quinta-feira, agosto 18, 2005

Porque estamos no Verão.

Arte de Navegar


Vê como o Verão
subitamente
se faz água no teu peito,

e a noite se faz barco,

e minha mão marinheiro.

(Eugénio de Andrade, Obscuro Domínio.)

57 comentários:

Unknown disse...

Para mim o Mar é como deveria ser o Natal: Sempre!!!!!!!!!

salomé disse...

Que subtileza e que profundidade. Como é pssível traduzir-se todas as emoções, que vêm com o calor do Verão, em apenas alguns versos? Cada vez mais amo Eugénio de Andrade. E cada vez gosto mais do bom gosto do Júlio.

Anónimo disse...

senhor professor júlio machado vaz, o senhor é um romântico...
juntando isso a outras coisas que já lhe chamei, algumas bem mais adoçadas do que outras, não faço a mínima ideia da receita que dá. enfim...
só para lhe responder à letra:


soube que vieste ver-me esta noite
soube-me bem agora lembrar-te
no meu sonho adormecias
com o meu nome entre os teus lábios

Anónimo disse...

Como a Yulunga falou no mar, lembrei-me do Eça, da sua brilhante distinção entre a terra e o mar:

"O mar, sr. ministro, não tem a calma tranquilidade da terra: a terra estende-se ao sol, como a ninfa antiga, e deixa na sua impassibilidade santa que a violem, a dilacerem, a cavem, lhe tirem o vinho, o pão, o oiro, todos, - os inexperientes e os subtis, os fracos e o impetuosos; e aos que a rasgam e roubam, dá a decoração colorida das sombras, a vaporação dos aromas e as consolações da paisagem. O mar, sr. ministro, defende-se: olha o homem como um inimigo; cerca-se de rochas, embuça-se traidoramente na névoa, apavora com o seu ladrar monótono. É necessário espreitá-lo, ver quando dorme: então o pescador, rema em silêncio, adianta-se um pouco, deita as redes, e rouba-o. Já vê, sr. ministro, que (a pesca) não é uma indústria: é a pirataria da fome, feita contra o bom Deus."

Este texto está incluído nas "Farpas" e faz parte de uma carta de agradecimento ao Ministro Fontes Pereira de Melo pela sua decisão de extinguir o imposto do pescado.

Mia disse...

Boa contribuição Gonçalo! Mesmo!

Anónimo disse...

Mia,

Obrigado.

Julio Machado Vaz disse...

Gonçalo,
Uma delícia:).

Anónimo disse...

Prof. JMV,

Momentos de criatividade todos temos, de genialidade nem todos, mas o Eça está acima disso, em certo sentido penso que é um génio.

Anónimo disse...

...e porque estamos aqui, precisamos mesmo de navegar!
E para o fazermos bem, temos de fazer do "navegar" uma arte!
Por isso quem bem navega, com entusiasmo, com garra, sempre á espera de navegar cada vez melhor, de saber enfrentar cada vez melhor os monstros e os cabos...acaba por saber "bem viver"!
E afinal não é isso que todos nós queremos?...

Anónimo disse...

Navegar é preciso...!

Anónimo disse...

A 'blogswarm' stings old media into action
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CLÁUDIA disse...

Olhe Professor, não sei que lhe diga!

O Verão, já por si só, é uma época propícia à erotização dos contextos e das pessoas à nossa volta. E o Professor ainda por cima atira-nos assim com estas coisas para cima. Apanha-nos desprevenidos com poemas de uma beleza enorme, que encerram em si mesmos uma carga de sensualidade e desejo que nos deixam a fervilhar. Pelo menos falo por mim...

Anda mesmo a querer mexer connosco! ;))))))

CLÁUDIA disse...

Citando-me a mim mesma: "...ainda por CIMA atira-nos assim com estas coisas para CIMA." Desculpem a repetição.

Já viram o estado em que se fica depois de ler e ficar a matutar num poema escolhido e postado pelo Professor? ;))

Anónimo disse...

"E ela confessa-mo! Pormenoriza até às menores circunstâncias! O seu olhar tão belo, fixo sobre o meu, reflete o amor que ela sente por um outro!" - Schiller

O amor, esse que está na origem de tudo o que aqui se diz!

Sofia Bragança Buchholz disse...

