quinta-feira, abril 06, 2006

Irra!, nem o ciclo ovulatório?

O pai no sofá e a mãe a varrer
2006/04/06 | 11:42 || Tiago Craveiro
Professores sem base para leccionar educação sexual. Manuais passam ideias duvidosas. O leitor o que acha de falar de sexo na sala de aula?

Queremos saber o que pensa o leitor. Estaremos preparados para ensinar os alunos sobre as bases científicas do sexo? Concorda? Que temas acredita que deveriam ser esclarecidos na escola?

Os finalistas dos cursos do primeiro ciclo do ensino básico não têm preparação para leccionar educação sexual aos alunos, apesar da disciplina arrancar já no príximo ano.

A conclusão é de um estudo que recorreu a entrevistas a quase 150 futuros professores. Em declarações à TSF, uma das investigadoras revela que 80 por cento dos inquiridos revela não estar sequer à vontade para falar de sexo na sala de aula.

Os futuros docentes dizem-se informados sobre o tema, mas não de uma forma científica - por exemplo não sabem o ciclo ovulatório. Equívocos aos quais se juntam também aqueles que ainda figuram em manuais escolares.

Em declarações à mesma estação de rádio, Luisa Veiga, uma das investigadoras, alerta para o facto dos manuais passarem esteriotipos sociais: «A mãe a lavar e a varrer enquanto o pai está no sofá a ler o jornal ou a ver televisão».

Para esta investigadora não existe outro caminho que não seja a reformulação dos manuais. A falta de informação sobre o aparelho reprodutor, por exemplo, não será compatível com a formação científica pretendida.

Queremos saber o que pensa o leitor. Estaremos preparados para ensinar os alunos sobre as bases científicas do sexo? Concorda? Que temas acredita que deveriam ser esclarecidos na escola?

63 comentários:

Fora-de-Lei disse...

Se calhar, a maior parte dos professores não é capaz de educar (sexualmente) os seus filhos, quanto mais os filhos dos outros...

andorinha disse...

Boa tarde.

A disciplina de educação sexual arranca já no próximo ano no primeiro ciclo e os professores não têm preparação para a leccionar??!!
Bonito, sim senhora!

Mas o pior é o facto de os manuais passarem estereotipos sociais: a mulher escrava doméstica e o pai o sultão refastelado no sofá à espera do jantar.
É INCONCEBÍVEL!
Claro que concordo com Luísa Veiga, os manuais têm que ser reformulados.
Como se aprova manuais destes?
Não entendo...
Às vezes custa-me a acreditar que estejamos no século XXI e as mentalidades ainda sejam estas.:(

b' disse...

ah pois....

nem o ciclo ovulatório!!!!

e contracepção saberão?
se não sabem para eles como poderão ensinar?

e isto são jovens a terminar os cursinhos...
supostamente uma geração mais informada e mais... "arejada"

se calhar também faz falta ver as coisas de uma forma mais global, quer dizer, se vai passar a ser obrigatória a ed. sexual, os cursos deverão reformular os seus curricula
e também cursos para os professores já no activo (já há? n sei...)

boa tarde a todos
@:)

Moon disse...

Eu sei de cor e salteado o ciclo ovulatório e nem isso me livra de ter uma semana de atraso...Ou seja, estou f......:((((((

Fora-de-Lei disse...

andorinha 1:21 PM

"Mas o pior é o facto de os manuais passarem estereotipos sociais: a mulher escrava doméstica e o pai sultão refastelado no sofá à espera do jantar."

Achas que isso é mesmo o pior ? Ou o pior não será os miúdos continuarem sem ter professores habilitados a ministrarem-lhes aulas de Educação Sexual ?!

O machismo de algibeira é um mal menor quando comparado com a incompetência que os diversos governos / ministros da educação vêm demonstrando quanto a esta matéria...

Fora-de-Lei disse...

moon 1:34 PM

"Ou seja, estou f..."

Estás, não. Foste !

andorinha disse...

Fora de lei(1.35)
E tu que não viesses defender o machismo...:)
Para mim isso é o pior. Se a mensagem que vai ser passada é essa, é preferível não passar mensagem nenhuma.
Acho escandaloso, mesmo, e estou a falar a sério.
Fiquei furiosa quando li o post.
Que aulas de educação sexual é que esses professores vão ministrar com manuais desses?

P.S. Eu percebo-te, tu queres é que venha aí uma nova geração de foras de lei.:))))))

Dijambura disse...

Arrancar já para o ano e não haver preparação para dar disciplina parece-me grave mas há coisas que neste país não podem ser mais adiadas e a educação secual é uma delas. No entanto existir por existir e não dar frutos positivos é mais uma vez o mesmo que nada.
Os manuais devem ser reformulados urgentemente. Deveriam já estar a acontecer cursos de formação em educação sexual para professores e se possível em parceria com outros técnicos, como médicos, enfermeiros, psicólogos, entre outros, que podem dar um óptimo contributo e partilhar experiências e competências com os professores. Porque não envolver também os pais? E já agora pedir uma mãozinha aos psicólogos com experiência nesta área? Tantos e tantos no desemprego...ou só os professores é que podem leccionar esta disciplina? Parecia-me bem a possibilidade de envolvência de outros técnicos.
Quantos aos temas a serem abordados com os alunos, parece-me que as questões fisiológicas são importantes mas as questões como o funcionamento do planeamento familiar (onde, como, se é confidencial, etc...)e a contracepção parecem-me as questões mais procuradas pelos jovens.

andorinha disse...

