"No sorriso louco das mães batem as leves gotas de chuva. Nas amadas caras loucas batem e batem os dedos amarelos das candeias. Que balouçam. Que são puras. ............ ............ ............"
Viram-no, caminhando entre fuzis, por uma longa estrada, sair ao campo frio, ainda com estrelas, da alva. Mataram Federico quando a luz assomava. O pelotão de verdugos não ousou fitar-lhe a cara. Todos fecharam os olhos; rezaram: nem Deus te salva! Morto caiu Federico, sangue na fronte e chumbo nas entranhas... Foi em Granada o crime sabei - pobre Granada - em sua Granada...!
Sempre o que nós, mães, consideramos melhor para os filhos. Bordá-lo na almofada(?), claro que sim, na tentativa de eternizar esse sentimento de amor e... posse. Bom resto de semana para todos.
Os homens verdadeiramente grandes, como o foi o Federico, não tombam perante as balas dos assassinos. Em vez disso voam por cima das cabeças dos carrascos, para, lá do alto, comtemplarem, com sarcasmo, a sua hedionda pequenez. Federico Garcia Lorca estará, para sempre, bordado na almofada da nossa memória.
Júlio, assim não vale.:( Já postou esta "Canção tonta" no dia 15 de Março do ano passado. O maralhal tem boa memória, não deixa passar nada.:)))
Se as mães os bordarem na almofada, isso fará deles homens reservados? Não se conseguirão libertar desse bordado e seguir o seu caminho? As mães condicionam assim tanto o destino dos filhos? E então os pais? São desculpabilizados por não saberem bordar? Ooops...só perguntas...:)
lindo como tudo. a proteção materna e a vida flui por entre os dedos que atentam proteger, mas no fundo ...é a liberdade ~tinha de ser espanhol o escritor
A criança quando criança caminhava de braços balançando queria que um ribeiro fosse um rio o rio uma corrente e este charco o mar
A criança quando criança não sabia que o era tudo lhe era sagrado e todas as almas uma só
A criança quando criança não tinha qualquer opinião vícios sentava-se muitas vezes de perna cruzada fugia a correr tinha um remoinho no cabelo e não fazia figura para a fotografia
A criança quando criança era tempo das seguintes perguntas Porque sou eu e não tu? Porque estou aqui e não ali? Quando começou o tempo e onde acaba o espaço? Não é a vida debaixo do Sol apenas um sonho? Isto que vejo oiço e cheiro não é apenas uma aparência dum mundo antes do mundo? Há mesmo o mal e pessoas essas que são verdadeiramente as más? Como pode ser que eu que estou aqui antes de o ter sido não era e uma vez eu que sou eu não mais serei?
A criança quando criança custava-lhe comer espinafre ervilhas arroz doce e couve-flor estufada e agora come isso tudo e não apenas por necessidade
A criança quando criança despertou uma vez numa cama estranha e agora sempre de novo pareceram-lhe bonitas muitas pessoas e agora só apenas por feliz acaso imaginava claramente um paraíso e hoje pode quanto muito pressenti-lo não podia inventar o Nada e hoje arrepende-se disso
A criança quando criança brincava entusiasmada e agora nisso como outrora apenas quando é o seu trabalho
A criança quando criança bastava-lhe como alimento maçã pão e ainda assim é
A criança quando criança caiam-lhe bagas como apenas bagas nas mãos e agora ainda as nozes frescas faziam-lhe a língua áspera e agora ainda tinha em cada montanha saudade por uma montanha mais alta e em cada cidade saudade por uma cidade ainda maior e assim ainda é agarrava em êxtase numa cereja na copa duma árvore como ainda hoje tinha timidez com todos os estranhos e ainda tem esperava pela primeira neve e ainda espera
A criança quando criança atirou como lança um pau contra a árvore e ela treme lá ainda hoje
A JUVER M (Junta para a Verdade Murcunística) vem por intermédio do seu Comissário declarar que esta Posta é uma reedição da Posta de 15 de Março de 2005. Haverá aí um motivo oculto para o evento cíclico? Só o Mahatma sabe dos seus caminhos, só ele sabe qual o destino, o Alfa e Ômega e se a Febra está a jeito ; )))))))))
