só pra dar umas bengaladas…)


“Os sexólogos gostam de fazer afirmações categóricas e normativas, o que é, em si mesmo, uma prova da sua irrelevância. Afirmações categóricas e normativas asfixiam qualquer possibilidade de erotismo e lavariam portanto, se fossem levadas a sério, os sexólogos ao desemprego. Erotismo, acho eu, implica dramatização, ilusão, incursões no desconhecido.”

Caro Paulito, sou um dos tais sexólogos que gostam de fazer afirmações categóricas e normativas, e portanto, irrelevante. Sinto-me transparente em todos os aspectos da minha vida. Seja a dar aulas, seja a investigar o comportamento orgásmico feminino, seja em sessões de terapia com casais estrangeiros. Como sou irrelevante limito-me a cobrar 380 euros por sessão, um pouco como faria qualquer astrólogo ou vidente: quanto mais irrelevante, mais se cobra ; )))))
Dizes tu, Paulito querido, que erotismo implica dramatização, ilusão, incursões no desconhecido. E eu diria que tu és uma besta Paulito, mas só por causa desta gana que cá tenho de fazer comentários irrelevantes. Também podia ser por a definição do dicionário de erotismo ser qualquer coisa como (copy paste ahead do Priberam)

amor sensual, lúbrico;
amor físico, prazer e desejo sexual distintos da procriação;
exaltação de tudo o que é referente ao desejo sexual;
paixão amorosa.

Claro que não vou pôr em causa o teu gosto por te atirares de cabeça para uma vagina ou esfíncer estranho, Paulito, sem qualquer informação sobre o dito. Ou seja, é uma daquela afirmações irrelevantes que gosto de fazer: “o Paulito pode-se atirar sem problemas à vagina ou esfíncer estranho”.
Claro que depois tenho de te dizer que o erotismo está fucked (não sei se o Boss deixa passar isto, por isso pus o original “fodido” no politicamente correcto inglês) se depende desses 3 aspectos que referiste. Vamos ser sinceros: quantas vezes tens de saltar para dentro de uma vagina até ela deixar de ser “um salto no desconhecido? De quantas forma dramáticas diferentes consegues beijar uns seios? E quantas vezes mais uma mulher pode fazer sexo contigo até ter a ilusão de que algum dia vai ter mais do que os 5 minutos das primeiras 50 vezes? Se erotismo é salto no desconhecido então um casal casado à 30 anos não devia, por essa definição, ter qualquer erotismo de sobra. Especialmente se o homem assistiu ao parto dos putos pela mesma vagina onde meteu, a tanto custo, a sua glande. Portanto o que fazes logo à cabeça é justificar o adultério dentro da monogamia. E ninguém podia ser mais a favor do adultério que eu, Paulito. Sabes? É que vários estudos nos últimos anos revelaram que o adultério de facto contribui para um melhor funcionamento das relações SE a pessoa adulterada (diz o povo, “encornada”) não souber nada da coisa. E a pessoa adúltera tem no acto adultérico (inventei a palavra agora mesmo) uma base de auto-estima que lhe permite encarar de forma mesmo dramática a relação. Ou seja: o adultério gerado pela falta de desconhecido da monogamia conduz a uma maior auto-estima que destrói o dramatismo, outro factor sine qua non da tua premissa de erotismo. Estamos fucked, Paulito, é um quagmire, como dizem os americanos. O mais absurdo é que a tensão arterial pré-acto de alguém com uma FSA (Função Sexual Avançada) é muito mais baixa que a de uma pessoa que sabe que o coito não vai ser satisfatório. Ou seja: a malta que mais gosta de sexo é a menos dramática e, por consequência, a menos erótica!!! Apocalipse Now, Paulito, Deus que nos salve a todos!!! Mas felizmente o senhor do dicionário não quer saber do que tu pensas que é o erotismo, Paulito, e eu faço a afirmação contundente que ainda bem. Para ele o erotismo é prazer físico, amor sensual, Lúbrico. Não é enfiares a tua mulher numa lingerie da Victoria’s Secrets que a deixou ainda mais parecida com um travesti, nem é o facto de a tua amante ter o corpo que a tua mulher tinha quando casaste com ela à 10 anos, antes dos putos que ambos tanto queriam ter. E o problema é mesmo este. De que há uma cambada de camelos (não ligues, é mais uma afirmação irrelevante) que, por ser uma porcaria no acto continua a mandar a sintonia e beleza da coisa para o antes ou para o depois. Já nem falo das mulheres, porque para elas o acto quase nem conta. É a parte necessária entre o importante jantar e o ainda mais importante “dormir enrolada num gajo”.




"Quando nos dizem o que o sexo deve ser, já deixou de dever ser assim, porque já não nos apetece fazê-lo, e portanto já não é sexo. Quando um sexólogo determina o que é saudável e o que não é saudável está apenas a definir as fronteiras das novas perversões. Está a dar-nos ideias. Praticar sexo segundo os conselhos de um sexólogo é como compor um poema segundo o manual de escrita criativa. Ou como pôr o Vasco da Gama a descobrir a Índia com um folheto da agência Abreu."