Psicodigo,
No essencial concordo contigo, para começar mal, é melhor não começar.
Agora, trata-se de educação sexual nas escolas, portanto, a ser leccionada por professores.
Claro que se poderá e deverá em certos casos pedir a colaboração de profissionais de outras áreas numa ou noutra aula.
Quanto às questões a abordar são tantas que seria impensável enumerá-las aqui. Penso que o programa que vier a ser implementado deverá ser encarado de forma flexível e ter em conta os diferentes interesses de diferentes alunos.
As dúvidas nem sempre serão as mesmas e o professor deve ter isso em conta.

Maite disse...

Apesar de pensar que a educação sexual nas escolas é uma prioridade e é-o de facto (e aí está bem patente que apesar de toda a informação que existe, há pessoas nos seus vinte e tal que têm sérias dúvidas sobre assuntos que toda a gente pensa que óbviamente todos sabem), também penso que a preparação dos que vão abordar a sexualidade junto de jovens deve ser muito cuidada. Já diz o velho ditado "better untaught than ill taught"

Boa tarde

andorinha disse...

Fora de lei,
Estava aqui à espera da tua contra-resposta, mas como não apareces, vou almoçar.

Até mais logo, gente.:)

tsiwari disse...

Adoro logo à partida o termo "educação sexual".

Que falta me fez, na minha educação básica, a "educação sexual". Quão melhores teriam sido as minhas cantadas junto das ninas :
- Olha que eu sou sexualmente educado...

Claro que aos professores tudo cabe. A educação matemática, a do português, a do meio-físico e social, a da ginástica - schiiii.. desculpem! Educação Física!! - , a da formação cívica, a dos desenvolvimentos de projectos, a de.. a de... e a de....
Tudo isto com 28 alunos na sala. E que chegam sem saber ler, escrever, estar, ser, ...

No comments at all.

Fora-de-Lei disse...

andorinha 1:44 PM

"Fora-de-Lei, eu percebo-te... tu queres é que venha aí uma nova geração de foras de lei."

Pode ser que assim acabe a geração (linguística) das mulheres que dizem que estão f... ;-))

Fora-de-Lei disse...

andorinha 2:18 PM

"Fora-de-Lei, estava aqui à espera da tua contra-resposta, mas como não apareces, vou almoçar."

Andorinha, a imagem de um homem sentado num sofá e de uma mulher de avental, pode ser uma boa ideia para uma aula (prática) de educação sexual. Eu nem imagino quantos bebés terão sido concebidos dessa maneira... ;-))

Dijambura disse...

Eu percebo que se a educação sexual é na escola à partida deverá ser leccionada por professores mas existem outros técnicos a integrar nas escola que poderiam também fazer esse papel, como é o caso dos psicólogos educacionais...porquê que há-de caber sempre tudo aos professores?

noiseformind disse...

DISCORDO TOTALMENTE COM A NÃO-INCLUSÃO DE IMAGENS MACHISTAS NOS MANUAIS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

IMAGENS MACHISTAS, VENHAM ELAS!!!!!!!!!!!!

VENHAM ELAS TODAS!!!!!!!!!!!!!!!!!

E pq? Simples. Uma imagem da mulher na cozinha a varrer com o marido refastelado no sofá. O Professor explica:

-Estão a ver? Esta é a imagem prevalente na sociedade portuguesa durante séculos e foi uma grande desvantagem para a mulher. Porém agora já não tem de ser assim, vocês podem dar a volta a isto, podem ter relações em que a comunicação seja a base e em que os sítios não estejam indexados a género. Podem deixar-se de pintar como macacas sempre que saem à rua, podem estar com alguém sem se preocuparem com julgamentos sociais, podem até manter as vossas amizades depois do casamento, e esta imagem é apenas um anacrónimo gerado pela mente do velho senil que escreveu esta porcaria de livro.

Penso que estas imagens são um excelente ponto de partida para um professor minimamente incluso na sociedade e nos seus dilemas. Basta para isso que ele leia o Público e não seja parvo de todo. Mas claro, a malta aqui por cima tá toda preocupada com as imagens, sabem muito bem que já vêm tarde para eles, que só se aperceberam que era assim quando a coisa chegou a níveis de consumação astronómicos.

É um pouco como a questão da droga. Diabolizar apenas contribui para que as pessoas trilhem o seu caminho. Uma educação estereotipada não vai reproduzir modelos nenhuns pq essesm odelos já estão mortos na malta com 16 anos. Vai simplesmente criar uma gao geracional mais profunda, com eles a olharem para a Escola e para o Estado cada vez mais como uma instituição de onde não vem nada de jeito.

