sábado, agosto 20, 2005

Na esteira de S.Gabriel.

O RAM foi buscar a "artilharia pesada":).


"Mesmo que seja verdade o que te dizem os ciúmes"...

Pois. E sem gaiolas temporais!, os ciúmes pintam, de amarelo traiçoeiro, passado, presente e futuro. Neste último caso, há questões curiosas. Se somos abandonados, é frequente surgirem ruminações sobre o "escândalo" de existir felicidade ou simples curtição que nos não implica. Mas quando somos nós a partir, mesmo depois de madura(?) reflexão, e acontece o mesmo? Dois aspectos me impressionam, sobretudo nos homens: a nostalgia do "depois de mim o dilúvio", em que o outro arrasta saudade - e virgindade secundária:) - até à morte; e a posse disfarçada de amor, que faz alguns e algumas regressarem para marcar terreno e partir de novo quando espantaram intrusos.

P.S. Quanto à crueldade exibida pelo RAM, ao incluir a frase "sem romantismos de Avô", não farei qualquer comentário. Os actos ficam com que os comete:(. Snif, snif...

80 comentários:

Anónimo disse...

Conheço muito boa gente que tem ciúmes de quem tem ciúmes...

Anónimo disse...

Prof. JMV,

Nostalgia?? Não me parece! Muitas das vezes é algo bem mais perverso. Acho msmo, que se trata de manipulação e abuso.

Quanto ao Ram, ele está "inocente" a culpa é mesmo do Gabriel.

Pamina disse...

Bom dia JMV e Maralhal,

PARABÉNS!
O Murcon faz hoje 6 mesinhos!
Votos de longa vida e obrigada ao papá por nos proporcionar a todos este convívio:)

Pamina e Andorinha

Anónimo disse...

Prof.

Está a ver, quem tem amigas?
A Pamina e a andorinha agradeceram ao PAPÁ e não ao avô (lol).

RAM disse...

Caro Anfitrião,

Tomou como mote logo uma das pedras angulares do texto :)))))))

E eu que pensei que ía passar despercebido!!!!

Um aparte: o "sem romantismos de avô" não se aplica a si, porque o meu caro é um romântico por natureza e não por estatutos conferidos pela idade e pelos desejos da sua prole directa :)))))))

Anónimo disse...

Professor, OBRIGADÍSSIMA por ter respondido ás minhas dúvidas existênciais. Quanto à segunda virgindade espero nunca me acontecer, a vida é para ser vivida, sozinha ou acompanhada, mas sempre com curiosidade... e com ciúme!;)

Pamina disse...

Parece que os sentimentos mencionados no último período não teriam razão de existir, pois foi uma escolha própria que determinou a separação, mas realmente parece suceder mais frequentemente do que se pensaria.
"A posse disfarçada de amor..." É mesmo isso.
É de um terrível egocentrismo, por vezes, até nem sequer consciente, porque a pessoa convence-se a si própria que se "reapaixonou" verdadeiramente pelo ex-companheiro/a.

Mário Santos disse...

Esse esquema de predador que olha para o outro como sua propriedade e que vem a correr quando esta está em risco para depois zarpar é verdadeiramente sinistro.

Gostei especialmente da parte da "maravilha de foder com amor". Acho que é um tesouro que vale o suficiente para defender as relações de exclusividade, de total entrega a uma pessoa.

CLÁUDIA disse...

Bom dia Professor e restantes comentadores...

Para mim o pior é mesmo a posse disfarçada de amor.
Há de certo muitas coisas que (alguns de nós) abandonaríamos se não tivéssemos um medo e um receio terríveis de que outros as apanhassem.

noiseformind disse...

Pq algum outro "apanhá-las" mostra a nossa incapacidade para lhes termos tirado todo o sentido, termos sentido todo o carinho, mostra as próprias limitações do nosso coração, e é tão bom falar em absolutos quando falámos de sentimentos não é Cláudia?

O Ram cá para mim pegou nisto por causa das Putas mesmo ; )))))) o Boss é que apanhado em momento de amarelo-traiçoeiro resolveu instalar-se aqui no nosso divã e "soltar a alma": ))))))))))))))

Mario Santos,
O casamento tem em si um óptimo publicitário. Se não existirem pessoas a convencerem os outros a casar que seria de nós terapeutas de casal? Em nome da classe, os meus mais sentidos agradecimentos ; )))))))

... eu logo volto a isto, agora o salmonete chama

Abreijos

Anónimo disse...

Bom dia,

«Os passados não se enterram, nem se esquecem.
Digerem-se, para poderem ser recordados!

Júlio Machado Vaz,

em O Amor É, 19 de Junho de 2004»

Que seria eu, tu, ele(a) sem o correspondente passado? Igual? Jamais. Se gosto de alguém, hoje, porque quererei apagár-lhe o passado?

Foi a sua "história" indivídual que o fez chegar até mim tal como "hoje" é. Gostar não será aceitar todas as pedras?

«Marco Polo descreve uma ponte, pedra a pedra.
- Mas qual é a pedra que sustém a ponte? - pergunta Kublai Kan.
- A ponte não é sustida por esta ou por aquela pedra - responde Marco, - mas sim pela linha do arco que elas formam.
Kublai Kan permanece silencioso, reflectindo. Depois acrescenta: - Porque me falas das pedras? É só o arco que me importa.
Polo responde: - Sem pedras não há arco.»

Italo Calvino

P.S. Concedeis-me mais um dia?

Anónimo disse...

de avó para avô:
senhor professor júlio machado vaz, o romantismo fica-lhe podre de bem. por que julga que tem aqui uma corte - ai, harém - em expansão?
e, já agora, parabéns :)

andorinha disse...

Só duas palavrinhas ainda em férias.:)
Concordo totalmente com o comentário do Mário. Eu não o diria melhor.:)
A posse disfarçada de amor é terrível... e quantos "amores" desses existem!

rataplan (12.17)
Estás-nos a "provocar" a nós ou ao Júlio?:)))

PortoCroft disse...

Caro Prof. m8,

As pessoas que amamos ficam-nos sob a pele para o resto da vida. Isto sem significar que gostássemos ou fosse sequer desejável voltar atrás. Os bons momentos, aqueles partilhados de coração franco e que se tornaram mosaicos da nossa memória, são inesquecíveis. Quase sempre com ciúmes, claro.;)

E os bisnetos Súbditos daquela Senhora? ;))))))

Anónimo disse...

Andorinha,

Ao Júlio ao Júlio!

Continuação de boas férias...

CLÁUDIA disse...

Noise,

não tenho a certeza se é assim tão bom falar de absolutos em relação aos sentimentos. Ao iludirmo-nos com plenitudes completas e afectos perfeitos ao nível das relações a queda acaba por ser vertiginosamente maior quando nos apercebemos que as coisas nunca são assim.

Cada vez mais acredito que, principalmente nos que diz respeito aos sentimentos, TUDO é muito relativo. Absoluta talvez seja a desilusão quando olhamos à volta e nos confrontamos com uma realidade diversa daquela que idealizamos.

noiseformind disse...

Claudia,
Eu diss "é tão bom" no sentido irónico ; ))))) quantas vezes não ouvimos dizer de alguém falando de quem ama "ela nunca faria isso", "eu conheço-a muito bem" para aí alojarem as suas certezas?

Posso armar-me um cadito em psi? Enquanto os mecanismos do casal não forem afectados por um ciúme latente (uma pequena interrogação, o "onde estás" mal a pessoa atende o telemóvel) não vejo mal que venha por aí ao mundo. Mas se o quotidiano assumido por um como satisfatório passar a ser interpretado pelo outro como espaço de incúria (e até traição) temos o caldo entornado, pois temos um que, sem saber e sem consciência nenhuma, a praticar o amor diário estará a alimentar o ciúme do outro.