Muitas vezes a coabitação mãe-filho demasiado intensa para a personalidade do filho leva muitas vezes a uma dificuldade na autonomização de processos afectivos. Ou seja, gosta-se do que a mãe gosta, não se gosta do que a mãe gosta, e a individualidade em vez de ser procurada em elementos de um "grupo" que seja espelho do indivíduo é encontrada em rebeliãos temporárias em relação à figura materna, que tb indicam um acrescentar de culpa em relação à relação que nessa fase já tem contronos de incesto ("o incesto não é apenas uma manifestãção corpórea", foi Wallace que disse e não me parece uma frase contrariável, mesmo 20 anos depois). Nestes tempos que vivemos de pais distantes e ausentes parece-me mais do que natural que a prevalência desta intimidade afectiva seja uma constante na poulle social. Não que seja empobrecedora. a PrevalÊncia de uma imagem feminina auto-responsabilizadora normalmente é factor de persistência noutras áreas para o rebento em formação. O problema é enxertar depois esta realidade de dependência afectiva num relacionamento com uma mulher sem a autoridade histórica que não a mãe. E este poema fala-me de tudo isso com um recorte imtemporal. ; )))))))))))))))))))))
Que bom seria ter o hábito de devolver às crianças as suas interrogações. Elas fariam melhores escolhas pela vida fora. É bom sentir protecção à retaguarda mas com o tempo até nos esquecemos de olhar.
18 comentários:
..." e assim debalde giras
num equilíbrio falso, que afinal
se rompe… e ao chão te entregas, todo, tonto."
OU TONTA
"No sorriso louco das mães batem as leves
gotas de chuva. Nas amadas
caras loucas batem e batem
os dedos amarelos das candeias.
Que balouçam. Que são puras.
............
............
............"
Herberto Helder
A Colher na boca - Fonte II
O crime foi em Granada
Viram-no, caminhando entre fuzis,
por uma longa estrada,
sair ao campo frio,
ainda com estrelas, da alva.
Mataram Federico
quando a luz assomava.
O pelotão de verdugos
não ousou fitar-lhe a cara.
Todos fecharam os olhos;
rezaram: nem Deus te salva!
Morto caiu Federico,
sangue na fronte e chumbo nas entranhas...
Foi em Granada o crime
sabei - pobre Granada - em sua Granada...!
António Machado - "Poesias da Guerra"
Sempre o que nós, mães, consideramos melhor para os filhos. Bordá-lo na almofada(?), claro que sim, na tentativa de eternizar esse sentimento de amor e... posse.
Bom resto de semana para todos.
Os homens verdadeiramente grandes, como o foi o Federico, não tombam perante as balas dos assassinos.
Em vez disso voam por cima das cabeças dos carrascos, para, lá do alto, comtemplarem, com sarcasmo, a sua hedionda pequenez.
Federico Garcia Lorca estará, para sempre, bordado na almofada da nossa memória.
Boa noite.
Júlio, assim não vale.:(
Já postou esta "Canção tonta" no dia 15 de Março do ano passado.
O maralhal tem boa memória, não deixa passar nada.:)))
Se as mães os bordarem na almofada, isso fará deles homens reservados? Não se conseguirão libertar desse bordado e seguir o seu caminho?
As mães condicionam assim tanto o destino dos filhos? E então os pais? São desculpabilizados por não saberem bordar?
Ooops...só perguntas...:)
Meu filho,
Inventa-te
Reinventa-te
Cai
e
Levanta-te
Sempre
Vai
lindo como o poema que disse dia 27 02 2006, só que este é alegre eo outro ,quase que chorei de tâo lindo e triste
lindo como tudo. a proteção materna e a vida flui por entre os dedos que atentam proteger, mas no fundo ...é a liberdade
~tinha de ser espanhol o escritor
A criança quando criança
caminhava de braços balançando
queria que um ribeiro fosse um rio
o rio uma corrente
e este charco o mar
A criança quando criança
não sabia que o era
tudo lhe era sagrado
e todas as almas uma só
A criança quando criança
não tinha qualquer opinião
vícios
sentava-se muitas vezes de perna cruzada
fugia a correr
tinha um remoinho no cabelo
e não fazia figura para a fotografia
A criança quando criança
era tempo das seguintes perguntas
Porque sou eu e não tu?
Porque estou aqui e não ali?
Quando começou o tempo e onde acaba o espaço?