Aliás, mesmo as adolescentes africanas que dizem engravidar "pq querem" fazem-no sabendo que isso é uma forma de não terem de trabalhar, não o fazem por acidente inconsciente. SAbem que os laços familiares colocam a família do lado delas e se o rapaz ou a família dele tiverem dinheiro para pagarem melhor ainda. As visões dos meus colegas de bancada aqui por cima estão demasiado datadas para serm úteis à discussão. E tenho dito malta ; ))))))))))

noiseformind disse...

Quanto À formação dos professores é chover no molhado. Pessoas ignotas destas questões com um livro à frente servem simplesmente para os jovens fazerem jogos de "pergunta e envergonha" e pouco mais.

noiseformind disse...

Psicodigo,
; ))))))))))))))))) comovente defesa da empregabilidade da classe ; )))))))))))))))

noiseformind disse...

Maite,
Garanto que de todas as vezes que estive numa escola expliquei cuidadosamente quais os quesitos para fazer correctamente sexo oral, anal e vaginal ; )))))))) mas suspeito que isto para ti não tem nada a ver com quesitos positivos ; )))))))))))))) é mais: não se esqueçam, que o Amor é uma coisa muito linda, e só quando Ele desabrocha é que o resto deve ir atrás ; ))))))))))))) ou seja, sejámos francos pessoal. A nossa educação sexual é inútil pq de tão adiada não tem vialibilidade em relação à intensidade com que a malta vive a sua sexualidade hoje em dia!!! Ou seja, o que o Daniel & friends fizeram, além de ganharem uma pipa de massa como consultores é dizer "vamos ter uam educação para a saúde como a Finlândia tinha há 40 anos, e agora vamos introduzir depois nela programas a ritmo acelarado para colocarmo-nos ao nível dos países com tradições nesta área". Mas que fazer se a informação está 2 geraões atrasadas em relação ás práticas??????????

Como dizem os chavalos... DUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUH

Dijambura disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
b' disse...

não faz sentido não...

os estereótipos não me preocupam muito, estou com o fora da lei "o machismo de algibeira é um mal menor...."

mas a educação sexual, ou para a saúde ou o que lhe quiserem chamar, não servirá também para tentar explicar que a decisão de ter filhos tem de ser responsável???

é que não faltam casos de mulheres que vivem só com os filhos, em que as filhas já têm filhos,os pais não se sabe onde andam e nem sempre têm dinheiro para pagar ou não querem...

se calhar sou ingénua e não vou à muito tempo às escolas

boa tarde
@:)

b' disse...

aiiiii

e não vou muito tempo às escolas

Unknown disse...

Boooooooom dia maralhal.

Não sei, não será um pouco de falta de vontade, por parte de uns?
Não será um pouco de carga horária a mais e mais uma matéria a preparar, por parte da maioria?
Caramba, o ciclo ovulatório aprende-se em meia hora. O resto é do conhecimento da maioria das pessoas e se algumas falhas houver, e claro que as há, o Ministério só tem que lançar um pequeno manual explicativo com o básico a ser transmitido aos alunos.
Fala-se de sexo e logo aparecem as complicações. Trata-se de explicar o básico e não de formar especialistas em sexologia.
Quase todas as pessoas têm imenso jeito para falar de sexualidade com os filhos das amigas/os mas com os da casa não têm nenhum. Acho que acima de tudo se deve fazer a destrinça entre sexo e sexualidade, deixar os tabus, a vergonha e a maldade de lado, agir naturalmente e falar de modo natural sobre aquilo que é natural e normal.
Não fazer como se faz com as crianças pequeninas em que se incentiva a dizer popó=carro, bubu=chucha, ão-ão=cão, piu-piu=galinha, mé-mé=ovelha.
Falar as coisas como são, é complicado? Falar simples mas perceptível, é complicado?
Quando eu era miúda havia uns livros sobre sexualidade (que depois os passei para os meus sobrinhos) que eram divididos por faixas etárias - muito simples, muito directos, muito bons – bons o suficiente para elucidar.
Acredito e tenho a certeza que se o/a professor/a falar de forma aberta e natural os alunos vão estar mais atentos que em qualquer outra matéria.
Não compliquem tanto ou então os problemas pequenos vão tomar dimensões enormes.
Feeling, porra, feeling.
Até mais logo.
Boas blogadas.

andorinha disse...

Fora de lei (2.48)
Não fui eu que disse isso, portanto...no comments!

Fora de lei (2.53)
E por que não uma mulher sentada num sofá e um homem de avental, também dá, ou não?:)
Também se podem conceber bebés assim.:))))))

Unknown disse...

Ah, esqueci-me de dizer que a “cegonha” já me trouxe tarde, a minha mãe tem actualmente 73 anos, só fez a 4ª classe mas que nunca se coibiu de falar de sexualidade comigo, e nas coisas questões mais complexas, e aí sim por falta de estudos, decidiu por bem comprar-me os tais livros. Por isso não me venham falar em falta de preparação. Falta sim, é sensibilidade. E muita!!!