Alguém quer uma mousse de "passion-fruit" com umas groselhas lá pelo meio? ; )))))))

Porty,
hã poeta!!!
Aliás, nesse "quase sempre" eu até diria: e é possível não se sentir ciúmes do nosso próprio passado a páginas tantas? Ou pq o sítio não existe, ou pq a pessoa já não está connosco, ou pq nós já fomos trocidados por tantos arrastamentos...

Abreijos

Mário Santos disse...

Cláudia:

é verdade que nada é como idealizamos, nem nós próprios. No entanto há vários exemplos à nossa volta de pessoas que nunca deixaram de acreditar na pessoa humana, apesar das suas falhas, e continuaram ou continuam a crescer e a amadurecer.

Acho que o nosso anfitrião é um bom exemplo disso (desculpe lá o elogio prof.). Não é de certeza perfeito, mas emana uma tranquilidade que vem da sabedoria provada pela vida e que não se deixou desanimar pelas desilusões.

Este é o tipo de paz que também encontramos nas pessoas que mergulharam profundamente na sua tradição religiosa para beber do que ela tem de mais verdadeiro.

É o tipo de paz que procuro incessantemente...

Anónimo disse...

Noise,

Deixa lá o passion-fruit e manda mas é o salmonete.

Su disse...

"Qd amo sou mto exclusivista.
Ser ciumneto é conveninete. Recusar o ciúme ("ser perfeito")é, pois, trangredir uma lei."
Freud

CLÁUDIA disse...

NOISE,

mesmo tendo percebido que a pergunta tinha sido feita com sentido irónico, apeteceu-me responder e partilhar o meu ponto de vista.
A mousse até marchava, mas... não pode ser antes com morangos? ;)))))

MÁRIO SANTOS,

eu não deixei nunca de acreditar na pessoa humana. Pelo contrário. Mas também não suavizo a dor e o sofrimento da desilusão. Por isso disse que ela pode ser absoluta, no sentido de intensa e avassaladora.
Acredito, no entanto, que é importante olharmos para nós próprios quando estamos desiludidos e tomarmos consciência de que essa maneira de sentir faz parte integrante da vida. Que não a podemos eliminar. Que será muito melhor se aprendermos a conviver com essa ideia, porque isso irá ajudar-nos a gerir os episódios de desilusão com um grau de aceitação e de tolerância diferente.

Su disse...

opsss ...esqueçi de acrescentar que:
"ciumento, sofro quatro vezes: porque sou ciumento, porque me censuro de o ser, porque temo que o meu ciúme fira o outro, porque me deixo submeter a uma banalidade: sofro por ser exculsivista, agressivo, louco e vulgar"
...ele dixit e eu subscrevo a minha agressivida, loucura e vulgaridade...
fiquem bem

Anónimo disse...

I didn't mean to hurt you
I'm sorry that I made you cry
I didn't want to hurt you
I'm just a jealous guy

Confirmado: por aqui há muita gente que tem "ciúmes" de quem tem ciúmes...

Anónimo disse...

Caro Professor Machado Vaz,

O "regresso" que identifica nos homens resulta de um certo "Droit de Regard", uma vigilância distante mas próxima, exercida por vezes pelos amigos.

Faz-me lembrar o Direito de Sequela que, por regra, é o poder de alguém perseguir um bem seu que se encontra na posse de um terceiro. É um privilégio. Como sabe, também na Medicina se fala de sequela como uma perturbação que persiste após o tratamento da doença.

Não tenhamos ilusões: muitos ainda se julgam "proprietários de pessoas"! Erradamente, para os homens esse "regresso" serve também para repor a honra masculina. Uma questão de dignidade...

Anónimo disse...

E como hoje me sinto muito cansada, oiço este poema declamado por Oswaldo Montenegro.
Simplesmente lindo.
Sem ciúmes ;)

Metade

Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio.

Que a morte de tudo que acredito não me tape os ouvidos e a boca.

Porque metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio.


Que a música que eu ouço ao longe seja linda, ainda que triste.

Que a mulher que eu amo seja sempre amada, mesmo que distante.

Porque metade de mim é partida e a outra metade é saudade.


Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor,

Apenas respeitadas como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimento.

Porque metade de mim é o que eu ouço, mas a outra metade é o que calo.


Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço,

Que essa tensão que me corrói por dentro seja um dia recompensada.

Porque metade de mim é o que eu penso e a outra metade é um vulcão.


Que o medo da solidão se afaste, que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável

Que o espelho reflicta em meu rosto o doce sorriso que eu me lembro de ter dado na infância.

Porque metade de mim é a lembrança do que fui, a outra metade eu não sei...


Que não seja preciso mais do que uma simples alegria para me fazer aquietar o espírito.

E que o teu silêncio me fale cada vez mais.

Porque metade de mim é abrigo, mas a outra metade é cansaço.


Que a arte nos aponte uma resposta, mesmo que ela não saiba, e que ninguém a tente

Complicar porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer.

Porque metade de mim é a plateia e a outra metade, a canção.


E que minha loucura seja perdoada.

Porque metade de mim é amor e a outra metade... Também.

RAM disse...

Que carago de desespero (o meu, por ter de aturar certas perseguições) :)))))

Noise, noise, porque me persegues!

Não, NÃO, E NÃO. NÃO FOI PELAS P****!

Foi mesmo pela beleza do texto e por aquilo que ele encerra (muito maior e mais belo do que o texto).

RAM disse...

Vou complicar o assunto com mais um exerto.
Permite-me caro Anfitrião?! Suponho que não se importará.

"Anda, acorda-a, pede-lhe perdão e encarrega-te dela de uma vez. Ninguém merece ser mais feliz do que vocês.
Fiz um esforço para acreditá-la, mas o amor foi mais forte do que a razão."

RAM disse...

Cara Pamina,

A perifrástica definição de ciúme como "posse disfarçada de amor" a que se refere o nosso Anfitrião não creio que se aplique apenas a relações consumadas num qualquer "terminu".

Neste caso, o sentimento de posse é confirmado não tanto pela atitude do/da "que julga possuir", mas mais pela "pessoa possuída", que permite interferências, não intrinsecas, do passado.

Mais complicada, é a "posse disfarçada de amor", tal como ela é descrita no post, em relações em (des)construção; em que, tal como qualquer animal, o homem - ou, há que dizê-lo, a mulher - vêm marcar o território de quando em vez para dizerem que "Estão presentes!", quando é evidente que a PRESENÇA não passa de uma longa ausência, entre-curtada por breves momentos de atenção, não ao outro, mas à competição.

RAM disse...

Caro Noise,

Mas tem dúvidas quanto à afirmação do Mário Santos.
Essa era a segunda pedra angular do exerto.

RAM disse...

Caro Noise,

A propósito do seu momento freudiano:"...pois temos um que, sem saber e sem consciência nenhuma, a praticar o amor diário estará a alimentar o ciúme do outro.".
Permita-me discordar (pelo menos em parte).
Mesmo na situação que referiu, não creio que seja "o outro" a alimentar inconscientemente o ciúme. É o próprio que o faz, também de forma insconciente - ou não - tantas vezes ao projectar no outro aquilo que foram (ou são) os seus "pecadillos" e os seus padrões comportamentais.

RAM disse...

Caríssimos,

Cá para nós: quem nunca teve ciúmes da pessoa amada atire a primeira pedra.
Eu cá estou desarmado!

A verdade é que nem tudo se resume às formas patológicas de ciúme, ou à "humilhação" de ver que "depois de nós, não veio o dilúvio": "sou eu, lembras-te..." - e, perdoe-me o Anfitrião, esta não é uma idiossincrasia masculina.
Istos são orgulhos.

Mas que dizer do ciúme gerado no/pelo acto de uma entrega biunívoca na doçura de dois braços de dão amor, carinho e de um regaço que acolhe e recolhe, a metafísica consubstanciada em física... e o subsequente receio de se perder aquilo que se encontrou?

Até a morte pode gerar ciúmes...

Mário Santos disse...

Cláudia,

obrigado,
estou completamente de acordo.

Anónimo disse...

Caro RAM,

"Até a morte pode gerar ciúmes..."


