quarta-feira, abril 12, 2006

Está visto, não fui um bom pai de família:(.

Maus tratos: decisão do Supremo poderá ser anulada
2006/04/12 | 13:25
Associação quer recorrer ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos


MAIS:
Castigos corporais são aceitáveis

A Associação Portuguesa de Deficientes quer anular a decisão do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) no caso de uma responsável de um lar para crianças deficientes indiciada por maus tratos, recorrendo ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.

«Esta é a única solução possível», disse à Agência Lusa o presidente da Associação Portuguesa de Deficientes (APD), garantindo que vão «fazer tudo o que estiver ao alcance» para anular a decisão do STJ.

Humberto Santos falava após o jornal Público ter divulgado um acórdão d o STJ, que considera «lícitos» e «aceitáveis» castigos físicos - como palmadas e estaladas - aplicados por uma responsável de um lar de Setúbal a crianças com deficiência.

A pessoa em causa foi indiciada por maus-tratos, nomeadamente por dar palmadas e estaladas às crianças e por fechá-las em quartos escuros quando se recusavam a comer.

Para o STJ, fechar crianças em quartos é um castigo normal de «um bom pai de família» e as estaladas e as palmadas, se não forem dadas, até podem configurar «negligência educacional», escreve o jornal.

O presidente da APD indicou que a associação foi hoje contactada por vários advogados que disponibilizaram os seus serviços para ajudar neste caso.

«Não podemos tomar a iniciativa de avançar para o Tribunal Europeu porque não fomos a entidade promotora da acção, mas podemos entrar em acordo com a parte interessada e disponibilizar os meios», explicou.

Garantindo que a APD «não quer nenhum protagonismo», Humberto Santos sublinhou que o importante é «não deixar que esta situação fique como está e que s e criem condições para que a decisão seja alterada pelos canais possíveis».

Para o responsável, é «preocupante e revoltante» que o Supremo Tribunal de Justiça defenda a «pedagogia da agressão» sobre crianças deficientes.

«É uma agressão inqualificável por parte de quem a pratica, mas é muito preocupante e profundamente revoltante quando é defendida, especialmente por um tribunal», disse à Agência Lusa.

27 comentários:

noiseformind disse...

Shame on you Rúlio!!!!!!!!!!

Carlos Sampaio disse...

Contaram-me, já há uns anos, que na Suécia os filhos, bem informados, ameaçavam os pais com uma queixa na polícia no caso de levarem uma palmada no rabo...!
E uma frase violenta? Não poderá até ter um impacto muito mais devastador do que a "sacudidela" física? Também se pode tornar assunto de tribunal? A partir de um certo limite, julgo que sim... mas que limite?

noiseformind disse...

Como bom pai que DEVIAS ter sido umas palmadas, chapadas e quejandos castigos corporais deveriam ter feito parte institucional da educação que lhes deste ; ))))))))))))))

Atenção, o castigo corporal para mim faz sentido, como tremenda excepção, mas faz sentido. Pessoalmente levei bastantes chapadas e olhando para trás não considero que nenhuma tenha sido imerecida. Aliás, o que mais me choca é ver pais impotentes para controlar os filhos em tudo o que é local público. Dou o exemplo de um restaurante imenentemente familiar: a Cufra. É ver os putos a andarem de mesa em mesa a correr e a perturbar a malta sem que os pais se preocupem minimamente.

Agora há para mim uma linha bastante bem traçada entre aplicar educação com um castigo físico e os maustratos ; (((((((((((

noiseformind disse...

Carlos Sampaio,
Que tal o ponto em que os castigos deixam de corresponder seja a que mau comportamento for da parte das crianças? Eu sei, é demasiado etéreo, mas parece-me uma boa linha...

Da mesmo forma não se pode bater a um filho todos os dias e dizer que todos os dias ele fez alguma coisa irritante ; )))))))))))))))

noiseformind disse...