Não é a vida debaixo do Sol apenas um sonho?
Isto que vejo oiço e cheiro
não é apenas uma aparência dum mundo antes do mundo?
Há mesmo o mal e pessoas
essas que são verdadeiramente as más?
Como pode ser que eu que estou aqui
antes de o ter sido não era
e uma vez eu que sou eu
não mais serei?
A criança quando criança
custava-lhe comer espinafre ervilhas arroz doce
e couve-flor estufada
e agora come isso tudo e não apenas por necessidade
A criança quando criança
despertou uma vez numa cama estranha
e agora sempre de novo
pareceram-lhe bonitas muitas pessoas
e agora só apenas por feliz acaso
imaginava claramente um paraíso
e hoje pode quanto muito pressenti-lo
não podia inventar o Nada
e hoje arrepende-se disso
A criança quando criança
brincava entusiasmada
e agora nisso como outrora apenas
quando é o seu trabalho
A criança quando criança
bastava-lhe como alimento maçã pão
e ainda assim é
A criança quando criança
caiam-lhe bagas como apenas bagas nas mãos
e agora ainda
as nozes frescas faziam-lhe a língua áspera
e agora ainda
tinha em cada montanha
saudade por uma montanha mais alta
e em cada cidade
saudade por uma cidade ainda maior
e assim ainda é
agarrava em êxtase numa cereja na copa duma árvore
como ainda hoje
tinha timidez com todos os estranhos
e ainda tem
esperava pela primeira neve
e ainda espera
A criança quando criança
atirou como lança um pau contra a árvore
e ela treme lá ainda hoje
Poema de Peter Handke
A JUVER M (Junta para a Verdade Murcunística) vem por intermédio do seu Comissário declarar que esta Posta é uma reedição da Posta de 15 de Março de 2005. Haverá aí um motivo oculto para o evento cíclico? Só o Mahatma sabe dos seus caminhos, só ele sabe qual o destino, o Alfa e Ômega e se a Febra está a jeito ; )))))))))
Desculpa a não relação com o teu poema:(
Atracção dos iguias
Assim é como te vejo:
não alheio a tentações,
não gelado aos sentidos.
Nem puro nem entregue
nem fiel nem virtuoso.
Nem devedor de um abismo
nem calado às vozes.
Carnal, inquieto, impuro,
permaável, alerta.
O horror tomou toda a Espanha. Mas quando desço da Alhambra para Granada, aí sim, sinto a barbárie ainda e sempre presente.
Murcon ! Quem te viu e quem te vê ...
Boa noite
Falta dizer, acho eu, que no fim a mãe deverá oferecer a almofada ao filho para este não vir a ter frio, não?
Muitas vezes a coabitação mãe-filho demasiado intensa para a personalidade do filho leva muitas vezes a uma dificuldade na autonomização de processos afectivos. Ou seja, gosta-se do que a mãe gosta, não se gosta do que a mãe gosta, e a individualidade em vez de ser procurada em elementos de um "grupo" que seja espelho do indivíduo é encontrada em rebeliãos temporárias em relação à figura materna, que tb indicam um acrescentar de culpa em relação à relação que nessa fase já tem contronos de incesto ("o incesto não é apenas uma manifestãção corpórea", foi Wallace que disse e não me parece uma frase contrariável, mesmo 20 anos depois). Nestes tempos que vivemos de pais distantes e ausentes parece-me mais do que natural que a prevalência desta intimidade afectiva seja uma constante na poulle social. Não que seja empobrecedora. a PrevalÊncia de uma imagem feminina auto-responsabilizadora normalmente é factor de persistência noutras áreas para o rebento em formação. O problema é enxertar depois esta realidade de dependência afectiva num relacionamento com uma mulher sem a autoridade histórica que não a mãe. E este poema fala-me de tudo isso com um recorte imtemporal. ; )))))))))))))))))))))
"Já comeste fruta, hoje?"
;]
Que bom seria ter o hábito de devolver às crianças as suas interrogações. Elas fariam melhores escolhas pela vida fora. É bom sentir protecção à retaguarda mas com o tempo até nos esquecemos de olhar.
Durmam bem- com ou 100almofada! ;]
(hoje apareceu a verdadeira Maria, certo? Ceeeeeeeeeeeeerto. ;])
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