Claro que eu te podia dizer como o sexo devia ser, Paulito, mas para isso teria de te cobrar… 380 euros!!!!!!!!!!!! E o blog não tem Multibanco!!!!!!!!!!!!! O que é saudável, por exemplo, seria a tua mulher não ir para a casa de banho masturbar-se no fim do acto logo a seguir a ter respondido generosamente “Sim” à tua enésima pergunta “Foi bom, querida?”. Seria bom 95% das clientes de sexólogos portugueses não se manifestarem convencidas de terem algum tipo de anorgasmia por atingirem o orgasmo quando se masturbam mas não quando estão com o parceiro. Claro que eu aqui podia fazer a afirmação contundente de que os homens portugueses são todos uma porcaria na cama e porque posso vou mesmo fazê-lo. São. E podia culpar os sexólogos portugueses por terem uma visão pública errónea de dividirem a culpa da insatisfação das mulheres 50-50 entre elas e os seus parceiros. E culpo. Porque não é 50-50 nem 40-60 nem 30-70. A culpa é toda delas. Porque são umas ignorantes em relação ao seu próprio corpo. Porque usam decotes até ao mamilo e andam semi-nuas pelas discos mas depois mantém a mentalidade tão tapada como qualquer afegã. E mulheres assim não estão prontas para exigirem nada aos parceiros. Podem estar insatisfeitas, mas também não fazem a mínima do que poderiam razoavelmente exigir. Porque ficam com um sorrizinho parvo quando atingem o seu orgasmo clitoriano nas noites de Sexta em que não vão para a “noite” e acham que se atingirem aquele orgasmo com um homem atingem o Nirvana. E porque depois os sexólogos pegam nos tempos médios de ejaculação dos homens e dizem “este deve ser o tempo médio do casal”. Portanto acho que não tens muito que te preocupar com a Agência Abreu tuga, Paulito. Por aqui tas safo. Nenhum sexólogo português publicou ainda uma linha referindo a desfaçatez do que é “satisfação” para homens e mulheres. Portanto não tou a ver o teu biff com a agência Abreu. Ela tem sido boa para ti ; )))))))))))


"Sem aventura não há arte, nem amor, nem erotismo. Neste sentido, é bom que os sexólogos estejam calados, para se poder manter alguma normalidade na actividade sexual."

Imagina que a agência Abreu dizia que tinhas de passar os 5 minutos para 3 horas, já viste o que era???????????? É melhor que se cale, portanto ; ))))) claro que depois há o problema de as mulheres sem prazer nem preliminares desenvolverem indiferença ao sexo e mais tardiamente vaginismo. E claro, também há o facto de Portugal ser o país da EU a 27 em que as mulheres se tornam mais cedo sexualmente inactivas (51,7 anos). Portanto a normalidade é tu a partir dos 50 eliminares a mulher da tua vida sexual ficando apenas a amante, a mão e a fatal alternadeira (não tenhas vergonha, até o Pinto da Costa passou por isso).

"Uma das afirmações categóricas e normativas que os sexólogos adoram fazer é a de que o ciúme é um sentimento doentio. Tem origem na insegurança, dizem eles. Na falta de auto-estima. O ciumento imagina coisas, acredita em hipóteses improváveis. E, de tanto acreditar, essas coisas que imagina acontecem mesmo, vaticinam ainda os sexólogos. Um amante saudável nunca tem ciúmes. Se há indícios de que o parceiro ou parceira o traiu ou vai trair, deve ignorá-los. São decerto fruto da sua imaginação doentia. Há com toda a certeza uma explicação razoável para esses indícios, por mais gritantes que lhe pareçam. É preciso haver confiança."

Paulito, não te percebo, sinceramente que não. Então depois de tudo fazeres para justificares deixar de quecar a tua mulher vens dizer que se deve aceitar o ciúme? Mas não preferes que ela não tenha ciúme da amante e da mão e da portoriquenha e todos continuem felizes com as suas vidas? Se há indícios que tu andas a comer a tua colega a tua mulher não deveria platonicamente (porque já tens mais de 50 anos e já não a comes) olhar para o lado? Por mais gritante que os teus indícios sejam. Repara que tu colocas-te sempre educadamente no lugar da pessoa que sente ciúmes. Nunca no papel do gajo que tem uma amante no trabalho e uma amante portoriquenha. Porque é que a tua mulher havia de procurar sexo fora? Ao fim de tantos anos de casamento ela já sabe que não pode haver melhor que tu, o que lhe resta? ; ))))) estás a ser paranóico, quer-me parecer…

"Se a tivermos em doses adequadas, acreditamos sempre no companheiro ou companheira, mesmo que ele ou ela saia de casa à meia-noite com uma carteira de preservativos nos dentes. Sem dúvida que haverá uma explicação para esse comportamento, não vale a pena pensar muito nisso. O que é preciso é ter confiança. Como se a confiança devesse sempre ser dada, e não precisasse de ser conquistada. Como se não fosse um bem escasso."

Paulito, sejamos honestos, se a tua mulher sair de casa com uma carteira de palitos nos dentes é porque os esteve a palitar com ela e se esqueceu de a tirar. É Alzheimer, não é adultério!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Claro que o ciúme é sempre preferível a ter uma conversa sobre as frustrações ou expectativas da tua mulher. Aquela gaja que te faz o comer e garante que os putos vão e venham vestidos da escola e que te está sempre a dizer que tens de ajudar sempre mais em casa. O ciúme é sempre preferível a importares-te com as causas que a levaram a arranjar um amante, ou dois ou três. É que até nisso as mulheres portuguesas são únicas. Como a oferta de homens é muito semelhante acabam por ser mono-adulteras em série (um amante de cada vez, mas vários em sucessão). E acabam por deixar de ter amantes não porque não queriam ter mais mas porque acabam por perceber que a oferta fora-de-lencóis é igual à oferta intramuros. Repara que tu sentes ciúmes mas não sentes que ela já não se queixa de não arrumares merda nenhuma em casa. Ela já não se queixa de nunca ires buscar a Martinha ao ballet porque estás com a tua amante. Ela já não se queixa porque ela pensa “deixaste a roupa no chão mas hoje fizeram-me um minete”. Ela não te pede para ficar a arrumar a cozinha no fim de jantar porque pensa “amanhão o Jesus (deve ser dito Resús à espanhola) vai-me enrabar e vai ser tão bom”. Ela anda a cuidar-se melhor mas não é para ti e tu sabes disso. Sabes que não pode ser para ti porque tu sabes a porcaria de marido que tens sido. E por isso é que andas todo roído, Paulito. Por isso é que nós, os irrelevantes “sexólogos”, não consideramos o ciúme como uma anormalidade nem como uma insegurança. Para qualquer sexólogo minimamente actualizado a fonte do ciúme é a auto-recriminação. As pessoas que, sem estarem descompensadas por outras maleitas afectivas, sentem ciúme, estão na esmagadora maioria dos casos, conscientes de que:

a) não têm bons canais de comunicação com a sua parceira

b) a sua própria praxis afectiva na relação é negligente

Se calhar por isso é que há tão poucas mulheres portuguesas ciumentas no gabinetes de sexologia lusos. E tantos homens doentiamente ciumentos.