Se bem que a partir do momento em que a malta está com os putos 4 horas por dia deixam para mim de ter grandes direitos/deveres de pais e passam mais a ser cuidadores ; ((((((((( mas lá está... é o contexto social que temos ;((((((((((((((( e dele não podemos fugir. Ajudam muito aqui os avós ; )))))))))

lobices disse...
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lobices disse...

...anos 50:
Escola Primária:
...estivesse quente ou frio:
as mãos eram estendidas para os Professores nos darem palmatoadas com aquela terrível régua, ou vergasta, ou ainda com o ponteiro usado no quadro preto
...puxões de orelhas, cachaçadas e não só
- dependurados nas paredes os quadros com a foto do Salazar e o Crucifixo de Cristo
...
...meu Pai nunca me bateu mas chegou a tirar o cinto das calças para me bater com ele apenas porque não vim para casa depois das aulas e fiquei a brincar mais tempo
...minha Mãe deu-me muitas estaladas e muitos puxões de orelhas e obrigava-me a comer sempre a sopa
...depois, depois foi a minha vez
...a minha vez de ser Pai... tive um filho e uma filha
...dei-lhes muitos ralhetes e nem sempre lhes fiz as vontades
...a ele especialmente porque era muito traquina, muitos cachaços
...hunca deixei de adorar os meus pais nem os meus filhos deixaram de gostar de mim
...entendo que a educação não "deve" comtemplar a punição física mas uma boa estalada no devido momento não faz mal a ninguém
...dar um firme "não" a muitos pedidos dos filhos e obrigá-los a fazerem as coisas com correcção usando a proibição de eles usufruirem certas regalias, como ver um programa de tv ou isso, não faz mal nenhum
...
...advogo que a punição faz parte da educação mas da educação ministrada pelo grupo parental e nunca por estranhos
...mas
...nunca admitiria que um filho meu com grau de deficiência fosse maltratado pela instituição ou pela educadora como foi o caso em apreço pelo Tribunal
...aqui, neste caso em apreço, o que peca é a decisão do Tribunal em sancionar genericamente o castigo como algo normal e isto pode ser levado a extremos que devemos combater e contrariar
...não admito que um Tribunal possa ter feito isto que os jornais dizem que fez
...se os pais admitirem o mau comportamento que por aí tantas e tantas vezes se vê, como diz o Noise e basta olhar porque em todo o lado se vê as birrazinhas dos filhinhos tão bem comportadinhos com a aquiescência sorridente dos papás a verem o proceder dos filhotes, não se admirem um dia eles se virarem contra eles e serem eles os pais a levarem uma estalada de um filho
...radicalismo? Não, realidade
...mas, é apenas a minha opinião

Rui Diniz Monteiro disse...

Vamos admitir que as estaladas são aceitáveis com o objectivo de "aplicar educação" (expressão que agradeço a noiseformind num comentário lá em cima).

Partamos também do princípio que aqui não há cobardes que defendam o castigo físico só para os mais fracos, a saber as crianças. Não, há que ser íntegro: se aceitamos a bondade dos castigos físicos, então é para todos (mesmo para os Senhores Juízes).

Admitido tudo isto, ponhamos agora uma situação:
Todos nós excedemos a velocidade permitida repetidas vezes. Sabemos que estamos a brincar estupidamente com as vidas dos outros (como as estatísticas de mortos anuais em acidentes de viação no-lo mostram).

Temos aqui uma situação grave que mais do que justifica (no mínimo) umas boas estaladas dadas por um alentado GNR a todos nós que excedermos a velocidade permitida... para "aplicar educação" a quem não a tem, claro!

Certo?

Por mim respondo: errado! Porque qualquer vantagem que elas possam trazer, nunca compensam a devastação que arrastam atrás de si.
Nem os Senhores Juizes do Supremo Tribunal de Justiça, nem as crianças, ninguém merece sofrer castigos físicos, seja qual for o motivo!

mtc disse...
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Dijambura disse...

