quarta-feira, junho 01, 2005

A propósito do Dia...



A infância
É um brinquedo que parou
É a inocência remendada
É sempre isto de passado (C’est toujours ça d’passé ?)
A infância



Lembra-te dos silêncios ao fundo dos corredores
E aquele arquejar divino, continuo a escutá-lo,
E depois a noite, fiel a lembrar-nos essas coisas
E esta memória fodida que me segura pelo braço.

Léo Ferré.

37 comentários:

Anónimo disse...

É a primeira vez que aqui venho, e mesmo não tendo nada a ver com este post, deixo aqui o motivo da minha visita:

"Vejam as diferenças......

"Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer"

Análise do poema por uma aluna de 16 anos da Escola C+S da
Rinchoa:

Ah Camões
Se vivesses hoje em dia
Tomavas uns anti-piréticos
Uns quantos analgésicos
E Xanax ou Prozac para a depressão
Compravas um computador
Consultavas a página do Murcon
E descobririas
Que essas dores que sentias
Esses calores que te abrasavam
Essas mudanças de humor repentinas
Esses desatinos sem nexo
Não eram feridas de amor
Mas somente falta de sexo."
Não sei se será a melhor publicidade mas se todos tiverem a curiosidade de saber o que é o Murcon (e eu até sou nortenha e tudo) vão passar a ter muitos mais visitantes.

Ah! Esta não será certamente única (a visita)

Tão só, um Pai disse...

Grunf! que os meus nunca se sintam assim, ou que este "assim" seja adiado por muito, muito tempo:


"Epitáfio

Meninice do meu segredo, esse eu, tão meu, perdido, que por ser tão mal amado, morreu, triste e vencido, enterrando sonhos do passado. Ai, meu menino lindo, meu filho eu em desespero sofrido, perdoa-me os desamores e anseios, que por amor foi morto o sorriso, que te mataram neste corpo desfeito."

In
http://deondeteescrevo.blogspot.com/2005/04/epitfio.html

Anónimo disse...

dia mundial da criança
que criança?
a que eu fui?
a que eu não cheguei a ser?
a criança que eu quis que meus filhos fossem?
a criança que meus filhos não puderam ser?
a criança que não o é?
a criança que não sabe que é esse ser belo e frágil que um dia chorará por não o ter sido?
que criança?
a criança da hipócrisia que queremos fazer crer que é e que vemos estampado no seu próprio rosto que não é?
que criança?
a que um dia será homem sem ter sabido que um dia foi criança?
que criança?
que criança?

Isabel Da Rocha disse...

Somente um Adulto assim "tão grande" pude ter uma visão tão triste da infância. É pena! São menos umas fadas no País do Nunca...

Maite disse...

Boa tarde maralhal e professor (e para todas as crianças do mundo :)
Olhar o mundo com os olhos das crianças, é desvendá-lo nos seus pequenos pormenores e nos pequenos nada que de tão pequenos nos passam ao lado, mas que são essenciais para mantermos o equilibrio. Por outro lado, nada mais deprimente que um adulto infantil.

K. disse...

:)

Lembrou-me deste outro:

no tempo em que éramos felizes não chovia. levantávamo-nos juntos, abraçados ao sol. as manhãs eram um céu infinito. o nosso amor era as manhãs. no tempo em que éramos felizes o horizonte tocava-se com a ponta dos dedos. as marés traziam o fim da tarde e não víamos mais do que o olhar um do outro. brincávamos e éramos crianças felizes. às vezes ainda te espero como te esperava quando chegavas com o uniforme lindo da tua inocência. há muito tempo que te espero. há muito tempo que não vens.

José Luís Peixoto, "A criança em ruínas"

www.katraponga.weblog.com.pt

Julio Machado Vaz disse...

Muito bonito, Katraponga. É engraçado: só agora me aperecebi que alguns de vocês podem considerar os versos de Ferré amargos. Eu não, acho que a memória lhe segura o braço e obriga a encarar a saudade. Mas é certo que o resto do poema apresenta a infância como o espaço em que se acotovelam doçura e crueldade. Estou de acordo, as crianças são adoráveis, não angelicais:).

andorinha disse...

Pois, a infância...a idade da inocência, das brincadeiras, dos sonhos... como passa depressa!
Mal nos apercebemos e já somos adultos.Para onde vão então as brincadeiras e os sonhos?
Porque não conservar alguns?

