"Um beijo. A primeira partilha de carne. Tudo o que vem depois é doce elaboração. O primeiro beijo é mais íntimo do que a cama a nu; o seu pequeno perímetro contém já a primeira submissão e a traição final".
Júlio, Nem tenho palavras para dizer o quanto o texto me tocou. Tão poucas linhas que dizem tanto! "O primeiro beijo é mais íntimo do que a cama a nu..." É, a magia do primeiro encontro...
O tal engenheiro muito sábio dizia "Quase todos os meus escritos são conversas privadas comigo mesmo. Coisa que a mim próprio digo face a face". Será assim com JMV?
...eu penso que me recordo do "primeiro beijo"... sim, é verdade, recordo mesmo; já me lembro de como foi e onde foi... ...na verdade, foi a primeira partilha e foi muito íntimo... mas esse, o primeiro, não trouxe nem submissão nem traição final... ...os outros, esses sim...
"Quelquefois je vous vois sans vous connaître, sans vous connaître, du tout, du tout, je vous vois loin de cette plage-ci, ailleurs, loin, à l´étranger quelquefois. Votre souvenir est déjà là, en votre présence, mais déjà je ne reconnais plus vos mains. Il semblerait que vos mains, jamais encore je ne les aie vues. Reste vos yeux peut-être. Et votre rire. Et ce sourire latent, toujours prêt à sourdre de votre visage fantastiquement innocent."
Recebi o teu bilhete para ir ter ao jardim a tua caixa de segredos queres abri-la para mim e tu não vais fraquejar ninguém vai saber de nada juro não me vou gabar a minha boca é sagrada
Estar mesmo atrás de ti ver-te da minha carteira sei de cor o teu cabelo sei o champô a que cheira já não como, já não durmo e eu caia se te minto haverá gente informada se é amor isto que sinto
Quero o meu primeiro beijo não quero ficar impune e dizer-te cara a cara muito mais é o que nos une que aquilo que nos separa
Promete lá outro encontro foi tão fugaz que nem deu para ver como era o fogo que a tua boca prometeu pensava que a tua língua sabia a flor do jasmim sabe a chicla de mentol e eu gosto dela assim
Quero o meu primeiro beijo não quero ficar impune e dizer-te cara a cara muito mais é o que nos une que aquilo que nos separa
Lobices, Não interpretei o texto assim. Penso que não se faz referência ao primeiro beijo da nossa vida, mas sim ao primeiro beijo com determinada pessoa. Aí poderá haver uma enorme quantidade de primeiros beijos e penso que é a esses que o texto se refere. Se fosse o primeiro beijo mesmo, em crianças ou adolescentes, aí penso que o texto não faria muito sentido. Não sei se concordas comigo...
Já uma vez alguém me disse com refinada ironia "eu no fundo só falo comigo próprio". (coisa que bastante me perturbou vindo de uma pessoa com quem tinha tantas discussões sobre tantos e variados temas - 'as vezes bem delicados)
Eu não acredito nessa ideia (gostava de poder dizer que acredito nisso cada vez menos)
No fundo eu tenho que admitir que a ideia tem um fundo de verdade (basta ler Schopenhauer para perceber isso - sendo que e um autor que eu tenho muitos pruridos em citar, believe it or not)
Lembro-me uma vez de ler um texto em que se dizia que o objectivo de qualquer relação era trazer 'a superfície o que já se encontra perto da superfície (estando implícito que o que esta longe da superfície deve ser deixado sossegado ... - certo? errado?)
Tudo isto na minha cabeça tem a ver com um outro texto que eu li no Gaurdian sobre um extoxicodependente que se tinha dedicado a canoagem. a ideia central era que ele tinha decidido deixar a droga e abrir o coração as outras pessoas (tendo a canoagem tido um papel crucial no processo). Nesta materia conheço de facto alguns excelentes exemplos ...
O tal engenheiro acrescentou-lhe isto: "Deixa ao leitor tudo o que ele pode fazer sozinho".