… e a “mão marinheiro” estimula a "libertação pelas terminações nervosas NANC de NO e citrulina a partir da L-Arginina sob acção da NOS. A adenilciclase vai actuar sobre a Adenosina Trifosfato (ATP) transformando-a em Adenosina Monofosfato cíclico nos músculos lisos. Nas células endoteliais o NO por acção da Guanilciclase sobre a Guanosina Trifosfato vai formar a Guanosina Monofosfato cíclico que é responsável pela deplecção do cálcio intracelular provocando o relaxamento da parede vascular aumentando assim a circulação e por consequência o engorgitamento da parede vaginal e clítoris".

Ora bolas, voltando ao registo cientifico! ;-)

Anónimo disse...

"Frases sem ligação, encontros casuais, transformam-se em provas da maior evidência para o homem de imaginação se ele tem algum fogo na alma." - Shiller

Manolo Heredia disse...

rus quando ego te aspiciam! - Horácio.

Há aí alguém que saiba latim? Eu não!

Anónimo disse...

bigmouth 2:57 PM

"Se navegar é preciso, não vamos deixar o Mar Português de fora ! Seria um crime..."

Então, já que assim é, deixo aqui este "Na orla do mar", de Eugénio de Andrade:

Na orla do mar,
no rumor do vento,
onde esteve a linha
pura do teu rosto
ou só pensamento
- e mora, secreto,
intenso, solar,
todo o meu desejo -
aí vou colher
a rosa e a palma.
Onde a pedra é flor,
onde o corpo é alma.

Manolo Heredia disse...

Fora..lei
Não consigo gostar deste verso, lembro-me sempre da 1ª frase em espanhol: "Na aurilha d´el mar" ...
è inestético !

Anónimo disse...

Mar, metade da minha alma é feita de maresia.
Sophia de Mello Breyner

RAM disse...

Caro Manolo,

"Ó campo, quando tornarei a ver-te".
A que propósito vem a citação?

Titá disse...

É de uma cumplicidade apaixonante, com metáforas que nos envolvem e levam ao tal prazer que não tem que ser obrigatoriamente orgasmico.
Como gosto de Eugénio de Andrade!!!!

Titá disse...

E como gosto do mar....
E como gosto de Sophia de Mello Breyner, vou deixar aqui uma outra menção ao mar:

"Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim.
A tua beleza aumenta quando estamos sós.
E tão fundo intimamente a tua voz
Segue o mais secreto bailar do meu sonho.
Que momentos há em que eu suponho
Seres um milagre criado só para mim.“


"Quando eu morrer
Voltarei para buscar
Os instantes que não passei ao pé do mar"

"Sophia de Mello Breyner Andresen in Geografia

Manolo Heredia disse...

RAM,
Obrigado pela tardução! é que há escritores que pensam que só os intelectuais é que os lêm... e fazem citações em latim sem as traduzir... Este não será o caso, pois Stendhal escreveu numa época em que se ensinava latim em todas as escolas (até na primária, se ela existisse)!

Unknown disse...

Gonçalo

Magnifico!!!!

Obrigada

Unknown disse...

As inscrições para o jantar estão abertas.
http://jantardomurcon.blogspot.com

Pamina disse...

Boa tarde JMV e Maralhal,

Outro poema lindíssimo. Faz-me lembrar um haiku.

Como quase todos têm dado a sua contribuição, aqui fica também a minha:

NOCTURNO

O desenho redondo do teu seio
tornava-te mais cálida, mais nua,
quando eu pensava nele...Imaginei-o,
à beira-mar, de noite, havendo lua...

Talvez a espuma, vindo, conseguisse
ornar-te o busto de uma renda leve
e a lua, ao ver-te nua, descobrisse,
em ti, a branca irmã que nunca teve...

Pelo que no teu colo há de suspenso,
te supunham as ondas uma delas...
Todo o teu corpo, iluminado, tenso,
era um convite lúcido às estrelas...

Imaginei-te assim à beira-mar,
só porque o nosso quarto era tão estreito...
-E, sonolento, deixo-me afogar
no desenho redondo do teu peito...

David Mourão-Ferreira

Sergio Figueiredo disse...

Bem, eu viro-me sempre um pouco mais para Florbela Espanca:

Vozes Do Mar


Quando o sol vai caindo sobre as águas
Num nervoso delíquio d’oiro intenso,
Donde vem essa voz cheia de mágoas
Com que falas à terra, ó mar imenso?...

Tu falas de festins, e cavalgadas
De cavaleiros errantes ao luar?
Falas de caravelas encantadas
Que dormem em teu seio a soluçar?

Tens cantos d'epopeias?Tens anseios
D'amarguras? Tu tens também receios,
Ó mar cheio de esperança e majestade?!

Donde vem essa voz,ó mar amigo?...
... Talvez a voz do Portugal antigo,
Chamando por Camões numa saudade!