"Os franceses são mais prudentes, ao usarem o verbo "fazer" - faire confiance - em vez de "ter". "Fazer" soa mais como um contrato, implica um comportamento mais activo e responsável. Faz-se confiança, como se faz uma aposta. Ganha-se ou perde-se e a culpa não é de mais ninguém senão nossa. O amor pode ser, na verdade, uma roleta russa e portanto o ciúme é um sentimento tão natural como a sua sede de amor. Há quem o tenha por doença, como também há quem sinta febre sem que isso corresponda a nenhuma infecção. Mas é raro. Na esmagadora maioria dos casos, quem tem ciúmes tem boas razões para os ter. De outra forma não se explicaria este mecanismo do ser humano, numa perspectiva evolucionista."

Claro que o contrato de casamento também devia obrigar a repartir tarefas e não apenas a atribuir as reparações aos homem e TUDO O RESTO à mulher. E fazer confiança sem dar valor nenhum a essa confiança se calhar não é lá uma grande forma de cumprir o contrato. Se tu deixas 95% das coisas do dia-a-dia para a tua mulher fazer e ainda por cima usaste o dinheiro que os dois pouparam para comprar um ecran de plasma se calhar ela tem direito a dizer que não adianta nada “confiar” em ti e se calhar precisa de uma boa queca de quando em vez para esquecer que não pode sair desse casamento até pagarem o raio da casa. Se calhar ela não quer saber da tua confiança, Paulito. Porque para tudo o resto pareces confiar nela. Para encontrar roupa lavada nas gavetas, para ter jantar feito, para comer mousse de manga, que tanto gostas mas nunca aprendeste a fazer.

Eu e o Henrique Dória, que até lemos uns livros de evolução, podíamos-te chamar analfabeto por dizeres uma barbaridade do tipo “na maioria dos casos, quem tem ciúmes tem boas razões para os ter” e dizeres que isso faz sentido no sentido evolucionista. Como o Dória não está aqui, comigo, chamo-te só eu analfabeto O sentido evolucionista, oh minha besta (“minha besta” é uma expressão bastante contundente, logo resolvi fazer uso dela), determina que um gesto tende a ter repercussões na melhoria de uma espécie ou grupo, ou, neste caso, relação. Como é que tu mostras que o ciúme tem vantagens na relação????????????? Claro que eu posso dizer que os maus-tratos do homem à mulher têm igualmente essas vantagens ; )))) porque ele vai matando-as até encontrar uma forte o suficiente para lhe resistir e portanto os filhos desse casal serão mais fortes a espancar as suas mulheres e as filhas mais fortes a resistir-lhes??????????????? Enfim… graças a Deus que amanhã não vou em ruas portuguesas, só de pensar que me poderia cruzar com alguém que diz barbaridades como tu…


"Se acreditarmos que a nossa origem está em Adão e Eva, podemos considerar o ciúme um erro da Natureza, ou uma invenção do demónio, uma vez que não havia, à época da nossa criação, ninguém de quem o ter. Mas se quisermos ser científicos temos de olhar o ciúme com respeito. Quem ama teme perder o objecto do seu amor e tem ciúmes se pressentir que isso vai acontecer. E isso realmente acontece todos os dias. Basta ver a percentagem de casamentos que acaba em divórcio. Não, é melhor não ver. As estatísticas também matam o amor."

Paulito… tu deixas-me… eu nem sei como tu me deixas. Primeiro dizes que “se acreditarmos em Adão e Eva…” e depois dizes na frase seguinte que, “quisermos ser científicos temos de olhar o ciúme com respeito”??????????? Científicos no sentido de acreditar em Adão e Eva??????????????????????????????????????? E depois dizes que se deve sentir ciúme porque há muitos divórcios?????????????? Se calhar não te passou por essa caixa de ressonância que tens acima do pescoço atravessada por esse tubo que liga as duas orelhas permitindo a tudo o que entra sair que se calhar há mutios divórcios porque há muitas pessoas ciumentas em vez de estarem de facto a tentar dialogar?????????????????????????????????

Mas isto sou eu que digo, Paulito, na minha irrelevância…


"Jornalista"

Jornalista Paulito, és??????????????????? Estou chocado…

"P.S. Aceito que me considerem irrelevante, mas nunca fiz afirmações categóricas e normativas, excepto contra todas as formas de discriminação. Quanto ao ciúme, recordo alguns anos pós-25 de Abril, em que era considerados politicamente incorrecto. Alguns dos que o diziam, torciam mãos e almas no meu consultório... O ciúme decorre, justificado ou não, da insegurança. E essa, julgo eu, faz parte da nossa natureza. Mas talvez esteja a ser normativo:)."

Boss. Podemos ser inseguros e n ser ciumentos. Os holandeses, os canadianos, os suecos, os islandeses, os alemães, etc… raramente investem no ciúme como elemento normativo da relação. E nem é preciso ler muito sobre eles, basta ver os filmes de Bergman pelo olhar da sua cultura. Não lhes resolve as taxas de divórcio, mas faz maravilhas pela satisfação dos que se mantêm “dentro do barco” ; )))))))))

Em suma o Paulito se calhar tem razão em relação à irrelavância dos sexólogos. Estive em Abril no 18º Congresso da WAS, que foi o 1º Congresso Mundial da Saúde Sexual. Nem um só sexólogo português à vista. E estiveram lá dois angolanos!!!!!!!!!!!!!!!!!! Mas se calhar reparei mais neles por causa desta minha atracção bi- n resolvida em relação aos núbios humanos ; )))))))))))

Manolo Heredia disse...

