"De uma vez o coração falhou. A enfermeira veio logo, uma seringa no ar. Sandra recompôs-se no sofrimento. Recomeçar. Porque te não deixaram morrer? Mas era assim a lei da caridade humana, mesmo um condenado à morte. Não se mata doente. Trata-se e mata-se depois. Havia que remediar até onde houvesse remédio. Sandra restabeleceu-se e pôde continuar a sofrer. Agora era a dissolução e o horror. Horror de te ver dia a dia no escárnio de ti, quanto tempo ainda? a descida à imagem do ultraje, putrefacção repelência, oculta nas raízes de um homem."
Vergílio Ferreira, Para Sempre.
P.S. Como é óbvio, não concordo com a palavra "caridade" aplicada à Medicina. Trata-se da abordagem clássica da profissão: vencer a dor e retardar o mais possível a morte. A actual discussão bioética introduz outras variáveis: a vontade do doente e o conceito de dignidade humana, traduzido pelo contraste entre "ter uma vida" e "estar vivo".
62 comentários:
Dr. Murcon
QUE PORRA DE TEMA :(
Não tenho opinião formada ou tenho mais que uma, nem eu sei.
Baralha-me, incomoda-me.
Não gosto de sofrimento fisico, de dor fisica, não gosto de morte.
Sou alérgica à morte.
Acho que hoje vos vou poupar das minhas "pérolas".
Isso é fácil Éme,
Estar vivo é o contrário de estar morto ou, em opção, a sua inversa;))))))))))))
Está-se vivo quando ainda se está na posse de consciência, e temos padrões cerebrais para essa consciência. O caso Terry Schiavo mostrou mais uma vez que vigoram noções claras no meio médico. Uma massa de orgãos funcionais não é uma pessoa, o que provocaria que se desligasse a máquina (À base de tiro na cabeça, sugiro eu) a quase todos os políticos portugueses loooooooooooooooooooooool
Eutanásia? E o que é que o Prof acha da eutanásia, suicídio assistido, seja lá o que for? teremos que legislar como a holanda? Está-se bem assim? Gostava de ouvir a sua opinião
Yullie,
Tás a falar das pérolas da frente ou das de trás? E não somos tidos nem achados nessa poupança? ; )))))))))))))
Mas olha que vais perder grande malhação, o Ram não tarda nada está aí com um link que ele tinha há 30 anos em cache para incendiar aqui o ppl todo;)
Noisie
Abandalhar ou brincar pelo meio dos comentários que forem surgindo não me parece que vá cair bem, e falar seriamente sobre este tema deprime-me bastante.
Adoro a vida, adoro viver.
E pronto... Fico à espreita.
Yullie, mas lá está, abandalhar é próprio dos vivos e sãos, pq os loucos normalmente não têm teclado e ligação online no hospício, apesar dos milhares de casos não diagnosticados. Fica À espreita, mas nada de filmares; ))))))))))
Esta situação é boa para extremos, pq tal como o aborto não afecta todos, afecta apenas uma pequena parte, portanto é excelente para demagogia, pq sabe-se que não se irão aplicar nunca. Por exemplo, pq não crio-preservar todas as pessoas mortas, já que defendem que podem existir progressos científicos que façam regredir a condição dos vegetais? Não é viável e sabem-no, por isso é que se pode forçar a discussão a este tipo de extremos. Já no caso de a pessoa se decidir a morrer, o suicídio é crime certo? Legalizem-se todas as drogas necessárias a dar dignidade ao fim de vida das pessoas, mas nada de "eu quero morrer e pronto". Mas, tal como no aborto, a negação legal não implica que a pratica não aconteça (tantos sites com dicas fantásticas para uma pessoa se matar) e até temos casos de discriminação, como o de Ramón San Pedro, que não podia saltar alegremente para a frente de um comboio. Sendo assim deve-se nomear uma comissão que acompanhe estes pedidos, a condição de vida das pessoas, a recorrência do pedido e a envolvente. Por exemplo, vamos a este caso: um jovem de 22 anos que apela recorrentemente para morrer À comissão que eventualmente se crie para seguir e acompanhar estes casos, já se tentou suicidar 5 vezes mas nunca conseguiu. Diz-se incapaz de se matar de forma redundante (comboio, prédio, ponte, tiro na cabeça) e com medicamentos não vai lá. Parece-me estar aí um limite claro. O sofrimento psicológico é parte inerente do indivíduo e não é por si só motivação para fornecer ao indíviduo apoio na sua própria extreminação ; ))))))))) mas pode ser que até achem ao longo da discussão esta uma hipótese válida. :))))
Lúcia,
Sou a favor do direito de partir quando a vida já não conserva a dignidade desejada, por isso não podemos apaziguar as consciências com o - bendito... - controlo da dor. A própria morte faz parte de um projecto de vida e algumas das suas "modalidades" podem ser consideradas indignas pela pessoa. Estou de acordo com o segundo exemplo dado pelo Noise, não seria um caso aceitável. E também com a necessidade de uma fina triagem dos casos. Mas antes disso será preciso aceitar o princípio.