E as crianças que não têm infância?

Ale (mestressan) disse...

Bom dia! (Ale)

Anónimo disse...

exacto
e as crianças que não têm infância?

Jessie disse...

Ca c'est pour moi, le plus beau et le plus triste paysage du monde. C'est le même paysage que celui de la page précédente, mais je l'ai dessiné une fois encore pour bien vous le montrer. C'est ici que le petit prince a apparu sur terre, puis disparu.

Regardez attentivement ce paysage afin d'être sûr de le reconnaître, si vous voyagez un jour en Afrique, dans le désert. Et, s'il vous arrive de passer par là, je vous supplie, ne vous pressez pas, attendez un peu juste sous l'étoile! Si alors un enfant vient à vous, s'il rit, s'il a les cheveux d'or, s'il ne répond pas quand on l'interroge, vous devinerez bien qui il est. Alors soyez gentils! Ne me laissez pas tellement triste: écrivez-moi vite qu'il est revenu...

Le Petit Prince, Antoine de Saint-Exupery

Beijinhos a todas as "crianças",
Coccinella


P.S. Nao consegui por a imagem, penso que todos a conhecem...

K. disse...

Poderia ser esta, Jessie?

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www.katraponga.weblog.com.pt

Pamina disse...

Para JMV (5.00),

Boa escolha esta canção. É pena não estar aí a tocar. Não é crítica, eu também não sei pôr. O meu rebento é que percebe desses aspectos técnicos.

Também notei que o TS,UP tinha dado uma conotação negativa aos versos, mas realmente a canção é toda feita de contrastes.

Pessoalmente, citando os mesmos versos, a minha infância foi muitas vezes uma lição d'ennui, pois sou filha única, mas desde que tivesse um livro acabava por ficar satisfeita.

Veja lá se consegue pôr a tocar com uma ajudinha do Portocroft.

Maite disse...

Katraponga obrigada pela fotografia do Principezinho. Neste dia especial uma fotografia especial :)

Julio Machado Vaz disse...

Pamina,
Nem o Bill Gates conseguia ensinar-me:).

andorinha disse...

Júlio,
Não se subestime.:)))))))))))))))
Diga lá se não era uma óptima ideia!:)

Rui Diniz Monteiro disse...

Bom, sejamos honestos: primeiro, não existe isso que chamamos de criança, toda a poesia que se derrama no nosso espírito quando dizemos a palavra criança, desaparece tragicamente quando o seu correspondente concreto se põe no nosso caminho, nos solicita como lhe apetece ou simplesmente embirra connosco.
Não, não estou a ser destrutivo. O que existe é um ser vivo, uma pessoa, com emoções iguais às nossas (e até pensamentos, era capaz de apostar) e que só difere de nós porque ainda acredita que os adultos são uns seres especiais.
Numa em cada quatro famílias há violência, não foi essa a conclusão do estudo da Universidade do Minho?
Portanto, poesia sim, mas na nossa vida inteira, não só nas palavras!

Pamina disse...

Se tiver em CD é exequível. A primeira coisa a fazer é passar a canção do CD para o computador e torná-la num ficheiro mp3. Isto pode fazer-se com o Nero, o Windows Media Player ou o iTunes.
Depois, tem que se colocar na Internet e isso já não sei fazer, mas o Portocroft sabe.
Porque é que não fala com ele?

PortoCroft disse...

Caro Prof. m8,

'Si mau lhi preguntje:' Quem é esse Billy Gaites? ;)

peciscas disse...

Homens como o Léo Ferré, não são amargos. São lúcidos.
E é precisa alguma lucidez para se poder ultrapassar a nostalgia de uma infância que se contempla nestes dias comemorativos, numa atitude ao mesmo tempo ternurenta e ciumenta.
Porque acho que cada um de nós, terá a tendência para considerar que à sua infância (que até pode ter sido particularmente bem sucedida)faltou sempre qualquer coisa.A mim, por exemplo faltou um Mecano. Mas, se não tivesse faltado o Mecano, certamente que me teria faltado, por exemplo, uma Play Station, porque nem sequer tinha sido inventada.
Terá sido por isso que um antigo vizinho, há uns anos atrás, quando a filha nasceu, foi logo a correr comprar um comboio eléctrico.
Brincámos bastante, eu e o vizinho, com esse comboio...