Noise, com uma reacção tão violenta até parece que tens medo de não ter razão nesta discussão.
O livro "Enamoramento e Amor" destruiu mais "românticos" que o próprio Sartre.
É claro que a grande confusão acontece quando se confunde amor com sexo. Quando isso acontece, explicar os mecanismos do sexo é o mesmo que destruir as crenças que se tem sobre o amor.
É por que os sexologos estão tão expostos a essas críticas.

Anfitrite disse...

Caro noiseformind,

Por 380€ é mesmo caso para dizer que é muito dispendioso.
Também não tenho andado por aqui, e apesar de não gostar de FALANGE,(sobretudo quando é usado por alguém que anda pelas Ibérias), embora tenha as minhas falangetas, gosto imenso de dar as minhas bengaladas, mas daquelas que não matam, só moem.
Porque vamos falar de técnicas fiquei muito admirada, no outro dia, porque o Professor achou uma honra o programa dele estar na secção técnica da FNAC. Honra seria estar na parte cientifica. Ciência, hoje sim, tem importância, embora ninguém saiba defini-la, e amanhã o que é hoje ciência poder deixar de o ser. Agora ténnica cada um tem a sua, melhor ou pior( evidentemente comparando com qq coisa).
Feito este comentário, que não fiz na altura oportuna, e como já vi que o Sr. é muito prolixo e que sabe fazer render bem o peixe, queria pedir-lhe que não se zangue tanto com o Jornalista, pois até parece que já ouviu as queixas da mulher dele.
Uma coisa eu lhe garanto, ninguém pode falar daquilo que nunca sentiu."La connaissance ça commence avec la pratique". Por mais livros que leia, por mais técnicas que experimente, por mais seminários a que assista, não há nenhum homem que possa dizer o que uma mulher sente. E como mulher lhe digo, a maioria dos homens é uma porcaria a fornicar. Podem ser uns grandes garanhões, umas máquinas de fazer sexo, a partir de dada altura é capaz de criar calo.
Além disso, sexo é uma coisa amor é outra. Juntar as duas coisas seria óptimo, mas o tempo encarrega-se de tornar o que é belo em rotina. É preciso variar muito para saborear coisas novas. Mas outra coisa lhe digo: Sexo sem pederneira, não dá. É como comer um óptimo cozido à portuguesa com um vinho tinto carrascão e azedo.
Já imaginou o que é beijar alguém com mau hálito?! Se calhar nem pensou numa coisa tão simples.
Quando há faísca não é preciso mais nada para se vibrar. Kamasutras e tudo o resto não interessa. No entanto o sémen de alguém especial, pode ser um manjar dos deuses.
Apesar de ter a minha flexibilidade e ainda conseguir chuchar no dedo do pé, lhe garanto que não pagava 380€ para aprender a ficar pendurada num baloiço.

Pode crer que os sexólogos são irrelevantes, porque quanto mais especializações pior, perde-se a noção do todo. Já Alexis Carrel dizia no livro "O HOMEM ESSE DESCONHECIDO" que é necessária a especialização, porque se não o homem não tinha tempo para nada. O pior são as consequências e já hoje um psiquiatra e um psicanalista, além de ouvirem pouco mais fazem que experimentar drogas. Já não há João Semana nenhum, até fazem questão de dizer que se fazem pagar muito bem. O que faz do Professor Machado Vaz um sexólogo diferente é a pessoa em si. É não ser pragmático nem taxativo, mas um comunicador simples e afável.

Já agora, sobre o ciúme, também queria dizer que há muito menos mulheres ciumentas, porque elas estão conscientes do seu valor.
As outras não interessam, aquelas que se acomodam, por necessidade ou por interesse, mas dessa situação eu não posso falar, porque nunca a vivi.
Apetecia-me dizer muito mais coisas, mas já vi que não vale a pena malhar em ferro frio. Só mais uma coisa: a tensão, se não houver doença, só sobe quando há emoção e não quando se parte pedra.
Vivam las Ramblas!

P.S. Cuidado com a 3ª pessoa do singular do presente do indicativo do verbo haver e com os esfíncteres.

Anónimo disse...

JMV, «Aceito que me considerem (um sexólogo) irrelevante»

Eu explico o papel dos sexólogos. Os sexólogos têm um papel pedagógico na educação sexual dos adolescentes e jovens adultos. É apenas um componente adicional. Tem um peso maior para aqueles que têm mais dificuldade em lidar com as questões do sexo.

Agora, quando os sexólogos começam a explicar sexo aos adultos, duas coisas podem acontecer. Ou são daquele tipo de adultos que têm mais dificuldade em lidar com as questões do sexo e aí mostram interesse; ou então não precisam de explicações nenhumas e então vêem no sexólogo um bobo.

Já numa outra dimensão podemos ter um interesse científico.

Portanto, você é mesmo um sexólogo irrelevante para uns; enquanto que para outros – incluindo os adolescentes -, é um sexólogo relevante.

andorinha disse...

Boa noite.

Noisitooooooooo, bem aparecido, chico:)
E logo com um testamento desses!...
Devo dizer que estou 99,9999999% de acordo contigo...gostei da tua conversa com o Paulito:)

Mas por 380E tenho de pôr de parte a ideia de consultar um sexólogo; prefiro investir num vestido bem sexy e ir para a rua fazer ciúmes às tipas:))))
Reforça-me o ego e sai mais barato:) Looooooooool

"Porque são umas ignorantes em relação ao seu próprio corpo. Porque usam decotes até ao mamilo e andam semi-nuas pelas discos mas depois mantém a mentalidade tão tapada como qualquer afegã. E mulheres assim não estão prontas para exigirem nada aos parceiros."

Miúdo, por vezes as tuas análises acertam em cheio! Só às vezes:)))

E a dos palitos e do Alzheimer?
É mesmo doido!!!!!!

Em relação ao que dizes ao Boss: a insegurança, só por si, não torna uma pessoa ciumenta, mas é meio caminho andado.
Para mim, o ciúme tem muito mais a ver com o sentimento de posse, reduz-se o outro/a a uma coisa que, supostamente, nos pertence.