saudações!!! antes de mais é um prazer descobrir o seu blog, parabens pelo seu trabalho e sobretudo por dar um contributo, que eu julgo ser de grande importancia, para que os nossos conterraneos abram as suas cabeças e se deixem de preconceitos. gosto sempre muito de o ouvir com essa dose de "vamos lá por o cerebro a funcionar e chamar as coisas pelos nomes"! pelo que já aprendi consigo: Obrigada!!!
quanto à palavra caridade, eu diria que nem na medicina nem na vida de cada dia ela é bonita de se usar, e fica-se sempre com a ideia de que só uns são donos da verdade, é realmente horrivel que não se deixe a natureza seguir o seu rumo, é a tal crença em qualquer coisa indefinida, tão indefinida quanto a vontade de ver alguem apodrecer enquanto respira.
E quando a própria pessoa ñ quer continuar a prolongar a vida, ou pelo menos a "sobrevida", pq mtas vezes, sobrevive-se a custo de humilhações próprias, só para contentamento de outros q em relação à morte são mto egoistas, preferem adiar a própria dor e prolongar a dos q realmente sofrem... Estas tb são situações complicadas, mtos dos casos em questão, dizem respeito a pessoas q pouco podem falar por si e ao serem outros a falar por elas é sempre difícil saber até q ponto é a verdadeira vontade do próprio...
Ahhhhhhhhh!
E voltamos sempre ao mesmo, é um cíclo de incertezas, a única excepção, é a certeza de q, quem lá está deitado, sofre sempre mais q todos nós.
Yulunga: tal como tu, também tenho uma péssima relação com a morte. Estava eu a curtir uma imensa dor pela perda de uma grande amiga que ocorreu sem aviso prévio, quando uma daquelas tiras do Calvin (só não digo que é autobiográfico de mim porque não o escrevi...)me consolou.
Diálogo entre Calvin e Hobbes quando se preparam para dormir:
C- Porque será que sonhamos quando dormimos? Os nossos cérebros chateiam-se? Porque não dormiremos só?
H - Acho que sonhamos para não ficarmos separados tanto tempo. Assim podemos brincar juntos em sonhos toda a noite.
C - Pois é. Então até já.
H - Lá estrei.
Para quem não acredita na vida depois da morte como eu, é consolador poder sonhar. Porque já tenho matado saudades de muito boa gente. Incluindo de quem partiu de vez.
"A própria morte faz parte de um projecto de vida e algumas das suas "modalidades" podem ser consideradas indignas pela pessoa."
Eu não diria melhor. Mas para haver comissões é necessário, como disse o prof, acertar o princípio. E é aqui que tudo se complica. Depois há duas situações distintas: a morte pedida pela pessoa incapaz, fisicamente, de cometer suicídio e a morte não pedida pela pessoa (que "vegeta") mas pelos familiares directos. São coisas diferentes. É difícil encontrar um princípio.
Tenho para mim que a vida existe enquanto respiramos e socializamos pois somos seres biológicos e sociais. Se ambas as condições não estiverem presentes é-me difícil conceber que exista vida.
...Almodovar, TerrY Schiavo, and so on... já se falou muito sobre este tema...
...quando chegar a minha vez, deixem-me morrer em paz e com dignidade; afastem de mim as malditas máquinas porque só quero as máquinas que me dão prazer e não as que me possam prolongar a dor, em nome da defesa da vida!...
Que raio de tema, prof Murcon!
Continue a falar de amor, amor, AMOR, que tanta falta faz!!!!!
É urgente falar dele. Para sempre.
Olá a todos.
Júlio,
Subscrevo na íntegra o que afirma no seu comentário de resposta à Lúcia. É exactamente a minha opinião, que já aqui deixei expressa aquando da discussão acerca do caso Terry Schiavo.
Lobices(2.57)
É exactamente isso que eu quero, também. "Estar vivo" e não "ter uma vida" não faz, para mim, qualquer sentido.
Até mais logo.
Falamos tanto no amor, desejamos tanto encontrar o nosso amor, mas, quando, por sorte, encontramos aquela pessoa, a dita "da nossa vida", temos medo e até fugimos dela, evitamo-la, enganamo-nos a nós próprios. O que é certo é que não conseguimos que ela deixe de permanecer no nosso pensamento. A vida fica sem sentido, tudo perde a graça. Mergulhamos num vazio...
Em tempos, estava eu a desabafar com o meu melhor amigo (que por acaso é o meu filho!) e, face ao exposto, ele levantou a questão, "será que as pessoas em vez de se apaixonarem por alguém, apaixonam-se pelo próprio gostar e gostam de gostar?"