Alguns educadores não abdicam do autoritarismo da educação tradicional, ameaçando ou batendo nas crianças, argumentando que as nova gerações precisam de disciplina e de obediência. Se as crianças não conseguem encontrar segurança e estabilidade no meio em que vivem como vão conseguir depois encarar a realidade externa? E no caso de maus tratos sobre crianças deficientes (que já por si encontram imensos obstáculos sociais), é completamente inadmissivel.
Hoje, ontem, amanhã.... nos anos 40, nos anos 90 e em pleno século XXI a agressão fícica e psiológica não deve ser argumento válido para uma boa educação.Esta expressão de autoridade por parte dos educadores poderá conduzir facilmente à banalização do uso da violência como meio de solucionar conflitos, e que imposta às crianças poderá ter reflexos muito negativos ao longo da sua vida. Os castigos físicos e psicológicos constituem uma violação aos Direitos Humanos fundamentais, sendo contra a dignidade humana e a integridade física das crianças.

Dijambura

maloud disse...

Foi este mesmo Tribunal que não há muito tempo, considerou que um fulano que tinha matado a mulher tinha como atenuantes, ela não lhe fazer o jantar e vestir-se de forma "provocante". Eu já estou por tudo!

LR disse...

Ah, pois, o tema clássico...
E difícil.
A agressão física (mínima que seja) tem de ter tento e medida. Então sobre deficientes parece-me um mau trato qualificado (=agravado), porque têm 1 imputabiliade diminuída.
Por mim, levei algumas...mas só me lembro das injustas.
Do meu pai, lembro-me das 2 únicas que dele apanhei. Nunca batia...
Mas quando se estreou foi sempre instigado pela minha mãe ("impõe-te")e em ambos os casos tb cometeu 1 injustiça gritante: uma sopa de tomate não engolida perante as visitas e um atraso com a toilette enquanto esturravam no carro sob o sol algarvio...
De resto? Havia 1 ancestral "menina de cinco olhos" lá por casa, mas nunca a provei. Provou-a o meu irmão, e muito, que era uma espécie de Bin Laden avanta la lettre.
Mas tenho de dizer que acho que uma palmada bem assente não faz mal, quando os argumentos racionais não são ainda intelegíveis e o comportamento reincide para além dos limites do aceitável. Mas nunca sob a emoção do momento: isso é mau trato, mesmo, porque sabe a prepotência e arbitrariedade. E as crianças têm grande sentido de justiça.
Não tivesse eu apanhado nos nós dos dedos com as costas da faca de mesa (posta a jeito inocente ao lado do prato da minha mãe) ainda hoje não saberia comer com decência. A imitação nas crianças não é espontânea (sobretudo para o que não lhes convém), e as convenções... são convenções, e por isso não são leis naturais. E se esperamos pela idade da razão, é tarde.
Basta olhar à volta...
Há 1 preço para a "socialização" e alguma dela começa em casa.
A melhor alternativa aos castigos corporais é mesmo a privação de alguma coisa (=liberalidade).
Tenho 1 amiga que nunca batia, só privava de qualquer coisa. E os filhos em pequenos suplicavam-lhe: ."Ó Mãe, bata-me que eu não me importo, mas deixe-me sair (ou ver o dvd, ou jogar na playstation...)"

Por mim, dei as minhas sapatadas algumas vezes, sim senhor. E se eu sou impulsiva!! (não se imagina o meu sacrifício em não ferrar uns estalos à medida da zanga).
E tão raro era bater que, mesmo sem provocar dor, prometia a mim mesma arranjar alternativas só de ver os olhos deles, como faróis, surpresos e magoados (de 1 dor moral, a dor dos afectos) perante a investida...
Tudo isto é também questão de gerações. Que a questão da herança pode não facilitar: quem "levou" é compelido a bater, não é assim? A violência é 1 cadeia reprodutiva...
Bater era sinónimo de autoridade e paternidade responsável. Hoje pede-se mais do que isso.
Hoje, há quem não bata e deixe andar. Não gosto do resultado.
E há quem não bata (ou bata um mínimo) mas não abdique de disciplinar com persuasão. Só que isso dá muito mais trabalho, oh se dá. Mas é preciso. I thinnk...