Não estou de acordo nem contigo nem com o Júlio quanto à vossa irrelevância.
Os sexólogos poderão ser úteis em variadas situações.
Fundamentalismos não são comigo.

andorinha disse...

Xelim,

Sei que não me ligas nenhuma, mas mesmo assim, eu falo:)
Concordo e discordo.

Os sexólogos têm um papel importante na educação de adolescentes, totalmente de acordo.

Explicar sexo aos adultos???
Não será antes tentar resolver problemas na esfera sexual que quem os consulta apresenta?
Só os consulta quem está interessado em resolver problemas nesse âmbito, penso eu.

Bobos?
Eu não preciso de consultar um nutricionista, tenho uma dieta equilibrada e um regime de vida saudável, mas não considero os nutricionistas uns bobos:)

E quanto à questão da irrelevância vs relevância, seremos todos sempre relevantes para uns e irrelevantes para outros:)

lobices disse...

...meu Pai foi columbófilo
...em miúdo (entre os 10 e os 17 anos) acompanhei as formas dele "trabalhar" os pombos correios, os pombos para concurso
...havia alguns truques para fazer com que o pombo fosse "dopado" e, exactamente, com o ciúme!...
...cada pombal tinha as casotinhas dos casais de pombos e crias
...antes de embarcar um pombo para a viagem de ida para a largada que o faria viajar para casa, retirava-se o pombo da sua casota e colocava-se lá dentro outro macho
...ao que ía viajar (concorrer) mostrava-se que dentro de "sua casa" estava um intruso
...o pombo concorrente revolvia-se todo e nele seguia a ideia de ter de voltar rápido para casa para retirar o intruso da sua casota
...acreditem que funcionava

lobices disse...

O que é o ciúme?

O ciúme não é uma única emoção simples, mas combinações múltiplas de várias emoções que podem aparecer em conjunto ou agrupadas e que são a inveja, seguida de raiva, ódio, pena, auto comiseração, vingança, tristeza, mortificação, culpa, vaidade, inferioridade, orgulho, medo, e ansiedade.
Todo ser humano sofre de ciúmes ou é alvo ou instrumento do ciúme de outros seres humanos e como a sua manifestação é universal, os autores concordam em aceitar que seja normal na evolução do ser humano. Sua manifestação está sempre muito próxima da ansiedade e pode assumir diagnóstico grave ao persistir durante muito tempo.

Em questões de ciúme, a linha divisória entre imaginação, fantasia, crença e certeza, frequentemente se torna vaga e imprecisa e as dúvidas podem se transformar em ideias super valorizadas ou delirantes. Na tentativa de aliviar esse sentimento a pessoa é levada à verificação compulsória de suas dúvidas, chegando a atitudes absurdas e ridículas que na maioria das vezes não ameniza o mal estar da dúvida.

É normal sentir ciúmes?

Sim, sentir ciúmes é normal. Tão normal quanto sentir saudades. Assim como a saudade, o ciúme é um sentimento normal quando surge como resposta a uma situação real, imediata, com sua duração limitada a um tempo que nem sempre é definido, porém certamente limitado.

Quando o ciúme começa a se prolongar no tempo e aumentar de intensidade, alguma coisa deve estar acontecendo. A saudade, por exemplo, quando intensa e prolongada, pode gerar uma situação mais séria de depressão. O ciúme também, só que a tua mais na esfera da angústia e da ansiedade, gerando, portanto, estados ansiosos mais persistentes.

Geralmente o ciúme ocorre como consequência de uma desconfiança, como o que acontece após uma traição.

Parece que o ciúme sexual coloca subitamente em causa o sentido de identidade de quem o sofre. Ser traídos fisicamente pelo companheiro assume significados mais profundos pois activa os sintomas de insegurança, abandono e raiva. Estas emoções são mais evidentes quanto mais baixa for a auto-estima: quem foi traído chega a duvidar de si como pessoa e a pensar que não vale nada. O facto de que uma outra pessoa seja preferida em nosso lugar, nos faz pensar que falta algo em nós e nos impede de demonstrar a raiva e a cólera natural.

O ciúme que o Homem sente, que raramente confessa e que tenta dissimular ou expressar com mau humor, não é muito agradável. Se o homem percebe que a companheira se interessa por outro homem, fica inseguro, pois teme ser encarado por ela como diminuído. A reacção tem carácter de fragilidade, traço que o homem evita conhecer por temer que o desabone.

A mulher, entretanto, se enche de vaidade quando percebe que o companheiro morre de ciúme dela. Tem a expectativa de merecer essa reacção, espécie de atestado de que é importante e de que ele realmente a ama de facto. Já enciumar-se de seu homem é o mesmo que tornar público o quanto o amor dela é valioso ou verdadeiro. Ela na crise de ciúme tenta afastar a concorrente, vista como perigosa. Acredita que é a mulher que se insinuará ao homem, seduzindo-o e não acusa seu companheiro, mas perdoa-o por sua ingenuidade e joga sua hostilidade sobre a caçadora.

Um bom exemplo na mitologia Grega é Hera, esposa legítima de Zeus, que vigiava o comportamento do marido nas inúmeras incursões amorosas dele. Hera, a primeira dama do Olimpo não ousava tocar no marido em represália às escapadas. Preferia perseguir e punir as amantes, a quem atribuía total responsabilidade pelas aventuras do companheiro.

O homem age de modo diferente, vendo nos rivais a presença de uma masculinidade mais forte do que a própria, morde-se de ciúme, porém culpa a companheira por eventuais aproximações. A fantasia é de que ela não é confiável e se insinuará para o oponente por meio de implacável sedução. É como se ambos assumissem que, no jogo amoroso, cabe à mulher a posição activa, e ao homem a passiva. Nesse sentido ela se torna perigosa, ardilosa e indigna de confiança, enquanto ele se mostra tolo, esvaziado de vontade, ingénuo, despreparado, mera vítima da sedução feminina.

