Domingo a minha próstata saiu na Pública! Saliente-se, por elementar justiça, a importância do artigo, não se justifica o desleixo dos homens numa altura em que a intervenção atempada diminui drasticamente as consequências de patologia tão letal como o carcinoma prostático. Mas - há sempre um mas... - nem tudo correu sobre rodas na sua elaboração. A jornalista enviou-me um mail, solicitando uma entrevista "por ter lido algures um artigo meu autobiográfico sobre a matéria". Sem tempo para a conversa solicitada, confirmei-lhe a vaga recordação e citei o nome da revista, tratava-se da Mealibra. Ah, a pressa dos tempos modernos! - o texto era para ontem, não poderia eu...? Não podia. Despedimo-nos cordialmente. Afinal teve tempo para ler. Mas também para fazer algo que é lamentável, ou seja, retalhar o texto. A lógica subjacente não surpreende - duas frases pareceram mais elucidativas, por que não juntá-las, apesar de estarem separadas por boa meia-dúzia de páginas? Dito e feito. Por maldade? Não acredito, inclino-me para simples ligeireza, do tipo "hhmm, que bem resultava esta frase no arranque do artigo!". Sem um telefonema ou um mail a solicitar autorização do autor (que obviamente a recusaria). Vivemos numa sociedade em que se reage aos estímulos e às necessidades "sur le champ", sem uma pausa para a reflexão que conduz ao agir amadurecido, que evite o atropelamento dos outros na nossa pressa de chegarmos... ao próximo ponto de partida!
Que vá em paz e o Senhor a acompanhe:)
27 comentários:
o jornalismo português está cada vez mais ligeiro... favorecendo os mal entendidos, aproveitando, distorcendo, criando "furos" jornalísticos a partir dos tais retalhos... será sem maldade, será evidência da pressa em que vivemos?
já sou sua visita assídua e não nos agradeça a recepção, nós é que agradecemos a oportunidade de o ler aqui. e como disse o Vizinho, e muito bem, agradecemos também que nos permita comentar os seus escritos :)
...interessante o tema da "próstata" pela simples razão que em Julho de 2003 também fui operado â dita e fiz do evento um artigo que postei no meu blog... não tive, como é lógico, a notoriedade de uma referência pública na "Pública" mas, de alguma forma, dei a saber o que é, do que se trata, do que se passou e do advir... algo que talvez mereça das autoridades na matéria um maior aprofundamento pois existe (penso) ainda um tabú sobre o assunto e um medo profundo para os homens... só tenho a dizer bem (até à data, claro) da operação e do pós-operatório... interessante é assumir publicamente os factos. Um abraço
O problema é quando isso sucede no designado jornalismo de referência. Se bem q, a esse respeito, as referências sejam cada vez mais catastróficas. Quando se insiste em fazer escrever regularmente cronistas como João César das Neves (DN) ou Maria Filomena Mónica (Público)... I rest my case.
De resto, olhe, fica a saber que tem uma próstata colunável! :))
Fazem artigos como quem faz arranjos de flores
Oh... então tens cerca de 50 anitos e já te queixas da próstata.Estes putos de agora. hehehehe
homofóbico!
Bem vindo Júlio à Blogosfera !
Agora vou por a leitura em Dia :)
Abraço
Finurias / Toze
www.cagalhoum.blogspot.com
www.revelando.blogspot.com
"Havia uma palavra no escuro, minúscula, ignorada..."
Isabel
Claro!
É só olhar à volta!... Ser colunável, conhecido, ou simplesmente ter sido visto uma vez na Televisão é neste momento perigoso!!!
As revistas cor de rosa tratavam de pôr os leitores ilucidados sobre amores e desamores, casas e férias de sonho... agora é a imprensa dita de referência e séria que o faz também, sem nenhum tacto!
Lembram-se do caso Cavaco Silva pré-eleições?!? O disse-que-disse, que afinal não disse... com um simples, desculpem enganámo-nos e mais nada?!
Medo! Medo! Dos tempos que aí vêm...
O lema é cada vez mais: "o meu mundo por uma notícia"...
Que é conhecido, que se resguarde!
Ideiafixe
PostScriptum (não gosto de escrever PS! :) - Mais uma vez bem-vindo!!!
Se já temos a "fast-food" porque não ter o "fast-journalism"?!?
Infelizmente são os sinais dos tempos...
Soube agora do seu ingresso na blogoesfera (eu por acaso gosto mais de dizer blogoespaço porque "isto" está em expansão e não é tão umbiguista como blogoesfera pode dar a entender) e congratulo-me por isso e pelo facto de sendo um "notável" (que palavra horrivel) ter comentários no seu blog.