O que é que acha Sr. Prof?O Sr que para além de SER é também um especialista na matéria,
Vivo este drama. Apaixonei-me há cerca de 3 anos por um homem, na net (eu que não acreditava que isso fosse possível!), ele de Barcelona eu aqui do Porto, foi demorado o nosso encontro, mas não importava, dado que era tão enriquecedora a nossa comunicação. Ele era (é)o homem da minha vida, tinha um defeito, apenas, era casado. O problema fioi que, quando ele se aproximou de mim, eu tive medo, não acreditei que gostasse mesmo de mim, e afastei-me. Fui perdendo a coragem. Um dia, descobri a morada dele e fui a Barcelona, de propósito, mas só consegui vê-lo de longe. Felizmente sozinho. Foi horrível.Faltou-me a coragem de o enfrentar. Agora já é tarde. O pior é que sou infeliz,
ninguém me interessa. Pronto, dedico-me ao meu trabalho (sou docente universitária).
Melhores dias virão, quem sabe?
Peço desculpa pelo meu desabafo.
Uma braço a todos
Matilde
Boa tarde Prof. Júlio e todos os demais
tema curioso este. na minha óptica, o prolongarmos a vida até à exaustão não tem lógica nenhuma. temos uma hora para estar e outra para deixar de estar. o problema será, termos de viver com a dor ausência da pessoa amada, e isso para quem vive é demasiado doloroso, tomar essa decisão ainda mais. a vida é um tema que discuto com a minha mãe, bem como a morte, faz parte da vida. ela sabe que fazer se algo assim me acontecer, e vice-versa. até o tipo de enterro que desejamos. esta questão muitas vezes é evitada pelas pessoas. não tem a ver com o gostar da vida ou não. tem a ver com o facto de respeitar a vontade de quem tão bem queremos . e não pensem que se um dia tiver nessa situação, a dor não vai ser imensa, mas vai ser diferente pois sei que é o que ela quereria. a morte não se evita e o seu tema também não devia ser evitado.
um bem haja a todos
Vejam o "Mar adentro", grande filme!
O que pode ser chocante na Eutanásia é a ideia de que foi seguido o caminho mais fácil. De um médico ninguém espera que ajude a dor a vencer o doente. Desligar a máquina é desistir na luta contra o sofrimento. Só que as coisas não são assim tão lineares.
Prof. JMV,
Eu diria mesmo mais, quem não tem um "projecto para a morte" não tem um projecto de vida.
Noise,
O suicídio não é crime, até porque isso iria criar óbvios problemas de responsabilização criminal. Como é que você metia o autor do crime na prisão?
O que é considerado crime é o incitamento ou ajuda ao suicídio, com uma pena de prisão que pode ir até aos 5 anos.
Tenho uma promessa solene, feita por duas pessoas que me são queridas que não me deixarão sofrer!
Obriguei-os a jurar e com o deles o acordo foi recíproco. Se um dia estiver em sofrimento e já sem as minhas capacidades psíquicas, por favor: DESLIGUEM-ME!!!!
dkin (1.46)
"...quem lá está deitado sofre sempre mais que todos nós."
Nem sempre, as coisas não são assim tão lineares.
Às vezes o sofrimento daqueles que estão próximo é muito maior.
Gonçalo (4.49)
Quem não tem um "projecto para a morte" não tem um projecto de vida?!
Não concordo, acho uma afirmação muito exagerada.
As pessoas têm também todo o direito de não terem "um projecto" para a morte e isso não significa que não vivam a vida plenamente.
Não vamos passar de um extremo ao outro...
A propósito deste tema, lembrei-me de João Amaral que disse um dia (já bastante doente e sabendo que o fim estaria próximo)- A morte é apenas mais um dia na nossa vida, neste caso, o último.
Poucas pessoas conseguirão encarar a morte com esta tranquilidade.
Caro Prof. m8,
É um problema complexo. Há muitas e variadas situações a ponderar. O noise falou, julgo, que de duas.
No caso do jovem que se tenta suicidar por 5 vezes, o indicado seria uma consulta psiquiátrica com o Prof. Dr. Júlio Machado Vaz e o seu eventual internamento e não um entendimento com o Dr. Kevorkian. ;)
A vida, para ser vida, tem que ter o minímo de qualidade. E é nesse sentido que a Eutanásia faz todo o sentido. Quando um doente crónico ou em fase terminal, no pleno gozo das suas faculdades mentais, ou a sua família, em caso contrário, opta por uma saída dessas, deveria haver um conselho de ética a analisar e a dar parecer a um tribunal onde estes gajos devessem ser apresentados.
Procuramos viver a nossa vida com dignidade, que nos seja dado o direito de que assim seja também na hora da nossa morte.
Bom fim-de-semana maralhal!!!!
