quarta-feira, setembro 07, 2005

Às vezes a consciência é difícil:).

"Elaborou o plano com tanto ódio que a fez estremecer a ideia de que o teria feito da mesma maneira se fosse com amor...".

S.Gabriel, Cem Anos de Solidão.

114 comentários:

Anónimo disse...

ódio e amor, real e ideal

“Todo a vontade de reconciliar o real e o ideal se destrói a partir do momento em que se coloca a sua própria realidade como ideal, feliz e boa. É duvidoso acreditar que a reabilitação actual da vida quotidiana não participe, no fundo, num movimento geral de degenerescência do próprio pensamento político, pela sua promoção complacente do status quo. Se a felicidade está na recordação de uma golada de cerveja, que proveito se poderá tirar de querer mudar o real? ”

“Le bonheur dans le pré”, Bruce Bégout, le nouvel Observateur, Julho-Agosto 2005, p 14

Cristina disse...

boa noite, Prof.(e não há mais ninguém...)

é por aí que os extremos se tocam, conseguimos odiar e amar com a mesma intensidade, de tal modo que nos esmeramos nos dois.
arrisco até a dizer que, levado ao extremo, nem sempre temos bem presente qual dos sentimentos nos move.

RAM disse...

- Interessa-lhe saber porque é que eu quis matá-lo?
- Não tenho qualquer direito de lhe pedir isso, nem sei de nenhuma razão que me autorize a meter-me em vidas alheias. Estou aqui porque um amigo mo pediu, e também porque, vindo, presava um serviço a um mulher desconhecida. Mas se o serviço total requer que a escute, fá-lo-ei.
- O senhor sabia que, há uns minutos, quando chegou, eu pensava seriamente em matar-me?
- Acho isso excessivo.
- Sentia-me culpada, sinto-me culpada ainda, mas começo a admitir que possa estar enganada. No entanto, não confio no meu julgamento.
- No meu, sim?
- O senhor não está apaixonado.
- Mas sinto-me disposto a dar-lhe razão.
- É o que eu preciso para continuar a viver: uma medida objectiva da minha culpa. Quando disparei, julguei actuar com justiça. Mais tarde, aqui sozinha, eu própria destruí as minhas razões e senti-me ao mesmo tempo criminosa e desventurada. Não era capaz de medir a minha culpa, nem o sou ainda, e nos meus sentimentos actuais encontro bastantes contradições.

Torrente Ballester, Don Juan

PS - A consciência é difícil; o "às vezes" não estará a mais??????!!!!!

Anónimo disse...

"Cem Anos de Solidão", de Gabriel García Márquez ou de sâo Gabriel, aquele santo homem?

Anónimo disse...

aquele santo anjo ... melhor, aquele santinho

noiseformind disse...

Oh, nada disso. Misturar Amor e Ódio é dar ao último um valor que nunca alcançará em relação ao primeiro. Se se ama muito, e a desilusão e a perda advêem, então tristeza sim, sofrimento sim. Ódio? Demasiado fácil e directo, precisa de um rastilho como todas as reacções em cadeia. A implosão do sofrimento reconfigura, o ódio esteia sentimentos passados, é a construção pelas paredes adentro da obra, enquanto que o sofrimento permite manter e permanecer dentro do Outro. Pareço romÂntico? Nada disso. O ódio é resposta a outrém quando o Sofrimento encontra a Justiça. Quando nos embrenhamos pelos caminhos da Disputa cegamente, e o ódio é cego, também enveredamos por deixar de sermos nós próprios para sermos parte de nós numa resposta feita do que o outro nos fez a nós ; )))))))))))) Não acho o ódio nada de impulsivo, casais testam alegremente o seu amor com discussões e esperam aí encontrar solução para os problemas de comunicação que os assolam e endrominam. O ódio é uma resposta para fora, excelente para armadilhar os caminhos até ao nosso coração, mas remedeio muito comedido face ao trabalho de filigrana de segurar diante de nós o nosso coração partido, contrariado, egoista, como todos os Amores são egoístas ; ))))))))))))))))))

Estavam aqui a falar do nosso amigo Damásio. Pois bem, se o Amor é a consciência de que somos naturalmente incompletos e que alguém nos completa (que como todos os sentimentos tem tanto de percepção como de expectativa como de interpretação da outra parte) então o ódio é a consciência de que os outros podem galgar barreiras cá para dentro do nosso núcleo de afectos e extirpá-lo.

O Amor é uma ponte e o Ódio é então uma barreira? Não, ama-se em determinados termos, ama-se "loucamente" mas dentro de padrões, não se renasce por se amar (romÂnticos, afiai as vossas adagas). E o ódio cultiva-se e cresce nas pazes podres que muitos Amores, depois amores, vão fazendo entre a expectativa e a realização.

Pensando assim em meia dúzia de palavras apetece escrever:

De tanto te esperar, tendo-te já,
Na estação por onde chegam os Amores,
Quando chegaste trazias flores,
De tão tardias murcharam,
Odiei-te pelo atraso, lendo-te...
Nos olhos beijos novos, de não dados
Velhos ficaram,
Já sem doçura cuidados, estiolaram...
: ))))))))))))))))))
Nem Mos deste
Nem Mos consenti dar-te,
Perdi-te
Fugi-te
Apanhar o comboio dos Dias...
Encontrar outra estação onde esperar...
Que dos beijos nasçam Amores...

Anónimo disse...

Professor
A tomada de consciência surpreende-nos muitas vezes: Ao mesmo tempo que nos ajuda a termos um novo sentido e significado das coisas como se duma descoberta se tratasse e que nos pode levar a mudanças e a novas decisões...revela-nos tambem algumas "armadilhas" em que nós próprios caímos; o que pensamos ser, não somos... e o que víamos nos nos outros...deixamos de ver... e o difícil é que nem sempre aquilo que descobrimos é aquilo que mais gostaríamos...

Anónimo disse...

Após o balancete meu caro professor, chegamos a bonita conclusão que o deve tem haver...
Isto é, o amor tem haver verbas que o ódio desbarata pelo cantinho do lábio.
O impulso do amor é azul, o ódio apenas gosta de marrar no fundo, nas trevas...
Uma noite descansada.

Anónimo disse...

Prof. JMV,

Ocorreu-me o mesmo que ao e. – então o Gabriel Garcia Marquez é santo? Foi canonizado?
Ai a consciência!
Reportando-me à frase, penso que qualquer que tenha sido a motivação para a elaboração do plano, o empenho deve ser o mesmo. Só há uma maneira de fazer as coisas: é bem! )))))
Será que a fronteira entre o amor e o ódio não é ténue? Ainda que o amor seja um sentimento positivo, que deve ser cultivado e o ódio um sentimento negativo, que deve ser contrariado, penso …

Noisy,

Poeta? Que lindo poema! Ainda assim, acho mais provável que nasçam beijos do Amor, do que o contrário … Sempre impulsivo!