Cito-lhe José Saramago: "nenhum vivo pode substituir um morto..."

Anónimo disse...

Ke poema lindo esse que me arrepiou a alma!

(E não é por causa da TPM...)

Anónimo disse...

Digamos que afundou o meu porta-aviões de uma só vez!

Anónimo disse...

Eu estou cá com um cio_me!

lobices disse...

"Em cada relação que começa, a vida e o amor renascem. A paixão coloca cada pessoa num ponto alto e excepcional, inevitável e imperdível. Gostosamente. Mas as pessoas no seu melhor vêm depois, às vezes muito depois, quando se chora e luta, quando se aceita e se resiste, quando se constrói e quando se acredita. As verdadeiras relações, os grandes amores são sempre virtuais. Não por serem irreais, antes por serem imateriais, apesar de nos darem a ilusão de um corpo, de um suporte material que tocamos e possuímos, que acreditamos nosso, real, físico, material. Sentimos amor, quase conseguimos tocar, agarrar essa sensação. Dizemos convictos que é real. Olhamos o outro nos olhos e parece real, parece que o outro ali está e nos ama mais que nós... Mas ver, sentir, tocar, são formas de aceder ao amor, ascensores, facilitadores. Difícil mesmo é planar. As relações são feitas de ar, planar. É no vento que se ama. Talvez ser o próprio vento, e não a folha. Vê-se melhor o que é amar quando é difícil amar, aceitar que é sempre mais do que improvavelmente, um esforço, um desejo, um empenho pessoal em algo que materialmente não existe, não é palpável nem mesmo se sente. Nunca se ama realmente, a realidade do amor é nunca ser real. Virtual. No dia a dia, corpo a corpo, sonha-se o amor, sonha-se um amor virtual, que se não for virtual não é amor. Virtual porque não depende da presença do outro, da aparência do outro, do comportamento do outro. Um amar que perdura e se sustenta (Vento) mesmo quando não vemos o outro. Amar é memória, antecipação e crença profunda em memórias que hão-de vir. Virar a cara a quem nos vira a cara, sabemos todos que é real, bem concrecto, mas não é amar. Ama-se mesmo quem não nos ama e nos quer deixar. É na paciência, na persistência que se mede o amor. Amar é escolher amar. Depende de quem ama e não de quem é amado. Depende do esforço e disponibilidade de quem ama. Ninguém merece ser amado, porque ninguém pode deixar de merecer ser amado. Não depende do mérito, não depende do comportamento, não se vê nem se comprova. Posso ter que silenciar, posso ter de partir... vai comigo o amor."


(autoria devidamente identificada)

quim

lobices disse...

"...Vi isso em casa da nossa amiga comum, naquela noite, quando vocês os dois dançavam e o mundo à volta tinha parado para vós, enquanto girava ainda para todos nós, os outros. Se tivessem olhado para mim teriam visto um olhar cravado nos vossos mais pequenos gestos. Perdoem a invasão da privacidade, mas foi mais forte que eu, não pude resistir. E não pude deixar de sorrir. É algo assim que procuro. E é algo assim que vou ter, só não sei quando..."

lobices disse...

"...Ontem disseste-me adeus e não mais senti bater o meu coração.
Ontem balbuciáste: "Tudo acabou" e uma angústia enorme começava para mim.
Ontem separámo-nos sem uma palavra e chorei em silêncio.
Ontem saudáste-me: "Tornaremo-nos a ver amanhã." e nenhum amanhã virá para nós.
Esta hora que tanto receávamos, desde o nosso primeiro encontro, chegou ao fim, e irá transformar mais a minha vida do que a tua.
Levarás contigo o sonho da minha manhã e eu ficarei apenas com o adeus desta tarde.
Esquecerás o meu nome e o meu rosto e eu recordarei tão somente os nossos dias felizes.
Em breve não saberás sequer que existo, mas cada uma das minhas horas terá a marca da tua saudade.
Porventura encontrar-nos-emos ainda: outras dores terão cancelado outros amores.
Nesse caso, olhar-nos-emos como estranhos e não nos reconheceremos.
Mas, provavelmente, não nos voltaremos a encontrar e nenhum amanhã voltará para mim...e jamais conhecerás a minha dor.
Partiste e a minha vida é um deserto.
Mas, onde quer que estejas, aconteça o que acontecer, quem quer que ocupe o meu lugar, sabe que o meu coração ainda não te disse adeus...
E o tormento que me deste, ninguém mo poderá tirar!..."

lobices disse...

A carta que te escrevo aqui e agora é o que "eu" sinto e penso da vida e não "serve"
para todos; não há respostas definitivas e únicas para todos nós; vivemos
num mundo de desafectos em vez de vivermos num de afectos; vivemos num mundo
onde o sentirmo-nos bem com a nossa própria identidade é já tão dificil que
usamos estas identidades "falsas" para podermos falar e ouvir.
Já nos falta a "coragem" de enfrentarmos os outros, de olharmos os olhos uns
dos outros e dizermos a quem estiver na nossa frente o que sentimos, o que
pensamos, o que queremos, o que temos, o que podemos ser e, principalmente, o
que podemos dar.

A vida já vai longa para mim e já vivi muito e quase tudo o que um homem
pode viver; passei de tudo um pouco e os anos foram-me tornando "duro" e um
pouco "sóbrio" perante as bebedeiras da vida.

A vida não é fácil e tudo o que a vida nos dá é pouco porque queremos
sempre mais e melhor; passamos a vida a lutar por um lugar ao sol e esquecemos
o quanto bom é refrescarmo-nos numa sombra.

Passamos o tempo a "querer", passamos o tempo a "desejar", passamos o tempo a
"ter", a "possuir", a "querer ter ainda mais". Esquecemo-nos de dar!

E, um dia, ficamos de mãos vazias e ficamos sem nada e lamentamos termos ficado
sem tudo o que haviamos tido; que desgraça enorme; perdi tudo; perdi os bens;
perdi a namorada; perdi os filhos; perdi a mulher; tanto amor perdido! Tudo o
que tinhamos se foi. E passamos a ser uns eternos infelizes!...

Errado!...

Nunca tivemos nada! Porque não somos donos de nada! Nada temos! Nada possuimos!
Nada é nosso!

Só dando é possivel ser feliz!
Desejar tudo de bom para o outro!
Querer que a mulher que pensava ter "perdido" esteja feliz agora (por exemplo ao
lado doutro grande amor) mesmo sem ser a meu lado!
Darmo-nos aos outros de todas as formas, de todas as maneiras.
Não pretender ser amados.
Amar somente.
A felicidade está em amar, tão somente em amar e sentir que amar é estar
feliz consigo mesmo.

Amar sem posse nem destino.
Amar incondicionalmente.

Não chorar sobretudo porque é preferivel sorrir e mesmo que por dentro a alma
se parta aos bocadinhos que nos reste um sorriso nos lábios para dar aos
outros.

Foi isso que aprendi ao fim de muitos anos.
Não fui, não sou nem quero ser dono do que quer que seja.
Quero olhar e desejar que todos estejam melhor do que eu.
Escolho o melhor para ti.
Ao fazer isto faço-o com alegria, com gosto e sou feliz!

É esta a resposta: não há caminhos para a felicidade; esta, é o caminho.
Não interessa que caminhos havemos de percorrer, o que interessa é caminhar
com a certeza de que "escolher" o melhor para o outro é a base do meu bem
estar. Sentir que com essa "escolha" eu estou a caminhar e não à procura do
caminho.

Estas palavras não "servem" para todos, eu sei.
Mas não sei outras.

Tudo o que possas ler nos meus escritos são uma mistura de
credulidade e de incredulidade; são uma mistura de fé e de raiva; são uma
mistura de sim e de não. Pela simples razão que precisamos dessa "balança"
para o nosso equilíbrio.

Mas, o cerne da questão está lá, nas entrelinhas e estas são as que acabo de
te escrever.

