domingo, maio 25, 2014

Que vêm fazendo os responsáveis políticos europeus para que tanto desiludido em França vote num partido cujo patriarca espera - ou deseja? - que a imigração seja travada pelo vírus Ébola?

24 comentários:

rainbow disse...


Muito preocupante o que está a acontecer em França e um pouco por toda a Europa...

http://expresso.sapo.pt/video-a-europa-ja-esta-a-arder=f872057

Pedro Costa disse...

A abstenção é altíssima em todo o lado.
Pessoalmente talvez seja mais alarmante isso do que o que aconteceu em França.
É uma absoluta indiferença e o divórcio para com uma instituição que está cada vez mais descredibilizado juntos dos próprios europeus. O futuro (e o presente) da Europa não é nada radioso.

andorinha disse...

Concordo com a Rainbow e o Pedro Costa.
Há um divórcio enorme entre os cidadãos e as instituições europeias. A altíssima taxa de abstenção reflecte isso mesmo.
Também não me parece nada radioso o futuro.


Quanto à pergunta do post, em momentos de crise cada um tende a olhar ainda mais para o seu umbigo. A França para os franceses, a Itália para os italianos...é isto o projecto europeu? O individualismo, ao invés da solidariedade, cresce.
Nunca fui uma europeísta convicta ou entusiasta e cada vez me revejo menos neste projecto. Porque parte de cima para baixo e não gosto quando as coisas são assim alicerçadas.

Vi há pouco AJS dizer que o PS obteve uma retumbante vitória.
Vou ter que reaprender Português pois pelos vistos não sei o significado de algumas palavras:))))))))))

Quatro pontos percentuais de diferença para a coligação?
Pouco, muito pouco...

À esquerda a fragmentação, a queda do BE que me entristece.
Felizmente conseguiram manter Marisa Matias, uma excelente deputada.
Gostei do resultado do PCP. Merecido, pela combatividade, pela genuinidade, pela coerência.

Vou ouvir Ferré...

Fiquem bem.

andorinha disse...


P.S. Hoje sim, sinto saudades do Murcon de outros tempos, em que em noites eleitorais ficávamos aqui a conversar sobre os resultados e o que eles poderiam significar ou traduzir.


bea disse...

Quanto à Europa, na qual estamos umas vezes porque sim e outras porque não, quem está nas pontas sofre do síndrome de semi pertença, tanto por parte dos portugueses como na dos restantes países europeus). Mas, já o notávamos, os movimentos extremistas de direita, ganham expressão. O que será o parlamento europeu com eles não o sabemos. Mas está para breve, não vão deitar fora a oportunidade. Também nunca fui europeísta ferrenha, sobretudo porque não consigo acreditar em solidariedades súbitas entre países que nunca se interessaram uns pelos outros senão por motivos de poder ou afins (a Europa fraterna e unida não existe e nunca existiu). Pode que seja eu a descrer demais.

Andorinha,

Na verdade, não serão tanto as noites que passávamos (eu decerto não conseguiria), mas o desânimo que nos assola quanto ao futuro a impediro debate. Pessoalmente, sofro o rescaldo do que já antevia, mas me dói como se não. E não sei o que se possa discutir com tais resultados. O PS não convence nem um Menino Jesus acabado de nascer.O PCP sobe mas não governa e nem me parece que chegue lá. O Bloco está arrumado no cantinho para onde ele mesmo se enfiou. O Livre não tem força expressiva e nem sabemos bem o que é.
E não haver um movimento sério que nos convença com exequíveis propostas de futuro. A agregar vontades que, para já, nem existem.

Entretanto a coligação do nosso descontentamento lá vai singrando e sangrando as nossas conquistas.
Oh valha-me Deus!

bea disse...

Acerca da canção e Leo Ferré: mudamos muito com o tempo. Que, porém, a vida não nos sente amorfos e neutros! Discordo da canção. Não temos que ser velhos e ainda por cima parvalhões. Ou que, pelo menos, não o sejamos enquanto ainda autoconscientes.

E tenham um Dia BOM!!!

andorinha disse...

"Também nunca fui europeísta ferrenha, sobretudo porque não consigo acreditar em solidariedades súbitas entre países que nunca se interessaram uns pelos outros senão por motivos de poder ou afins (a Europa fraterna e unida não existe e nunca existiu). Pode que seja eu a descrer demais."

Não acho que sejas. Descreio contigo. E como nós, muitos...


