segunda-feira, março 20, 2006

O que torna a prevenção muito difícil, acrescento eu.

Drogas


Leonel de Castro

Três estilos de música electrónica, pessoas diferentes, cada uma com as suas drogas de eleição. O psicólogo Vítor Silva percorreu, durante dois anos, festas de "trance", "house" e "techno" e confirmou que o uso recreativo de drogas nestes ambientes é distinto.

"O uso das drogas está muito associado aos estilos destas três subculturas de música. Há policonsumo em todas e o haxixe surge como o refogado de um prato psicotrópico em que se juntam todas as outras", explicou.

No entanto, há as drogas rainhas de cada estilo. "O 'trance' está ligado à espiritualidade, logo as drogas de eleição são as psicadélicas (LSD, cogumelos mágicos). O 'house', muito associado à sensualidade, privilegia o consumo da cocaína e da pastilha, enquanto o 'techno' está completamente ligado à energia e ao consumo de pastilhas", resumiu Vítor Silva.

Esta conclusão foi apresentada em tese de mestrado, na Faculdade de Psicologia da Universidade do Porto, e sugere outras diferenças a nível cultural e socioeconómico, as primeiras a serem detectadas pelo psicólogo que quis entender os consumos recreativos.

"O 'techno' é o parente pobre. As pessoas que frequentam as festas têm um nível cultural mais baixo, poucas são as que têm a escolaridade obrigatória. Muitos são desempregados. Gostam de fazer esta distinção, porque normalmente dedicam-se ao pequeno tráfico", referiu Vítor Silva, adiantando que são festas frequentadas por gente muito jovem, com 16 anos.

Os adeptos da música "trance" são, "talvez, os que melhor planeiam o consumo, porque o entendem como oferendas dos deuses, com objectivos específicos, associados à transcendência e os excessos provocam os castigos". São normalmente da classe média e estudantes universitários ligados às áreas das humanidades, com um nível cultural elevado.

Para Vítor Silva, o "house" foi o estilo mais difícil de definir, "é muito heterogéneo. "Por um lado, temos um grupo de pessoas mais velhas, até aos 40 anos, com poder económico, que consome cocaína. Os mais novos, entre os 16 e os 25 anos, optam pelas pastilhas, provavelmente ecstasy".

Excessos

Em qualquer um dos casos, a maior preocupação revelada é o excesso de consumo. "São consumos contextualizados, em ambientes de festa, e normalmente demonstram conhecimentos sobre os efeitos de cada uma das drogas. Por exemplo, que não devem consumir mais do que uma determinada quantidade e o que não devem misturar, isto de acordo com os questionários que elaborei ao longo do trabalho", afirmou.

No entanto, "na prática, fazem o contrário. Há quem fale em consumos de 12 pastilhas por festa, ou mesmo em 'minar a bebida', ou seja, desfazer ecstasy numa bebida alcoólica quando apenas devem beber água". Por outro lado, sublinhou, além do consumo exagerado e mal associado, "há ainda a questão de não se saber, por exemplo, de que são feitas as pastilhas. Estão muito adulteradas e representam um risco para a saúde pública mais grave do que o MDMA (que deu origem ao ecstasy)". Verificou que, além do ecstasy, também consomem anfetaminas.

"Era importante apostar nas políticas de proximidade, fazer o que se faz na Holanda onde se facilita os testes às pastilhas. Correm-se menos riscos. Basta ver alguns pela manhã a delirar ou a não conseguir andar".

"É importante lembrar que se tratam de consumos exagerados, mas não são toxicodependentes e não se vêem como tal", concluiu.

15 comentários:

andorinha disse...

Boa noite.

"É importante lembrar que se tratam de consumos exagerados, mas não são toxicodependentes..."
Consumos exagerados com carácter de regularidade não podem levar à toxicodependência?
Isto pergunto eu que sou virgem na matéria.:)

Julio Machado Vaz disse...

Carlos,
Ou se é dependente ou não. Se se é, podemos estar mais "agarrados" ou menos. Como sabe, a dependência física é de resolução relativamente fácil. Já a psicológica..., dá-nos água pela barba!