Não sei se era "isto" que querias ouvir, se era esta a "mão" que precisavas;
acredita que é a única que tenho e dei-te o que tinha: tempo, palavras, um
desejo firme de felicidade para ti...

para já, escolho para ti um sorriso.

Mário Santos disse...

Lobices, fabuloso...
um abraço

RAM disse...

Um texto (In)determinadamente bonito.

Anónimo disse...

Elizabeth ,adoro Pedro Abrunhosa.
Adorei tambem o que o Lobices escreveu . Abriu o coração.Foi sincero ,escreveu o que lhe corria na alma.

Anónimo disse...

As cidades e as trocas.

A oitenta milhas de encontro ao vento de mastro o homem chega à cidade de Eufémia, onde se reúnem os mercadores de sete nações a cada solstício e equinócio. O navio que aproa com uma carga de gengibre e algodão voltará a zarpar com o porão cheio de pistáquios e sementes de papoila, e a caravana que acabou de descarregar sacos de noz moscada e de gengibre já atulha os seus fundos para o regresso com rolos de musselina dourada. Mas o que impele a subir rios e atravessar desertos para vir até aqui não é só a troca de mercadorias que se encontram sempre as mesmas em todos os bazares dentro e fora do império do Grão Kan, espalhadas aos nossos pés em cima das mesmas esteiras amarelas, as sombras dos mesmos mosquiteiros, oferecidas com os mesmos abaixamentos de preço enganosos. Não é só a vender e a comprar que se vem a Eufémia, mas também porque à noite junto das fogueiras à volta do mercado, sentados em sacas ou nos barris ou deitados sobre montes de tapetes, a cada palavra que alguém diz – como «lobo», «irmã», «tesouro escondido», «batalha», «sarna», «amantes» - os outros contam cada um a sua história de lobos, de irmãs, de tesouros, de sarna, de amantes, de batalhas. E sabemos que na longa viagem que nos espera, quando para ficarmos acordados com o balançar do camelo ou do junco nos pomos a repensar em todas as recordações uma a uma, o nosso lobo ter-se-á transformado noutro lobo, a nossa irmã numa irmã diferente, a nossa batalha noutras batalhas, no regresso de Eufémia, a cidade em que se trocam memórias a cada solstício e a cada equinócio.

ITALO CALVINO,
As Cidades Invisíveis


PS: se me deixardes viver outra noite...

Anónimo disse...

Lobices,
especialmente para si, hoje, bons sonhos.

Su disse...

Lobices
gostei dos 4 textos, em especial os ultimos 2...como sempre saõ lindos e cheios de sentimento
jocas

Manolo Heredia disse...

Mulheres, cheguei!
E fiquei espantado com a disciplina que reina hoje neste Blog. Todos certinhos a comentar o tema de hoje, sem derrapagens para assuntos pessoais. Até parece que emitiram estes comentários na presença do Professor, durante o almoço, com uma mão no teclado e outra no copo de vinho verde!

Lobices,
hoje foi um grande dia para ti. Dá para perceber pela quantidade da produção (e qualidade também). Andas a ler Krisnamurti ou Osho, ou então já os leste antes e só agora os andas a compreender. Interessante é que Rodolfe Stiner ou Espinosa e muitos outros já tenham dito o mesmo por outras palavras. Para mim o segredo está na solidão. Sabe-la viver mesmos quando estamos rodeados de gente amiga...

Quanto ao ciúme, não o consigo abordar sem pôr como pano de fundo a ciência: è um comportamento natural, inscrito no genoma. É uma arma de defesa do tipo radar, que nos alerta quando há uma ameaça à nossa sobrevivência.
Posto isto, o ciúme é natural, portanto saudável. Só as versões patológicas do ciúme são más, produzem o efeito contrário ao que a Natureza desejou.

lobices disse...

...to Manolo at 9:50 PM:
...não Manolo, nunca li Krishnamurti, nem Osho, nem Stiner ou Espinosa... nunca li Kant nem Freud nem todos os outros que falaram por palavras deles aquilo que sentiam...
...falo sempre através de mim mesmo, do que sou; nada mais...
...mas, na verdade, talvez o "segredo" esteja na solidão...
...
"...eu tinha qualquer coisa para te dizer, algo que já anda no meu pensamento há milhares de anos e nunca tive essa oportunidade; há dias, quando surgiste na minha vida, um pouco espantada pela vida, um pouco alheada do próprio mundo, quando ali surgiste espelhada na minha alma, eu estive quase quase para te dizer... ...penso que me faltou a coragem e a voz se me embargou; calei dentro de mim o que deveria ter gritado; talvez tenha esquecido a forma de gritar, talvez só saiba calar... não sei... já não sei... ...mas eu tinha qualquer coisa para te dizer, algo que me possui e me rasga a mente, num acto demente do meu próprio ser de aqui estar sem saber falar, sem saber o que te dizer, sem saber gritar o que tanto tenho calado... milhares de anos de silêncio dentro de mim; milhares de anos de solidão da minha própria voz; milhares de anos de espera que surjas ali à esquina, em qualquer lugar, e num momento de paz eu te possa gritar todo o meu amor... ...áhh dor que dói e me corrói a alma de tanto calar esta tão louca forma de te amar... dor de aqui estar e não saber o que te dizer, de não saber traduzir esta minha forma de tão somente te sorrir... ...e sorrio-te a todo o instante, aqui, ali, em qualquer lugar ainda que distante... não me preocupa se me ouves, se escondes as palavras que tão docemente me são devolvidas porque não enviadas; doces palavras de paz, ternura, carinho, amor... em doses de candura mas eivadas de toda a minha dor... ...estão aqui mas sei que tinha qualquer coisa para te dizer; como posso gritar se a voz se me tolda em silêncios ocos e sem eco ou se com eco ecoam apenas dentro do meu vazio, um vazio que não preencho ou se preencho apenas o preencho com a minha própria alma já de si tão gasta por durante todos estes milhares anos não me teres dito: Basta!..."

lobices disse...

(ainda a solidão)
...
"Eram extremamente apelativos; estavam ali à minha disposição; em cima da mesinha de cabeceira. Era uma caixinha escura que ela usava para ter à mão os comprimidos que a faziam dormir. Nunca liguei qualquer importância ao valor daquela caixinha e, no entanto, ela continha o passaporte para uma viagem, uma sem retorno. Nunca houvera pensado nisso, excepto naquela noite; uma noite em que ela não estava ali deitada comigo (nunca mais estaria); uma noite em que acabara de chegar de mais um bar e depois de ter ingerido um bom pedaço de álcool para me aquecer a alma tão fria e tão dormente que já nem a sentia. Também, para que queria eu uma alma? Que é que ela me dá ou me faz?
A caixinha preta continuava ali.
Quantos comprimidos teria ela deixado desde a última vez que a encheu depois de os tirar da embalagem de marca do medicamento? A minha mão direita estendeu-se para aquela caixinha preta tão apelativa como tão consoladora pelo imaginário que já me estava a provocar. Não custaria nada e dormiria para sempre; tão bom. Era disso que eu estava a precisar ou seria de mais um pouco de gin? Mas para tomar os comprimidos eu precisava de beber alguma coisa e essa coisa estava também ali à mão; debaixo da cama, talvez também deitada no chão por cima do tapete; teria ainda algum líquido? O suficiente para engolir os comprimidos? Já não tinha forças para me levantar e ir buscar outra garrafa.
A caixinha preta continuava ali e a minha mão já estava em cima dela. Senti aquela textura (penso que era marfim) sob os meus trémulos dedos mas senti-a fria e um arrepio percorreu-me a coluna; ou teria sido outro tipo de arrepio?
Não sei quanto tempo estive com aquela caixinha na mão.
Não sei quanto tempo demorei a tomar uma decisão.
Não sei quanto tempo a olhei com um turvo olhar.
Não sei porque razão não a segurei.
Dei por mim a olhar para ela sem saber para que é que ela servia e naquele momento apenas me apeteceu dormir; tão perto do derradeiro sono; tão desejado; ali tão à mão.
Reparei então que estava deitado sobre o lugar dela com o braço direito estendido para a mesinha de cabeceira segurando a caixinha preta que continha o passaporte para a derradeira viagem; tantas vezes assim estivemos; tantas vezes senti o seu calor, o seu respirar, o seu arfar; tantas vezes assim ficamos depois de fazermos amor. E, neste estúpido momento, repetia aquela posição estendendo a minha mão para uma viagem.
Não consegui conter o choro; não consegui aguentar as lágrimas; não consegui segurar a caixinha preta. Não consegui partir.
Restou-me a certeza que no dia seguinte teria mais uma noite de frio..."

lobices disse...