Moon disse...

Ouvi a notícia na tv durante o almoço e só consegui reagir com javardice, aí vai:
Ora vejamos...
Entre os factos provados (que me pareceram ser três - e tudo coisas sem importância!...)um deles é a dita ter amarrado as pernas de uma criança (nada de mais, portanto! Vulgaríssimo...)
Já estou a imaginar o(s) pacatos) Magistrado(s) do Supremo durante o estudo do processo a ter(em) devaneios com o filme do Almodovar: "Ata-me". Daí até à tomada da decisão não foi preciso muito. A mulher só podia ser absolvida e (quiçá) até elogiada por tanta imaginação.
A esta hora o desgraçado (que suou para dar o acórdão) ainda se deve interrogar sobre o porquê de a sua Senhora nunca o ter mimado dessa forma?!

Moon disse...

P.S. Quanto ao título do post, mantenho na íntegra o "You are something..."
Que traduzido à letra é uma grande treta mas que em Inglês é um elogio!:)

LR disse...

Maloud: é isso mesmo. E é esse mesmo colégio de juízes.
Só que os meretíssimos que têm assento no STJ estão lá por méritos técnicos...e pela idade. Esta então, é condição sine qua non.
Assim percebe-se o esquema mental.
São os velhos senadores de Atenas.
Em tribunal, o poder decisório devia estar vedado quer aos muitos novos quer aos demasiado vetustos...
(sem ofensa para os vetustos, isto é 1 generalização. E, por acaso, se há pecha negativa na Europa é metermos os "velhos" na prateleira, quando - e se - eles têm ainda muito para dar, mas nos "galhos" adequados...)

andorinha disse...

Boa noite.

Não sou apologista de castigos físicos a crianças e muito menos a crianças deficiente
Haverá situações excepcionais em que se poderá admitir uma palmada ou uma sapatada, mas isso deverá ser sempre a excepção e não a regra.
Não consigo entender estas decisões do STJ, sinceramente.
Sou da opinião da angie, a melhor alternativa aos castigos corporais é mesmo a privação de alguma coisa.

A Menina da Lua disse...

Bater em crianças deficientes custa-me muito aceitar...tanto mais que, por aquilo que conheço delas, obedecem com relativa facilidade, principalmente se lhes acenar com afecto e se lhes estimular com qualquer compensação do seu agrado...
Muitas vezes torna-se necessário afirmação e autoridade que elas reconhecem com muita clareza...bater ou agressividade física, mesmo com justiça do nosso lado, pode não ser assim sentido do outro lado.

Quanto às crianças ditas normais , julgo que a situação é diferente. Elas são educadas para o mundo, para o convívio e para a relação com os outros e principalmente porque há o pressuposto que têm capacidade de entender e de se desenvolverem.

Por isso acho que a punição pode ser importante, pois definir limites ajuda-os a entender o espaço e o sentir dos outros e tambem para eles próprios se sentirem seguros e confortáveis dentro dos seus próprios limites

Alem do mais e como tambem aqui já foi dito, as crianças sentem a justiça da autoridade e da punição, que compreendem mesmo que por vezes seja já em estado adulto...

Não há nada pior que por um lado,os pais ficarem "refens" da afectividade ou "chantagem" psicológica dos filhos e duma forma irresponsável se omitirem de exercer autoridade. Para o lado dos filhos, existe o risco de se tornarem adultos insatisfeitos e incapazes de se envolverem e compreenderem profundamento o outro assim como saberem estar e partilhar com os outros.

maloud disse...