Rui Diniz Monteiro disse...

Perdoem-me a pergunta: o que é a sexualidade?
Se é uma coisa como a nutrição (embora talvez com consequências mais imediatas e dramáticas para a vida das pessoas), então a questão não será tão complicada que não se resolva com meia dúzia de manuais (pois não haverá nunca nenhum que esteja livre de críticas, como é óbvio) e meia dúzia de acções de formação para os professores.
Mas se, como suspeito, for algo que integra a totalidade do ser humano com todas as suas infinitas complexidades (por mais naturais que sejam), então haverá razões mais do que suficientes para muitas aflições!
Eu sou um dos aflitos (sou pai e professor)!
E desculpem o faltarem-me respostas e certezas (deve ser da minha idade)...

andorinha disse...

Noise (3.38)
Discordo completamente.
Não acho nada que essas imagens sejam um excelente ponto de partida. Vão ficar na mente dos miúdos e o que vão pensar é, sempre assim foi, portanto, o lógico é que continue a ser, ainda para mais com muitos exemplos desses lá em casa.
Se não se começar a mudança de mentalidades por esta faixa etária, começa-se por onde?
E não compares isto à droga, são coisas totalmente distintas.
E não se trata aqui de malta de 16 anos. Leste o post??:)))))
São miúdos da escola primária e é por aí que se deve começar.
Os aolescentes com os quais lido diariamente têm ainda (muitos deles) uma mentalidade que deixa muito a desejar.

As nossas visões estão demasiado datadas para serem úteis à discussão?
Ai, miúdo, miúdo, vamo-nos zangar.:))))))))))))))))))))))))))

Fora-de-Lei disse...

andorinha 4:30 PM

"Fora-de-Lei, e por que não uma mulher sentada num sofá e um homem de avental..."

Claro, é igualmente válido. É tudo uma questão de ivaginação... ;-))

Mas sabes que os grandes males deste mundo não são, nem nunca foram, causados pelos homens que se sentam no sofá a ler o jornal enquanto as mulheres 'vergam a mola' na cozinha. O driving dssses males reside - maioritariamente - nas personagens (homem + mulher) que se sentam os dois no sofá enquanto alguém (mulher ou homem) 'verga a mola' na cozinha.

O resto são detalhes... são milongas que o sistema habilidosamente criou para pôr as pessoas (nomeadamente as mulheres) a identificar de forma errónea - mas supostamente edificante e progressista - os responsáveis pelos verdadeiros males da sociedade em que vivemos.

No início do Século XX, houve alguém que disse que "a mulher só será livre no dia em que o homem o for". Esse alguém estava carregado de razão !

AQUILES disse...

Antes de mais, uma questão: lembram-se como foi a vossa educação sexual?

Antes de menos, outra questão: não precisam muitos professores de serem bem ensinados sobre sexo? Mesmo sem ser preciso o Noise dar aulas práticas.

Não será necessário o país entender-se neste assunto?
Não será necessário acabar, primeiro, com hipocrisias sobre o tema e usarmos todos de franqueza?

Ensinar e educar sobre o sexo? Mas o que se pretende, concretamente, passando para além das tiradas politicamente correctas?

Aqui ficam as minhas as minhas dúvidas sobre o tema.

andorinha disse...

Fora de lei (5.14)
Sabes o que te digo? Anseio pelo dia em que esta discussão já não faça sentido.
Quanto a essas frases são muito bonitas, mas não me deixo iludir por elas; são uma forma de manter a mulher "adormecida".

P.S. Já tinha saudades de "tertuliar", abençoadas férias.:)

lobices disse...

...e eu que defendo o amor e cuja divisa "Amar é o caminho" faz de mim um poeta ou um sonhador?...
...sou a favor da educação sexual mas sou contra os manuais, quaisquer que eles sejam
...a educação sexual não é uma disciplina como a matemática em que se ensina que 2+2 são 4 e prontus
...a educação sexual presume à partida a grande questão dos "Afectos" e isso é algo individual, é algo de narural diria mesmo de "animal", de instinto, de algo que o ser vivo faz para preservar a espécie
...ir ensinar a sexualidade será dizer o quê e a quem? Como? Quando? Porquê? Etc?
...um tão simples: "Crescei e multiplicai-vos" seria muito mais fácil e talvez deixar tudo nas mãos do Divino fosse ou seja mais correcto do ponto de vista de deixar andar; mas há algo a fazer mas concordo plenamente que os que vão ensinar não o saibam fazer, não estejam preparados para o fazer
...outra coisa: por exemplo: um professor que seja a favor do aborto não ensinará de forma diferente do colega que é contra o aborto?
...se nem hoje em dia, nós mesmos, sabemos muitas vezes como "amar", como vamos ensinar os outros a "amar"?...
...dificil dilema

lobices disse...

...ahh, já agora, outra coisa:
...lembro-me muito bem como foi a minha educação sexual ao longo da vida!...
...digo-vos: foi óptima
:)))

CD disse...