Boa tarde.
Há já algum tempo que leio este blog e pela primeira vez senti-me compelida a, também eu, comentar.
Creio que este é um assunto que todos nós já pensamos, de uma maneira ou doutra, pois se trata de algo que temos em comum com toda a natureza (viva) - a morte. Utilizando um trecho de um dos meus filmes favoritos: "There are only too things certain in life: Death and Taxes" (traduzindo: "Existem apenas duas coisas certas na vida: Morte e Impostos").
E sinceramente, acho que pior que a Morte seria viver sem dignidade e/ou qualidade de vida, quando estas são irreversíveis, obviamente. Existe uma espécie de necessidade, na nossa cultura de terror à Morte, de prolongar o inevitável a todo e qualquer custo, até mesmo contra a vontade do próprio. Será isto justo? Será isto humano? Será isto moral/ético (e esta é a questão mais dolorosa de se colocar)? Será que temos o direito de negar a morte a quem a deseja, em oposição ao inegável direito à vida de cada um?
Também já me questionei se não será egoísmo da nossa parte manter a vida de alguém que se encontre numa situação em que não a pode viver com dignidade e qualidade (mínima), porque não queremos nós sofrer com a sua ausência. Porque, pensando bem - isto agora partindo do pressuposto que vivemos numa sociedade maioritariamente católica - ao morrermos vamos para o Céu, logo passamos para uma "existência" melhor.
Enfim...
corrigenda:
Onde se lê: "estes gajos" leia-se "estes casos"
Prof. JMV e Maralhal,
Aproveito para anunciar a minha ausência durante uns dias, consquência inevitável de um curto período de férias. Como no Algarve não tenho computador, não poderei participar no Murcon.
Em todo o caso, este já se tornou num vício para mim, maior do que eu desejaria, mas, para além dos óbvios méritos do autor, penso que todos vocês, especialmente os que aqui vêm regularmente, são também "culpados" desta minha nova dependência, pela qualidade dos comentários.
Não é um Até Sempre, nem sequer um Até Amanhã (não teria a impudência de vos chamar camaradas) é apenas um ATÉ JÁ!!!
BOAS FÉRIAS!
PS: Andorinha, suspeito que daqui por alguns dias ainda vai estar de acordo comigo.
Caríssimos Prof e maranhal,
sobre este tema tenho exactamente a mesma opinião que o professor, mas como a qualquer um, é-me extremamente difícil pensá-lo como uma realidade com alguém próximo. O egoísmo é terrível.
Ainda por cima, estou na "barricada" da Yulunga! A morte é uma certeza deveras assustadora para mim. Podemos aprender a racionalizar medos com técnicas de dissecção do problema: qual é a probabilidade de isso acontecer?; ou se acontecer qual é o verdadeiro problema?; ou qual é o pior cenário se de facto se passar? Mas a verdade é que os meus maiores medos não se deixam dissecar por estes métodos... porque têm toda a probabilidade de acontecer! O medo... e a morte.
Por isso, professor, neste post resta-me escutar e aprender.
Gonçalo,
Não queria que cometesse suicídio na ignorância portanto digo-lhe desde já que o suicídio (na forma tentada, obviamente) é crime com condenação até 8 anos de prisão ; ))))))))
Porty,
Fogo, deprimir o Éme!?!?!? Depois de 30 suicidas era ele a pugnar para o deixarem "partir" em paz ; ))))))))))))))
Quanto ás opiniões emergentes sobre o suicídio como via fácil encontro-me dividido, mas julgo que estarei a unir opiniões quando digo que o suicídio resulta de um exagero da interpretação do significado do momento dado que nenhuma situação merece a morte de uma pessoa imposta a si própria. Mas não vou meter no mesmo saco um jovem que como eventos causais próximos tem os pais não o deixarem sair à noite e um outro jovem vítima de abuso sexual e violência física por um familiar.
Éme,
o pessoal quer amor... all you need is love, ou na versão portuense, aleiou nidi islov:))))))))))))) estas ditaduras dos afectos... estas ditaduras dos afectos...
Que é feito do Ram? Nunca mais o vimos desde que andava para aqui a dizer que a Terapia Hormonal ia-nos levar as mulheres todas do blog;)))))))))))))))))))))
Mega,
E faz você muito bem em sentir-se compelida, mas notei que essa da morte e dos impostos envegonha-nos a todos. Um português a pagar impostos?????????????????????????????????? Onde é que já se viu isso? Não seja assim estranha ás boas tradições lusas dos nossos primievos ancestrais ; ))))))))))))
Quanto à minha morte, mantenho o que disse há dois meses. Quero ser assassinado aos 95 anos por um actor porno de 36 num ataque de ciúmes por a mulher dele de 25 o ter deixado para vir morar comigo por eu ser melhor que ele na cama loooooooool looooooooooool loooooooooooool loooooooooool looooooooooool looooooooooool looooooooool looooooooooooool
E vou-me À janta maralhos
Para quem "não se quer matar" à guisa de fernando Pessoa, morrer com dignidade é preciso! Daí a ajuda cada vez mais valiosa e de fomentar, dos cuidados paliativos. à margem disto, o tema da eutanásia. Cumprimentos.
