quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Parabéns e obrigado:).

CELEBRAÇÃO
"1, 2, 3, 4, 5 minutos de jazz" há 40 anos na rádio nacional
arquivo jn





José Duarte consegue, desde 1966, fazer o impensável um programa radiofónico com apenas cinco minutos de duração Ao longo das últimas quatro décadas foi escutado por três gerações de ouvintes

Há 40 anos, um jovem diletante era convidado para fazer um programa de jazz na Rádio Renascença. Esse jovem era José Duarte e o programa, "Cinco minutos de jazz", viria a tornar-se numa autêntica lenda da rádio nacional não há outro que tenha durado tanto tempo.

"1, 2, 3, 4, 5 minutos de jazz", a frase com que José Duarte imortalizou o programa, esteve na Rádio Renascença até 1975, altura em que sofreu uma interrupção forçada para regressar na Rádio Comercial, em 1983. A partir de 1993, passou a integrar a programação da RDP Antena 1, onde hoje pode ser ouvido, de segunda a sexta, às 18.50, 22.50 e 1.50 horas.

José Duarte, que ao longo dos anos se tornou num dos grandes divulgadores da música negro-americana no nosso país, lembra que "tudo partiu de um convite de João Martins, que faleceu em Outubro passado - era meu amigo de infância - , o radialista mais importante das décadas de 60 e 70, que tinha um programa que toda a gente ouvia, sem excepção, que se chamava "23ª hora". Convidou-me para fazer um programa, mas só me dava cinco minutos. Discuti com ele, pedi 10, 20, 30 minutos, nada...Ele insistiu nos cinco e parece que tinha razão..."

Realizar um programa de rádio em cinco minutos é algo de impensável. Mas José Duarte nunca se atrapalhou e "consigo fazer a abertura, ler um texto, meter um disco, ler outro texto e meter o fecho." Mas os programas nunca têm só cinco minutos. "Normalmente sou respeitado até aos oito. A partir daí os colegas começam a chatear-me..."

Antigamente era mais fácil respeitar os cinco minutos, porque "os discos tinham todos três minutos. Agora, nos modernos, sou obrigado a fazer excertos, que é uma coisa contra o meu feitio. Por exemplo, no tempo do free jazz, cada tema ocupava um lado inteiro de um LP, eram 20 e tal minutos. Era complicado..."

As reacções dos ouvintes nem sempre foram as melhores, mas mesmo assim José Duarte nunca esmoreceu. "Lembro-me que nas primeiras mensagens que recebi, nos anos 60, chamavam-me amante de batuques, racista , amigo dos pretos e que a minha atitude punha em perigo a unidade nacional...Uma senhora insultou-me ao telefone porque chamei concerto a um espectáculo de jazz. Ela dizia-me o senhor não sabe o que são concertos! Na altura achei ofensivo e hoje estou plenamente de acordo com ela: um concerto de jazz é um grande espectáculo."

"Cinco minutos de jazz " deixa José Duarte satisfeito por várias razões e uma em particular "atingiu três gerações."

Uma pequena história do jazz

Os 40 anos dos "Cinco minutos de jazz" são devidamente assinalados a partir de hoje através de uma colectânea de quatro discos, onde José Duarte incluiu algumas das faixas jazzísticas que considera marcantes. Funciona como uma espécie de pequena história do jazz, versão José Duarte."É um conjunto de faixas de que gosto e que considero importantes. São anteriores a 1956 para evitar as demoras com as autorizações das editoras . Por exemplo, os americanos umas vezes diziam que sim, outras que não..."

Incluiu "aquelas obras fundamentais que toda a gente gosta e que considera boas para as quais já não é necessário falar com as editoras, embora paguemos aos autores, via SPA."

Nesta colecção de quatro discos, que a partir de hoje e nas próximas três quartas-feiras poderá adquirir com o JN, vai poder conviver com a música de Monk, Coltrane, Ellington,Miles, Parker, entre muitos, muitos outros.

17 comentários:

Anónimo disse...

Ouvi-lo e rever a Ponte Carlos em Praga. Ou então ir até lá um fim de semana. Quando fizer mais calor, claro.

Anónimo disse...

Diz-se por aí que a “efeméride” vai ser comemorada mesmo à séria na Universidade de Aveiro, onde José Duarte é professor auxiliar convidado para as disciplinas de opção livre “História do Jazz” e “Audição Musical Comentada”. Os meus parabéns para José Duarte !

PS: escrevi “à séria” em vez de “a sério” para provar que, step by step, estou a ficar menos sectário e homofóbico. Sim, isto porque - hoje em dia - não há tia nem maricas que não diga “à séria”... ;-))

LR disse...