Com toda a iliteracia que grassa por aí, é uma pena ao menos não se ensine às crianças a arte do sexo

Moon disse...

Fora,

Essa é uma visão um tanto ou quanto unilateral da coisa...
Eu estava presente! Participei, logo a responsabilidade é solidária. O problema, parece-me, foi outro. Computador com virús, nada para fazer... Estes tempos modernos... Dantes a culpa era da falha/falta de televisão mas agora com a porcaria da programação só mesmo culpando a falha das novas tecnologias...:) Adiante...

Quanto ao tema:
os miúdos não são parvos, por isso, o melhor é começarem a chamar as coisas pelos nomes desde cedo. Eles conseguem compreender e adaptar-se melhor à realidade que muitos adultos. A escola tem um papel importante na educação mas continuo a achar que as mensagens mais importantes deviam ser passadas em casa.

Andorinha,
de férias... A inveja é um dos pecados, não?! Eu pecadora me confesso...
Boas férias, então!! Bjx

LR disse...

IRRA, é mesmo a expressão, não há outra...
E eu que pensava que o processo de Bolonha ainda estava a começar...
Porque dir-se-ia que estes tais professores mais pertenceriam à era PB (pós-Bolonha)...quando (aí sim) estaremos para nos espantar com muita anedota do género!
Então nem o ciclo ovulatário, que qualquer miúdo aprende na 3º ciclo do básico?
Que eu saiba, faz parte dos programas há 1 série de anos. Fiz muitas sabatinas disso com o filho mais velho e com o mais novo, este último ainda durante este ano lectivo. Tudo muito explicadinho, ar super científico e risadinhas abafadas a irromper pelo meio dos trabalhos de revisão e respectivas imagens do manual.
Para ajudar, a enciclopédia Larousse.
E quando passados uns dias não me apeteceu pegar no meu portátil e recorri ao computador dele para qualquer consulta rápida que precisei fazer, encontrei no registo de consultas do google (aqueles endereços que aparecem mal digitamos 1 simples letra, portanto eu não estava a espiar...) as coisas mais divertidas.
Conclusão: os rapazinhos (e as meninas, para quem as tenha) se ficam curiosos ainda exploram mais o assunto. Lembra-me que encontrei "pílula" ", "laquiação de trompas" (mal escrito, o miúdo ouviu-me dizer que era o que eu tinha feito e tratou de ir ver melhor o que era...)e "masturbação feminina"...Esta nunca mis esquecerei, porque não constara da minha lista generosa de esclarecimentos, nem em simples afloramento.
Conclusão: os alunos, que até já têm TIC na escola (tecnologias de informação e comunicação) chegam lá "pelos seus dedos", como nas páginas amarelas.
Então e os professores adultos não têm os mesmos recursos?!
Só visto!

mtc disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
maloud disse...

Quandon o meu filho fez 13 anos recebeu uma carta entregue em mão de 4 meninas colegas dele na Aurélia. Deu a ver às irmãs que o aconselharam a mostrar-me. Os desenhos eram do mais explícito que há. A linguagem faria corar as "menimas" da rua da Alegria. Como não conhecia os pais, falei com a directora de turma, certificando-me antecipadamente que não haveria sanção disciplinar. A senhora chamou os pais individualmente, e a mãe de uma das meninas ficou chocada com o meu choque. Essa senhora era professora do básico e pelos vistos achava normal que a filha com 12 anos declarasse daquela forma um amor ardente pelo rapaz e o partilhasse com mais três colegas.
É esta a educação sexual.

AQUILES disse...

Lobices
Estou em sintonia.

Eu não sou adepto de uma educação estereotipada. E detesto o politicamente correcto. E não estou a ver uma educação sexual com um manual e uma orientação única.
E nem vou perguntar se é uma disciplina, porque nem me passa pela cabeça haver notas como eu tive há muitos anos em moral e religião (ou vice-versa).
Há que instruir e elucidar. Há os pais, os amigos, os professores. Agora partido único no sexo, é que eu não aceito. Nem posição única. É tudo muito aborrecido e cinzento.

CêTê disse...

Boa noite a todos. Desculpem mas não li os comentários feitos - já começo a cansar do tema!

E o que acha o professor?

Foram por acaso ouvidos os especialistas da área e os professores sobre o assunto? Hummmmmm...

Digam aos que se encontram indignados com as ilustrações dos manuais para ES que não se esqueçam dos outros manuais das outras disciplinas. E já agora que alarguem a sua preocupação aos aspectos raciais, fisicos,...etc. Porque a educação incluíndo a sexual já se faz há muito com esses.
Enquanto professora as questões anatómicas e fisológicas não me preocupam. Quanto ás outras... Refiro-me aos meus referências: persigo a isenção e devolvo as questões para as quais cada um tem de encontrar a sua verdade. Mas em relação às questões de ética é a mesma coisa...
Boloas acho que já disse aos meus alunos que sou simpatizante do Porto! Ainda bem que não sou prof de Educação Física... senão não teria o perfil adequado.;]

Beijinhos para todos independentemente do grupo de sangue a que pertencem

Pamina disse...