Saudações,
Débora

noiseformind disse...

Débora,
A Cantora do meu poema entra no "Comboio dos Dias", rumo a uma estação onde espera ser esperada, a tempo? Não sabemos, isto é muito einsteiniano, o tempo é relativo para quem espera ser amado e para quem espera amar. E a chatice da realidade, dos dias que passam e das necessidades não satisfeitas, e que dizer das necessidades que nunca chegam a nascer? Confesso-me que a hora é propícia: não toco em mulheres de uma certa idade com medo de que as barreiras entre o que querem e o que esperam estejam À muito acima de qq gesto de qq comum mortal. Os Muros que erguemos para confinar os estragos que nos fazem no quintal da Alma funcionam como automatismo empírico para refrear a curiosidade, como criar novas plantas senão as colhidas à volta? Podemos cultivar em nós os mais dignos sentimentos, mas passada a margem da nossa própria interpretação que sentirão os que nos recebem do outro lado? Aquelas veste que nos parece ser a farpelita frágil da simplicidade espiritual para outrém pode ser a armadura reluzente de um verdadeiro soldado da Cruzada dos Afectos.

Volto ao ponto de Honra do Éme: mimetizar com o Ódio os gestos que seriam manifestação de Amor. A história do ciúme descontrolado é disso exemplo, de tanto Amar acaba-se por dar um tiro em quem se ama, e quem morreu... Morreu de Amor? No limite do Ódio destrói-se quem se ama, no limite do Amor morre-se por quem se ama. E há "Amores" que são apenas ódios de destilação demorada.

Se bem que estes limites são limites literários e operáticos, não deixo de pensar que muitas vezes se ama de faca na mão, se ama com pontapés, se ama com infidelidade. Acasos da vida, "erros meus, má fortuna" diremos então, que o Amor põe e o Ódio dispõe, se calhar é cómodo colocar o Amor e a sua recompensa (a felicidade) lá tão alto onde não parece muito cómodo deixarmo-nos ficar por outras formas menos perfeitas de construção;))))))))))))) mas como diz

fly_away, Amor e Ódio cegam, mas só o Ódio é injustificável, já o Amor traído, o não-cumprimento da expectativa leva-nos ao Ódio supremo. Reparem: se alguém mata alguém numa rua durante um assalto é crime perverso e egoísta, mata-se para roubar bens a alguém. No crime passional, em que por exemplo uma mulher mata o marido que viu com outra mulher na cama ao chegar a casa, a Sociedade amnistia, perdoa. A violência do nosso ódio é tanto mais justificável quanto menos tempo temos para lidar com ela. Planos de vingança destilados longamente parecem-me ecos de desilusão que ganharam asas e gritam nos ouvidos do Ego, que se encontra minado e sem sentido.

Planear com ódio contra quem se ama é planear uma redenção no Outro, é ir lá fora para não ver em nós móbil do crime. O ódio cego depois do Amor encobre, os verdadeiros injustiçados destilam lamentos, sofrem na incapacidade de redenção do momento brilhante que foi o sentimento atingido. Destilar longamente ódio é continuar a tentar amar no negativo da fotografia do carinho. Negamo-nos a nós próprios sentir carinho pois tentámos garantirmo-nos que o carinho será algo mais que nos é roubado. O ódio acaba por ser MEDO, outra forma de posse, o ódio é outra forma de manter alguém na nossa vida. Já não temos amor para pensar na pessoa, temos o Ódio para que ela permaneça.

Lembro as palavras de uma senhora que se preparava para triunfante e catársico divórcio quando o marido faleceu, herdando assim ela todos os bens-memórias que ela se preparava já para disputar. "Ele fez-me isto de propósito pq sabia que eu não era capaz de queimar isto tudo". Frase de quem está Odiando...? amando...? Uma mulher de luto sério pelo marido, sem tempo para luto do Amor, os dois sentimentos aprisionados na "coisa" dos neurónios, mesclados e sobrepostos. Toda uma vida para queimar tudo o que era dele, e a noção que não existirá hipótese de reconciliação.

Sim, que o Ódio cega mas não entorpece a necessidade básica cega do ser humano de poder. Dou o exemplo do ódio das vítimas de abuso sexual. Ódio racional quando não houve Amor traído, negociação com a Alma por melhores sentimentos. E quando se trata de um parente próximo e de confiança, Ódio avassalador e julgativo, a proximidade implica necessidade de Justiça, que a Justiça se faça para que no cruzamento diário as coisas não passem como dias brancos.
A proximidade de quem amámos no espaço acelera o enquadramento "justífico" do nosso equilíbrio. Quanto mais a humilhação do nosso Amor ou Confiança se estendeu por outros próximos mais exigimos, gritantes na nossa merecida dor, alegrias pelo sangue da Dor alheia.

O Pó de Simpatia, placebo usado ainda hoje por tantas tribos e durante centenas de anos pedra filosofal da MEdicina, era aplicado na ferida e no objecto que a provocou. Talvez o Ódio que emerge do Amor seja isso mesmo: depois de lambidas as nossas feridas, ir buscar com os dentes da Ira a Carne que nos fica a faltar no Outro. E assim nessa procura tornamo-nos emocionalmente mais parecidos com quem nos agrediu com a sua falta de afectos ; )))))))))))) pq podemos começar a morder como defesa, e o ódio ser quase como que um antídoto preventivo do Amor que vamos procurando... vagueando... ; )))))))))))))






Em suma maralhos,
Amar é fruto de nós, ódio pode ser ou não fruto de nós, mas cabe-nos a nós arrancar as ervas daninhas do nosso Coração, sejam das nossas raízes ou das de outra pessoas ; ))))))))))))))))))

Alguém quer um copinho de Sangria? ; )))))))))))))))))))))))

Anónimo disse...

Noise, estás PROIBIDO de nos privares dessas tuas reflexões por mais do que 24h, leste? Senão o meu Tico e Teco adormecem e isso para quem tem só dois neurónios pode significar morte-cerebral;)

Anónimo disse...

mpre a sensação de ter sido humilhado e injustamente privadodo que pertence a outrém, às vezes muito justamete; só que a nossa inveja e ciúme retiram-nos qualquer lucidez. Não, nunca o ódio fará simetria com o amor!


Lembromew agora, algo humoristicamente de uma quadra popular, que suponho do Aleixo:

Qualquer dia para te ver
Saltava trinta quintais
Agora p'ra te não ver
Salto quarenta ou mais.