(ainda mais solidão)
...
"...Tenho frio, tenho mesmo muito frio; sinto um arrepio dentro de mim que me faz encolher a alma; dobro-me sobre mim mesmo e procuro a razão do frio que sinto; sinto-me cheio de um vazio que se instala no meu cérebro e deste passa para o meu ser. Sinto-me entorpecer e as pernas dobram-se e enregelam. O frio que sinto faz-me tremer; não vejo sol dentro de mim e a lua passou já muito ao largo e não deixou rastos. As estrelas estão longe e não me iluminam o suficiente para aquecer o meu coração. É tudo em vão. Todo o esforço que faço para me manter à superfície ainda me magoa mais porque as forças me abandonam e o corpo rejeita energias que gasto nesta viagem. E é apenas a minha imagem. Mas olho para lá e não vejo nada que me faça regressar. E desejo cada vez mais sair, fugir mesmo sem saber para onde ir; não é dilema não saber o que aí vem; sabe-se que se está a ir nessa direcção e deixamo-nos ir como folha perdida nas águas turbulentas de uma sarjeta suja de pó e vazia também de tudo.
Deito-me dentro de mim e adormeço no meu sonho sem dormir; é um sonho acordado de tão cansado que nem o sono sossega e não me dá trégua.
tenho frio, tenho muito frio; sinto um arrepio de novo e mais uma vez me encolho e olho para dentro do copo que tenho na mão; é um copo vazio como eu e também está frio; peço a alguém que o encha de novo e dizem-me que não, que já bebi demasiado; mas eu sei que não, ainda consigo entender o que me é dito e porque razão ouço este imenso grito.
tenho frio, tenho muito frio. Saio num tropeço dum trôpego andar. Passo pelo espelho e alguém do lado de lá olha para mim e sorri; é alguém que eu já conheci, alguém que já esteve aqui comigo, dentro de mim; nunca mais o vi; por onde andará. No entanto, foi simpático, acompanhou-me até à saída; não o vi mais; não havia mais espelhos naquela sala daquele bar.
Abri a porta de par em par. Respirei o ar frio da noite ainda mais quente do que o frio que eu sentia dentro de mim. Olhei o mar que se estendia para lá daquelas escadas que desciam para ele, ele que me esperava depois do abismo; olhei-o e ele riu-se numa risada tremenda que me fez encolher e de novo ver que já nada estava ali a fazer. Preciso de dormir, mas um sono que jamais termine; preciso de dormir e afinal o carro está ainda ali; é aquele preto; tem aros prateados nos faróis mas não tem luz, estão apagados como eu.
A chave está na minha mão e abrir a porta não custa; já nada me assusta porque o frio me tira a percepção da realidade; tenho apenas uma vontade, dormir, deixar-me ir e não saber nem como nem para onde.
tenho frio, tenho muito frio..."

lobices disse...

(ainda outra forma de solidão)
(por amor, em loucura, como mulher)
...
“...Acordei por volta das 3 e 15 da manhã...sim, era isso...olhei para o relógio da mesinha de cabeceira e marcava 3 e 15...é um relógio daqueles de ponteiros luminosos. Olhei para o tecto sem saber porque razão acordara, mas lembro-me que talvez tenha ouvido a porta de um carro, lá fora, a bater ao fechar-se...olhei de seguida para os buraquinhos das frinchas da persiana da janela e divisei a luz da noite...a rua tem candeeiros e vê-se essa luz ainda que difusa mas vê-se. Senti o corpo morno e passei a minha mão pelos meus seios acariciando os bicos do peito. Deixei a minha mão descer pela barriga até sentir o meu sexo e desejei ter-te ali comigo...a minha mão acariciou os pelos púbicos e lentamente introduzi um dedo na minha vagina. Deixei-me estar assim durante uns momentos e lembrei-me de ti...lembrei-me de todos os momentos que te tive e que a meu lado te senti...Sabes, quando me abraçavas e me sentia pequenina, dessa forma mágica que tens de me abraçar...quando me beijavas e me sentia desfalecer ao sentir a humidade dos teus lábios...sabes, não sabes? Sei que sim. Lembras-te daquele dia em que nos encontramos pela primeira vez? O dia em que nos olhamos e os nossos corações bateram? Aquele dia mágico que marcou o resto dos outros nossos dias?...Acordei sem saber por razão acordava mas penso que a saudade marca o sonho e, se calhar, estaria a sonhar contigo. Lembras-te daquele dia em que estavas sentado no sofá da nossa sala e me ajoelhei a teus pés? Lembras-te de termos feito amor na mesa da cozinha? Lembras-te daquelas férias que tivemos na montanha e lembras-te de certeza de termos feito amor deitados naquele chão branco de neve...lembras-te de, no fim, teres lavado o teu sexo com a fria neve que estava ao nosso lado? Lembras-te como ele ficou pequenino por causa do frio? Lembras-te como nos rimos às gargalhadas? E daquele dia que fizemos amor no carro? A meio deste um grito porque te aleijaste numa perna no travão de mão? Sim, porque não te haverias de lembrar, se eu me lembro tão bem...e daquela outra vez na praia, escondidos numa duna, quando eu fiquei cheia de areia...Acordei às 3 e 15 e já são 3 e 40...25 minutos a pensar nisto...sinto-te em mim, meu amor e não estás aqui presente...mas sinto-te...sei que sou eu que me acaricio mas é como se fosses tu...sinto como se fossem as tuas mãos, o teu corpo quente, o teu hálito a maçã que costumavas comer a toda a hora...eras doido por maçãs...nunca soube porquê...nunca considerei isso importante mas era importante para ti, não era? Os teus beijos quentes e húmidos num saltitar constante entre os meus mamilos e a minha boca. Como beijavas tão bem...mas sei que mesmo que beijasses mal, para mim era sempre bom, doce, quente, por vezes abrasador...como eu costumava dizer que acendias em mim o fogo da lareira sempre acesa...eu sei que fui sempre “louca” por ti mas tu sempre gostaste de mim assim...eu sei que sim...eu sentia que tu gostavas de mim assim...tu também eras louco, sabias? Sim, a tua loucura me incendiava e quando nos rebolávamos na cama parecia que tudo se partia e a cama chiava...como nós nos riamos disso...coisas giras e loucas, não eram? Meu bem, como me lembro de ti assim? Porque acordei eu a pensar em ti? Porque é que ainda penso em ti ou porque é que estou sempre a pensar em ti? Sabes que não há um único momento da minha vida que não pense em ti? Eu sei, eu sei que dizem que estou louca...mas eles não sabem que já não estou louca, já estive, sim já estive louca por ti...agora já não estou...estou feliz, triste mas feliz e tu sabes porquê, não sabes? Sabes, eu sei que sabes. Já são 4 da manhã. Acho que vou dormir um pouco. Penso que vou sonhar contigo e depois...depois voltar a acordar para pensar mais uma vez nos nossos dias felizes, nos dias que passamos juntos, naqueles dias em que a loucura era permitida e nada mais interessava...até ao dia em que te foste. Nunca soube porquê, porque me deixaste, porque não me quiseste mais...porquê, meu amor? O sono está a regressar...sabes, deram-me mais uma injecção e vou ter de dormir, sim? Eu vou dormir mais um pouco, meu amor...mais um pouco...mais um pouco...como ainda te amo...sim, serei sempre a tua Maria, meu amor...tua para sempre...para sempre...”

a tua Maria

Anónimo disse...

lobices 6:56 PM

"Nunca tivemos nada! Porque não somos donos de nada! Nada temos! Nada possuimos! Nada é nosso!"

