sábado, setembro 10, 2005

Breves.

Cifrão - Obrigado por se lembrar de Anselmo Braamcamp. Há uns meses parei lá o carro e fiquei a olhar a casa, enroscado num sol primaveril. E recordei a ternura com que minha Mãe a enchia de amigos para apaziguar os meus protestos de filho único. A sorte foi cruel - reservou-lhe um Alzheimer que a transformou na sombra de si própria. Se não, tenho a certeza que lhe agradeceria a gentileza de a recordar.

Pearljamer - A culpa é inerente ao crescimento de todos nós. De certa forma a autonomia é conseguida, pelo menos aqui e ali, "contra" outros, implica "abandonos". O mais das vezes é inconsciente ou pré-consciente. Mas a culpa relacionada com os filhos é imensa, todas as semanas oouço pais interrogarem-se sobre o que fizeram de errado para que os filhos se enredassem nas drogas, por exemplo. E no entanto, vários irmãos, educados pelos mesmos princípios, não o fizeram. Quando se trata deles é-nos difícil ser equilibrados na análise. A nostalgia de lhes evitar todos os escolhos acarreta a auto-responsabilização quando tropeçam.

O jantar só é hoje:)))))).

21 comentários:

Rui Martins disse...

A referência à doença da sua mãe levanta-me uma dúvida: Qual é a melhor especialidade médica para tratar esse tipo de doenças? A Psiquiatria ou a Neurologia?

Anónimo disse...

Prof. JMV

Parece que está tudo nos preparativos! A coisa promete! lol

Em tempos vi uma entrevista ao José Saramago, em que ele ás tantas dizia que muitos pais têm a tendência a evitar o sofrimento dos filhos, mas que este também faz parte do crescimento!
Estas palavras para mim foram mel na sopa, ajudaram a aliviar a minha própria dor, a da auto-responsabilização ou mesmo do remorso.
Até mais logo

lobices disse...

...ser filho e "notar" o que foi a minha "educação" e o meu crescer ao lado de meu pai e de minha mãe (ainda viva com 90 anos e de quem trato)
...ser pai e "notar" o que foi a que lhes dei junto ao seu crescer
...diferenças abismais
...talvez os princípios se consigam manter e transimitir; mas a forma é sempre diferente
...e, cheguei à conclusão que o "defeito" ou a "diferença" está na recepção e não na transmissão
...é a forma como "recebemos" o conteúdo que nos é transmitido que conta para o nosso crescer e não a forma como "transmitimos" que conta para o crescimento deles...
...

Anónimo disse...

Lobices,

Mas a forma como recebemos não está necessarimente ligada, á forma como é feita a transmissão?

Rui Diniz Monteiro disse...

Sim, rataplan, mas se pensar que nunca ninguém conseguiu convencer toda a gente, nem Cristo, nem Buda, nem Maomé, ninguém mesmo, então o "papel principal" é desempenhado de facto pelo receptor: concordo com Lobices. Não acha?

Vera_Effigies disse...

Dói...
Uma força abatida
Frondosa árvore de vida
Como que caída...
De braços fortes
Carregados de frutos
Resplandecia em saúde
Do sol que carregava.
O prazer de dar,
De servir sem se cansar
De crianças abraçar.
Dói...
Olhar o olhar perdido
Do que é querido escondido
De atenção acometido;
Ver os braços já sem seiva,
E, o cansaço no regaço,
Uma vida de olho baço...
Perdida…
Mas que eu tenho,
Acarinho e amanho.



Disse bom fim de semana. Mas, como o bichinho é mais forte, espreitei... :)
O post própriamente dito fica para mais logo.
Tudo de bom

Anónimo disse...

"Emissor" & "Receptor" parecem-me termos muito passivos para o contexto em que se inserem...

Anónimo disse...

Outras visões...

Os blogs passou a fazer parte da vida de muito boa gente, logo se entenderá que é outra forma de entender a cultura popular generalizada e individual. É outra nova maneira de nos apercebermos das suas demais, reais capacidades...
Expondo assim as suas ideias, os seus medos e as suas interiorizadas fobias ao serviço comum, sejam elas, através de poesia prosa ou qualquer outro meio que disponham, de uma maneira pensada ou impensada levam-nos a querer que temos de facto uma enorme necessidade de as brotar para fora, proporcionando-nos uma libertação, ficando assim, mais leves e conscientes das nossas perfeitas limitações na sociedade!