Gonçalo,
Ora essa!!! Porquê???
Não costumo mudar de ideias muito facilmente...
Boas férias.
"[...] Agora já não conseguia ler, e as palavras atrapalhavam-se na linguagem e na escrita. Antes de uma segunda operação, tentativa desesperada de suster um inimigo implacável, partiu com um marido admirável para uma longa viagem a Itália - como poderia ela morrer sem conhecer Florença?
Em 17 de Agosto deste ano recebi segunda carta:
"Caro Professor,
A princesa voou. No dia nove, ao pôr do sol, à hora em que os bombeiros começavam a extinguir as chamas na devastada mata do guincho, a L. não mais tentou respirar. Eu adorava aquela mata e amo aquela mulher, e não consigo separar as duas perdas.
Morreu aqui, no nosso quarto, nos meus braços, como sempre eu o quis e ela desejou, sem a ciência quase fria dos hospitais, só guardada por duas sentinelas de oxigénio.
Foi olímpica até ao fim, viveu com paz e aceitação profunda estes últimos e terríveis meses, e agora só a consigo imaginar profundamente imersa na luz e na mais absoluta beleza e graça.
Ficou sempre a querer-lhe bem, mesmo depois de perceber que tudo "fora em vão" que há quatro anos tivera a misericórdia de nos esconder este desenlace mais que previsível. Pediu-me que lhe viesse entregar os textos da sua investigação sobre Sintra, o palácio de Monserrate e os seus jardins, o que farei logo que possa.
Depois de os folhear e conhecer a rica e cuidada escrita de L., depois de ler as passagens sobre a penumbra e a luminosidade dos jardins românticos, talvez consiga, tal como eu, imaginá-la agora num pequeno bosque, suavemente sentada - com a sua graça de princesa e bailarina -, no degrau de um pequeno templete grego, branco e circular, sorrindo etérea e amorosamente para si.
Um até breve e até sempre do M. R. que o admira e lhe deseja bem.".
João Lobo Antune, in Memórias de Nova Iorque e Outros Ensaios"
Quão longo é ainda o caminho da educação médica....
PS - E porque o amor também existe...
Caro Noisy,
Sinto-me lisonjeado com a pergunta!!!!!
Trabalho, meu caro....
Trabalho...
Meus Caros,
Li alguns - ALGUNS - posts que pediam para falarmos de amor.
O acto de deixar alguém morrer é uma prova de amor...
... atrever-me-ía a dizer: a maior prova de todas, porque ser aquela mais desprovida de egoísmo.
Agimos para o outro, pelo outro, não por nós.
Deixarmos alguém partir... mesmo sabendo, ou apesar de, que será para sempre ou que tratar-se-á de um "até breve mais prolongado"!
Mais uma vez volto a JLA:
"Nunca a pratiquei, mas hoje lamento, pelo menos uma vez, não ter tido a coragem de ter aliviado o sofrimento de um ente querido na agonia de uma falta de ar intratável. Ofereci-lhe simplesmente uma torrente silenciosa de lágrimas. Será que ele, em trágica inversão dos papéis, terá pensado como o aviador de Saint-Exupery frente ao pequeno príncipe inconsolável: "Não sabia mais que lhe dizer [...] Não sabia como chegar até ele... É tão misterioso o país das lágrimas"?
Definições no crespúsculo?
Meus caros, são transições, como podemos definir limites estanques em interstícios temporais, espaciais, físicos e morais?
Ram,
Nem eu avancei motivos, eram só as saudades caro amigo ;)
O Éme desviou a coisa para aqui e fui logo, dedos lestos sobre o teclado, pesquisar no DVD "reumatismo". A minha desgraçada memória funciona assim, liga palavras estranhas aos textos para depois os ir caçar.
Reza assim o texto do Boss, oremos irmãos:
A pergunta, como a velha canção dos Zeppelin, permanece
a mesma: como deveríamos viver? Ou, de um modo mais as-
séptico, como devem os outros viver? Porque as colectivida-
des, incluindo a científica, quando não conseguem justificar
racionalmente as suas normas morais fragmentam-se e lan-
çam maõ da Lei, a Política substitui a Ética quando nos en-
contramos profundamente divididos.
Epístola de S. Murcon aos Lusos (e aos Caramulos, e aos Pedras Salgadas)
E este problema é central. Quando a pratica médica não se encontra unida por elementos racionais julstificativos e estudos normativos bastante e tendenciais a homogeneizar a praxis, logo ela mancando vai até à Lei buscar fundamentação, procurando não preservar ou melhorar o estado do paciente mas proteger o estatuto e a posição do médico e, em último caso, da classe ; )))))))))
Caro ajfrm,
Hipocrisia?