Anónimo disse...

mpre a sensação de ter sido humilhado e injustamente privadodo que pertence a outrém, às vezes muito justamete; só que a nossa inveja e ciúme retiram-nos qualquer lucidez. Não, nunca o ódio fará simetria com o amor!


Lembromew agora, algo humoristicamente de uma quadra popular, que suponho do Aleixo:

Qualquer dia para te ver
Saltava trinta quintais
Agora p'ra te não ver
Salto quarenta ou mais.

Anónimo disse...

Doutor, olhando para este sei post, lembrei-me que é um especialista nas relações amorosas, assim como, nos desequilíbrios emocionais e psicológicos... Ora visto isto, e deparando-me eu com um romance que estou a escrever no meu blog com o título "Sentidos ocultos", que retrata a sedução no relacionamento entre duas pessoas que se desconhecem.
Gostaria de saber a sua opinião, se por ventura tenho alguma patologia grave, uma vez que não sei escrever, mas que por impulsão desta aventura esgravato a imaginação para a concluir…

Escrever para mim, seja poesia ou prosa, é um exercício constante, se pára, os músculos do cérebro começam a mirrar. Para concluir sobre o post em si direi apenas:

Ama-se ou odeia-se. Qual será a diferença quando se está completamente sozinho? Só nos resta mesmo é o sonho!

Abraços
http://babushka.blogs.sapo.pt/

Anónimo disse...

O ódio, por vezes, não é mais do que a manifestação de um amor indcandescente e ainda reprimido. Outras vezes, sê-lo-á do despeito e do orgulho ferido.

Ah, e quanto às intensidades ... qual fronteira entre a raiva, a aversão, o sentimento de vingança, e o ódio? Onde fica a linha entre a tempestade e o furacão?

Anónimo disse...

O ódio, por vezes, não é mais do que a manifestação de um amor ainda vivo mas agora reprimido. Outras vezes, sê-lo-á do despeito e do orgulho ferido.

Ah, e quanto às intensidades ... qual fronteira entre a raiva, a aversão, o sentimento de vingança, e o ódio? Onde fica a linha entre a tempestade e o furacão?

Anónimo disse...

Bom dia Murcons
Noise: comoventes, porque perturbadoras as tuas intervenções....

Com mais tempo comentarei.
Divirtam-se

Anónimo disse...

És uma cabra.

Recusaste-te a servir de alvo para as minhas pedras, que te atirava de raiva e insatisfação pela vida que não tive, não tenho.

Não tens toda a culpa, mas preciso de alguém para odiar, para descarregar. Este meu ódio por ti veio mesmo a calhar.

Imagino-te aqui e continuo a atirar-te a minha raiva. No dia em que cair em mim, perdoo-te pelo que me fizeste e não fizeste.

Amo-te pela raiva que te tenho. Dá-me força para os meus dias vazios. Vai á merda. Obrigado. Esquecido de ti serei amado, por mim.

Um beijo.

Flour disse...

A malquerença, a versão, raiva e ódio move-nos com a mesma paixão que o amor puro.

É curioso como o ser humano respira os antípodas dos sentimentos para se sentir vivo. Especialmente se for mulher!

Abraço

Anónimo disse...

Este livro é impressionante.Também gostei muito de o ler.

Anónimo disse...

Booooooooooooooom dia maralhal.

Ram
Também voto na retirada do "às vezes".

Anónimo disse...

Dr. Murcon
Ainda não entendi que consciência nos está a colocar na mesa.
Às vezes ouvimos falar de se ter tido a consciência de uma tomada de consciência errada. Coisa no minimo estranha e pouco inteligente para seres racionais. Por isso vejo duas "definições" para consciência:
1ª Aquela a que vocês Psis de referem quando falam de consciente, inconsciente e sub-consciente e que para mim é autónoma, tem vida própria, age por si; tipo instinto animal, ou como alguém disse a consciência dos loucos - sem qualquer tipo de influência.
2ª Ou aquela que controlamos, que é influenciada pela cultura, pela educação, etc e eu ai chamo-lhe tomada de atitude.

Por isso ou ela é a primeira e é apenas uma tomada de consciência, ponto.
Ou é a segunda e sim, uma tomada de atitude errada

Pois é Dr. manda as coisas assim para o pessoal sem colocar um * com a definição do que fala e depois eu ando para aqui aos papeis toda atrofiada

Anónimo disse...

A minha consciência diz-me que não o faça, mas há "outra" que me diz que o faça.
Seja como fôr...
Tomando uma atitude no minimo dolorosa...
Vou-me fazer ao trabalho.

P.S. Temos mesmo duas consciências como na BD?

Anónimo disse...

Não existe amor humano sem ambivalência. Homem e mulher terão sempre um relacionamento intrinsecamente trágico, por via de um conflito insolúvel entre desejos humanos incompatíveis.

No limite do desencanto, descobre-se, então, que o amor se transformou em ódio...

Anónimo disse...

Ah....
Outra duvida.
Ter a noção de... é o mesmo que ter a conscìência de...?

Dr. Murcon
Não leve apontamentos para o jantar, não...
Julga que nós só lá vamos pelo prazer da companhia e do cumbibio?

Anónimo disse...

Sou a cabra.

Sou a cabra que te amou.

Sou a cabra que não quis levar com as tuas pedradas.

Sou a cabra que teve a coragem de
te dizer "basta, já chega, não quero mais!".

Sou a cabra que saiu e bateu com a porta.

Sou a cabra que teve o desplante de te dar com os pés, logo a ti!

Sou a cabra que não tinha ninguém, que saíu porque quis, porque se fartou de mediocridade que te adivinhava.

Sou a cabra que não te odeia.

Sou a cabra que não te quer bem nem mal. Não te quer nada. Só que me deixes...

Anónimo disse...

Sou a cabra.

Sou a cabra que te amou.

Sou a cabra que não quis levar com as tuas pedradas.

Sou a cabra que teve a coragem de
te dizer "basta, já chega, não quero mais!".

Sou a cabra que saiu e bateu com a porta.

Sou a cabra que teve o desplante de te dar com os pés, logo a ti!

Sou a cabra que não tinha ninguém, que saíu porque quis, porque se fartou de mediocridade que te adivinhava.

Sou a cabra que não te odeia.

Sou a cabra que não te quer bem nem mal. Não te quer nada. Só que me deixes...

Anónimo disse...

quando existe paixão, a linha que separa o amor e o ódio é demasiado ténue...quase imperceptível...

Anónimo disse...

Alguém viu por aí a Guilhermina Miranda ?

Anónimo disse...

Obrigado, "Cabra".

Eu sei, sou um medíocre, não o suporto nem à morte lenta em que me meti.