Resumindo: o sentimento dele relativiza o suposto poder, o dela ressalta a potência.

A evolução dos papéis do casal produziu nos últimos anos mudanças notáveis, mas a insegurança e os sentimentos como o ciúme permanecem como antigamente, porque o casal evoluiu em termos sexuais mas não em termos sentimentais e portanto as reacções são as mesmas de há mil anos atrás.

O ciúmes também poderia ser considerado afrodisíaco, já que segundo pesquisas serve para que as mulheres tenham mais filhos, cuidem mais da sua prole e para que os homens "inconscientemente" produzam mais espermatozóides. Quem considera o ciúme um facto instintivo tende a justificá-lo e evidencia seus aspectos ressegurantes para o casal, enquanto quem o vê como produto da cultura o recusa pois o considera um atraso.

Psicologia do ciúme

O ciúme encontra suas raízes na relação primária entre mãe e o bebé e eventualmente na relação com irmãos. O estado de dependência que caracteriza esse estágio evolutivo e a impossibilidade da parte do bebé de assegurar a presença constante do "objecto de amor", ou seja, a mãe, produz uma verdadeira ansiedade de abandono e perda.

Uma incapacidade de amar baseada na ambivalência profunda aparece nas pessoas cujas relações objectais são governadas pelo ciúme.

O ciúme pode ser ocasional ou omnipresente nas pessoas que não conseguem desenvolver amor autêntico, por confundirem todas as relações com uma necessidade narcísica.

O ciúme não é uma simples reacção dolorosa a uma frustração, mas na realidade apresenta a característica oposta: inclinação a importunar e a se tornar obsessivo, o que mostra que a adesão às ideias inconscientes de ciúme serve à repressão.

O carácter obsessivo do ciúme deve-se, em primeiro lugar, ao fato de que a situação actual, que despertou o ciúme, recorda à pessoa uma situação semelhante anterior no passado, que terá sido reprimida e o fato de uma humilhação actual existir em primeiro plano, ajuda a manter no inconsciente a humilhação passada.

A base de todo o ciúme é a frustração inerente ao complexo de Édipo. Freud indicou uma explicação pela ideia que teve do ciúme paranóico: "Na paranóia, o ciúme serve à rejeição, por projecção, de dois tipos de impulsos: impulsos à infidelidade x impulsos ao homossexualismo Certamente ambos os impulsos desempenham um papel no ciúme normal que pode desenvolver-se sempre que há uma necessidade de reprimir impulsos à infidelidade e/ou ao homossexualismo e coincide com a característica de intolerância à perda de amor.

Frequentemente representado por um medo neurótico dos vínculos é, contudo, uma vinculação neurótica, um medo de qualquer mudança de objecto.

Pacientes que reagem a decepções amorosas com depressões severas são sempre pessoas para as quais a experiência do amor terá significado tanto gratificação sexual quanto gratificação narcísica; junto com o amor, perdem a própria existência. Têm medo desta perda e, em geral, são muito ciumentas. É de se notar que a intensidade do ciúme não corresponde em absoluto à intensidade do amor. Aqueles que são mais ciumentos não conseguem amar, mas precisam do sentimento de que são amados. Percam o que perderem, tentam sempre encontrar substituto do parceiro perdido; o desejo de achar outro parceiro é projectado e o paciente crê que o parceiro é que está procurando novo objecto.

O Dilema do ciúme

A principal pergunta em relação ao ciúme, é sem dúvida nenhuma até que ponto está na fronteira da normalidade de um relacionamento ou se tornou algo obsessivo e patológico. A resposta é simples, depende da quantidade de raiva ou ódio que alguém acumula toda vez que sente ciúme por determinada pessoa.

Essa raiva é um mecanismo defensivo que visa depreciar a relação, antecipando uma provável perda, no intuito de se esquecer o mais rapidamente possível do antigo objecto de amor, apontando seus defeitos ou imperfeições. Nesse sentido podemos falar da convergência do amor e ódio num mesmo relacionamento, sendo que no ciúme o predomínio do segundo é extremamente significativo.

Uma das características mais perigosas do ciúme é o sentido de ampliação do mesmo ou seja primeiramente o ciúme se restringe à esfera afectiva ou um possível temor à traição, para em seguida se alastrar a outras áreas da personalidade humana. A pessoa que sente demasiado ciúme começa por também se incomodar com outras partes do desenvolvimento de seu parceiro, principalmente no tocante as potencialidades e criatividade do mesmo.

Começa a desejar secretamente a derrocada profissional do parceiro, com o intuito de que este se torne cada vez mais dependente. Nesse ponto o ciúme se une rigorosamente a outra emoção humana extremamente complicada, a inveja e a relação se torna uma tortura infindável, onde o único caminho para a sobrevivência daquele que sente ciúme é a aniquilação das capacidades de seu companheiro. Essa inveja é quase sempre o alerta do esgotamento do relacionamento.

As teorias psicológicas sempre sustentaram que o ciúme é um tipo de projecção, ou seja, a pessoa acusa um outro de desejar o que ela própria gostaria, porém sempre nega tal fato, seja por culpa, vergonha ou orgulho. É impressionante, entretanto, como o ciúme vai aumentando quanto mais a pessoa nega o descrito anteriormente, pois se vale cada vez mais de sistemas defensivos para que seu companheiro não perceba que é ele que está sedento para buscar outra relação, e assim sendo é mais fácil sentir primeiro o ciúme a fim de atestar sua completa inocência.

A questão do ciúme remete ao medo da perda e em última instância ao medo da morte. Esses sentimentos sempre estão mais presentes em pessoas marcadas por experiências de abandono ou desamparo, sendo que qualquer relação pode disparar esses conteúdos e que o medo é o mais forte, impedindo o livre fluir de outras emoções ou vivências.