Não diria tanto.
Que hábito o nosso de darmos sentenças finais.
Não critico os colegas que dão um pouco de morfina "a mais" para amenizar definitivamente a dor, como não crítico aqueles que não o fazem.
Repito-me: "Definições no crespúsculo?
Meus caros, são transições, como podemos definir limites estanques em interstícios temporais, espaciais, físicos e morais?"
E esta, é uma Medicina do crespúsculo, de despedida!
Cara Yulunga,
Provavelmente não vai ler este post, mas importa-se de retirar essa foto?
Obnubila-me o pensamento.... :)))))))
Este assunto da morte, no caso da eutanásia é, em minha opinião, também um caso de amor. Sou favorável a que haja legislação para permitir que não se sobreviva além da vida e penso também que será um gesto de amor, que alguém possa colaborar nessa decisão quando o próprio a manifestou, mas não não pode decidir.
Noiseformind, em relação ao que disse só posso acrescentar... Amén
...um bom fim de semana para TODOS
...abreijosssssssssssssss
Foi a primeira vez que ouvi música no seu blog.É notável que ainda consiga ouvir aquela música de entrada.Confesso a minha incapacidade para tanto. E até mesmo quanto aos Beatles, confesso que prefiro O Net King Cole.Um abraço.PS Continuo a "furtar-lhe" os seus artigos do Murcon para O PROGRESSO DE GONDOMAR.No final de Setembro iremos comemorar o 4º aniversário do jornal, em princípio, e como tem sido, no LUAGAR DO DESENHO ( Fundação júlio Resende)em Gondomar. Teria muito gosto em que estivesse presente. Enviar-lhe-ei o programa.Um abraço.
Sobre a eutanásia ..e se cada qual deixasse declarada previamente a sua opção ?
Ver
http://glosa-crua.blogspot.com/2005/08/eutansia-por-opo-prpria.html
Caro Noisy,
As suas saudades são lisonjeadoras para mim.
Bem haja.
Só um aparte:
Acabei de ver - pela primeira vez :(((((( - "África Minha".
... e ainda dizem que o amor não existe?
Tolos...
Caro Noisy,
Não tem 30 anos, mas serve o propósito:
"Autopsy on the Schiavo TragedyPublished: June 16, 2005
New York Times
The autopsy results released yesterday should embarrass all the opportunistic politicians and agenda-driven agitators who meddled in Terri Schiavo's right-to-die case. There is no evidence that Ms. Schiavo's husband did any of the awful things attributed to him, and no hope that her greatly damaged brain would ever have recovered. The courts were right to conclude that she should be allowed to die after 15 years in what her doctors described as a persistent vegetative state with no hope of recovery.
The autopsy and a broader investigation conducted by medical examiners in Florida inevitably left some questions without definitive answers. That reflects the limitations of a pathological examination and the uncertainties of clinical medicine.
But what the inquiry did reveal leaves little doubt that death was the merciful finale to this tragic case.
The medical examiners found Ms. Schiavo's brain "profoundly atrophied," only half the normal size, and said that "no amount of therapy or treatment would have regenerated the massive loss of neurons." Although the autopsy could not definitively establish that Ms. Schiavo was in a persistent vegetative state, the findings were deemed "very consistent" with that diagnosis. She was completely blind and could not have swallowed food or water safely on her own.
E agora a politica:
"Those conclusions underscore how shallow and cynical were the judgments-from-afar by the Senate majority leader, Bill Frist, who is a doctor, and by other Republicans in Congress who contended that Ms. Schiavo looked responsive and that her condition might be amenable to treatment."
The medical investigation disproved paranoid theories that Michael Schiavo had injured his wife, either at the time of the accident or while she lay in medical institutions all those years. The autopsy was unable to pinpoint what caused her collapse in 1990, but the inquiry found no evidence of neglect, abuse, strangulation or other trauma. Nor did it find that any poison, drugs or other substances had been administered to her to hasten her death.
The findings will not satisfy Ms. Schiavo's parents, who remain convinced that she interacted with them before her death and could have responded to treatment. The family's lawyer argued yesterday that Ms. Schiavo had not been facing imminent death when her feeding tube was withdrawn. That was true in the sense that she could have been kept alive with a feeding tube. But according to testimony from her husband that the courts found credible, such a life was not what she would have wanted.
EDITORIAL
Theresa Marie Schiavo
Published: April 1, 2005
One of the most astonishing things about the human experience is the realization that loved ones die. The first time it happens, we are invariably amazed that nearly everyone who has ever lived has weathered an experience so wrenching. We see other humans on the street and in the shops and marvel that they manage to simply go about their business - that there is no constant, universal primal scream in the face of such an awful fact.