Depressa vai perceber que aqui nos blogs há de tudo e que há "jornalismo" ainda pior do que esse, existem muitos amadores que até investigam por conta própria e confirmam as fontes.
É gritante a falta de respeito jornalístico realmente... A ética é uma cadeira que certamente tem andado por baixo nas faculdades de Comunicação Social.
Também soube apenas hoje do seu ingresso na blogosfera, e é um prazer descobrir que além de o ouvir todas as manhãs na Antena 1, agora também posso ler "as suas ruminações" ocasionais.
Bem-vindo Julio Machado Vaz à blogosfera.
Mostra que os anos não contam, contam a maturidade e a sensibilidade de estar sempre presente na comunicação por (de) afectos.
Um abraço ambiental
Numa sessão de companhia numa ida ao médico, um marinheiro contou a sua operação à próstata com tal entusiasmo que mesmo nós as mulheres que ali estávamos chegámos a temer pela semelhança dos sintomas. Era de uma história assim que a jornalista precisava!!
Eu estou sempre nos difíceis amores. Vou estar po aqui também!
«Domingo a minha próstata saiu ... Que vá em paz e o Senhor a acompanhe:)»
«Domingo a minha próstata saiu ... Que vá em paz e o Senhor a acompanhe:)»
a sua próstata foi ontem tema de conversa à mesa de um jantar de amigos, ou melhor dito, o mau estado do jornalismo português, a que, aliás, pertenço.
É o jornalismo que temos, no País que temos, cada vez mais queiroziano, cada vez mais "trolha de barrancos".
Nos Açores dir-se-ia: Pois alevá.
Inauguro-me nos comentários bloguistas da pior maneira. Vendo injustamente manchado o meu nome e do jornal de referência (sim, de referência) onde trabalho, porque decidi citar, devidamente identificando a fonte, um escrito do Dr. Júlio Machado Vaz, acho que devo esclarecer:
1. Falei com O DR Júlio Machado Vaz três dias antes de fechar o artigo e não no dia e que o fechei. Estes timings da comunicação social já devem ser conhecidos (razões técnicas incluídas) de alguém que sempre lidou tanto com os media, inclusivé com o mais tirano de todos, a TV.
2. Tinha lido na "Mea Libra" o testemunho dele que me pareceu interessante e de elevado préstimo para todos os homens que lidam com este assunto delicado. Por isso lhe pedi para falar com ele (não para o entrevistar), enquanto especialista. Não foi possível,com pena minha. Mas o Dr. JMV frisou que estava tudo na "Mea Libra", o que me levou a deduzir que me estava a sugerir que usasse aquele testemunho. Para além disso, identificando a origem, nada me impede de usar um texto publicado, desde que não altere o sentido, algo que não me parece que tenha acontecido.Não era a minha intenção falar sobre a próstata dos famosos. Mas sim esclarecer todos os homens, como quem leu o artigo (alguém leu?)pode constatar.
3. Sou jornalista há sete anos do jornal PÚBLICO, e já várias vezes falei com o DR. JMV, de quem tenho a melhor impressão profissional e pessoal. Tendo o DR. JMV os meus contactos, e parecendo tão incomodado com o mau jornalismo que pratiquei, não recebi até agora nenhuma mensagem na minha caixa de correio electrónico a pedir um esclarecimento.
4.O PÚBLICO é, sempre foi, e continua a ser jornal de referência, quer se queira quer não. Episódios negativos ficam gravados na história de todos que para ela contribuem. E este jornal e a sua história contribuiram muito para a história do (bom) jornalismo que se faz em Portugal. Orgulho-me de trabalhar num jornal que assume os seus erros publicamente e que os trata nos locais certos.
5. Este será o meu último comentário bloguista a este assunto da próstata do Dr. JMV."Que vá em paz e o senhor a acompanhe".
Ana Machado
coisa chata, não é ana.
delírios prostáticos,talvez...quem sabe, não é.
Boa, Ana. Eu sei que tu és uma óptima jornalista e que sempre foste muito rigorosa. Há algum tempo que não nos vemos, mas fiquei um bocado magoada, por ti, por ler as coisas que se escreveram neste blog. Aquele texto, como todos os que procuram ajudar na prevenção do cancro, é muito importante. se os médicos perdessem mais tempo para organizar rastreios em vez de perder tempo com coisas que não interessam, talvez Portugal deixasse de estar na cauda da Europa. Temos as taxas de incidência e mortalidade mais altas da Europa para muitos cancros. Não acham isto mais preocupante do que a prostata do Júlio Machado Vaz. Please!
continua o teu trabalho Ana, um abraço da Rita
Próstata de lado...? Ah desculpem mas ela não está pendurada!