Mais, sou um cobarde, vingo-me e vinguei-me em ti, pela minha frustação de ser quem sou, por não suportar-me nem conseguir estar bem comigo nem com os outros.

No fundo, nos meus momentos de ódio pelo mundo, odeio-me tanto como a ti.

Eu sei que me transformei num execrável e no pior dos seres. Ainda bem que me abandonaste, foste para longe, não te alcanço, não te magoo.

Deixo-te em paz, mas deixa-me odiar-te. Não tenho mais a que me agarrar.

Vá, vai à merda, fico-te hediondamente agradecido.

Anónimo disse...

"Amado",

Deixa-me, então, seguir o meu caminho. Não sou nem melhor nem pior que tu. Mas mereço caminhar sozinha. Ou melhor, sem ti.

Odeia-me à distância, se quiseres, se te sentes melhor. Mas à distância, se fazes favor. De pouco me importa o ódio que sentes.

Por mim, ódio é coisa que não existe no meu coração. Porque já não havia Amor. Só o gelo da indiferença.

Eu já não te odeio. Aliás, nunca te odiei, porque nunca te amei.

E se as discussões continuam, é porque os seres humanos são mais estúpidos que ratos de laboratório, porque não aprendem que, quando tudo acabou, nada disso faz mais sentido. Esqueço-me disso, às vezes. Não te sintas triunfante, que não é por amor.

As palavras amargas que então me saem da boca, não vêm nem do ódio nem do amor, vêm do hábito, da rotina.

Eu vou à merda, sim. Orgulhosamente.

Manolo Heredia disse...

O amor está para o mal-querer como a paixão amorosa está para o ódio. É um problema de linguagem.

Qualquer tipo de paixão implica desejo de dominação do outro.

Não há nenhuma paixão que seja amor.

Dizer "estou apaixonado por A" traduz um sentimento distindo daquele que nos leva a dizer "amo A". Quem não faz esta distinção é porque nunca amou ou porque nunca esteve apaixonado. Quem já amou e já esteve apaixonado, em pempos diferentes, faz necessáriamente esta distinção (se for honesto).

Anónimo disse...

...

E livra-te de seres infeliz ou deixares que aconteça algo que te destrua.

É-me insuportável a ideia de poder sem o alvo do meu ódio.

Anónimo disse...

...fica descansado, "Amado"...agora já não há nada que me destrua.

Sem o quereres, foste um bom professor. Mostraste-me que o Amor e o Ódio, se lhes dermos a via, andam de mãos dadas. E gostam de se mascarar, um do outro. Perversos, às vezes, esses dois.

Não te preocupes. Deixa-me, simplesmente.


Gostava que conseguisses dizer-me "adeus" definitivamente.

Anónimo disse...

Manolo
Porque não se pode amar com paixão?

Qualquer tipo de paixão não pode ser o desejo de desejar o outro?

Anónimo disse...

"Cabra",

Malditas sejam essas tuas palavras, quase doces e calmas.

No dia em que te deixar, sabê-lo-ás, ou porque te sorrio sem angústia ou infelicidade, ou porque deixei de aqui estar.

Momentâneamente enfraqueceste-me com a tua doçura e tive de recorrer ao baú das realidades, relembrando-me porque não fomos feitos para continuarmos juntos e de onde me veio este ódio e o desprezo que quero sentir por ti.

Fica bem para que eu te deseje mal.

Anónimo disse...

Sr. manolo, con una sencilla observación puede darse cuenta de que la historia del amor-odio y la del post anterior están en diferentes categorías. Tal vez sea mi último post con “tinte” amoroso porque han aparecido unos por ahí que lanzan ironías mejor que yo. Muchas gracias por su atención y si alguien más tiene confusión acerca de mi archivo… ese es su problema.

Anónimo disse...

Que me odeies, então. Adeus, até sempre...

Manolo Heredia disse...

Yulunga,
"Porque não se pode amar com paixão?"
Mais uma armadilha da linguagem, do conceito! "Amar com paixão" deve dizer-se "Amar com muita intensidade, com muita motivação para promover a presença e o convívio com o outro". Estar apaixonado é diferente, é estar fragilizado na sua auto-determinação racional. Qualquer tipo de paixão caracteriza-se por perda (parcial ou total) da capacidade de auto-determinação do indivíduo como ser racional.
Por isso o apaixonado diz "eu sei que não devia gostar dela(e), mas não sou capaz!".
Quem ama nunca lamenta amar, nem deixa de ser quem é por amar. Se não é correspondido sofre, mas não deixa de amar nem se impõe ao outro. O que não acontece com o apaixonado.

Anónimo disse...

Amor e ódio não podem ser reduzidos à escala da relação amorosa. Até porque estes conceitos ganham, aí, outros contornos. Costuma-se dizer que o limite e o ódio é, nas relações amorosas, muito ténue. Pois será. Aquela história que o NOISE contou sobre a mulher que, à beira do divórcio perde o marido é um entre muitos exemplos. Perturbadores mas existentes.
Mas amor e ódio partem dos mesmos pressupostos. Os princípios éticos que nos levam a amar são os mesmos que nos levam a odiar. O antagonismo parte daquilo que somos, da forma como interpretamos o mundo. E tudo o que sentimos parte daí.
Nas relações amorosas o pressuposto mantém-se mas as flutuações no sentimentos são inconstantes. Não há uma linearidade. Ama-se e odeia-se ao mesmo tempo, por vezes.
OU então não é ódio, mas momentos de desavenças que fazem travar a onda do amor. Será que se pode falar em ódio, ou formas diferentes da relação em determinados momentos.Sei lá.

Anónimo disse...

Adeus e que não seja até à vista. A tua visão dá-me volta ao estômago.

Manolo Heredia disse...

Lúcia,
"Os princípios éticos que nos levam a amar "
Falso! O que nos leva a amar é o instinto de sobrevivência. Está inscrito no genoma (com mais ou menos "aditivos" proporcionados pela cultura).

Anónimo disse...

manolo
Hace 2 años nos encontramos cara a cara por primera vez. Ya teníamos 4 meses compartiendo, pero como lo hace alguien por el chat y sin cámara web. Mensajes de una a otra llenos de imaginación y fantasía, de como sería la vida cuando nos encontráramos y nos viéramos a los ojos por primera vez. Un día entero en espera del encuentro y, por fin, escuchar tu voz a todo pulmón, poder acercarte a mi pecho para darte la bienvenida, sentir tus manos y poder mirarme en tu primera mirada.
Con passion
manola

Anónimo disse...

Manolo, sobre isto que escreveste:

"Se não é correspondido sofre, mas não deixa de amar nem se impõe ao outro. O que não acontece com o apaixonado."