Lobices explanou aqui uma grande lição de vida... ("Cos nothing I have is truly mine")

Life for rent

I haven't ever really found a place that I call home
I never stick around quite long enough to make it
I apologize that once again I'm not in love
But it's not as if I mind
that your heart ain't exactly breaking

It's just a thought, only a thought

But if my life is for rent and I don't learn to buy
Well I deserve nothing more than I get
Cos nothing I have is truly mine

I've always thought
that I would love to live by the sea
To travel the world alone
and live more simply
I have no idea what's happened to that dream
As there's really nothing left here to stop me

It's just a thought, only a thought

But if my life is for rent and I don't learn to buy
Well I deserve nothing more than I get
Cos nothing I have is truly mine

While my heart is a shield and I won't let it down
While I am so afraid to fail so I won't even try
Well how can I say I'm alive

Dido (Life for rent)

Su disse...

..uma vez mais "lobo" gosto do modo como escreves..e já conhecia 2, mas gostei de reler....spre
jocas

Anónimo disse...

Great Blog! Fascinating articles and well written.

Anónimo disse...

Lobices,

Tanta solidão!? O que se passa?

lobices disse...

...to Rataplan at 11.37 PM:
...
...não, não se trata de solidão; são apenas exercícios de escrita mas baseados em experiências vividas...
...tá tudo bem aqui com o Jaquim
:)))

lobices disse...

...aproveito para pedir desculpa por ter "monopolizado" conforme diz ali Crazyjo...
...foi um momento de exorcismo LOL
...um bom Domingo para tutti
abreijos

Anónimo disse...

Lobices,

Fico contente! Os escritos são lindos.

lobices disse...

PROFE:
...aconselho a ir aos Settings e no separador Comments procurar o Yes na aplicação do Word Verification para evitar os Spammers
abraço

Anónimo disse...

Hoje vou responder ao Lobices que falou em algo que me tocou particularmente e que considero essencial. Para isso começo por referir o que o Miguel Sousa Tavares escreveu aquando a morte da mãe (a fantástica Sofia).
-..."E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgamos ser donos das coisas, dos instantes e dos outros...comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre..."
Lobices! o ciúme, o egoismo, e a incompreensão pelo outro não ajudam mas quando se é capaz de gostar de ver e de gerar felicidade nos outros é algo que nos traz plenitude e muita realização...

eubozeno disse...

Uma sugestão ao Júlio (permita-me a ausência de formalidades académicas): experimente fazer um post com uma palavrinha de três letras. "Mãe" não vale. Parece-me que pode ser um bom teste ao amor, sobretudo ao dos comentadores habituais. Quem ama fala e falala. E isso, sem ironia, é muito bonito!

Anónimo disse...

RESPOSTA (TARDIA) A PABLO

O grande oceano não
dissolve os afogados
que levo atados aos cabelos
e muitas luas passarão
para que neles se detenha,
Morto como o mar da Judeia
no trabalho de um Neptunoimpotente para se ocupar
de todas as mulheres que amaste.

Por cada mil dos meus desejos, a
dez mil tu te obrigaste: por vaidade,por cobiça, por tédio, por
desafio, por narcísico remédio,
raras vezes por paixão. Não
escondas do poema as camas
e os bordéis ou os esconsos caminhos onde elas permanecem.

Tu queres-me porque a morte
por tantas vezes vencida
te inventa a poesia. Mas se
me mentes na vida, esquecendo
as tuas mortas, não finjas
neste poema, perdoar
o que desejas.

Nise

Anónimo disse...

Uma mulher, farta de ser bombardeada pelo marido, com constantes elogios à mãe dele (culinàrios, de economia, elegância, etc) resolve -dada a concomitante escassez de bom funcionamento - comprar, a conselho de uma amiga, uma lingerie erótica, para em algo se sentir compensada. Quando o marido chega, ela surge cheia de excitantes tirinhas. Ele olha espantado e aflito e pergunta:
-O quê? Estàs de preto? A conteceu alguma coisa à minha mãe???

noiseformind disse...

Durante o dia andei a dormitar sobre esta questão do ciúme, longe de computadores e restante parafernália comunicativa (andei só com um telefone comigo, vejam lá). Recentemente tive um inesperado caso de ciúme “entre mãos”, por via do blog de uma colega de lides virtuais, um caso contado na primeira pessoa que que me fez reflectir profundamente sobre os mecanismos do ciúme e a acção que provoca. No caso que a SISSI relatou o ciúme era feminino e centrava-se na argumentação. Os casos que fui encontrando nos arquivos do nosso Supremo mostram bem que a Justiça tem outra consideração do ciúme, e como a Justiça é o baluarte da moral em qq país por cá me arrasto um bocadito. Alguns extractos dos mais deliciosos aqui ficam


Não constituem injúrias graves para o fim do artigo 4 n. 4 do Decreto de 3 de Novembro de 1910 (divórcio litigioso) as expressões "porco" "vadio", e "vai ter com as amigas", bem como a saída do lar conjugal por duas vezes interpoladas durante algum tempo, se tais condutas tiveram lugar pela acção nefasta do ciúme, no convencimento de que o marido tinha uma amante, e em estado de exaltação, sem animus injuriandi.


(...)


1. De acordo com o relatório pericial efectuado ao recorrente (sic), conclui-se de facto pela sua imputabilidade, mas para além desta conclusão há que ter em conta que a personalidade do agente, combinada com o consumo de estupefacientes e álcool, bem como a motivação para a prática do crime, os ciúmes que tinha da vítima, diminuíram a capacidade do agente se autodeterminar.


(...)


O ciúme não é incompatível com a frieza de animo no crime de homicídio voluntário, salvo nos casos de flagrante delito da infidelidade. (2) Isto porque a motivação pode levar o agente a uma reflexão sobre as circunstancias de execução do projecto criminoso.

(...)


É sabido que (e ainda mais quando se trata de homem velho e mulher nova) o ciúme mortifica a alma e obscurece a inteligência.
Não se tratando, no caso, de um homicídio sem motivo, mas de homicídio por motivo de ciúme, este motivo não pode deixar de ser ponderado.

(...)


I - A afirmação do Colectivo de que o arguido persistiu na intenção de matar o seu cônjuge, por mais de 24 horas, e que agiu com frieza de ânimo, não se coaduna com os factos provados de que actuou motivado pelo ciúme obsessivo que o dominava desde há vários anos, pois tal situação indicia não frieza de ânimo, mas antes uma atitude fortemente emotiva.
II - E afastado, como o foi, sem impugnação, o motivo fútil constante da acusação, mostra-se insustentável manter a especial censurabilidade ou perversidade da conduta homicida do agente, a partir dos factos apurados, na perspectiva de reveladores da frieza de ânimo a que se refere a alínea i) do artigo 132º do Código Penal.

(…)

2. Num primeiro exame médico-forense - de um só perito (Hospital do Conde de Ferreira) -, concluiu-se pela inimputabilidade em virtude de o arguido sofrer de "Psicose paranóica de ciúme", "Abusos de álcool" e "Síndroma depressivo".


(...)

(sentença da primeira instÂncia)
Em suma, o arguido age movido por mero ciúme (que é, como se sabe, estado de afecto asténico), mas como se apurou (vide factos 5. e 6. supra) tal não o impediu de livremente avaliar o mal que infligiu à ofendida, nem de ponderar devidamente a ilicitude da sua acção (criminosa).
Aliás, o ciúme é um facto da vida (bem conhecido de toda a gente) e que embora provocasse a irritação do arguido, tal não o impediu, nem sequer obnubilou ao ponto de tornar desculpável a conduta concretamente apurada nos autos: note-se que, livre, deliberada e conscientemente, privou a ofendida da liberdade, detendo-a e mantendo-a nesse estado, contra a sua vontade, por um período superior a 6 horas.