Florbela Espanca

Pamina disse...

Tita(4.40),

Também gosto muito da Sophia. Esta é especialmente para si:

INICIAL

O mar azul e branco e as luzidias
Pedras-O arfado espaço
Onde o que está lavado se relava
Para o rito do espanto e do começo
Onde sou a mim mesma devolvida
Em sal espuma e concha regressada
À praia inicial da minha vida.

(Sophia de M.B.A.)

Bem-vinda às lides murcónicas:)

Anónimo disse...

Apesar das ruínas e da morte,
Onde sempre acabou cada ilusão,
A força dos meus sonhos é tão forte,
Que de tudo renasce a exaltação
E nunca as minhas mãos ficam vazias.



Sophia de Mello Breyner

Sweet dreams ;)

PortoCroft disse...

EuGénio de Andrade, atingiu a eternidade.

Mas gostaria, já agora e tal como a Pamina, de homenagear outro grande vulto da nossa cultura: David Mourão-Ferreira

Paraíso

Deixa ficar comigo a madrugada,
para que a luz do Sol me não constranja.
Numa taça de sombra estilhaçada,
deita sumo de lua e de laranja.

Arranja uma pianola, um disco, um posto,
onde eu ouça o estertor de uma gaivota...
Crepite, em derredor, o mar de Agosto...
E o outro cheiro, o teu, à minha volta!

Depois, podes partir. Só te aconselho
que acendas, para tudo ser perfeito,
à cabeceira a luz do teu joelho,
entre os lençóis o lume do teu peito...

Podes partir. De nada mais preciso
para a minha ilusão do Paraíso.

noiseformind disse...

Fiquei admirado...
Ainda embalado pelos orgasmos de ontem voltei hoje ao Motel Havay e disfrutei de todas as suas maravilhas e vocês estão em claro período refractário ; ))))))))))) e não é por causa do Éme, que ele não deixou de meter o dedo no clítoris, água, peito, mão de marinheiro (mão marota como todas as mãos dos marinheiros são). lembro-me assim de repente de uns 20 poemas de Neruda e uns 40 de Ángel Gonzalez

Todo lo consumado en el amor
no será nunca gesta de gusanos.

Los despojos del mar roen apenas
los ojos que jamás
—porque te vieron—,
jamás
se comerá la tierra al fin del todo.

Yo he devorado tú
me has devorado
en un único incendio.

Abandona cuidados:
lo que ha ardido
ya nada tiene que temer del tiempo.

E sempre que falam de peito penso em Emily Dickinson

Her breast is fit for pearls,
But I was not a "Diver" --
Her brow is fit for thrones
But I have not a crest.
Her heart is fit for home --
I -- a Sparrow -- build there
Sweet of twigs and twine
My perennial nest.

Apesar de aqui o contexto se perder...

A noite leva-nos, é a oportunidade, assim como toda a nossa vida é uma oportunidade. O peito convida e chama, e a sua aceitação naquela noite da nossa mão torna-nos plenos de função e força. A paixão parece garantir-nos breves momentos de certeza, ás vezes penso nisso quando dispo uma mulher. É um problema tremendo despir uma mulher,

Afinal despindo perdeu-se tempo,
Afinal despindo ganhou-se um corpo,
Corpo nu ganhou-se certeza,
Corpo nu o espírito descansa, os olhos
Deleitam-se, os olhos cansan-se...
E quando se ganha perde-se sempre
qq coisa, e quando se parte sabe-se
Lá se a chegada será depois de boa viagem.
Disfrutar parece ser o melhor caminho,
Ir para o calor imenso, largar a aragem...

Autor: noiseformind

Anónimo disse...

em geral a mulher nua é menos sexy que vestida !

PortoCroft disse...

Anónimo das 8:33 PM,

There's a saying here:

Girl, you look beautiful in that outfit but much better without it. ;))))

noiseformind disse...

Porty,
Na minha opinião a aplicação depende do quanto o outfit altera os "goods"
Se sem o soutien os peitos chegam ao umbigo e sem as cuecas as nádegas parecem as bochechas do Mário Soares... já para não falar no verdadeiro arsenal que não está À vista a "aguentar o barco" e que vai aumentando com a idade: Os cremes, as plásticas, a maquilhagem... ; ))))
Se há coisa que gosto é de "naturaleza". Pode ser muito feia, mas que pelo menos seja tão naturalmente feia como eu!!! ; ))))))))))))

Su disse...

Coisa amar - manuel alegre

Contar-te longamente as perigosas
coisas do mar. Contar-te o amor ardente
e as ilhas que só há no verbo amar.
Contar-te longamente longamente.