Tentas arrumar e espartilhar conceitos "inarrumáveis".
Não vejo muita diferença entre a "paixão" e o "amor profundo e, eventualmente, doloroso, se não correspondido".
O maior ou menor descontrolo tem a ver com a capacidade de cada um/a em dominar o desejo de estar ao pé de quem ama ou, se quiseres, em ser mais ou menos platónico.
E há quem não queira estar ao pé de quem ama, para não sofrer ou tentar esquecer.

Anónimo disse...

?Manolita, que passa chica?

Anónimo disse...

salsichão

Lo primero que noté fue el parecido de nuestra pasión, luego de varias semanas encontré otras cosas y escribí esto para manolo:
Hace 2 años nos encontramos cara a cara por primera vez. Ya teníamos 4 meses compartiendo, pero como lo hace alguien por el chat y sin cámara web. Mensajes de una a otra llenos de imaginación y fantasía, de como sería la vida cuando nos encontráramos y nos viéramos a los ojos por primera vez. Un día entero en espera del encuentro y, por fin, escuchar tu voz a todo pulmón, poder acercarte a mi pecho para darte la bienvenida, sentir tus manos y poder mirarme en tu primera mirada.

Anónimo disse...

... pero
por tanto esta blogista queda en animación suspendida (así como dejé a la princesa Aurora hace unos miles de años atrás) por unos días nada más y luego volverá con su bronceado y las neuronas descansadas y más afiladas que nunca.

adiós salsichão

Anónimo disse...

Existe sempre amor e ódio quando se ama. É um ódio apaixonado ou amoroso mas, não deixa de ser ódio e, embora não sendo um ódio qualquer, tão pouco é aquele ao qual conotamos violência, desejo de morte ou destruição.
Imaginemos um casal que já não se suporta; vivem juntos mas a vida, é um dia a dia de sucessivos desentendimentos; odeiam-se. Quase inconscientemente, cada um deseja que o outro desapareça; não por prazer, não por amor/ódio mas sim, para se sentirem e serem livres da presença daquele que detestam. Na realidade odeiam-se a ponto de poderem até desejar a morte do outro. Não existe neste tipo de ódio a menor ponta de amor.
Imaginemos agora outro casal; amam-se mas algo falhou na relação, não deu certo, estão separados. A cada visão do outro, aumenta a necessidade imperiosa de ter de possuir; o outro é o objecto desejado mas não possuído. O amor, e a paixão que o alimenta, fustigam o peito acabando por transformar todo o sentimento inicial em algo perverso, que pretende ser mau, mas que nada mais é, do que a vontade imensa de aliviar a dor do não ter.

- Odeio, logo desdenho.
- Odeio, logo não sinto falta.
- Odeio, logo não amo.

Pensa-se erradamente que a dor é atenuada por este ódio mas não o é, pelo contrario: neste caso o ódio, nada mais faz que alimentar o amor, e manter acesa a chama da paixão.

Anónimo disse...

Resumo de uma vida

Ferdinando era um pacifista militante. Mas depois casou-se.

posted by Nuno in http://melancomico.blogspot.com/ - Setembro 07, 2005

Anónimo disse...

Claro que o Gabriel Garcia Marquez não virou santo, mas parece ser um dos gurus do nosso amado Prof. Doutor JVM

Manolo Heredia disse...

SALSICHÃO,
Chamas "paixão" ao "amor profundo e, eventualmente, doloroso, se não correspondido".
Também chamas paixão ao "amor profundo que a fez deixar de comer ... etc. até que morreu".
Tudo bem, são coisas diferentes às quais dás a mesma designação...
Stº Agostinho diz "há tantas maneiras de amar quantos os cabelos que exitem numa cabeça". Suponho que não estava a pensar em nenhum careca!
Por isso é tão difícil falar sobre este assunto.
Os esquimós têm 30 maneira de designar "gelo" (quebradiço, fofo, cortante,..). Dão um nome para cada tipo de gelo. Vai lá dizer-lhes que é tudo e tão só "gelo"!

Anónimo disse...

Hace ... meses apareció este blog. Júlio creía que tenía el control absoluto sobre lo que aquí se iría escribiendo pero la realidad supera a la ficción y con el tiempo nada de lo planificado se consolidó. El espíritu de lo verdadero Murcon se debe haber apoderado de este espacio y lo ha hecho tan bien que ahora no puede retroceder sin perder su esencia.
Más aún, el encuentro cara a cara con los blogueros servirá para que Murcon tenga más tela que cortar y también para que la de carne y hueso conozca a personas afines (obvio, unas más que otras) con quienes verbalizar sus ideas, ponerle sonido e imagen a las ideas ajenas y compartir gratos momentos.
Gracias a Murcon. Me ha salvado de serios ataques de aburrimiento. Gracias mil.
Manola y E.

Anónimo disse...

Manolo, olha que AS esquimós até devem ser umas umas danadas, têm que o ser, para conseguirem "acender o lume" no meio de todo aquele gelo.
Daí que se lhes falas em gelo, começam logo a divagar e a distrair-te a atenção.
É assim que eles, OS esquimós, aprendem essas variantes sobre o gelo, logo de pequeninos e bem ensindos pelas mãezinhas.

Dário Nemésio disse...

Olá a todos,
à uns anos atrás, quando tive a minha primeira relação, sentia-me um previligiado por tudo aquilo que sentia.Um profundo sentimento que me aproximava da outra pessoa, penso que era Amor.
Após 2 anos a relação terminou como se qualquer coisa( ou tudo!) me estivesse a escapar das mãos, e depois experimentei um sentimento horrivel, assustador de tanta destruição, penso que era ódio.
Verifiquei, com a minha experiência e não num plano teórico, como estavam tão proximos estes dois sentimentos. No inicio desta relação nunca me passaria pela cabeça que um dia poderia odiar aquela pessoa, mas a verdade confirmou-se ser outra!!

Anónimo disse...

Manolo
Uma vez mais não concordo.
Qual a diferença entre amar com paixão ou com muuuuuuuuuuita intensidade?
As armadilhas não partem da linguagem, nem das acções faladas mas sim praticadas.
Eu acredito no amor com paixão, com ganas, com garra.

Anónimo disse...

"Todos temos o céu e o inferno dentro de nós".(Oscar Wilde)

Anónimo disse...

Foi assim que o Homem inventou a Poesia...Há coisas impossiveis de descrever sem Ela...

Anónimo disse...

dário nemésio 3:23 PM

"Após 2 anos a relação terminou como se qualquer coisa me estivesse a escapar das mãos..."

Os gajos que vendem mariquices no Príncipe Real têm, normalmente, esse tipo de problemas. Deve ser do "ambiente arco-íris"...