(resultado do recurso para o Tribunal da Relação)
Reponderamos, agora, o circunstancialismo já acima descrito, realçando que o arguido é delinquente primário e que, embora tenha agido com dolo directo, o fez sob um estado emocional (irritação/ciúme) e os motivos já acima escalpelizados, o que lhe diminui a culpa - embora não de um modo especial (vide supra) - artº 71º do C.Penal revisto.
Assim, e não perdendo de vista as finalidades das penas - mormente, a prevenção geral e especial - e que a medida da pena não pode ultrapassar a medida da culpa do agente - cfr. artºs 40º e 70º do C.P./95 - cremos ser adequada e justa a pena de 9 (nove) meses de prisão, suspensa na sua execução pelo período de 2 anos - cfr. artº 50º, nº 1 do C.Penal - até porque, deste modo, basta a censura do facto e a ameaça da pena para preencher os aludidos fins das penas.

Depois pensei nos meus anitos a ler Sagarin e a lógica da emoção humana e porra, toda a acção humana faz-se da negociação entre o impulso e a reflexão. Porque é que tanta gente nesta caixa de comentários (e tanta gente no mundo), pega em tanta coisa e diz “é inato, é inato, é inato”? Isto para justificar a acção do homem claro, o “menino selvagem”, o “menino guerreiro” supostamente aprisionado dentro de cada um de nós. Por esta lógica então ser homem era uma espécie de doença genética. Deviam ser medicados logo à nascença e o seu desenvolvimento controlado para evitar que a doença genética recessiva que carregam fosse minguada. E as mulheres que mandassem no mundo, que seria gerido muito melhor sem tanta testosterona. Mas é engraçado, nunca levam o argumento até ao fim. Tribunais e população portuguesa em geral só vão até ao “ciúmes todos sentimos”, “é natural”, “não ama quem não sente ciúme” e pouco mais. Não salientam que uma mulher traída não mata o marido, não salientam que à mulher que haja “sob efeito” de ciúmes não é dada qualquer medida de remédio da pena. Meus caros, creio que este “inatismo” que agora é atribuído a muitos comportamentos masculinos ( seja a infidelidade nos últimos 15 anos, o ciúme nos últimos 30, a falta de aptidão para o contacto com a sua prole etc) é a última linha de defesa. Já desmascararam tudo, resta culpa o macaco. Erguemos pontes sobre os maiores rios, calculámos com precisão a entrada de um objecto constuido por nós na atmosfera vindo do espaço mas quando falhámos em termos emocionais não dizemos que sentimos emoções, culpámos o silencioso antepassado, o Pitacondrecos ou ainda mais antigo, ele é que tem a culpa, ele é que mexeu na banana. Já repararam que as teorias “inatistas” para as mulheres defendem sempre a inacção? Protecção ao ventre, menos competitividade por menos predisposição para permanecer em actividade por peiodos continuados, as teorias sucedem-se. Mascarado de muita genética e reacções bioquímicas ainda não observáveis o ciúme e a nossa acção sob ele vai-se estendendo na sociedade. Chegando ao ponto de provocar simpatia por juízes de um supremo tribunal de justiça por um pobre homem, que, coitado, casou com uma mulher mais nova. Que chatice. Anda a comer florzinha e com isso arca com o peso monstruoso do terrível ciúme. Ciúme, álcool e insegurança de carácter, a TRÍADE santa da violência conjugal. A chama que queima lenta da insegurança, o álcool como rastilho, o ciúme como construção de realidade. Mecanismos puramente psicológicos e barbaramente dissecados. Mas os f$#%$ da p$%#$% dos nossos juízes não vêm isso. Vá, digam que um bocadito de ciúme não faz mal, digam que o ciúme até é bom, construam a vossa relação sobre a incerteza da permanência do outro, e depois colham o que colheram. As mulheres são mais directas a expressarem as suas emoções, desde pequenas são ainda (infelizmente) construídas como sensitivas. A não canalização tão regular das frustrações masculinas dá origem a estas psicoses persecutórias, sem dúvida do mais lamentável que possa existir. E nós lá as vamos justificando, daqui a nada cada acção de um homem vai ser escudada no género, excelente forma de colocar os homens numa coutada de irresponsabilidade, onde ainda permanecem, como os nossos amigos do Supremo tão bem nos lembram aqui ; (((((((((((((((((





E já agora deixo à consideração geral esta engraçada busca. Representa resultados de busca de palavras no motor do Supremo. À partida até pensei que não iria encontrar consistências… mas depois… bem… que golpe…

sentimento: 250+ vezes
paixão: 250+ vezes
medo: 221 vezes
amigo: 216 vezes
amizade: 144 vezes
amor: 103 vezes
prazer: 89 vezes
carinho: 79 vezes
ódio: 21 vezes
ciúme: 19 vezes
apaixonado: 9 vezes
orgasmo: 8 vezes
beijo: 7 vezes
masturbação: 5 vezes
desilusão: 3 vezes
solidão: 3 vezes

Paixão, sentimento, medo e amigo apresentam-se em grande vantagem citados nas sentenças. Natural que seja a paixão a ser mais vezes levada a tribunal, afinal ela é mais efervescnte ; ))))))))))

De ver que paixão e medo fazer um par engraçado, e mais cá abaixo o mesmo acontece com amor e amizade, mais vezes traídos mas mais vezes resolvidos em conflitos fora do tribunal. O prazer e o carinho formam outro par isolado, gestos gerais de afecto que parecem unidos por uma estranha escolha de palavras nas sentenças. E o ódio muitas poucas vezes citado, o ódio é intrínseco, o ódio implica meditação do crime, o ódio, tão desvalorizado nas nossas sentenças, fruto do trabalho de bons advogados (já para chegarem ao Supremo tem de haver dinheiro).
Último realce meus caros, antes que adormeçam: orgasmo, beijo e masturbação. Seguidos e escondidos, associados a violação e abuso de menores, mas todos juntos e em mesmo nro. As expressões físicas são muito menos relatadas, o que move grande parte das pessoas é o medo e a paixão, a seguir o amor (o que mostra que o amor é mais usado para fazer boas coisas do que para fazer as que chegam depois aos tribunais e ao Supremo)…
E no fim de tudo os pais da alienação: solidão e desilusão!!!! Os alienados tb cometem crimes, mas lá vão chegando… lá vão chegando… mas muito menos ; )))))))))))))

E agora para a cama pessoal, mesmo sem dormir… para a cama ; )))))))))))

noiseformind disse...

Claudia,
Eu bem tento, ficava-me mais barato. Mas o pessoal quando vai la a casa é claro "mousse de maracujá E GROSELHAS". É uam ditadura, é o que é

Ram,
Eu tava era a psicanalisar o Júlio, não viste que ele parou logo a verve? "Estes tipos tão-me a começar a apanhar, ainda acabo a chorar baba e ranho, nova pregação ao arquétipo (e pq não preconceito) de avó e idoso" imagino-o a pensar ; )))))))))))))))) e quando eu falava dos gestos do outro alimentarem o ciumento referia-me precisamente a uma interpretação dos gestos, escrevi isso antes ; )))))))))))

Lobices,
Esse livro vai de vento e popa. Apressa-te a publicar. Pela minha experiência quando acabámos um livro devemos entregá-lo ao editar quanto antes. Se olharmos para ele honestamente normalmente vai parar ao lixo ; ))))))))))))

Rataplan,
O salmonete foi atacado por todos os lados, até a espinha se sumiu no caldo de peixe. O Rei dos peixes, o Rei dos peixes, é o que é ; ))))))))))))

Éme,
então deixas aqui o pessoal a maralhar sozinho? Isso não se faz ; ))))))))))) mesmo continuando nós em período refractário continuámos a precisar de muito carinho e meiguices ; ))))))))))))

Anónimo disse...