Sendo que o leitor é o 'outro' que nos sente, não diria que todos fazemos solilóquios mesmo qd abrimos o coração ao próximo - nem tanto - mas os anos mostram-me que, porque há muita improbabilidade na comunicação, estamos fundamentalmente a fazer ecoar nas nossas comunhões, as configurações muito pessoais da nossa existência e das nossas elocubrações.
Um beijo... ou diria eu... tudo que está para trás...
E no entanto, o primeiro beijo pode nem ser nada e tudo que vem depois ser muito mais...
E no entanto, concordo totalmente com a frase final, é onde começa e termina o amor. Na submissão ao sentir. Na traição do desejo de um outro, de sabor diferente...
Raquel V. Poderá acontecer q você aqui volte e, assim, aproveito p lhe dizer q aprecio a qualidade dos 3 blocos de notas onde debita a sua matéria, embora não os tenha comentado pq ñ uso o blogger. Já lhe deixei um comment noutro blog, como terá reparado, congratulando-me pelo seu trabalho.
Neste, referir-me-ei ao seu comment de dia 8, onde elogia o carácter geral dos comments, aceitando os devaneios e o nonsense que ele contém que, todavia, é substancialmente diferente dos dos chats comuns.
23 comentários:
Caro Prof. m8,
A Ana roubou-me o poema que eu gostaria de escrever.;)
Júlio,
Nem tenho palavras para dizer o quanto o texto me tocou. Tão poucas linhas que dizem tanto!
"O primeiro beijo é mais íntimo do que a cama a nu..."
É, a magia do primeiro encontro...
Portocroft,
Deixa lá, escreves outros.:)
Discordo, cordialmente. Enfim ...
O tal engenheiro muito sábio dizia "Quase todos os meus escritos são conversas privadas comigo mesmo. Coisa que a mim próprio digo face a face".
Será assim com JMV?
ou melhor:
"... Coisas que a mim próprio digo face a face".
250º a oeste,
Porque não?!!!
Tudo depende das circunstâncias .:)))
o beijo tem realmente essa carga íntima, muitas vezes maior do que a "cama a nu"... não sei se precisa de ser o primeiro
250º a oeste,
Eu sei, por isso é que respondi .:)))))))))))))))))
v. leal barros,
Penso que é o primeiro beijo com aquela pessoa e não o primeiro beijo "tout court.
São situações diferentes, penso eu.:)
Caro Prof. m8,
Essa do perímetro é que me deixa um bocado chateado. Acho um bocado redutor. ;))))))
Portocroft,
Um pequeno perímetro pode vir a ser um enorme perímetro.:))))
...eu penso que me recordo do "primeiro beijo"... sim, é verdade, recordo mesmo; já me lembro de como foi e onde foi...
...na verdade, foi a primeira partilha e foi muito íntimo... mas esse, o primeiro, não trouxe nem submissão nem traição final...
...os outros, esses sim...
"Quelquefois je vous vois sans vous connaître, sans vous connaître, du tout, du tout, je vous vois loin de cette plage-ci, ailleurs, loin, à l´étranger quelquefois. Votre souvenir est déjà là, en votre présence, mais déjà je ne reconnais plus vos mains. Il semblerait que vos mains, jamais encore je ne les aie vues. Reste vos yeux peut-être. Et votre rire. Et ce sourire latent, toujours prêt à sourdre de votre visage fantastiquement innocent."
Marguerite Duras
Recebi o teu bilhete
para ir ter ao jardim
a tua caixa de segredos
queres abri-la para mim
e tu não vais fraquejar
ninguém vai saber de nada
juro não me vou gabar
a minha boca é sagrada
Estar mesmo atrás de ti
ver-te da minha carteira
sei de cor o teu cabelo
sei o champô a que cheira
já não como, já não durmo
e eu caia se te minto
haverá gente informada
se é amor isto que sinto
Quero o meu primeiro beijo
não quero ficar impune
e dizer-te cara a cara
muito mais é o que nos une
que aquilo que nos separa
Promete lá outro encontro
foi tão fugaz que nem deu
para ver como era o fogo
que a tua boca prometeu
pensava que a tua língua
sabia a flor do jasmim
sabe a chicla de mentol
e eu gosto dela assim
Quero o meu primeiro beijo
não quero ficar impune
e dizer-te cara a cara
muito mais é o que nos une
que aquilo que nos separa
RUI VELOSO
Lobices,
Não interpretei o texto assim.