Para a próxima experimenta arranjar uma gaja. Vais ver que são muito menos promuíscuas.

darkman disse...

um dos meus livros preferidos...

ashistorias.blogspot.com
ospensamentos.blogspot.com

dá o teu voto na minha sondagem tb por favor. e divulga, se quiseres... :p ==> http://www.createsurvey.com/c/28137-nlBqtc/

Anónimo disse...

yulunga,
já vivi uma paixão arrebatadora, e a certa altura disse a mim mesma...vou acabar com isto quando a dor for maior que o prazer...foi dificil reconhecer quando aconteceu...mas aconteceu e terminei...
O prazer é tão grande que é dificil conceber continuar sem ele, ...mas quando a dôr da ausência nos consome...é pior...

Anónimo disse...

Rebeca
Se eu disser:
"já vivi um amor intenso, e a certa altura disse a mim mesma...vou acabar com isto quando a dor for maior que o amor...foi dificil reconhecer quando aconteceu...mas aconteceu e terminei...
O amor é tão grande que é dificil conceber continuar sem ele, ...mas quando a dôr da ausência nos consome...é pior..."
Varia muito?

Qualquer que seja a relação independentemente do que a mova (amor ou paixão) doi quando acaba. Julgo eu.

Anónimo disse...

rebeca 4:08 PM

"... a certa altura disse a mim mesma: vou acabar com isto quando a dor for maior que o prazer..."

Ganda maluca, andavas a curtir uma de masoquista, não ?! E como o artista era um sádico de primeira, não te aguentaste à bronca...

Anónimo disse...

Pois...acho que sim...andei a curtir uma de masoquista...esteve perto de virar vício...só me aconteceu uma vez...e não quero mais, pelo menos desta forma.
Hoje leio coisas que escrevi e custa-me a acreditar que tenha sido eu...

Anónimo disse...

yulunga,
doeu mais enquanto durou do que quando terminou...por isso teve de acabar...a paixão tem destas coisas.

Anónimo disse...

ajfrm,

"... morrer de amores por elas ..."

Olha, também só se morre uma vez. Por isso, não será melhor "morrer em amores com elas"?

Anónimo disse...

rebeca
Não sei o que é estar numa relação que doa.
Sobre relações, amor e ódio e falo por mim, lamento todas as relações que acabei pois qualquer uma delas podia ter sido "aquela".
Nunca vivi nem acabei nenhuma com ódio. Lógico que umas acabam melhor que outras, mas tento sempre tirar o bom que tiveram e evitar alguma tendência para o dito ódio.
Acho que devemos tentar eliminar a tendencia para o ódio para podermos sair duma relação lavadinhas e limpinhas de "nódoas" que nos possam afectar numa próxima relação.

Anónimo disse...

ajfrm,

Eu falava em se ir morrendo "em amores com elas" e não "por amor a elas". Topas? No "acto" ?.

Anónimo disse...

ficou alguma mágoa... ódio não!

Anónimo disse...

ajfrm
Pode-se morrer várias vezes e também renascer mais umas quantas.
Li a tua conclusão com tristeza.

Didas disse...

Estou fartinha de dar voltas à carola e concluo sempre que, se amasse o meu chefe, não o madaria dar banho ao cão da mesma maneira que o faço agora. Mas isto digo eu com os nervos.

Manolo Heredia disse...

Yulunga,
li o que disseste à rebeca. Comigo passou-se o mesmo. Acho que só falta dizer uma coisa: è preciso saber sair no tempo certo! Enquanto a relação ainda não está totalmente irreparável, mas já dá para ver que não tem futuro.
(como nos carros! lol :))

Anónimo disse...

Manolo Heredia 5:53 PM

"... è preciso saber sair no tempo certo ! Enquanto a relação ainda não está totalmente irreparável, mas já dá para ver que não tem futuro."

E quando é assim entregas o negócio para "outsourcing" ?

Pamina disse...

Olá JMV e Maralhal,

Manolo(1.32) e Yulunga,

O sentimento a que o Manolo se refere e que em português chamamos "estar apaixonado", apresenta mesmo várias características particulares. Não é a mesma coisa do que o "amor/preocupo-me com o teu bem-estar" kind of feeling.
Todas estas características do "estar apaixonado" foram investigadas pela Dr.Dorothy Tennov que até inventou uma nova palavra para designar este sentimento,"LIMERENCE", a fim de não haver confusões com a palavra "love".
Isto são terrenos do Prof.JMV, mas, pessoalmente, gostei muito de ler o livro que ela escreveu sobre o assunto:"Love and Limerence-The experience of being in love". Penso que é um "clássico" sobre o assunto.

Ainda gostava de comentar a frase do post, mas agora tenho mesmo que ir. Se ainda aqui estiver, comento mais tarde.
Até logo.

Anónimo disse...

Didas 5:37 PM

"... concluo sempre que, se amasse o meu chefe, não o mandaria dar banho ao cão da mesma maneira que o faço agora."

Minha desgraçada... estás vendida ao patronato !

Anónimo disse...

Prof. JMV,

Talvez valha a pena também falar no "peso" na consciência:).

Anónimo disse...

Obrigado, Pamina!
(Esta mulher é um espanto.)

Anónimo disse...

Ó Gonçalo e porque não no peso e na leveza?
Será que o peso se refere ao ódio e a leveza ao amor ou será de other way round?

andorinha disse...

Boa tarde!

Tal como o ram e a yulunga também voto na retirada do "às vezes".
Penso também, tal como disse a Débora, que a fronteira entre o amor e o ódio é, às vezes, muito ténue.

Hoje estou muito lacónica -amuei:)))))))))))))) porque o Júlio não esclarece as nossas dúvidas.

Manolo Heredia disse...

anonym. 5:59
nada disso! porque o que é irreparável é a relação que ela tinha comigo. Com outro ela é um carro em primeira-mão! lol! ou, digamos, com uns pequenos toques, que correspondem às marcas deixadas pela relação e que foram generalizadas por ela, as desconfianças à priori, por exemplo.

andorinha disse...

Yulunga,
Já vi que já te passou a neura.:)))

Anónimo disse...

Andorinha
Dá-me forte mas passa-me rápido.
O Dr. Murcon não esclarece de propósito para andarmos por aqui aos papeis, e também para nos ler e aprender connosco a técnica de se falar muito e não se dizer nada ;-)
Uma coisa é certa empenhados e assiduos somos.

Anónimo disse...

Manolo Heredia 6:28 PM

"Com outro ela é um carro em primeira-mão !"

Nunca, jamais... só se o outro for um ganda totó. Uma mulher, depois de andar com um homem, nunca mais é em primeira-mão.

Porque será que, ao contrário do homem, Deus fez a mulher com selo de garantia ??? Já pensaram nisso...

andorinha disse...