"Entretanto a coligação do nosso descontentamento lá vai singrando e sangrando as nossas conquistas"

Isso entristece-me imenso e revolta-me. Conseguem levar a água ao seu moinho porque há muita gente que vai na cantiga. Isto pode ser uma visão simplista porque é facto que o PS não é alternativa nenhuma. Olha-se para aquele AJS e percebe-se. E a esquerda está estilhaçada...

O que nos espera? Não sei...

Falta aqui o Impio e as suas Blasfémias, a Anfy, o FDL, isto para lembrar só os que eram mais interventivos.


Vou caminhar...inté...

:)

rainbow disse...


Andorinha

Foi assim que conheci o Murcon, cheio de vida, fervilhante de ideias, de diálogos. E eu em silêncio, mas deliciada:)
Tens razão, falta aqui a Anfi, que não tarda está aí(espero:)) o Ímpio, o FDL, o Aquiles.

Bea

Mudamos muito com o tempo. Mas, tal como tu dizes, teimamos...

Pedro Costa

Também acho que há um divórcio entre o eleitorado e as instituições políticas. Mas em relação ao que se está a passar em França, tenho uma opinião diferente.
Faz-me imensa confusão pensar que um país como a França, está a cair nas mãos da extrema-direita. A França da resistência, do Maio de 68, defensora da liberdade e com uma grande dimensão cultural. Marine Le Pen? Contra a imigração e o retorno da pena de morte são só dois exemplos do que ela e o seu partido defendem.

Em relação à conversa num dos andares de baixo, concordo que o argumento do filme "A vida é bela" é inverosímil. Mas é isso que o torna fascinante. Porque a esperança é a última a morrer.
Não lembra a quem escrever um argumento daqueles. Lembrou-se Roberto Benigni que fez com que este filme ganhasse o óscar de melhor filme estrangeiro.
Obrigada pela dica do filme "My blueberry Nights". Vou ver se o encontro:)


Pedro Costa disse...

Oi Rainbow, Andorinha

Talvez de todos os países europeus foi sempre na França que a extrema-direita encontrou as suas raízes e daí expandiu-se. Diria que há uma tradição extremista que não é de agora. E sempre teve resultados "bons", com expressão.

A única vantagem disto e da abstenção é talvez acordar os líderes europeus para... a Europa. A verdadeira, não aquela que eles vivem.

E naturalmente, que em tempos de crise, deixamos de olhar para o lado e passamos a olhar para o umbigo com o óbvio aumento de intolerância para os vizinhos. O que faz sentido.
Primeiro satisfazer as nossas necessidades e depois as dos outros. É o que está a acontecer um pouco por toda a Europa.
Inicialmente começou com a tradicional elevada abstenção e agora com a adição das extremas.
E o domínio financeiro e político da da Alemanha na Europa só acelera ainda mais este fenómenos. Infelizmente por motivos óbvios...

Até acredito que o surgimento das extremas na Europa seja útil. Se houver inteligência a Europa acorda.

E quanto às nossas eleições talvez ninguém tenha ganho verdadeiramente. O AJS certamente que não. O BE está a tornar-se residual como disse Bea.
Os votos dispersaram-se. Não houve convicção nos (poucos) que votaram. Cumpriram apenas uma obrigação. Foram votos vazios. Talvez tenham sido menos úteis que o abstencionistas.

andorinha disse...

Rainbow,

Não se escuta sorrateiramente atrás da porta. É feio!:)))))))))))))))))))))))))))

Foram outros tempos, agora a desilusão invade quase todas as esferas da vida. Aquilo saíu-me como desabafo.


Pedro,


"A única vantagem disto e da abstenção é talvez acordar os líderes europeus para... a Europa. A verdadeira, não aquela que eles vivem."

Não sei se acordam. E se ainda vão a tempo...
Ouvi há pouco MST afirmar que o resultado destas eleições pode significar o fim do projecto europeu. Será o implodir da Europa começando com cerca de 150 deputados eurocépticos.
Não sei para onde caminhamos, sei que não me interessa nada viver numa Europa assim.

Quanto à nossa santa terrinha:), os votos dispersaram-se porque cada vez há uma maior dispersão à esquerda. Mas concordo que o BE caminha apressadamente para o abismo.

Não concordo contigo quando dizes que não houve convicção nos que votaram. Não estás dentro das cabeças das pessoas:))))
Eu votei com convicção e como eu muita gente. Se fosse sem convicção votava em branco.