Boa noite.

Acho incrível. Que os jovens professores se sintam inseguros é compreensível, mas que não saibam algo tão básico?! Ninguém lhes ensinou? Não abona nada a favor da qualidade do ensino em geral e das ESEs em particular. Os professores do 1º ciclo aprendem no curso a leccionar Ciências e saem de lá já com profissionalização (estágio). Então, como não sabem?
Relativamente à preparação específica para abordarem certos aspectos da educação sexual, pelo que me lembro, um dos pontos do documento, que já foi aqui transcrito num post, referia que os professores teriam apoio técnico. A APF diz no seu site que realizou várias acções. Entre 2000 e o 1º semestre de 2003, contei 8.610 acções de sensibilização para professores, num total de 13.400 acções. Não se pode dizer que não se fez nada, embora, pelos vistos, seja necessário fazer mais.

Madalena disse...

Sem querer incorrer no lugar comum e muito menos no plágio dos poetas maiores da nossa língua-mãe, urgente mesmo é ensinar-lhes o amor. Desses conteúdos estão as nossas crianças em carência maior. Sinto isso todos os dias. Já se arrogam de conhecimentos científicos com que nos esmagam, sem a mais leve timidez.
É só aquilo que eu penso!

Vera_Effigies disse...

Boa noite!
NOISINHO
Concordo plenamente com o teu primeiro comentário. Ter jogo de cintura não é só no acto :))))

"A conclusão é de um estudo que recorreu a entrevistas a quase 150 futuros professores. Em declarações à TSF, uma das investigadoras revela que 80 por cento dos inquiridos revela não estar sequer à vontade para falar de sexo na sala de aula."

Não me é fácil pensar que há destas inibições no ensino, no entanto, se as há nestas áreas há-as nas outras. O fazer-se ouvir é difícil. Mas é aí que devia residir a reciclagem dos docentes.
Acho que a educação depende muito dos manuais do ministério. Devia depender de um programa a seguir e dentro desse programa cada um adoptar o sistema a pôr em prática, com a própria escola onde lecciona e o meio onde se insere. Cada professor devia adoptar a atitude de se instruir sobre cada item do programa, como o faz para outra disciplina. A recolha de dados existe em qualquer biblioteca escolar ou pública, se o problema é os gastos (convenhamos que outros ministérios para estarem actualizados pagam os livros que os instruem. Livros esses que não mudam de ano a ano, mas de semana a semana e que por vezes abrange várias áreas)

Sempre abordei temas de reprodução e sexualidade abertamente com a minha filha. Adaptei as explicações a cada idade para não a chocar já que com 4 anos me fez perguntas que, aí sim, não eram fáceis de explicar sem inseri-las numa estória inventada no momento e posteriormente devidamente documentada com ilustrações para a idade.

Como a Yulunga tive e tenho uma mãe que apesar de se sentir mal, como é natural pela diferença de idade, me explicou sem fugir ao tema ou me encaminhou para a minha irmã que me explicaria melhor (tinha mais 6 anos que eu).

Como aluna do hoje 5º e 6º anos e no secundário (sem contar com o colégio de padres que foi um ano para esquecer), em ciências da natureza dei a reprodução e tudo o que a ela está relacionado (com algumas, poucas, restrições que ao tempo eram tabus). Era uma escola de meio rural onde a Directora era a minha professora de ciências. Alguém com uma mente extremamente aberta, e, no tempo, muito além do programa e da maneira de estar a todos os níveis. Sei que ser esposa de médico, no meio, a ajudou a impor esta maneira de estar e a aceitação sem reticências dos encarregados de educação.
Fez-nos criar um dicionário de termos científicos usados e a respectiva explicação( depois de uma aula ilustrada e bem documentada). Nesse tempo não havia manuais :)))
Em conjunto com esta disciplina o professor de religião e moral, por sinal um padre, de certeza coordenado com a cadeira de ciências, ia ajudando nas matérias mais sensíveis(com trabalhos de grupo e debates abertos em que servia apenas de coordenador e orientador).
Como em todas as profissões, preciso é saber ser-se profissional e acessível sem as distâncias que esta imbecilidade crescente ajudou a criar.
Os professores actuais são pais ou têm obrigação de estar inteirados do mínimo. Se não estão, onde está o brio profissional?!...

MJ

ASPÁSIA disse...

Boa noite

Com o servidor adsl em baixo desde ontem, tive de entrar pelo antigo acesso telefónico, de modo que só agora li os posts e coment.s de ontem e hoje.

Quanto ao Benfica, as probabilidades de perder eram superiores ao inverso, de modo que não é grande surpresa.

Quanto à ES, pode ser que água mole em pedra dura… mas a educação tout court também vamos andando, com o banho cultural(???) em que estamos inseridos actualmente e que apenas visa o Deus Consumo, em detrimento do auto-desenvolvimento de cada um… de modo que, sem bases sólidas onde assentar, qualquer tentativa educacional em determinada área pode tornar-se um ídolo com pés de barro. Assim se compreende que esses professores(?) não conheçam o ciclo ovulatório como também não saberão quem foi Platão, quem compôs a Nona ou duas linhas do que fez Einstein…

Bjs e bons son(h)os…

noiseformind disse...