A minha filha de 29 frequentava o ciclo nas Escravas e tenha uma amiga filha de um juíz. Um dia foi jantar a casa dela e chamou racista ao dito juíz, depois de ele ter feito uma longa peroração sobre a inferioridade dos pretos, e perguntou-lhe se ele se achava capacitado para julgar os tais pretos. É! Ela ainda hoje tem ar de boneca, mas é mortal e sempre com um sorriso.
Como eu tenho 55 e o senhor era mais velho que eu, pergunto-me se estará no Supremo. Se não está, estão os irmãos gémeos.

Quanto à sapatada no rabiosque dei sempre que me saltava a tampa e não me parece que estejam traumatizados. O pai era mais apologista da privação de qualquer coisa que lhes desse prazer, mas não executava, porque sempre me opus. Acho cruel.

Hoje andei a ler os comentários por todo o lado e fiquei estupefacta. A minha geração apanhou na escola, no colégio, em casa. Nós {tenho um irmão mais novo}nunca sofremos esse tipo de sevícias. Nos colégios onde andámos havia indicação expressa do meu pai, que não nos podiam tocar e, se alguém tentasse deveríamos sair porta fora. Nunca ninguém tentou. Em casa, apesar de eu ter sido um tormento de irrequietude, o meu irmão era um paz de alma, só havia o infindável sermão da minha mãe, mas eu respondia mentalmente já cá canta, portanto estava-me nas tintas. O meu pai cortava relações durante um ou dois dias, o que significava que durante esse tempo, estava calada à mesa. A seguir raspava-me e só lhe dava o beijo de boa-noite, porque, mesmo de relações cortadas, nisso ele era inflexível.
Hoje percebi que fui uma sortuda.

andorinha disse...

ameninadalua,
Eu também concordo que a punição é necessária, as crianças têm que entender que há regras e há limites.
Penso que pior que isso ainda é o laxismo dos pais, o deixa andar, praticamente a demissão total em relação à educação dos filhos. Os filhos sentem-se completamente perdidos quando os pais não agem como pais.
Mas o que eu pergunto é: tem a punição que ser física? É necessário bater nas crianças?
Não há outros meios?

b' disse...

boa noite,

estou tentada a sugerir ao meu zzinho que ponha uma acção em tribunal contra a ex, a pedir a custódia do filho, alegando negligência educacional por parte da progenitora ;)))))

eu também levei umas palmaditas da minha minha mãe, o meu pai confortavelmente delegava, também só recordo as injustas :)))
nunca, mas nunca fiquei fechada de castigo (também era muito bem comportadinha)
quanto à comida, a minha mãe tinha uma táctica infalível: 'não comes ao almoço, fica para o lanche, não comes ao lanche, fica para o jantar'

e penso que ela não se saiu muito mal...;)))

@:)

andorinha disse...

b',
Essa táctica da comida também foi usada comigo e resultou. Ao fim de uns tempos percebi que era melhor comer logo ao almoço.:)

Claro que também levei palmaditas e palmadonas:), mas eu era muto irrequieta e traquinas, o que fazia os meus pais perderem a paciência.
Mas os tempos eram outros...

A Menina da Lua disse...

Andorinha,

Devo-te começar por dizer que raramente ou mesmo quase nunca bati nos meus filhos porque escolhi sempre o caminho da argumentação e da explicação mas reconheço que nem sempre é suficiente...

Agressividade é agressividade...sendo de forma física ou não...autoridade e definição de limites é outra...
Admito inclusive que se seja bem mais agressivo com determinados castigos do que algumas manifestações físicas como um estalo etc. Depende da mãe, depende da criança, depende da situação mas o que deve ser sempre claro é que ambos entendam das razões de punir e das razões de ser punido...