Yulunga,
Nisso também somos parecidas - quando me dá também me passa rapidamente.
Nós falamos muito e não dizemos nada? Não concordo.:)

Anónimo disse...

Até amanhã maralhal.
Boas blogadas.

Anónimo disse...

Anonimo
E a complacência...?

Boa tarde

Anónimo disse...

Noise
Escreve "como água que corre",profundo na análise mas "leve" na comunicação,gosta-se!..
Concordo, de facto que o amor não é nem pode nunca ser o mesmo sentimento do ódio, apesar de muitas vezes eles se misturarem...e concordo mais ainda quando diz que dificilmente o amor se sustiu pelo ódio, pois seria admitir este como tendo mais valor. Eu gostaria de intensificar um pouco mais a tónica nisso: não só não se substitui como considero que se pudermos, optamos SEMPRE pelo primeiro...
Nisso o post do professor é muito "esperançoso":
- apesar do esforço no sentido do ódio, afinal o que saíu foi mesmo o amor....

Manolo Heredia disse...

anonym 7,07,
O que vós almejais bem eu enxergo!

Anónimo disse...

Não acredito que haja lugar para o ódio depois do luto, depois de uma reflexão honesta sobre nós próprios...

Anónimo disse...

pois...penso que sim...depois do luto, o odio vai esmorecendo...até desaparecer...

Su disse...

nós só odiamos na medida em que antes disso amamos ou gostamos..não é?
pois não se odeia qd não se conheçe/conheçeu no sentido de ser vivido...aí há indiferença...não há odio..opssss
de qq modo D.M.F. tinha razão ao dizer: "Odiar? Amar? -Apenas tentativas falhadas nas esquinas da saudade."

Anónimo disse...

Amo-te pela simples razão que te odeio; da mesma forma que este ódio que nutro por ti se transforme ele mesmo, lentamente, no amor que te dedico; fico sereno e sei que te odeio pela simples razão de te amar.
E, desesperadamente, não sei distinguir od dois sentimentos!

Anónimo disse...

Noisy,

Obrigada pelos seus comentários. É um mesmo blogguista militante. Dedica-se de alma e coração …

“e que dizer das necessidades que nunca chegam a nascer? Confesso-me que a hora é propícia: não toco em mulheres de uma certa idade com medo de que as barreiras entre o que querem e o que esperam estejam À muito acima de qq gesto de qq comum mortal. Os Muros que erguemos para confinar os estragos que nos fazem no quintal da Alma funcionam como automatismo empírico para refrear a curiosidade, como criar novas plantas senão as colhidas à volta? Podemos cultivar em nós os mais dignos sentimentos, mas passada a margem da nossa própria interpretação que sentirão os que nos recebem do outro lado? Aquelas veste que nos parece ser a farpelita frágil da simplicidade espiritual para outrém pode ser a armadura reluzente de um verdadeiro soldado da Cruzada dos Afectos.”

Quanto às necessidades que não chegam a nascer, com essas não temos que nos preocupar – não existem para nós!
Não tocar em mulheres de uma certa idade (presumo que mais velhas), é temer à partida a fasquia de eventuais expectativas. Além de que encerra um certo receio da sua parte, ou falta de confiança? Não pense nisso, rapaz! Eu sei que o nosso melhor, por vezes, é insuficiente, mas caramba! Seja conta a “farpelita frágil da simplicidade espiritual”, ou “um verdadeiro soldado da Cruzada dos Afectos.”, sejamos nós próprios, dando sempre o nosso melhor e a probabilidade de que as coisas corram bem, é enorme, penso – serei muito optimista? Todos temos os nossos muros e limitações – ninguém está imune!

“não deixo de pensar que muitas vezes ………..se ama com infidelidade.”

Claro que se pode amar, apesar da infidelidade – isso mesmo disse a Prof. Gabriela Moita no último “Estes Difíceis Amores”. E foi bem clara. O outro é que pode não aceitar essa forma de amar …

Saudações,
Débora

Vera_Effigies disse...

Amor versus ódio
Dois sentimentos opostos, na minha maneira de ver. Interligados?!... Talvez. Tenho uma certa dificuldade em interligá-los. Amor é algo sádio, manifesta-se sem que nos dêmos conta.
Quem constrói o amor?!!!! Ninguém. É um sentimento de "geração espontânea". É algo fluído bonito associado a todos os sentimentos nobres do ser humano (bondade, condescendência, tolerância, perdão, cumplicidade, partilha, dádiva...); onde um simples olhar pode transmitir pensamentos, desejos, alegrias ou tristezas; é um mundo de sensações, a que a nossa massa corporal reage em simultâneo ;-).
Ódio é um sentimento menor, como li algures.
Menor, quanto a mim, não em proporção ou capacidade, mas pelos sentimentos que lhe dão vida (inveja, ambição desmedida, fanatismos, despeito...); é um sentimento doentio com dependência total do sujeito que o alimenta, orienta e move.
Viva o amor! Seja ele maternal, paternal, filial ou outro que a estes se equipare.
Pena que o que move o mundo seja a ambição desmedida e os fanatismos:(
Boa noite

Anónimo disse...

Olá maralhal,

ajfrm 4.44
A dor dos desamores é também o Amor!

manolo de heredia 5.53
Sair no tempo certo? Para mim isso é ficção, pura ficção.Como o poderemos saber?

Anónimo disse...

lusco fusco
Por isso tudo...e por muito mais...
Viva o Amor!...Sempre -:)))))

Anónimo disse...

MANOLO
"O que nos leva a amar é o instinto de sobrevivência. Está inscrito no genoma (com mais ou menos "aditivos" proporcionados pela cultura)."
Até admito que o genoma seja decisivo na explicação de muitas coisas. Mas acredito que em relação à parte emocional e cognitiva apenas mostre uma tendência. O resto é definido pela circunstância do Homem

Anónimo disse...

Não te quero senão porque te quero
e de querer-te a não querer-te chego
e de esperar-te quando não te espero
passa meu coração do frio ao fogo.

Te quero só porque a ti te quero,
te odeio sem fim, e odiando-te te rogo,
e a medida de meu amor viageiro
é não ver-te e amar-te como um cego.

Talvez consumirá a luz de janeiro,
seu raio cruel, meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego.

Nesta história só eu morro
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero, amor, a sangue e fogo.

(Extraído de "Cem sonetos de amor") Pablo Neruda

Pamina disse...