Não aceitam o partido único do sexo, não querem uma educação estereotipada... Meu Deus, Portugal entrou em força pelo blog adentro : )))))))))))))))))) ás armas Murcunitas, ás armas!!!!!!!!!!! Dizer uma coisa e o seu contrário é apanágio desse país profundo e aparentemente adormecido (mas representado sempre nos lugares-chave de decisão) que nos mantém nessa contradição indecisuda (indecisa e sisuda). Os países lá fora vão-se movendo, e nós vamos arranjando motivos, razões, anticorpos para ficarmos no mesmo lugar, que é cada vez mais andar para trás. E ainda dizem que os blogs são lugares onde a sociedade não está sopesada. MENTIRA!!!!!! Sempre que se toca aqui nos pontos sensíveis não-unitários a malta até trepa pelas paredes acima e as águas ficam logo separadinhas como os músicos e os espectadores no Natal dos Hospitais. Logo vêm as mães-quase-avós ou avós jovens brandir o desgoverno consumista do mundo, logo nos aparecem os preocupados professores que admitem estar à nora e rezam pruidamente para que não lhes caia em cima o castigo de lhes ser entregue a batata quente. Todo o modernismo proguessista se esvai nos flocos de aveia e no pão. Lá fora ninguém nos liga, resta o exercício esbracejante de esfregarmos no mundo o nosso retractilismo (parece que a malta se retractou toda do 25 de Abril, querem todos um Salazar que lhes assegure as reformas). Seja, felicidade. Afinal o que é uma caixa de um blog comparada com um relatório do PNUD? Ou com um relatório da Amnistia Internacional? Ou do FMI? Ou do BCE? Nada, não é nada! Esbracejem pois, defendam até à última Lindor o país de ter um futuro, mantenham na certeza ignota os que nele se espraiam, por favor, seja. Talvez Portugal se torne todo num Património Mundial patrocinado pela Unesco e a União Europeia, depois de termos sido ultrapassados por todos os países que ingressaram e ingressarão nelas. Até imagino manterem-nos só para poderem dizer: "não façam como Portugal fez, ali está a chaga pútrida que mostra o resultado de revoluções sem sangue". Uma Revolução com o vermeho dos cravos em vez de sangue para agora nos esvairmos em reformas de um Estado oprimido por si mesmo. Nenhum político pode fazer seja o que fôr. Todas as medidas que estão diagnosticadas desde 1993 (e reafirmadas por Guterres e Sócrates)não podem ser postas em prática pela massa insana de população que todos os anos engrossa as fileiras do partido dos reformados. Sem mártires, a Revolução dos Cravos gerou uma geração de jovens a-políticos ou apenas carreiristas geracionais com a excepção de uma semi-extrema-esquerda engraçada mas sem hipótese pq não garante o status quo nas campanhas eleitorais.

em 2004, ano do início das reformas maciças foi colocada a escolha aos portugueses: mudar ou perder-se. A escolha foi clara: Sócrates falou numas benesses para as pensões e a malta pulou. Ficou forjado o nosso destino, que condicionou e condicionará a partir daí todas as decisões políticas. Estão a ter mais do mesmo? Então se é mais do mesmo que querem malta!!! É mais do mesmo que têem!!! : ))))))))))))))))))))))))))))))

Escrevo isto no momento em que leio que nos últimos 5 anos os 8 países mais ricos da União Europeia subiram a idade da reforma e congelaram as reformas. E ao mesmo tempo vejo que pela Tuga nem se pode tirar um subsídio de jantar a um juíz que sai do tribunal ás 5 da tarde...

noiseformind disse...

Digo isto dado que me foi dada a conhecer esta semana a situação dos nossos físicos no CERN. O Estado Português (ou tb poderia dizer O Bando de Ladrões) que a todos nos governa deu-se ao luxo de não pagar durante 2 anos as rendas de utilização do ciclotrão do CERN. No entanto o nosso pessoal é tão insubstituível que a PRÓPRIA DIRECÇÃO DO CERN DECIDIU GARANTIR EMPRÉSTIMOS NO VALOR DESSAS RENDAS dado que considera os físicos portugueses "essenciais pela sua elevada qualificação" nos projectos em que se inserem e lideram.

REPAREM!!!!!!!!!!!!!! A DIRECÇÃO DO CERN GARANTIU EMPRÉSTIMOS PARA GARANTIR A PERMANÊNCIA DE FÍSICOS PORTUGUESES LÁ, PQ O GOVERNO PORTUGUÊS (QUE OS MANDOU PARA LÁ E DE CUJA INVESTIGAÇÃO BENEFICIA) NÃO ACHOU IMPORTANTE GARANTIR!!!!! Somos a Angola em ponto pequeno da UE...

AQUILES disse...

noiseformind
Assim é que eu gosto.
Subscrevo os dois últimos posts.

noiseformind disse...