Claro que tudo isto pode ter a ver com o grau de agressividade versus passividade que cada um tem dentro de si.
Cair em situações de perversidade e de impunidade com crianças em situação de punição, é um risco enorme.

Vera_Effigies disse...

O caso do post é muito delicado. Educadores destes têm de ser especializados ou minimamente informados do tacto a usar. Agressão física não é, por certo, o melhor método.


Como filha eu era uma "Maria-rapaz", teimosa "como sapo", diria a minha mãe, que sempre me pregou sermões, ralhetes e tabefes (abençoados), para não falar das tranças que eram a guita mais rápida de apanhar( eu era uma enguia a fugir...lol), nem lembro de nenhum em especial porque eram como mel no leite, só lembro das fintas para não ser apanhada e quando o era rio das merecidas palmadas. Com o meu pai era diferente. O meu pai era uma pessoa severa na educação, mas não batia(não admitia atrasos, respostas a chamadas de atenção, ninguém levantava da mesa antes dele e se precisasse pedia licença)SE algo não lhe agradava bastava um sobrolho carregado, um olhar penetrante e intimidativo. Detestava chegar a casa e nós não estarmos. Um assobio era o chamamento, nunca esperamos o segundo silvo para ver o que aconteceria....lol Contra a minha teimosia lutava com argumentos válidos que me fizessem entender o errado dos meus actos, custava apanhar-me um "não vou mais" ou "não faço mais" mas quando os conseguia sabia que eram sagrados.
Com a minha filha fui pai e mãe e lembro-me do horror que ela tinha á palavra castigo. Um dia no campismo depois duma asneira ou falta de educação (tinha ela 4 anos), disse-lhe "Tudo bem. Ficas na tenda de castigo com a avó e eu vou ao bar!" Estava a entrar no bar e ouvia-a aos gritos "Eu fico, mas de castigo não!!!!" . Também usei a pedagogia "tabefe", depois de vários avisos á mesma asneira, apesar de ser mais virada para a argumentação e o castigo sem quartos escuros ou punições desajustadas.
Mas cada criança é diferente da outra interessa é usar o método, sem excessos, que os faça ser homens e mulheres de bem.

Fora-de-Lei disse...
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Fora-de-Lei disse...

Esteja ou não descontextualizada, esta notícia indicia uma tomada de decisão da parte do STJ que - no limite - pode ser considerada uma autêntica aberração. É inadmissível aceitar que crianças - deficientes ou não - sejam alvo de quaisquer maus tratos.

No entanto, e num sentido mais lato da questão, pergunto-me porque carga d'água há cada mais casos de putos que batem nos professores. Não terão faltado a esses putos uma ou duas palmadas do(s) pai(s) no momento certo ?! Talvez sim ou talvez não...

Para além disso, também dá para pensar como é interessante pôr em cheque a credibilidade dos Magistrados, ao mais alto nível, num momento em que se contam armas para a "guerra" que aí vem sobre as férias judiciais. Sempre ajuda um pouco a um certo populismo...

Oxalá (est)a Comunicação Social esteja igualmente atenta e crítica perante uma hipotética decisão infeliz do STJ (ou de qualquer outra instância) sobre o caso da Casa Pia ou quejandos...

Pamina disse...