Olá de novo,

Relativamente à frase do post, a palavra que me saltou à vista, foi "estremecer". Porque é que ela estremeceu? Penso que ficou surpreendida e assustada ao tomar consciência de que era capaz de tão bem planear o mal. A palavra está muito bem empregue, pois nestes momentos, quando um calafrio nos percorre a espinha, parece que o corpo estremece mesmo, no sentido literal.
Penso também que ao aperceber-se desta sua capacidade a classificou como um defeito, o que denota culpa e logo (outra vez a palavra, aqui relativa à acção e não ao agente) a consciência da diferença entre o bem e o mal.

Julgo, assim, que o P.S. do último post está aqui muito bem exemplificado.

Anónimo disse...

Boa noite maralhal
O amor é o limite, que por algumas vezes vezes nos traz a ilusão de que atingimos esse limite (ainda bem bem que o não atingimos). Ando em cada instante da minha vida envolto nesse caminho para o limite. Mas a paixão (que não resulta da vontade) tambem nos pode mostrar o ceu aqui na terra. principlamente se correspondida, onde é possivel sexo com paletes e paletes de tesão... que nos tira do sério, que nso nos expoe completamente, completamente livres....
Odio? não sei o que é. Já ouvi falar, mas não faço a mais pequena ideia do que seja...

Anónimo disse...

Noiseformind, li sobre o Pó de Simpatia no livro A Ilha do Dia Antes, de Ecco. Achei todo o conceito delicioso, especialmente aquela história de ele servir para acertar os relógios. Será o ódio uma capa que nos ajuda a retornar à realidade depois de termos experimentado o Amor, uam forma de dolorosamente mas eficazmente acertarmos os relógios do nosso coração? Fica a minha pergunta e um beijo para si e outro para o Professor.

Anónimo disse...

Levar demasiado a sério um blog não é sinal de inteligência, mas de obsessão. Denuncia, isso sim, uma tremenda solidão. É pena que alguns e algumas arrisquem que lhes passe a felicidade ao lado, por estarem demasiado distraídos(as) a olhar para o écran.

andorinha disse...

Débora (8.36)
Subscrevo aquilo que dizes ao Noise. Ele precisa de o ouvir.:)))))
"...sejamos nós próprios, dando sempre o nosso melhor e a probabilidade de que as coisas corram bem é enorme, penso. Todos temos os nossos muros e limitações - ninguém está imune".
Concordo plenamente.
E é claro, também, que se pode amar, apesar da infidelidade.

Pamina (10.02)
Gostei do teu comentário.
Acrescentaria, no entanto, que
penso que o que a fez estremecer foi aperceber-se de que o ódio não é assim tão diferente do amor e que são sentimentos que às vezes se "tocam".

"...a consciência da diferença entre o bem e o mal".
Penso que sobretudo a consciência de que dentro dela o bem e o mal ( amor e ódio) coexistem lado a lado.
A sua consciência ficou, nessa altura, consciente disso.





Penso que ela

andorinha disse...

Como é óbvio o "Penso que ela" do comentário anterior está a mais.
Novamente azelhice.:(

amok_she disse...

ele disse...
(...) 8:27 PM


E fica td dito!...da forma simples, como só o q é importante pode ser dito...


Comentador muito ocasional disse...
(...)10:44 PM


...adoro estas "psicanálises" de pacotilha!:->

Manolo Heredia disse...

Lúcia,
Não é iso que diz (e prova cientificamente) A. Damásio...

Anónimo disse...

Murconeanos,

Passei ontem e não me apeteceu comentar nada dessa antinomia de faca e alguidar amor-ódio, por mais que pareça ser o "humaníssimo tema do post.

Para mim o par verdadeiro é AMOR -MORTE: Eros e Thanatos como já o disseram os gregos. As principais personagens: Orfeu e Eurídice, Pedro e Inês, Otelo e Desdémona, Romeu e Julieta,Tristão e Isolda etc, etc estão sempre do lado do AMOR e...da Morte, daí a sua grandeza. O ódio é para personagens secundárias como os Iagos, os Pachecos e outros Minotauros repelentes e outros monstro que só existem porque existe o AMOR.
Boa-noite.

amok_she disse...

'e outros monstro que só existem porque existe o AMOR.'

...hummmm, naturalmente...humano!...tal como o ÓDIO...renegar o ódio como face da mesma moeda onde tb existe o amor é o mesmo q acreditar em deus e renegar o diabo...um ñ pode existir sem o outro, sob pena de tornar pateticas as figuras principais e relegar para primeiro plano...os monstros!:->

Anónimo disse...

Patéticas, diz muito bem.Continuo na Grécia. Patéticas, como bem deve saber vem de "pathos", coisinha a que ninguém se pode gabar de ter fugido.

amok_she disse...

...pois sim, mas aqui o importante era não relegar para primeiro plano...os montros, ou ñ era?:->

Anónimo disse...

Eu apenas quis relegar -aliás de acordo com os amantes que referi-, a monstruogidade do ódio, por posse, por inveja, por malevolência,por despotismo, etc que não é estético nem ético, para mim, equiparar ao grande amor.Aliás a famosa dor-de-corno chamada ciúime, a meu ver não é ódio, mas sobretudo o amor-próprio em frangalhos. Agora que somos ambivalentes (JMV) somos e com pequenas monstruosidades, que não me despertam interesse porque como bem disse prefiro as personagens patéticas. Welcome to Elsinore!

Anónimo disse...

"Levar demasiado a sério um blog não é sinal de inteligência, mas de obsessão. Denuncia, isso sim, uma tremenda solidão. É pena que alguns e algumas arrisquem que lhes passe a felicidade ao lado, por estarem demasiado distraídos(as) a olhar para o écran." - "uma comentador que se disse muito ocasional"
O conceito dos afectos virtuais seria, em particular neste "sítio", um excelente mote para discussão, não Professor? ;)

Anónimo disse...

Penso que os que amaram e foram amados nunca deixarão de se amar! Há laços que cozeram memórias comuns que afloram sem aviso, que se procuram, que se impõem...

E pode-se lucidamente amar, friamente.

Anónimo disse...

cê tê

Parece-me que pode-se amar lucidamente, com afectos reais e virtuais, fria ou calorosamente; é que tudo em nós soa e ressoa como tocado pelo instrumento dos 'afectos' aquele que canta a voz dos dragões e dos roxinóis.

amok_she disse...

dissidente disse...
«(...) a monstruogidade do ódio, por posse, por inveja, por malevolência,por despotismo, etc que não é estético nem ético, para mim, equiparar ao grande amor.Aliás a famosa dor-de-corno chamada ciúime, a meu ver não é ódio, (...)Welcome to Elsinore!

2:34 AM »


ah bom!...bem me queria parecer q estavamos a referir ódio...como se só existisse aquele aglomerado de sentimentos mesquinhos a q vulgar e erradamente(!) se chama ódio...estamos, assim, entendidos! "Welcome to Elsinore!"...pois então!;-)