Monólogo de Orfeu- Vinicios de Morais

Mulher mais adorada!
Agora que não estás, deixa que rompa
O meu peito em soluços!Te enrustiste
Em minha vida;e cada hora que passa
É mais que por te amar,a hora derrama
O seu óleo de amor, em mim,amada...
E sabes de uma coisa?Cada vez
Que o sofrimento vem, essa saudade
De estar perto, se longe, ou estar mais perto
Se perto,-que é que eu sei!Essa agonia
De viver fraco, o peito extravasado
O mel correndo;essa incapacidade
De me sentir mais eu, Orfeu; tudo isso
Que é bem capaz de confundir o espirito
De um homem-nada disso tem importância
Quando tu chegas com essa charla antiga
Esse contentamento, essa harmonia
Esse corpo!E me dizes essas coisas
Que me dão essa força, essa coragem
Esse orgulho de rei. Ah, minha Eurídice
Meu verso, meu silêncio,minha música!
Nunca fujas de mim!Sem ti sou nada
Sou coisa sem razão, jogada,sou
Pedra rolada.Orfeu menos Eurídice...
Coisa incompreensivel!A existêcia
Sem ti é como olharpara um relogio
Só com o ponteiro dos minutos. Tu
És a hora, és o que dá sentido
E direção ao tempo, minha amiga
Mais querida! Qual mãe,qual pai,qual nada!
A beleza da vida és tu, amada
Milhões amada!Ah!Criatura!Quem
Poderia pensar que Orfeu:Orfeu
Cujo violão é a vida da cidade
E cuja fala,como o vento á flor
Despetala as mulheres- que ele, Orfeu
Ficasse assim rendido aos seus encantos!
Mulata,pele escura,dente branco
Vai teu caminho que eu vou te seguindo
No pensamento e aqui me deixo rente
Quando voltares, pela lua cheia
Para os braços sem fim do teu amigo!
Vai tua vida, passaro contente
Vai tua vida que estarei contigo!

Anónimo disse...

Caro Professor:

Há avôs e avôs! (acho que não tem que se preocupar). Ah, o Ego, sempre o Ego...

Anónimo disse...

Bom dia a todos!

Já ouvi um homem dizer que sente ciúmes de todas as ex's namoradas. Será que é um caso tipico de não consigo ficar nem com elas nem sem elas? Ou seja vive dividido entre o que tem, que não quer, e entre o que não tem, que parece querer? Trata-se de falta de maturidade ou simples alma eternamente confusa, que não vive o presente plenamente?? Aceitam-se sugestões.

Para mim aplica-se a frase de uma amiga minha: "Quem não sabe o que procura, não sabe o que encontra"

PortoCroft disse...

Caro Prof. m8 e maralhal,

Coloquei aí uma música da Tânia Alves, bem velhinha a música, meio bolero e que, julgo, deu origem a aquela expressão que as "mulheres modernas" gostam muito de dizer: Ninguém é de Ninguém!

Caíu-lhes no goto, acho. ;)))

"Não há recordação que não tenha seu fim" Será mesmo assim? Ou seremos todos de todos? E se assim é, somos todos doidos ou autofágicos? ;)))

Anónimo disse...

portocroft:
acho que as mulheres modernas de que fala são as que estão fartas de sofrer e constatar a clara prepotência do clube do bolinha.
as outras mulheres modernas estão tristemente cientes de que 45 por cento da população mundial apenas as considera como mera propriedade.

PortoCroft disse...

tangas,

Eu, por maioria de razões, membro de pleno direito do clube do bolinha, digo: Nim! ;)

Acho que ser homem, não tem nada que ver com o caminhar gingão de marinheiro de docas secas, nem com outros estereótipos.

Como o ser mulher nada tem que ver com queimar "soutiens" e enfrentar o parceiro de forma provocatória e quiça, masculinizada. Isso, regra geral, dá maus resultados. :)

Manolo Heredia disse...

Noise.
porquê tanta aversão ao inato?
O ser humano é uma máquina pragramada que funcina com duas camadas de software; o software de base, codificado no genoma, concebida pelas regras da evolução das espécies, que serve para se manter vivo, reproduzir-se, etc como os outros animais, e um software de extensão (que o distingue dos outros animais), que é uma "camada" de software construida pela experiência, camada essa a que contumamos chamar cultura.
Não dou valor a especulações que "cheirem" não ter em linha de conta que todos os individuos são diferentes geneticamente e que, portanto, têm todos formas diferentes de apreender a cultura, e de construir a sua própria cultura. É necessário não esquecer que a segunda camada de software tem o seu funcionamento condicionado às características da primeira, Isso é muitas vezes ignorado, sobretudo nas questões que envolvem ética.

PortoCroft disse...

Manilo Heredia,

Se e por comparação quer usar linguagem informática, o melhor seria:

Firmware (O que vem com a máquina)

Software (O que adquirimos ao longo da vida)

Anónimo disse...

Vou ser sincera, posso?
Não acredito que o Noiseformind seja uma só pessoa. É impossível!!! E passo a explicar porquê.
Como é que alguém pode meter em dias seguidos posts quase ás 5 da manhã e depois tar aqui ás 7 ou ás 10? Será que ele não dorme? É que ainda tem de adormecer e acordar!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Além disso reparem que, por exemplo este comentário dele, abrange áreas várias do conhecimento com muita especificidade. Ele(s) não se limita(m) a falar do assunto, são dados compilados e que, por o posto do Professor ter poucas horas, seriam impossíveis de pesquisar autonomamente, seria preciso muito tempo. Como é que alguém conhece em igual grau os relatórios do Supremo Tribunal, autores de lógica, historiadores, estatísticas não-presentes na internet mas publicadas, obras completas de outros autores de áreas tão díspares como a evolução, a medicina, a química ou a História política? E ainda por cima diz ter só 27 anos? Desculpem mas não acredito. Noiseformind é, para mim, uma construção por parte de várias pessoas, excelentes nas suas áreas, mas que se juntaram para criar um super-comentador tendo em vista satisfazer os seus egos inseguros. Sem dúvida pessoas jovens, não me parece que uma pessoa mais velha tenha necessidade deste tipo de afirmação. Atenção, não quero com isto lanchar mancha sobre os comentários do Noiseformind, eu própria os tenho impresso todos e guardo-os religiosamente, mas já era tempo de se assumirem individualmente em vez de como essa "entidade" que criaram;) a ver vamos quantos Noises aparecem no jantar...

Anónimo disse...

O que será o 'amarelo traiçoeiro'? :)

Anónimo disse...

Lobices
Como é que um homem que sente e escreve assim...pode sentir-se ou falar tanto em solidão?
Será demasiada exigência sua ou é cegueira de quem o acompanha?
Gosto francamente sobre o que escreve e da forma como o escreve....

Manolo Heredia disse...

Porto K,
Falso, firmware é um software de muito baixo nível que se destina a definir máquinas virtuais, em ambientes diferentes de harware.
O que eu quis foi comparar por exemplo o Windows com o genoma (pois é o Windows que compatibiliza todas as partes do "corpo" do computador; CPU, ecran, teclado, etc) E o Office, que trabalha "sobre " o Windows, seria o software adquirido pela experiência.
A comparação é só aproximada. Seria mais exacta se cada PC fosseconstituido por um hardare ligeiramente diferente dos outros e, interagindo com a experiência dos outros (seus congéneres), criasse o seu próprio Office... Os Offices ficariam parecidos, mas nunca iguais. Assim haveria máquinas mais adaptadas às necessidades dos utilizadores e outras menos. Assim como há pessoas mais adaptados ao mundo em que vivemos (cultura incluida), e outras menos.

Manolo Heredia disse...

gralha:
cada PC tinha que ter Windows (software de base) ligeiramente diferentes. Duas pessoas diferentes têm genomas diferentes.

PortoCroft disse...

:))))))))

Anónimo disse...

"à mulher de César, não basta sê-lo. É preciso parecê-lo".