Excerto de “IMPROVISOS AO SUL”
(jazzportugal.net)

«...Completam-se hoje 40 anos desde que José Duarte, iniciou, então na Rádio Renascença, as emissões de "5 Minutos de Jazz", o mais antigo programa diário da rádio portuguesa (a primeira emissão reailizou-se a 21 de Fevereiro de 1966).
Depois de ter passado uns anos pela Rádio Comercial, o programa está desde 1993 na RDP. Vai para o ar diariamente na Antena 1, às 03h55 e 19h50.Para comemorar a efeméride, realiza-se esta noite, a partir das 21h00, no Jardim de Inverno do Teatro Municipal de São Luiz, em Lisboa, um concerto que conta com a participaçãO de Bernardo Sassetti, Jacinta, Paula Oliveira e Pedro Moreira e do Dixiegang .Também a Universidade de Aveiro se associa às comemorações, levando a cabo uma série de iniciativas. No âmbito das comemorações está também agendada a edição de uma caixa com 4 CD e livro, que será distribuída juntamente com o Diário de Notícias (nos dias 22 de Fevereiro e 1, 8 e 15 de Março). Parabéns, Jazzé Duarte!...»
.........
Uma das "revistas" online mais divertidas é o Boletim Jazz Portugal, do José Duarte/José Freire
Se não conhecem, visitem.
http://www.jazzportugal.net/
e registem-se na mailing list.
Vale a pena!

«....é entrar minhas senhoras e meus senhores
aceitam-se reportagens sobre discos concertos
artigos ensaios entrevistas
aceitam-se elogios e aceitam-se críticas
aceitam-se colaborações e ajudas
dois desde 1997 sempre foi número escasso
são precisos +
carolice tem limites
mas como tudo neste mundo não tem limites...»

Se gostarem, subscrevam (é de borla).
E aproveitem para pôr a imaginação a funcionar no divertido quiz
«... e que tal contribuir para a lista de 'coisas' que têm swing e 'coisas' que o não têm - vale tudo das Portas a Figos......»

É demais este boletim!

andorinha disse...

Boa tarde.
Devo confessar que nunca ouvi o programa.:(
Mas um programa que se mantém no ar há 40 anos, abrangendo três gerações de ouvintes merece sem dúvida uma comemoração à altura.
José Duarte está, realmente, de parabéns.
Afinal, nem tudo neste país é mau, ainda há estas efemérides que nos vão alegrando um bocadinho a alma.:)

Fora de lei (4.22)
Estás a ficar menos sectário e homofóbico?!!!
Tenho que esperar para ver...:)

Anónimo disse...

O jazz enerva-me, não sei porquê mas enerva-me.
A 23ªHora acompanhou-me durante o liceu. Fui para a Fac para Lx e nunca mais ouvi.
Tenho saudades

Anónimo disse...

andorinha 5:23 PM

"Estás a ficar menos sectário e homofóbico ?! Tenho que esperar para ver..."

Então não vês que até já digo "à séria" ?! Queres melhor indício ? ;-))

andorinha disse...

Fora de lei (6.38)

Pronto, esperemos que isto seja um indício de que finalmente estás no bom caminho.
É sinal de que a convivência connosco te tem feito bem.:)))))

CêTê disse...

Descobri que gostava de jazz quando descobri que esse era o estilo comum a músicas que passaram a ter estatuto de favoritas. Desconheço os seus cambiantes, os grandes nomes do Jazz, o título das músicas que me fazem perder a noção do espaço e do tempo. Gosto e pronto! Mas aquele jazz “puro” ainda não tenho “pancada” suficiente para apreciar. Gosto da coisa mais comercial… ;] . 5 a 10 minutos de música (qq que seja) é bem melhor que música “quilometricamente” repetida.
Boa Noite (tenho cocos para rachar!) ;]

Anónimo disse...

Parabéns José Duarte e Parabéns a si Professor por ter feito esta homenagem.

Maria disse...

" 5 minutos de Jazz" é dos poucos momentos de referência que ainda existe em rádio.
José Duarte… Excelente profissional, conhecedor da matéria qb., uma voz que marcou a estória da rádio...vai ser complicado arranjar um sucessor a altura quando decidirem acabar com este programa. Sim porque em termos da Rádio do Estado, aquela k todos os meses está incluída na nossa factura da electricidade muitas barbaridades tem sido feitas... recordo com saudade o "Feira Franca" transmitido aos domingos, onde usos e costumes, contos e rostos, sons e emoções eram feitas em directo, trazendo-nos a memória de outros tempos e destes tempos...
Obrigado, Prof., por este post.
Beijos Maralhal.
Maria

A Menina da Lua disse...

O José Duarte tambem me é muito familiar pois entra-me pela casa a dentro desde há muitos anos.
Ele não sabe mas tem sido um dos responsáveis pelo meu afinar de gosto relativamente ao Jazz. Devo-lhe muito do conhecimento que tenho mas principalmente o prazer que o seu programa a escassos minutos me tem dado ao longo destes anos todos.
Por isso parabens ao José Duarte e o meu muito obrigado...

Anónimo disse...

O zé não precisa de homenagens.