Ao invés do ciúme, deveríamos buscar provas de amor em áreas como: dedicação, apoio humano, diálogo e desejo de renovação, companheirismo e omnipresença. Para que uma relação tenha êxito, temos de estar atentos não apenas aos perigos da mesma, mas também aos sentimentos humanos destrutivos, que ao contrário de aprofundarem, corroem a relação.

Conclusão

O ciúme surge em relações amorosas devido a factores como: comparação, competição e medo da substituição Se nos tornamos mais autónomos e auto-criativos, esses factores de relacionamento tornam-se menos significativos e a paixão do ciúme menos provável.

Entretanto, entre relacionamentos possessivos normais o ciúme é normal: se formos substituídos, suplantados, trocados por um modelo melhor, naturalmente sentimos um forte sentimento de perda, angústia, pena e traição, podendo se tornar uma das mais poderosas obsessões da vida humana, mas se podemos aprender a sentir ciúme podemos também desaprender a sua resposta.

E se formos amados por sermos uma pessoa única, a comparação com rivais diminui e quando não estamos em competição com outras pessoas, ficamos menos vulneráveis ao ciúme. Ao tornarmos insubstituíveis na relação, o ciúme desaparece.

Concluindo, a maneira básica de prevenir o ciúme é transformando-nos numa pessoa única e irrepreensível. E sendo autênticos será a melhor maneira de transcender a ameaça de ser substituído por rivais em potencial.



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Artigo elaborado pela Dra. Mariagrazia Marini Luwisch - Psicóloga

lobices disse...

Sim, sentir ciúmes é normal. Tão normal quanto sentir saudades.

4ever disse...

A mim parece-me que certos e determinados jornalistas...ou melhor, seres humanos gostam de fazer afirmações categóricas e normativas, o que é, em si mesmo, uma prova da sua irrelevância...
Talvez tenha razão o nosso amigo jornalista, se entendermos a sua apreciação como uma opinião meramente racional sobre os visados...pobres coitados, por sinal, no fundo a viver aventuras alheias, atirando bitaites em terreno sagrado; Já dizia minha avó...entre homem (marido) e mulher ninguém mete a colher...
A imaginação, considerada até ideal de felicidade é substuída por incurssões ao doutor. É-o acima de tudo, afinal de contas quem lá vai sofre de uma qualquer e neste caso invulgar, doença...
Vai-se tudo num ápice, perde-se a magia...perde-se o encanto...perde-se a vontade, pelos vistos...e tudo porque se procuram respostas cientificas em vez da tradicional poesia unificadora...Mas, perde-se mesmo isso tudo?
A mim parece-me que será antes reencontrado...por todos aqueles que procuram uma fonte de inspiração...por quem procura muitas vezes a forma de fazer magia...e de trazer poesia para o seio da relação...
Estudam-se números sim...mas apenas para que seja mais fácil encontrar palavras...porque puro e simplesmente receá-los não os apaga das estatísticas...

P.S.Não deixa de ser curioso...no fundo este senhor caí no mesmo erro que aponta, tão frequente no ser humano (ups, generalizei...) Há diferenças, raios...é por demais evidente... e essas diferenças nunca podem ser entendidas se analisadas genéricamente...se olharmos ao todo em vez do ser...
Os sexólogos são seres humanos como qualquer outro de nós. Terão certamente tantos ou mais problemas, sexuais até, como aqueles que vaticinam nos outros, porque são de carne, osso e alma...e procuram as mesmas respostas como todos nós...
Têm fundamentos generalizados, é certo, mas quem não o tem no desempenho das suas funções? Todos nós, mesmo os mais criativos deduzimos a partir de um algo mais abrangente que nos ajuda a entender melhor a parte que nos pertence...é assim que crescemos e assim que continuamos sempre a evoluir...

P.S. 2 E depois, mais que não seja...parece-me que temos um bom exemplo entre mãos...

Nuno Guimas disse...

Ok. Antes de mais quero pedir desculpa por estar a comentar assuntos para os quais não tenho as mínimas habilitações académicas.
Contudo o meu comentário vai-se cingir a assuntos estritamente não científicos, puramente leigos.
Tenho de dizer relativamente ao texto de "noiseformind" que está de facto muito engraçado, extremamente realista, contundente, enfim, parece um filme de Larry Clark feito intervenção "blóguiga". Mas houve algo no texto que me deixou um bocadinho, digamos, eh pá, como é que eu hei de dizer isto? já sei: fucked!
É que quem leia o texto pode ficar com a impressão que o "Paulinho" sou eu, é o meu vizinho de baixo, é o gajo da frente, é o padeiro, é o tipo dos correios, etc. Ou seja, que lá por o jornalista ter a sua opinião ( que aliás, tem de ser aceite como qualquer outra, nomeadamente que vá no sentido contrário ao que ele afirma ), todos os "Tugas" pensam assim, que todos são "uma merda na cama" que todos isto e que todos aquilo, e que as mulheres portuguesas andam todas insatisfeitas e "ainda bem que não estou em Portugal" e mais não sei quê. Pus-me a imaginar o "Noise" (que não conheço pessoalmente) com uma daquelas T-Shirts "Italians Do It Better!!!" ou coisa do género.
É claro que isto nunca é afirmado taxativamente no seu texto, mas ao apresentar sempre números "negativos" relativamente ao homem português, e ao nunca apresentar números comparativos sobre os restantes homens de outras nacionalidades é dada, e agora também vou ser directo: propositadamente!, essa impressão, até porque isso é utilizado como arma de arremesso contra o "Paulinho". E agora uma pergunta gira... onde é que diz que o "Paulinho" vive em Portugal e que as mulheres com quem dorme são portuguesas? Se calhar até vive em Espanha :).
Também sou daqueles que acha que o nosso país podia (e devia) ser muito melhor em inúmeros aspectos, assim como os "morcões" como eu que por cá vivem, trabalham, e sim pá, bem ou mal, fodem, pronto. Mas não generalizo para todos os portugueses os defeitos de alguns, nem ando por aí a apresentar números que apresentados isoladamente possam dar essa impressão. É aborrecido e corre-se o risco de isso jogar contra nós.
Uma vez vindo de Macau vivi uma situação que nunca mais esqueci. Em Heathrow sentou-se um tipo português ao meu lado que "meteu conversa". Eu estava de casaco comprido de cabedal preto, ganga, botas DocMartens, e uma guitarra acústica ao meu lado. Isto pode parecer irrelevante mas não é, como já vai ver de seguida...
Ele começou a falar e tal e eu comecei-me a aperceber que ele era, um bocado, digamos, "cromo", para usar um termo claro e bem identificativo. Resultado, o gajo desata a dizer que eu devia ír para Lisboa de certeza porque pelo meu aspecto de certeza que não era do Porto e mais não sei quê, que as pessoas do Porto eram grosseiras e saloias e isto e aquilo e mais uma data de alarvidades que embora inconsequentes retrataram bem o espécime. Ou seja, como ele me viu com aquele ar de anúncio foleiro da MTV fez lá na mente dele uma data de suposições estranhas que me colocariam entre o JET SET lisboeta e o grupo de iluminados de grande índole cultural Tuga (que segundo ele só podia ser em Lisboa). Mandei-o literalmente à merda (pois é, também sou deste tipo de gajos) e pus-me a andar. Quando entrei no meu vôo para o Porto qual não foi a minha surpresa quando nos primeiros bancos do avião estava o tal tipo.
Moral da história?
Não sei, mas por qualquer estranha razão esta história vem-me à lembrança inumeras vezes.