Amor ardente. Amor ardente. E mar.
Contar-te longamente as misteriosas
maravilhas do verbo navegar.
E mar. Amar: as coisas perigosas.

Contar-te longamente que já foi
num tempo doce coisa amar. E mar.
Contar-te longamente como doí

desembarcar nas ilhas misteriosas.
Contar-te o mar ardente e o verbo amar.
E longamente as coisas perigosas.

Anónimo disse...

o senhor X foi fazer um safari no Kénia. Perdeu-se e foi raptado por um belo gorila que o sodomisou.
Três dias depois foi encontrado pelos guias a quem omitiu a parte erótica do rapto. Regressou a Portugal com ar triste e melancólico a pesar da sorte que tivera em ser resgatado à fera. Só ao seu melhor amigo contou a versão integral. O amigo prometeu-lhe não contar a ninguém e confortou-o dizendo:
- Não te rales que ninguém fica a saber, pois eu, que sou o teu melhor amigo, não direi nada a ninguém e o macaco, esse nem fala.
Ao que o amigo lhe respondeu:
- Pois esse é que é o problema; não fala... não escreve... não telefona ...

Anónimo disse...

Portocroft,

Lena D´agua?????
Não há pachorra!Dasss!

Anónimo disse...

De todas as mudanças de língua que tem que enfrentar o viajante em terras longínquas, nenhuma iguala a que o espera na cidade de Hipácia, porque não diz respeito às palavras mas sim às coisas. Entrei em Hipácia uma manhã, um jardim de magnólias reflectia-se em lagunas azuis, eu andava por entre os canteiros seguro de descobrir belas e jovens damas a tomar banho: mas no fundo das águas os caranguejos mordiam os olhos das suicidas de pedra atada ao pescoço e cabelos verdes de algas.
Senti-me defraudado e pretendi pedir justiça ao sultão. Subi as escadarias de pórfiro do palácio de cúpulas mais altas, atravessei seis pátios de azulejos com repuxos. A sala no meio estava barrada por grades: os forçados com negras correntes amarradas aos pés içavam pedras de basalto de uma mina que se abria debaixo da terra.
Só me restava interrogar os filósofos. Entrei na grande biblioteca, perdi-me entre as estantes que vergavam sobre o peso das encadernações de pergaminho, segui a ordem alfabética de alfabetos desaparecidos, subi e desci corredores, escadas e pontes. No mais remoto gabinete dos papiros, numa nuvem de fumo, apareceram-me os olhos apatetados de um adolescente deitado numa esteira, que não tirava os lábios de um cachimbo de ópio.
– Onde está o sábio? – O fumador indicou-me a rua pela janela. Era um jardim com jogos infantis: os jogos de paulitos, os baloiços, o escorrega. O filósofo estava sentado na relva. Disse: – os sinais formam uma língua, mas não a que julgas conhecer. – Compreendi que devia libertar-me das imagens que até aqui me haviam anunciado as coisas que procurava: só então conseguiria entender a linguagem de Hipácia.
Agora basta que oiça relinchar os cavalos e zunir os chicotes e logo me assalta uma trepidação amorosa: em Hipácia tive de entrar nas cavalariças e nas oficinas dos ferradores para ver as belíssimas mulheres que montam nas selas de coxas nuas e polainas nas pernas, e que mal se aproxima um jovem estrangeiro o deitam sobre montes de feno ou de serradura e o apertam com os rijos mamilos.
E quando a minha alma não pede outro alimento e estímulo que não seja a música, sei que tenho de procurá-la nos cemitérios: os tocadores escondem-se nos túmulos; de uma cova para a outra correspondem-se trinados de flautas e acordes de harpas.
Decerto mesmo em Hipácia também chegará o dia em que o meu único desejo será partir. Sei que não deverei descer ao porto mas sim subir ao pináculo mais alto da fortaleza e esperar que passe um navio lá por cima. Mas passará alguma vez? Não há linguagem sem engano.

As Cidades Invisíveis
Italo Calvino

P.S. "se me deixardes viver, amanhã, à noite, conto-vos outra ainda mais bonita".

Anónimo disse...

Por favor:

Em termos de música, consinta a opção de ligar ou não o rádio...

Por exemplo, vou já mudar de blog por causa da música irritante que não pedi!

PortoCroft disse...

Rataplan e Anónimo,

Se repararem, no player, existe a opção "Forward" e "Stop". Funciona em todos os 8 canais de música.

Anónimo disse...