Julgo que a decisão do STJ só nos pode deixar revoltados. Espero que as coisas não fiquem assim e que a APD continue a batalhar (já que a mulher que foi assassinada pelo marido não pode protestar. Aqui há uma instituição com alguma força e advogados dispostos a ajudar).
Concordo com o que a Andorinha escreveu (8.16). Não posso considerar o bater como um método de educação "corrente".
Na infância, tive algumas experiências desagradáveis, mas apenas na escola. O meu pai nunca me bateu (é nunca mesmo) e a minha mãe deu-me algumas palmadas no rabo, levemente e com a mão, mas nunca me deu uma bofetada. Por outro lado, a minha professora primária dava reguadas regularmente. Não nos tocava nem impunha outro género de castigos, mas usava a régua para punir respostas erradas. Pessoalmente não apanhei muitas, porque era boa aluna, mas houve colegas bastante sacrificadas. Nunca me queixei aos meus pais, porque tinha vergonha de falar no assunto (por esta razão, se os pais não estiverem atentos, poderão não se aperceber que isto sucede). Depois, como mãe, nunca bati no Viktor (também é nunca mesmo), embora, várias vezes em que me irritei, tenha gritado com ele, o que pode ser quase tão violento como uma palmada. Quando ele andava na 3ª classe, contou-me que havia um menino na aula dele que sabia menos do que os outros e que a professora batia neste menino todos os dias. Fiquei indignada. O colégio era na mesma rua onde nós morávamos, mas decidi mudá-lo para outro mais longe, por causa disto. Quanto ao menino, fiz umas investigações e descobri que era realmente uma criança com dificuldades de aprendizagem (não sei se se poderia chamar "deficiente"). Fiz um telefonema para aquele instituto da criança que era patrocinado pela Manuela Eanes. Disseram que não podiam fazer nada. Não procurei falar com os pais (mea culpa), nem me lembrei da inspecção escolar. Fiquei sempre com a sensação de que poderia ter feito mais.
Por favor, os professores que lerem isto não se sintam atacados. Apenas descrevi factos que se passaram. Claro que há óptimos professores que não recorrem a estes métodos.

Fred P disse...

Para mim, qualquer "educação física" seja em quem for, é um atentado à inteligência, porque no fundo o que se ensina é que 'quem bate é quem tem razão', seja uma palmada ou estalo; ou ainda pior, ensina-se que 'há problema? resolve-se com a violência!'.
A mim sempre em ensinaram que quem bate perde sempre a razão (seja qual for a agressão), e que a violência nunca é solução. Se em relação à segunda possa discordar pontualmente (não vou dizer que nenhuma guerra alguma vez fez sentido, apesar de as devermos evitar), quanto à primeira, apesar de compreender as por vezes hercúleas dificuldades em conter as emoções, faz sempre todo o sentido.
Sei e compreendo que para um pai/mãe parece por vezes incontrolável e a única solução uma palmada no rabo ou na mão, mas para mim, continua a ser errado! Nunca passei pela experiência de ter de cuidar e educar o meu próprio pirralho (e os tempos são tudo menos fáceis para tal), mas tentarei sempre seguir essa máxima. Se não a seguir, pesará na minha consciência.
Como nota final, dos que me educaram a mim, sempre tive mais respeito e sempre ganhei mais educação com aqueles que se impunham de forma não-física do que os outros! Além de que não posso dizer que tenha sido melhor educado das palmadas que levei, e dificilmente admitirei que alguma delas, alguma vez, fez verdadeiro sentido ou falta. E a verdade (apesar do ambiente familiar muito facilitar nesse aspecto), é que tanto eu como a minha irmã sempre tivemos fama de muito bem educados e comportados como crianças (falar de agora seria suspeito!).
Isto tudo falando de pessoas sem deficiências. Passando isto para o plano de pessoas com deficiências e problemas muito maiores e graves do que a maioria das crianças, tendo muitas delas dificuldades de aprendizagem, e sendo sem dúvida mais frágeis e indefesas, isto é tudo um absurdo e que reforça a descrença por mim já vincada no post sobre a 'debanda da assembleia' que parece o filme "Idade do Gelo" em que os animais fogem do gelo!
Além disso, darem razão a uma senhora que 'apenas' lha faltam os pequenos detalhes de não ser mãe deles e de estar numa instituição de 'apoio' aos deficientes, apenas vem condimentar ainda mais esta indecência.
Despeço-me com a visão mais 'curta e grossa' deste episódio, com o humor típico e sempre acutilante do Andrade:
'Porradão Neles!'

Cumprimentos maranhal!