That level of grief seldom brings out the noblest emotions. The sufferers can barely make their way through the day, let alone summon their best reserves of patience and compassion for the lucky people who continue to live. In the case of Terri Schiavo, the whole world witnessed what happens when that natural emotional frailty is taken captive by politics.
It was awful, and according to the polls, the American public shrank from the sight of it.
What little we know about Terri Schiavo - the person, as opposed to the videotape - tells us that she would have been appalled by the last weeks of her life. What worse nightmare could a rather shy and affectionate young woman conjure up than 15 years of lingering unconsciousness, in which the entire globe became intimately familiar with the sight of her wasted limbs while the people she loved most engaged in a vicious court fight for control of her body?
That kind of ordeal - even if the victim was unaware she was enduring it - deserves to be honored with some meaning. On the most pragmatic level, she has been the instrument of thousands, and probably millions, of intimate conversations in which family members told one another what they would like to happen if their own bodies outlived their minds. In countless other cases, people recalled the days on which they had said goodbye to loved ones, and perhaps many came closer to peace in dealing with their own great losses.
Americans are a deeply pragmatic people, who constantly surprise ideologues of every persuasion with their willingness to accept whatever solution seems to work best at the moment. Our great ideals, when they are boiled down at a moment of crisis, often turn out to be mainly instincts - for fairness, for the right of individual self-determination or sometimes just for the pursuit of happiness. Watching the Schiavo case unfold, most Americans quickly opted for the solution that would end the ordeal.
Some people hold religious convictions so heartfelt that they could not bow to public opinion or the courts and accept the conclusion that Ms. Schiavo should be allowed to die. They deserve respect, just as her husband and her other relatives deserve sympathy.
Those relatives also deserve to be left alone, to be protected from a spotlight that turned a family tragedy into an international spectacle of sometimes shocking vulgarity and viciousness. The case attracted outsiders in search of little more than another opportunity to further their own self-aggrandizement. But worst of all were the powerful people who looked at the world we live in today, in which politics is about maximizing hysteria at the margins, and concluded that the Schiavo fight was a win-win - for everyone but the people who actually cared about the dying woman.
Today, finally, there is a moment of consensus. Rest in peace, Theresa Marie.
Olá a todos!
Embora tardiamente, aqui venho expressar o meu testemunho.
Concordo genericamente com a maioria das opiniões.
Viver e morrer com dignidade, é fundamental.
Aceite o princípio, falta o necessário para o pôr em prática - legislar e "testamentar" a nossa vontade, para o caso de não sermos capazes de a exprimir, em tempo útil.
Sofrer em vão, é uma atrocidade inútil.
Não incluo neste comentário o suicídio - é uma questão diversa e deve ser tratada em conformidade.
Saudações.
Débora
Ram,
Que coincidência - "postámos" exactamente à mesma hora!
Acabei de ler o seu post sobre a Terri Schiavo.
Alguns americanos são, de facto, verdadeiramente hipócritas: são contra a eutanásia, mas a favor da pena de morte ... é estranho, no mínimo)))))
Débora
Ram,
Nesse debate (que fizemos aqui em larga escala) a minha posição sempre foi clara. O PVS não é reversível além de lesões acima do último segmento do tronco cerebral. Alías, esse estado foi criado pela medicina ao ter capacidades para escabilizar cada vez mais os doentes. Pacemakers, sondas alimentares, respiradores auxiliares. A causa mais comum para a morte de quem está em PVS é a penumonia, devido à degradação dos tecidos por inacção, que dificulta a oxigenação geral. Ou seja, alimentámos o saco de orgãos. Atenção que não quero dizer com isto que se diagnostique esta condição de ânimo leve. O problema que temos hoje com o diagnóstico de PVS é precisamente ele ter sido mal feito no passado e agora, evidentemente, usam isso como arma de arremesso contra a classe médica ;( casos como o de Terry mostram a que ponto a ignorância pode ser perigosa, mesmo imbuída da mais sincera dor familiar. Aliás! O caso de Terry nunca se teria arrastado tanto tempo se ela não tivesse recebido uma indeminização que lhe permitiu manter o PVS numa instituição privado. TODOS os médicos que testemunharam no processo e trabalhavam em instituiçoes públicas disseram que pelos critérios éticos de Assistência e Responsabilidade já teriam há muito removido a sonda.
...Hi PROFE!... New sound?...
...Gooddddddddddddd
...I like it
:)
...............................
GOOD MORNINGGGGGGGGGGGGGGGGG
peopleeeeeeeeeeee
Detestaria a ideia de me tornar ornamento de uma cama, abandonando-me toda a esperança e toda a luz. O Professor naquele bocadinho que o Noise transcreveu fala de como deveríamos nós viver ou como deveriam os outros viver. Eu queria ter apenas, se chegasse a esse ponto, poder para decidir como deveria EU viver. E se isso implica apoiar outros que pensem como eu, então faria isso, como por exemplo, num referendo!