Portocroft,

Não é caso para amuar! Estou a ouvir o canal 4 que adoro! Já uma vez lhe agradeci o som do murcon e volto a fazê-lo! Obrigaaaaaaaaaaaaada!

PortoCroft disse...

rataplan,

Não amuo. Zango-me. e quando assim é, hajam pratos.;)

Anónimo disse...

Portocroft,

A Lena D´agua agradece e a Vista Alegre também.

PortoCroft disse...

rataplan,

;)

Anónimo disse...

Ai que palavras são sensuais que andam por aqui, os orgasmos continuam, sem dúvida, de forma mais entretecida mas não acabam, não senhora. Vinha já excitada das palavras do Júlio e chegada ao poema do Noise já sabia que não ia resistir ao embate antes de chegar ao fim... abandonei-me e pronto!
Vocês são uns verdadeiros terapeutas, e não falo em termos de canudo. Isto é, em termos de canudo, falo e não falo. É melhor calar-me antes que comece a contar piadas de gorilas.
A língua espanhola é tão bonita para a poesia, não te parece Noise?
Pablo Neruda em espanhol tem uma força que nenhuma tradução para outra língua latina pode assombrar.
E o Professor, quando é que nos presenteia de novo com Pablo Neruda?;)

Anónimo disse...

Cá fica um dos meus favoritos dele, no original e só na parte
final, que me parece um verdadeiro momento orgásmico masculino:


Cómo sabría amarte, mujer, cómo sabría
amarte, amarte como nadie supo jamás!
Morir y todavía
amarte más.
Y todavía
amarte más
y más.

P. NERUDA

Anónimo disse...

Take this kiss upon the brow!
And, in parting from you now,
Thus much let me avow--
You are not wrong, who deem
That my days have been a dream;
Yet if hope has flown away
In a night, or in a day,
In a vision, or in none,
Is it therefore the less gone?
All that we see or seem
Is but a dream within a dream.

I stand amid the roar
Of a surf-tormented shore,
And I hold within my hand
Grains of the golden sand--
How few! yet how they creep
Through my fingers to the deep,
While I weep--while I weep!
O God! can I not grasp
Them with a tighter clasp?
O God! can I not save
One from the pitiless wave?
Is all that we see or seem
But a dream within a dream?

Edgar Allan Poe - A Dream Within A Dream


sweet dreams

Anónimo disse...

O mar enrola na areia ...
Nínguém sabe o que ele diz..
Bate na areia e desmaia...
Pk se sente Feliz!


Na altura eram mais metaforicamente recalcados...

Ainda não havia blogues destes, é o que é!
O meu clíoris (que é um órgão pensante!) anda com uma autoestima elevadísssssima- ele agradece

Anónimo disse...

clítoris com autoestima elevadísssssima?

Dr.Murcon, quantos comentários tenho que fazer para ter direito à sobremesa?

RAM disse...

1.
Amor
Hera de mil raízes a adagas

2.
A paixão - o sedimento do olhar
De um olhar persistente
e carinhoso.
Enlevado

3.
"Tão veloz como o desejo"
Assim seja tudo entre nós
assim o meu mais doce beijo.
Ocioso. Úbere

4.
A amizade - partilha de hesitantes marés
a esgotarem-se em carícias
às areias e búzios
da beira-mar do olhar.

5.
A atenção ao mais ínfimo grão do olhar
- eis o que a paixão nos pede

6.
Uma noite acompanhado é um dia
veloz, sôfrego
por mais outra noite de magia.

7.
Beijámo-nos a tarde inteira,
longamente. Em profundidade.
Olhamos para o lado - tudo por fazer.
Até o Amor.

8.
Amo-te
e contudo não sei isso em concreto.
Amar-te é
fazeres-me falta?
Convenhamos que é muito pouco.
Ridículo até.

9.
Não sei passar sem ti.
Arriscas-te a amar um verbo de encher
a beijar no vácuo do ar.
Nem Santa Teresa de Ávila se saciaria nisso.

10.
A felicidade.
Uma mulher bela que ordena
em seus lábios de purpurina: bebe!
Juro que o é
com a mina mão debaixo da tua coxa.

Paulo Bateira

RAM disse...

Nota:
1.
Hera de mil raízes e adagas

Anónimo disse...

E porque se fala de obscuro domínio,

"E il naufragar m'è dolce in questo mare". Leopardi

Anónimo disse...

Bigmouth (10:16):
Eu é que agradeço!

Titá disse...

PAmina, obrigada :-)

Roberto Iza Valdés disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Roberto Iza Valdés disse...
Este comentário foi removido pelo autor.