segunda-feira, janeiro 28, 2008
A outra escrita.
Não lanço ao rosto do coração o rali todo-o-terreno em que tornou a minha vida nos últimos anos. Pelo contrário, estou-lhe grata, nunca invejei os que chegam ao fim do caminho sem nódoas negras, afectivamente puros. Mas preciso de o colocar entre parênteses na escrita. Ele não o consegue ou deseja fazer, "apenas" exige ao texto que persiga a arte. Eu, que tenho uma relação bem menos íntima com as palavras, espero mais delas - uma lucidez crua, sem os véus da interpretação, do significado inconsciente, da metáfora. Sim, mais; porque ambiciono a compreensão do que me rodeia e acontece, não acreditando em revelações à la estrada de Damasco. Resta o trabalho árduo. E as palavras no papel são ferramentas indispensáveis, mesmo uma folha rasgada com desânimo traduz o esforço de aproximação às verdades dos factos, estados de alma leva-os a brisa.
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17 comentários:
Ena!;))))
Isto tem estado uma tristeza.;P
Lembram-se daquele filme (já velhinho) em que uma enfermeira doida varrida torna prisioneiro o seu "amor"? Eu já estava a imaginar o professor acorrentado a uma cama com as tíbias partidas e a mão direita desfeita (supondo que é com esta que escreve à Maria);)
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Quanto ao post não estou com capacidade de o comentar.
(estou pocessa pela forma como as escolas e os docentes estão a ser castrados- cobardemente silenciados e silenciosos. Indignada- eu que não mais do voláteis memórias tenho de uma Ditadura- e assim se destoí a liberdade dos caracóis- cada um na sua concha!);((((((((((((((((
Calma Cêtê..., não se precipite ..., pois que esta e outras benfazejas políticas só irão ser pelo mexilhão certamente compreendidas daqui a mais um ano...
Pois.:(
Há que tempos não o lia no feminino Prof...;))))
Meu caro Dr.
"ESTE DIZ TUDO", é o que dizia a minha ex quando o via na TV, querendo dizer que o senhor falava sem qualquer problema.
Eu acho que nódoas negras todo teremos, uns mais outros menos.
Agora, onde eu estou a cem por cento com o senhor, é nessa do rali todo o terreno. Acho que adoraria tê-lo feito.
Não consegui .. pelo que não tenho direito a escrever mais nada.
A não ser pedir que aceite os cumprimentos do
João Brito Sousa
João,
Aqui escreve o que quiser:). Abraço.
BOA NOITE:)
Que saudades da sua escrita!
"Ele...exige ao texto que persiga a arte."
Também eu prefiro esta escrita, aqui lamento não poder tomar partido por uma mulher, mas tenho que ser honesta:)
Na escrita prefiro de longe a metáfora à lucidez crua.
Não entendo como se consegue chegar ao fim do caminho sem nódoas negras...uns mais, outros menos, todos as vamos acumulando.
Olhar,
O último post já foi no feminino, penso eu de que...:)
A palavra....a palavra que é a via de comunicação com os outros, ..o outro. A forma de dizer não dizendo. A forma de não dizer dizendo.
A palavra,... que nos deixa dizer as nossas fantasias de uma forma que só nós as sabemos, de uma forma que só os outros imaginam.
A palavra... a fuga ou o encontro.
O dom da palavra ou o saber ler... o saberem ler-nos. Esse é o dom da palavra.
O outro é só uma forma de atirar para o papel o que sentimos ou gostariamos de viver., o que vivemos ou nos ficou na memória.
A palavra....
Um mote para poder dizer o que os outros pensam ser invenção...e por vezes o é realmente.
A palavra... a única forma de não ser rigorosa, porque tenho constantemente de o ser.
Boa noite Professor.
Também não invejo os puros- respeito a sua candura questionando-me por vezes se o são por negação ou por falta de "sorte".
As palavras...
Há "coisas" que não têm significante perfeito em língua nenhuma.
E há palavras tão feias e banais para coisas tão bonitas e singulares!
Mas, os homens têm, por mais que não queiram, uma maneira angulosa de escrever.;)))))
E uma atitude catalogante perante a vida e perante os afectos.
Acho eu. ;P
Mas isto também deve ser da hora.;)
Algo me diz que a escrita de JMV está, cada vez mais, na rota certa.
Na realidade, há grandes escritores da nossa praça que me obrigam a reler muitos dos seus parágrafos (mais do que uma vez...) para eu poder entender o que pretendem transmitir. Sinceramente, não sei se isto é resultado de uma eventual pobreza intelectual da minha parte ou se é mera consequência da escrita mais ou menos rebuscada desses mesmos escritores.
Se for - de facto - resultado do estilo literário, então é sinal que JMV já esteve mais longe de se afirmar como um grande escritor. Isto porque, no caso concreto deste post, foi-me totalmente impossível entender a “mensagem” à primeira. Tive que o ler duas ou três vezes.
“Ironias” à parte, quem me dera saber escrever assim... com ou sem coração.
eu prefiro a metáfora-----------
jocas maradas..sempre
- Como é que era mesmo?
Antes da moda dos anglo-saxonismos suceder à dos latinismos?
"VERBA VOLANT, SCRIPTA MANENT"
...Pois permanecem...
Como permanece em todos nós a escrita dos autores celebrados, que viu a luz.
Mas permanece a nossa também, que deixa marca ainda maior e leva " o Nobel".
Entre todas as palavras escritas, as autobiográficas são mesmo as mais importantes.
Mesmo quando rasgadas, pois claro!
Porque depois de as pôr em forma de texto, já não somos iguais.
FDL (7.05)
Tirando o facto de não saber bem o que é "uma escrita na rota certa", concordo contigo, amigo e companheiro:)
O Júlio está a escrever irritantemente:) bem.
Subscrevo o teu último parágrafo.
Mas o talento não é para todos, não querias mais nada?:)))
Os puros não têm caminho. Porque só os homens caminham. E nem todos somos Paulo.
A busca da verdade. Mesmo quando não é da ordem dos factos.Ou sobretudo.
Chegar ao fim do caminho afectivo sem nódoas negras é como ter um todo o terreno que nunca saiu da garagem em toda a sua vida.
Boa tarde Professor
Fernando
Mas "as verdades" dum facto não variam em função da pessoa que somos e dos estados de alma que nos invadem ? A mim parece-me que sim...
Pff!!! " nunca invejei os que chegam ao fim do caminho sem nódoas negras, afectivamente puros. ". Pff!!! Ai não que não invejo... Pff!!! Entre chegar ao fim com nódoas negras e chegar a meio caminho completamente coberta de nódoas negras... resta a inveja de quem chega sem elas.
Pfff!!!
Cêtê... Puros, só cubanos bem enrolados. Do outro tipo... só hipócritas, sonsos ou cobardes com medo de se deitar de cabeça, ,com mais ou menos força, às "impurezas"
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