Anónimo disse...

o zé não precisa de homenagens

Pamina disse...

Boa noite.

Uma homenagem certamente merecida. Também os meus parabéns.
O programa foi-me indicado, quando eu tinha 15/16 anos, por um primo mais velho que me estimulou a arranjar um aparelho de rádio "decente".
Achei interessante a referência às reacções negativas de alguns ouvintes. No fundo, naquela época, era de esperar. Mas ainda hoje, apesar dos ritmos africanos serem muito apreciados, algumas pessoas associam a palavra jazz a "batuque" e rejeitam espectáculos assim classificados, ou seja, se o espectáculo não for chamado de jazz, são capazes de ir e de gostar, mas assustam-se com o nome. Por isso, algumas Câmaras Municipais não estão muito interessadas. Claro, que nem toda a gente reage assim e, felizmente, organizam-se festivais de jazz mesmo em localidades bastante pequenas.
Peço licença para divulgar dois: o de Valado dos Frades (perto da Nazaré) e o de Cantanhede (perto de Coimbra), terra da Ni. Talvez quem more perto, fique com vontade de assistir a algum espectáculo destes festivais (as datas estão no Google).

noiseformind disse...

Nós por estas bandas temos muito mais de 5 minutos de jazz, blues e soul por dia ; )))))))))))) Temos 2 horas de jazz pelas 24 de cada dia, com transmissão worldwide ; )))))))))))) temos de passar o Som do Murcon para a rádio. Com apresentação do Boss. Já estou a imaginar o Ju a surfar nas ondas da Antena 1:

-E esta música, Som (o erro inevitável para gáudio dos anónimos) of a Preacher Man, era a que as miúdas da Foz me costumavam cantar em jovem, alterando o Preacher para Doctor ; ))))))))) Oh yeah ; ))))))))))))

noiseformind disse...

Mas esta do buddy guy que está aqui a tocar, sendo soul bluesy não é má de todo... não senhora Maralhal, não senhora!!!!

Temos de levar uns cd's para a Mindinha. Se eles aguentam as rocalhadas do Ermal lá por perto tb devem ter estômago para Monk e Coltrane não?

Anónimo disse...

Pamina 12:59 AM

”Por isso, algumas Câmaras Municipais não estão muito interessadas. Claro, que nem toda a gente reage assim e, felizmente, organizam-se festivais de jazz mesmo em localidades bastante pequenas. Peço licença para divulgar dois: o de Valado dos Frades e o de Cantanhede.”

Sem qualquer desprimor para Valado de Frades e/ou Cantanhede - mas apenas por uma questão de “justiça intelectual” - deixe-me também fazer uma referência ao Festival Internacional Seixaljazz, organizado pela C.M. do Seixal. Ao entrarmos no respectivo website e clickando no link “Cultura”, aparece-nos logo no topo da página uma foto alusiva ao Jazz. É nessa página que podemos ler o seguinte:

O Festival Internacional Seixaljazz é uma iniciativa criada e organizada pela edilidade local, integrada num roteiro de acontecimentos culturais que promovem a Costa Azul como espaço privilegiado de turismo cultural, contribuindo para o desenvolvimento da região e do concelho.

O ano de 96 marcou o arranque do Seixaljazz com um figurino arrojado baseado numa sequência de 7 noites com concertos duplos, privilegiando a presença de formações norte americanas e a participação de grupos portugueses.

Nas edições seguintes, até 2001, o modelo manteve-se, tendo sido nesse ano alterado, em consequência da avaliação efectuada às anteriores edições e das opiniões emitidas por diversos quadrantes e personalidades da área musical, que apontavam no sentido da reformulação.

No novo modelo, o festival passou a ter uma periodicidade bianual, apresentando um programa principal de concertos no Auditório Municipal em dois fim de semana alargados, mantendo-se o figurino de dois concertos por noite, e aumentando o programa musical do Seixaljazz Clube, a decorrer nos refeitórios Mundet.

O SeixalJazz, Festival Internacional de Jazz, constitui actualmente uma referência incontornável no panorama nacional de festivais e encontros desta área da música.

Este festival de música tem como objectivos reforçar a iniciativa autárquica do domínio cultural, em relação à música, onde o Seixal detém excelentes tradições e divulgar o jazz junto do público português, apresentando grandes talentos do jazz norte-americano e português. O Seixajazz pretende ainda promover um Festival de grande qualidade e diversidade de programação e contribuir para a formação de públicos.

O festival destina-se a todo o público jovem e adulto que aprecia este estilo musical. Em cada edição, o programa integra um conjunto de actividades destinadas a despertar esse gosto nos munícipes mais jovens.

O Seixaljazz realiza-se de dois em dois anos, na 2ª quinzena de Outubro.


Fica aqui a minha homenagem a este interessante evento cultural que ocorre na terra onde o nosso amigo Porty foi nascido e criado. Tás por aí, Porty ?!