Abraços JMV

Anónimo disse...

Enganei-me e apuz o meu comentário sobre a VOZ de Maria Clara, adstrito ao post anterior.É dessa voz incomum e não da banal moléstia, que apetece falar.

Anónimo disse...

apus, de apôr....raios!
Aproveito para corrigir "estertor", em anterior comment, pois dói-me atropelar a "nossa pátria".

clave de sol disse...

Boa noite!

Vim cá dar um saltinho mas pelos vistos está tudo no jantar... e por isso a razão deste "silêncio"!

Quanto à educação é tudo muito relativo pois "cada ser humano é um universo" e, sendo assim, a mensagem que cada um decide captar seja de um pai, mãe, professor, amigo, colega, vendedor de frutas, cabe a si mesmo... Penso que neste caso não há culpados, nem a existência de uma educação perfeita. Portanto, o ideal será mesmo como filhos seguir o exemplo dos nossos pais (se forem realmente um exemplo!) e, como pais investir numa raíz baseada em confiança, segurança, autonomia. Com os critérios referidos anteriormente verificar-se-à que essa raíz vai dar origem a uma personalidade estável, sem medos, sem receios... cada um é livre de escolher o seu próprio caminho e os pais nunca poderão viver pelos filhos, se bem que às vezes lhes apeteceria...

Um grande bem-haja a todos!

Anónimo disse...

(Como não pude ir ao jantar, deixem-me lá "postar" um comentário...)

Independentemente da personalidade de quem recebe a educação, há certas atitudes que é certo e sabido que conduzem a um determinado resultado: se um educador está constantemente a "tirar as pedras do caminho" do educado (como eu ouvi uma Mãe dizer sobre os filhos), será mais ou menos óbvio que o educado nunca terá a preocupação de procurar o caminho com menos pedras, pois para ele será sempre indiferente... pelo menos enquanto o educador durar!

Manolo Heredia disse...

Stº Agostinho, Confissões, Primeiro Livro.
Assim, a debilidade dos membros infantis é inocente, mas não a alma das crianças. Vi e observei uma, cheia de inveja, que ainda não falava e já olhava, pálida, de rosto colérico, para o irmãozinho colaço. Quem não é testemunha do que eu afirmo? Diz-se até, que as mães e as amas procuram esconjurar este defeito com práticas supersticiosas. Mas enfim será inocente a criança quando não tolera junto de si, na mesma fonte fecunda do leite, o companheiro destituído de auxílio e só com esse alimento para sustentar a vida? Indulgentemente se permitem estas más inclinações, não porque sejam ninharias sem importância, mas porque hão-de desaparecer com o andar dos anos…

Mike Monteiro disse...

Não percebi o "pearljamer", não o conteúdo, mas o titulo claro.

Abç

naoseiquenome usar disse...

... perdão!... Percebi que hje era o dia de jantar só!!! ... Eu jantei só! ... Para quem jantou acompanhado: uma grande noite!

Anónimo disse...

E quando se chega aos 50, com orgulho de ter feito tudo bem e, num repente, tudo muda e vemos que afinal só fizemos asneira? E os filhos n aguentam com um desgosto de amor, caem em depressao, ataques de panico e consumo de haxixe? E aí então a casa cai?

Anónimo disse...

Prof. JMV,

Também deverei auto-responsabilizar-me pelo ENORME sofrimento do meu filho, neste momento, após o jogo Sporting-Benfica?
Quando era pequeno, chorava. Agora, com 18 anos diz impropérios …
Eu bem lhe digo que, em rigor, deveriam ser todos despedidos com justa causa, face às quantias auferidas e ao miserável desempenho, para o consolar, embora eu também sofra))))
Também lhe digo que nem sempre ganham os melhores (embora este ano nenhum esteja bem), que não se pode ganhar sempre, que ainda continuamos a ter mais títulos, que o primeiro milho é sempre para os pardais, etc. etc.
No entanto, todas as minhas palavras são insuficientes, se não inúteis, pois o sofrimento dele é efectivo e ele não consegue geri-lo – poderá ao menos ajudá-lo a crescer? Se tiver esse efeito pedagógico, venham mais derrotas, enfim … Estará nos genes e não há nada a fazer?
Estará nos genes e não há nada a fazer?
Haverá cura para isto? Deve haver pelo menos, uma possível mudança de atitude ….