Gostava de estar cá daqui a largos anos para ver o julgamento que a História fará de tudo isto.

bea disse...

Rain

ficavas a ler-nos? A sério?! hummm....acho que também faço isso por vezes e que comecei assim também. Vá lá, não fui a única.
Gosto das conversas daqui.

Gostei tanto de "A vida é bela"! Quero lá saber se o argumento é inverosímil (quem é que disse uma coisa dessas?!). Às vezes temos de criá-lo para podermos prosseguir. Hoje estive a bordar o meu inverosímil a ponto cruz, com muito cuidadinho:)

Além do mais, o filme tem o mérito de não retratar as atrocidades, preto no branco; trata-as tanto mais delicadamente quanto mais a facínora cresce. E é o que encontro mais cativante. De génio.

Roberto Benigni, além de actor e argumentista extraordinário, só pode ser uma pessoa interessante.

E o certo é que a vida é assim periclitante e drástica. De um momento a outro tudo pode mudar.

Ainda bem que não pensamos muito nisso. Porque é assustador.


bea disse...

Andorinha e Pedro

não sabemos o que vai fazer a Europa. Mas tem no seu seio o que não lhe calha ter e nem imaginou que teria. A questão é se é capaz de estar à altura da situação e se erguer e aos valores que talvez também não tenha. Ou, se fará como tem feito e nós fazemos, enterra-se num mundo de papel e palavras onde se precisam exemplos, acções, convicções fortes e um rumo que sirva todos (e não sei se há)

Está tudo a olhar para o umbigo. Por exemplo, quais dos nossos políticos falaram do grave que é, para a Europa, haver uma França nas mãos da extrema direita? Vejo pouca televisão, mas só me lembro de Manuel Alegre.

Os políticos continuam muito ocupados em afirmar que ganharam nas eleições.
Por vezes penso que não querem trabalhar, não são sérios. Quem assim brinca com o futuro das gerações vindouras não pode estar de boa fé.

bea disse...

...só uma música que retirei de um lugar de bom gosto e acho linda

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=t894eGoymio

Boa Noite:)

andorinha disse...

Bea,

A ouvir a Lullaby. É linda!
Gosto tanto que a vou levar para o meu canto. Bigada:)


"Hoje estive a bordar o meu inverosímil a ponto cruz, com muito cuidadinho:)"

:))))))))))))))))


A Rainbow andou a "espiar-nos" durante anos!:)))
Digo-o porque ela já o disse aqui.

Fica bem:)

Pedro Costa disse...

Bea

Uma contra-sugestão :)

http://youtu.be/rrVDATvUitA

Pedro Costa disse...

Oi Andorinha

Claro que não estava a particularizar mas a generalizar.
Digo que foi sem convicção porque uma dispersão de votos por partidos mais pequenos. Na verdade nenhum dos partidos do arco da governação ganhou. O pessoal fugiu deles e foi para outros sabendo que não iriam apontar uma direcção, uma via ou alternativa.

A dispersão, interpreto como uma falta de convicção e de crença na política nacional

andorinha disse...


A ouvir a contra-sugestão:)
Obrigada, Pedro.

bea disse...

hummm...obrigada. é um dos três Bs. Vai ter que ficar para amanhã.

andorinha disse...

Pedro,

Sim, és capaz de ter razão.A dispersão tem muito a ver com desilusão e protesto em relação aos partidos "do arco da governação".
Detesto esta expressão, mas enfim...
Não sei porque não temos só três partidos em Portugal...:(

É ver-se o caso de Marinho Pinto, por exemplo. De certeza que muitos dos que votaram nele não sabem que propostas ele tem para o país e para a Europa. Mas conseguiu capitalizar grande parte do descontentamento.

As pessoas não vêm uma alternativa credível...

Boa noite:)

Anfitrite disse...

EU quero calar mas não consigo. Já agora meus queridos ingénuos, digam quem é que nos vai governar. Os grupos ou grupelhos fora do sistema?

Pensem e deixem de dizer asneiras.

andorinha disse...


Fica bem, também, Anfy:))))

Unknown disse...

Só de Renault? Pode haver! Novas. Invasões francesas...

Anónimo disse...

Anfitrite? Aquele numero! Fez-me lembrar os voluntários. Das comissões...

AQUILES disse...

Que vêm fazendo? À pergunta subjaz alguma dúvida onde se ignore os últimos 20 anos de políticas predadoras?
Pois se ainda há dúvidas não aguro a possibilidade de haver soluções.