Anfitrite disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Bastet disse...

Ciúme é o que a minha filha sente todas as manhãs quando, a caminho da escola, lhe interrompo a mal fadada audição dos D-Zert para ouvir o "Julinho" e a Ana Mesquita na Antena 1. "Ó mãe mas porque é que lhe chamas Julinho?"

thorazine disse...

Sobre a falta de estímulo para a leitura que existe nas escolas, que o professor referiu n'O Amor é, encontrei um excerto de uma entrevista a Fernando Savater bem interessante: http://youtube.com/watch?v=c6Cw8c851Jg

CD disse...

Esta conversa lembra-me uns anos atrás quando não havia dentistas:

Só odontologistas e mecânicos.

Quando as pessoas sorriam só se esperava ver duas coisas:

Ou ouro ou dentes podres.

Anónimo disse...

(eu explico) x 3

1. Concordo (parcialmente),

«Agora, quando os sexólogos começam a explicar sexo aos adultos, duas coisas podem acontecer. Ou são daquele tipo de adultos que têm mais dificuldade em lidar com as questões do sexo e aí mostram (potencial) interesse; ou então não precisam de explicações nenhumas e então vêem potencialmente - mas não necessariamente -, no sexólogo, um bobo.»

(apesar da bipolarização servir apenas para dar mais ênfase...)

2. o “Julinho”

Como o Professor também põe múltiplos posts infantis aqui, naturalmente que isso é uma expressão da sua meninice. Assim sendo, é correcto usar um diminutivo próprio para um menino, donde “Julinho!”

Agora, também é professor. Logo, juntando essas duas propriedades temos,

o “Professor Julinho”, que é a expressão correcta!

Mas quem não está à vontade, e também quem sabe que você fica embaraçado com o “Julinho”, usa “Professor Júlio”

3. Ainda sobre o estudo do envelhecimento e poligamia

Não creio que esse estudo tenha estabelecido uma relação directa entre as duas coisas; provavelmente a realidade é stress acelera envelhecimento, e então poligamia gera stress.

Laura disse...

Eheh... este tema mexe com muitos preconceitos e sobretudo com o estar dentro ou fora das muralhas do politicamente correcto.
E por princípio eu gosto muito de (aliás, pelo-me por!) pessoas - ou textos - que desafiam convenções. As velhas ou muito especialmente as novas convenções :)
É o rei-vai-nú actual!!! Só vê quem quer realmente ver...

O ciúme não é de facto politicamente correcto.
Mas isso é um dos tais “novos valores” vestidos de evolução - Asilamo-nos neles porquê? Cá para mim, por insegurança, nem mais nem menos.
Quanto à normatividade, qual é o problema?! Cada um ouve e vai à sua vida!
Não vale a pena disfarçar: - Todas as convicções são normativas, senão não o eram.

Para mim, o ciúme é uma “prova de vida” do amor. Claro que podemos é sublimá-lo! Tudo bem!
Acho até que um dos presentes da idade é justamente a sabedoria para desactivar esse suposto primitivismo relacional. Descartamos, passamos, não vamos a jogo! Mas só porque conhecemos melhor as ratoeiras e limitações da “cena”, mais nada!

- Haverá alguma coisa mais incerta na vida do que a reciprocidade amorosa?
Programaram-nos para o contrário durante gerações… mas talvez seja o maior desafio que como seres humanos tenhamos de enfrentar!

Cá para mim, o ciúme (normal e não o doentio) não tem nada demais. Depois, cada um o enroupa consoante a personalidade que tem.

Sim, ter ciúme é 1 atestado de amor. Mas isso, é claro, que para quem veja o amor como terreno de exclusividades, como eu vejo.
Ter ciúme é AINDA dar uma hipótese ao outro. Porque pior é quando sentimos a ferroada e viramos costas
(à pessoa e não à picadela! Porque se for à picadela... ou se está no estádio 1, anestésico, da paixão. Ou então é-se imbecil:)

O amante confiante é um ciumento mal informado…..

CD disse...

Talvez me tenha explicado mal.
O que quero dizer é que da mesma maneira que se lê um livro pela capa, também se se pensa que sexologia foi o pai Adão que a inventou, e o resto é marketing ou política (que para mim é a mesma m... coisa)- acho que os amantes do marketing vão ficar fulos, mas sugiro que se vão foder.
Vão ver que que gostam.
Quanto ao ciúme, paixão, ecologia e masturbação concordo plenamente.

Su disse...

pensar é facil


agir é dificil



arroz de cabidela é assim assim


pois é prof
jocas maradas