Perdoem-me os sportinguistas, mas é um desabafo, com todo o respeito.

Imagino que apesar da derrota benfiquista, o jantar não tenha ficado estragado par alguns, começando pelo nosso anfitrião.

Agora não estou em condições de fazer comentários sérios ao blog de hoje))))

Saudações,
Débora

Vera_Effigies disse...

Concordo com "lobices" em parte.
Realmente o receptor é fundamental numa comunicação, se houver um código com conteúdo acessível e com a ideia completa da parte do emissor. Eu explico:
Certo dia num passeio á beira-mar mãe e filha de quatro anos gozavam o por do sol. A catraia baixa-se e retira da areia, na altura, 5$ e diz "Mãe, olha o que achei!!!É minha?..." . A mãe disse "Deves olhar em redor e ver se há alguém que possa ser o dono da moeda, se não vires ninguém como agora e encontrares no chão podes guardar é pouco dinheiro (era escura a moeda ela sabia que não dava para gelado), meteu no bolsito das calças. Mais uns passos e encontrou 25$ e de novo a mesma conversa. Foi-lhe explicado que quando se encontra alguma coisa no chão e se houver alguém por perto se deve perguntar se lhes pertence, mas se for valioso, se deve alertar no café mais próximo ou em sitio publico que se encontrou algo, ainda que não se diga o quê. Se aparecer o dono saberá dizer o que perdeu. Ficou assente que o que encontrasse no chão era dela, salvo se fosse alguma coisa valiosa, que algum pessoa provasse pertencer-lhe.
Meses depois, na casa duns amigos, ouvem-se gritos. A mãe da menina pergunta o que aconteceu e o menino da casa diz "Ela ta a comer o meu sugo! Roubou o meu sugo!". A mãe pergunta de quem é o sugo que a menina come e ela responde "Achei no chão. É meu!!!!!!!" - em prantos... A mãe ralhou e ela contrapôs "Mas tu disseste que quando achasse no chão era meu!!!!". Aí a mãe recorda a conversa anterior e explicou que no chão da casa das pessoas não era achar como no chão da rua, que o que estava no chão da casa das pessoas era delas. A menina percebeu, mas já não havia nada a fazer estava na boca, compensou o menino com um pacote de sugos que comprou.
Muitas vezes podem fazer-se estas compensações...
A mãe sentiu-se culpada. A mensagem não tinha sido bem transmitida.

Anónimo disse...

Ai, estes são os filhos do dragon
Unidos para vencer,
Ansiosos por fazer
Deste PORTO campeão!!!

TRA-LA-LA-RA-lAlA-LA-LA-LA-LA!!!
LARALARALARALARA-TRALALALA!!!

Anónimo disse...

O Manolo tem razão com o Santo Agostinho. Os filhotes, muitas vezes são cheios de manha infantil e tornam-se pequenos tiranetes. Basta observar em restaurantes e outros sítios públicos.
Entâo o "perverso polimorfo" do Dr. Freud que escandalizou a sociedade do tempo?
Receita pessoal:
-Falar sempre verdade, de acordo com os conhecimentos da criança.
-Fazer a criança sentir-se amada.
-Que a criança veja ternura entre os pais.
-Ser coerente e inabalável nas pequenas sanções.
-Não prometer prendas para fazer isto e aquilo, o que estimula uma espécie de mercantilismo.
-Contar histórias, cantar canções, responder a todos os porquês.
-Confiar-lhe, se possível, um ser vivo, animal ou planta, para que dele se encarregue.
-Mostrar-lhe que os pais também se enganam e têm limites e impossibilidades.
-Preparar-se para a gradual autonomia,personalidade, ausências, viagens, escolha de parceiros que nos desagradam, etc, etc.
E esse homem e essa mulher são os nossos filhos.

Anónimo disse...

ora aqui está um assunto interessante, o que é que fazemos quando os filhos não seguem o mesmo caminho. se eles são diferentes e nós mudamos constantemente, como é possivel educar todos os filhos da mesma maneira? os principios podem até ser os mesmos e é bom que sejam, mas as crianças são diferentes e assimilam de forma diferente, cabe a nós ter atenção a isso.sofialisboa