Penso que não se faz referência ao primeiro beijo da nossa vida, mas sim ao primeiro beijo com determinada pessoa. Aí poderá haver uma enorme quantidade de primeiros beijos e penso que é a esses que o texto se refere.
Se fosse o primeiro beijo mesmo, em crianças ou adolescentes, aí penso que o texto não faria muito sentido.
Não sei se concordas comigo...
Já uma vez alguém me disse com refinada ironia "eu no fundo só falo comigo próprio". (coisa que bastante me perturbou vindo de uma pessoa com quem tinha tantas discussões sobre tantos e variados temas - 'as vezes bem delicados)
Eu não acredito nessa ideia (gostava de poder dizer que acredito nisso cada vez menos)
No fundo eu tenho que admitir que a ideia tem um fundo de verdade (basta ler Schopenhauer para perceber isso - sendo que e um autor que eu tenho muitos pruridos em citar, believe it or not)
Lembro-me uma vez de ler um texto em que se dizia que o objectivo de qualquer relação era trazer 'a superfície o que já se encontra perto da superfície (estando implícito que o que esta longe da superfície deve ser deixado sossegado ... - certo? errado?)
Tudo isto na minha cabeça tem a ver com um outro texto que eu li no Gaurdian sobre um extoxicodependente que se tinha dedicado a canoagem. a ideia central era que ele tinha decidido deixar a droga e abrir o coração as outras pessoas (tendo a canoagem tido um papel crucial no processo). Nesta materia conheço de facto alguns excelentes exemplos ...
Caro anónimo que comentou a frase acima citada,
O tal engenheiro acrescentou-lhe isto:
"Deixa ao leitor tudo o que ele pode fazer sozinho".
Sendo que o leitor é o 'outro' que nos sente, não diria que todos fazemos solilóquios mesmo qd abrimos o coração ao próximo - nem tanto - mas os anos mostram-me que, porque há muita improbabilidade na comunicação, estamos fundamentalmente a fazer ecoar nas nossas comunhões, as configurações muito pessoais da nossa existência e das nossas elocubrações.
Será assim? Não tenho nenhuma certeza.
250º a Oeste,
Continuo a aguardar o material.;)))
Pois...O perímetro.;))))
Beijo na face, pede-se e dá-se...este aqui roubei-o, está no meu blog
Um beijo... ou diria eu... tudo que está para trás...
E no entanto, o primeiro beijo pode nem ser nada e tudo que vem depois ser muito mais...
E no entanto, concordo totalmente com a frase final, é onde começa e termina o amor. Na submissão ao sentir. Na traição do desejo de um outro, de sabor diferente...
Raquel V.
Poderá acontecer q você aqui volte e, assim, aproveito p lhe dizer q aprecio a qualidade dos 3 blocos de notas onde debita a sua matéria, embora não os tenha comentado pq ñ uso o blogger. Já lhe deixei um comment noutro blog, como terá reparado, congratulando-me pelo seu trabalho.
Neste, referir-me-ei ao seu comment de dia 8, onde elogia o carácter geral dos comments, aceitando os devaneios e o nonsense que ele contém que, todavia, é substancialmente diferente dos dos chats comuns.
Concordo.
Ou melhor,... aceitando os devaneios e o nonsense que eles contêm
Ou melhor, ainda, ...
aceitando os devaneios e o nonsense que eles contêm que, todavia, são substancialmente diferentes dos dos chats comuns.
(É preciso insistir mto para se conseguir alguma 'correcção'...)
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