GOOOOOOOOOOOOOD MOOOOOOOORNNNNNNNNNNNNnIIIIIIINNNNNNNNNNGGGGGGGGGGGG LOBIIIIIIIIIIIIIICCCCCCEEEEEEEEEeeeeeSSSSSSSSSS
Só para espíritos muiiiiiiiiiiiito abertossssssssssssssssssss!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
The Aristocats contado pelos South Park
mas no olhar d eum leigo, o termo caridade pode ser usado nesta ambivalência do k "estar vivo" pode significar. bom f.s
Caro Noisy,
Eu considero-me um espírito aberto...
... but, sorry old pal, I just didn't get the bloody joke!
What's your point (if there’s one)?
ram,
A esta hora está o Prof., na borda da piscina, bermudas e camisa havaiana, Blood Mary na mão, "besta" com o volume no máximo, a dançar o último Megamix. ;)))
Ram,
Só um aparte:
Acabei de ver - pela primeira vez :(((((( - "África Minha".
... e ainda dizem que o amor não existe?
Tolos...
Claro que amor existe. No caso concreto, a “incerteza” desse amor “torna-o ainda mais intenso. Depois, a paisagem é linda e os diálogos também… enfim, tudo se conjuga. E os intérpretes também são importantes, claro.
Considero como clímax do ideal de amor, as palavras de Brel:
”Moi, je t’offrirai des perles de pluie venues de pays ou il ne pleut pas …”
C’est tout !
Débora
Eutanasia! È sempre a mesma conversa. Uns contra outros a favor, enfim…sempre a mesma coisa!
Penso que é tempo para deixarmo-nos de patetices estúpidas e ignorantes para assim deixar a mentalidade humana seguir o seu rumo natural, não acham?
Quando é que começou toda esta discussão? Tentamos seguir as pisadas mais estranhas e menos ortodoxas para tentar alcançar uma fama ou até mesmo para sermos ouvidos num mundo que não está interessado em ouvir!
Morrer, viver, casar, divorcio, filhos, cão, sogro, sogra, um chumbo, dois chumbos, etc… querem o quê?
Acham também que um doente de trissomia 21 deve morrer porque eventualmente deve estar a sofrer? Analogia diferente? Nem por isso! Quem sou “eu” para julgar seja o que for?
Será a eutanásia assim tão complicado de resolver? Mais uma vez… nem por isso! Será antes que a nossa sociedade que se diz moderna, estar a passar por uma grave crise de valores e de auto-estima? Talvez… Soluções? Para quê soluções, quando nós somos a solução para tudo! A morte física é mais do que natural, o nascer também é mais do que natural (é agora que aparecem novos conceitos como bioética, conservadores, extremistas enfim) acham mesmo que tudo tem que ser rotulado? Queremos ser os mais belos entre os mais belos, os mais puros, mas, esquecendo que humanamente cada um é como é (imperfeitos). Discussão saudável esta? É irrelevante. Andamos confusos, bastante confusos e tentamos o quê para refugiar todas estas frustrações que nos assolam? Temas sem importância como: morrer mais cedo, não viver, sei lá
Isto vai mudar … um dia … um dia
Guerras entre pensamentos e opiniões. Maravilhoso, lindo, fantástico, tudo isto faz também parte do Homem, ser ou não ser, eis a questão? Será? E se for: sou ou não sou … eis a questão!
É preciso reflexão espiritual e não pseudo - reflexões corpóreas e anti estéticas.
Ovanguardista.blogspot.com ou então sexto-empirico.blogspot.com
vamos a isso!! :)
grande tema prof... viver nao é so durar ou, como dizia o outro, mais vale um single dos beatles a um LP da sarita montiel, certo? certo!
ps. .)
Caro Sr Prof
Em vez de colocar o meu comentário no post anterior coloquei-o aqui. Erro de quem ´e a primeira vez que aqui vem.
Adeus a todos
Matilde
Fiquei horrorizada com o conteúdo de um artigo que se reportava a uma investigação feita sobre a prática ilegal da eutanasia. Impressionou-me saber o quanto é dificil matar sem sofrimento e com rapidez (podem demorar a morrer horas, dias até!)!
Deveriam instituir a "graça da morte"...
"Vencer a dor" sim, mas "retardar a morte" não por favor.
A minha Mãe, na sua fase terminal pedia ao médico para a ajudar a morrer, usando esta frase "se os cavalos se abatem para não sofrerem porque não têm também o mesmo procedimento connosco?".
A vontade do doente (ou da família quando ele não está em condições de opinar) devia ser bitola para as decisões médicas.
Luisa Maria
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