Julio Machado Vaz disse...

Portocroft,
Penso que é um tipo que solicitou um atestado de pobreza na freguesia do Bonfim:)

PortoCroft disse...

Caro Prof. m8,

Ah!...O emplastro do Bonfim? ;)

Anónimo disse...

As crianças, o nosso maior património, clamam pela salvaguarda da sua integridade e da sua fatal felicidade.

Urge transcrever o enunciado dos seus direitos em atitudes de gente feliz que cuida de gente feliz.

Julio Machado Vaz disse...

Portocroft,
Esse!!!!!!!!!!!

Anónimo disse...

que maravilha..perdão, que maralhal;)

andorinha disse...

Júlio Machado Vaz,
A enganar o Portocroft?
Isso faz-se? :)

PortoCroft disse...

Andorinha,

Achas que depois da leucotomia a que fui sujeito ainda alguém me engana? ;)))))

andorinha disse...

Portocroft,
Nunca se sabe.
Só estou a zelar por ti.:)

PortoCroft disse...

Andorinha,

Éste resultará un buen día para salir a la cancha. Te sentirás más inspirado para dejar tu mella en el mundo.

Desculpa...irradiei os meus pensamentos em castelhano.;))))

Anónimo disse...

A infância. Coisa porreira. Quando era criança não tinha extra-sístoles. Que eu me lembre, ou que lhes desse conta. Era bom ser criança. Nem que fosse apenas por isso.

PortoCroft disse...

Circe,

Bonito isso. Mas, olha este excerto:

... ... ... ... ... ... ... ...
Por uma vez todos os fantasmas de acordo, fazendo roda para te mirarem, quem não decide tréguas perante o rosto adormecido duma criança ignora a benção da paz.

Júlio M.Vaz - Estes Difíceis Amores - p.112

Anónimo disse...

Professor e Caros Colegas Ociosos do Blog Morcon,

Gostaria de saber se a Doutora Gabriela Moita tem blog ou alguma maneira informatizada de contacto público. Por outras palavras gostaria de saber se ela tem existência tangível fora da televisão.

Gosto muito das intervenções dela (apesar de serem previsíveis), e quem gostar dela como eu diga PRESENTE.
Estou com uma dúvida terrível que gostaria de ver resolvida ou elucidada; num programa já antigo de “Estes Difíceis Amores” ouvi dizer que” homem e mulher eram construções sociais”. Até aqui tudo bem. Fácil de entender. Mas a Doutora Moita foi mais longe e disse; a diferença da mulher é que tem útero. Que quer isto dizer?
Espero não ter descontextualizado.
Abraço a todos

Anónimo disse...

Que nojo. Tanta banalidade. Onde estão os seres inteligentes que costumavam andar por aqui há uns tempos? Afugentaram-nos?

Anónimo disse...

sugestão nocturna

www.google.com

(louco de serviço da madrugada)
ihihihihihihihihihihihihi

Delírio da Loirinha disse...

Se ser adulto...
É ver tanta falsidade;
É viver num mundo tão hipócrita;
É ler palavras sem o sentido real do sentimento;
É entender coisas só depois de tempos,
e não acreditar como não se enxergou antes;
É decepcionar-se com pessoas
e ver o que realmente nos magoa;
É ter lágrimas cortantes;
É acreditar no que, e quem, não se deve;
É procurar respostas onde não se encontram;
É perder-se dentro de si mesma;
É cansar-se de tudo;
É sentir essa dor terrível no peito...
Por favooor...
Quero minha infância de volta!!!

Beijinhos
Delirio da Loirinha

lobices disse...

...BOM DIA à tutti
...
...em segundo lugar: Parabéns Prof pela música no blog!...
...very good in deed!...
...

clara disse...

Professor,

acabei de ver mais um fantástico Serralves Fora de Horas.

sabe sempre a pouco...

tenho a sensação que se tivesse tirado o curso no Porto e tivesse tido o privilégio de assistir às suas aulas, estaria hoje à procura do meu caminho na Psiquiatria!

Não tendo assim acontecendo, vou mantendo um fascínio de outsider.

é um prazer receber a partilha do seu conhecimento!

Parabéns pelo programa e até para a semana!