A culpa não é dos jornalistas. É das direcções/organizações dos média. Explico.
Para falar/escrever sobre futebol é preciso tarimbar ou talvez ter uma licenciatura em desporto; para falar/escrever sobre economia, idem; para falar/escrever sobre justiça/direito idem aspas; para falar sobre medicina, qualquer um serve ou antes não serve à sociedade.
Além do mais, falar/escrever sobre temas médicos, dá aquilo que os que foram operados à próstata perdem (a maioria das vezes).
Seria ótimo que, em vez de "mal-retrar" os temas médicos, disponibilizassem gratuitamente espaços a quem, com conhecimento, fizesse as verdadeiras "CAMPANHAS DE EDUCAÇÃO DE SAÚDE" de que este país tanto precisa.
para escrever sobre economia ou medicina ou o que for não é preciso ter licenciaturas nessas áreas. há coisas más no jornalismo em portugal, mas também há na prática médica. os jornalistas bons ouvem várias fontes, lêem, vão a congressos médicos e tentam ser o mais rigorosos possível. afinal é aarte desta profissão. não venham pôr a culpa do que está mal para cima dos media.
as campanhas de saúde, os registos de saúde e os rastreios são responsabilidade dos médicos e administrações hospitalares e ARS's. são estas entidades que não querem e não se mexem para organizar convenientemente o suporte à população. há exemplos de trabalho feito por bons médicos, que se voluntariaram para fazer rastreios, etc... mas só nalgumas cidades, nalguns hospitais, por que é que não há em todo o país? por falta de vontade, por preguiça.
Gostei de v(l)er e perceber que o Sr. Dr. escriba neste Blog tem problemas em assumir um problema que infelizmente afecta muitos portugueses e, por falta de informação, provoca muitos traumas. Lastimo que alguém tão conceituado, como psicólogo, e tão apreciador dos media "A vaidade senhores a vaidade", não se mostre disponível perante uma solicitação de um(a) jornalista para dar o seu valoroso contributo para desmistificar este "monstro" que dá p'lo nome de próstata. Há! Terá sido porque afinal até um Sr. Psicólogo na área da sexologia, também tem "esqueletos no armário" e os mesmos "macaquinhos no sótão" que afectam tantos portugueses, que em vez da prevenção preferem o deixa andar "porque isto a mim não me acontece". Tenho pena! Por si.
Gostie de perceber que a malta do norte defende os seus, mesmo que não façam ideia de que artigo se fala, sim porque quem é do norte só lê o "notícias" o resto é literatura dos mouros. Conheço alguns!
Há! Quanto à ideia que alguém aqui lança de que para se escrever sobre um tema é preciso ter um curso sobre o mesmo, só mesmo que se intitula como "médico pintor" poderia dizer tal coisa. Pergunto eu quantos artigos já terá escrito este senhor sobre medicina? E que contributo dará para a divulgação dos problemas médicos, dentro do seu mundo. Há! Já sei éra importante que nos dessem um espaço para aparecermos e contarmos aos amigos, sermos convidados para festas, e assim. "A vaidade senhores a vaidade"
Caro JMV,
Tenho a maior admiração por si! Mas tb já deve estar farto de ouvir dizer estas frases...
Além da admiração, respeito e consideração que nutro por si, confesso que adorava conhecer a sua "prosta"!
Kem sabe um dia possamos estar numa mesa com uma francesinha de permeio a trocar impressões sobre a dita...
Um abraço
desta sua admiradora incógnita
Crista
Exmo Sr Dr Júlio Machado Vaz, é com grande prazer que estou a escrever estas palavras, pois admiro muito o seu trabalho. Sou uma expectadora, de Portimão, assídua. lembro-me da primeira série de programas na RTP, eu não perdia um programa, porque considero que o seu trabalho tem em muito contribuido para o desmuronar de tabús, contrubuindo para um crescendo do esclarecimento dos menos informados acerca destas questões da sexualidade. Um bem haja.
rosariobranco@hotmail.com
Exmo Sr Dr.Julio Machado Vaz.´Num domingo destes a vossa interessante conversa foi sobre os cabeleireiros que são,alguns,maricas.Pois bem.Sei que existem ,mas tambem existem garanhões na profissão.Pois.eu fui cabeleireiro de senhoras dos 20 anos aos 65 e ainda não dei que tivesse gostos contrários a minha função masculina.O que criamos é uma maneira diferente de lidar com as pessoas,pois um cabeleireiro que se prese não pode cheirar a cavalo. Gosto muito do vosso programa.
Enviar um comentário