Vanda disse...

Interessante, nunca imaginei que as drogas mudassem consoante a musica, mas, realmente, faz sentido.

Curioso também, não se considerarem dependentes delas...
embora os consumos sejam elevados.

Voto no teste à pastilha, claro, mas neste país dificil é chegar lá...olhe o caso da tuberculose...

andorinha disse...

Júlio,
Não há direito:), respondeu à pergunta do Carlos e não respondeu à minha.
Se lhe pergunto, é porque não sei e gostava de ser esclarecida.:)

A Menina da Lua disse...

Hello! hello!

Here I am!!!

Para os saudosos e que ainda se lembrem de mim!!:))
É só para dizer que cheguei e que estou cheia de saudades!!
Ainda não consegui ler nada dos postes anteriores mas prometo ter tudo lido amanhã.

Beijinhos!!!

andorinha disse...

ameninadalua,

Olá!
Isso é que foi uma ausência prolongada!:)
Quando nos afastamos ficamos com saudades deste cantinho, né?:)))
Faz-nos falta este ponto de encontro diário.
Mas agora pões tudo em dia.
Beijinhos.

CêTê disse...

É sobre cafeína.




Vá podem rir antes.










Pois eu acho que sou dependente de cafeína. Sério, sério.
Aguém que não recordo quem (mas um "Alguém" muito conceituado) disse um dia que "todos somos viciados em algum tipo de químico" e eu acho que tem toda a razão.
Temos depois todas as cambiantes que dependem dos custos, dos efeitos secundários, do contexto social e que se consomem, etc etc.

CêTê disse...

Huuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuum. Cá para mim o professor anda com pouca pachorra/ tempo para rever os comentários. vai daí optou por esta modalidade. Até já sei que nem vai responder por isso nem vou perguntar se estou certa. ;]

Durmam bem.

maloud disse...

A nicotina provoca dependência. Mas julgo que seria capaz de deixar de fumar os dois maços por dia, se fosse só física. O problema é a psicológica. Julgo que se passará o mesmo com o haxixe. E com as outras?

Vera_Effigies disse...

Cetê
Sabias que a cafeína activa a memória e previne Alzeihmer e Parkinson?

CêTê disse...

lusco_fusco:
Ora bolas e eu que pensava que o futuro me reservava um Alemão para encobrir a minha falta de tino que sinto a levedar dentro de mim com o passar do tempo. ;]

a disse...

cogumelos mágicos é incrível! Mas acho que nunca os meteria antes de uma festa de trance, só mesmo, como fiz, num bosque na holanda, em haia.

Quantos às outras drogas, tirando o haxixe (que de vez em quando uma passa até sabe bem), não tenho curiosidade.

Mas é verdade que o consumo é muito diferente dependendo do tipo de música e do tipo de festa, mas generalizar a forma como as pessoas consomem as drogas é injusto. Tenho amigos que fazem questão de não fazer misturas quando consomem MDMA, ou coca, ou ecstasy. Além disso não abusam, consomem quando vão a uma festa, uma ou duas vezes por ano.

Não é a prevenção que é essencial, mas a educação. A maior parte das pessoas não conhece as drogas que existem, não sabem os seus efeitos, origens, nem consequências. A maior parte das pessoas nem sabe o que são os canabinóides, o que fazem, nem as várias formas de os consumir. Quanto mais as outras drogas menos conhecidas!

blogico disse...

é natural que o ambiente social influenci e o consumo, mas agora culpar a música isso eu não aceito! :)

floreseabelhas disse...

A César o que é de César...
Este artigo, publicado no JN, é da autoria da jornalista Virgínia Alves. Leonel de Castro é fotógrafo.

Su disse...

..é distinto pq depende do poder de compra, afinal uma pastilha nem tem o mm preço da coca...:))) mas achar que o trance é para ....um grupo com um nível cultural elevado.:))))

.. posso concluir que ele não andou em todas as festas e fez o trabalho pastilhado:)))

jocas maradas