Aquiles,
Quantas pessoas é que são precisas para fundar um novo país? ; )))))))) e pode ser registado numa conservatória do registo predial? Era uma boa ideia, n era? ; )))))))

AQUILES disse...

Inscrevo-me já. Sócio fundador! Era uma nice.

AQUILES disse...

Só gostava de saber aonde está aquela notícia sobre o CERN.

noiseformind disse...

Sócio????????????????
Olha que a brincar a brincar, os clubes de dutebol ainda são das poucas coisas que funcionam neste país, deficitários mas funcionam. E que tal fazermos um país como Portugal mas que funcione e depois apresentámos proposta À Comissão Europeia para nos dar os fundos a nós???? Prometendo ganhar os campeonatos da economia e da sociedade ; )))))))) e só contratámos Mourinhos, nada de Humbertos Coelhos ; )))))))))

noiseformind disse...

O alarido público foi À um ano, no Público online, se fores assinante, tens várias notícias sobre isso entre Abril e Maio de 2005 ; ))))) mas o engraçado é que ainda não foi entregue um tusto e a malta lá ainda não foi mandada embora. Um caso de adiamento de deportação sine die ; )))))))))) tipo Canadá mas sem a parte da deportação e com físicos em vez de trolhas looooooooool looooooooooool loooooooooooooooool

AQUILES disse...

Cada vez gosto mais da ideia. E depois podemos vedar o acesso a portugas que aparecem nas revistas cor de rosa, e outros quejandos?

noiseformind disse...

Aquiles... mas olha que mesmo sem entrar consegue-se encontrar via acesso geral. Já estou a ver o teu calcanhar de Aquiles ; ))))))) o meu são os peitos firmes e grandes, tb n sou prefeito (tás a ver, isto não foi erro ortográfico, já me estou a adaptar a Fundador de um País) ; )))))))

http://72.14.203.104/search?q=cache:Ly-TrqZHiQEJ:ultimahora.publico.pt/shownews.asp%3Fid%3D1204567%26idCanal%3D35+CERN+portugal+publico&hl=pt-PT&gl=pt&ct=clnk&cd=3&client=firefox-a

Ciências 28-09-2004 - 09h14

Por falta de pagamento das quotas anuais
Portugal pode perder a face no maior laboratório de física de partículas
Teresa Firmino
PÚBLICO
Portugal não está a cumprir os acordos financeiros com o Laboratório Europeu de Física de Partículas (CERN), na Suíça. Não paga as quotas anuais, como devia fazer por ser um dos 20 países-membros.

Não paga às equipas portuguesas para construírem componentes de duas experiências do futuro acelerador de partículas da Europa - o Large Hadron Collider (LHC), o mais potente do mundo, que deverá funcionar em 2007. E não paga as verbas dos projectos de investigação ligados ao CERN, através de concursos abertos em Portugal pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT). Nos 18 anos de adesão, nunca se viveu uma situação assim, diz a física Paula Bordalo, nas vésperas do CERN cumprir 50 anos de vida.

Os incumprimentos podem ter várias consequências, alerta a professora do Instituto Superior Técnico (IST) e investigadora do Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas (LIP), em Lisboa. Para já, Portugal vai ter de pagar juros pelas quotas em atraso de 2003. Caso não sejam pagas também as quotas de 2004 até ao fim do ano, o país perderá o direito de voto no Conselho do CERN, o órgão de decisão máxima. É o que acontece quando se falha o pagamento por dois anos.

A humilhação nem será o pior. "O não pagamento das quotas traduz-se numa consequência mais grave: a impossibilidade das indústrias portuguesas participarem em concursos do CERN para projectos de construção e manutenção das suas infra-estruturas. Nestes concursos, Portugal tem obtido um grande retorno do investimento", diz a investigadora. "Tirando a parte humilhante, há a parte económica, que devia alertar o Governo."

A adesão de Portugal ao CERN, em 1986, permitiu às empresas concorrer em vários domínios. "Para a construção do futuro acelerador LHC, Portugal tem tido um retorno económico muito positivo. Várias empresas têm sido contratadas, nas áreas da engenharia mecânica e metalúrgica, novas técnicas de soldadura ou informática."

No acordo de adesão, Portugal teve condições vantajosas. Em vez de pagar a quota integral, em 1986 só pagou dez por cento e investiu o restante em Portugal; em 1987 só pagou 20 por cento e investiu 80 por cento e assim por diante, até 1995, em que já pagou a totalidade. Comprometeu-se a gastar o dinheiro das quotas em infra-estruturas, na formação de recursos humanos e no apoio à participação em projectos de investigação e desenvolvimento.

Assim, criou-se o Fundo CERN, para abrir todos os anos um concurso para projectos de investigação, explica Paula Bordalo, coordenadora do grupo português em duas experiências, a Compass e a NA50. Com essas verbas, as equipas pagam as despesas de participação nas experiências, como deslocações para recolher dados e fazer testes no CERN, ou para reuniões com todos os participantes. "As reuniões são fundamentais. Temos de ouvir o trabalho dos outros grupos e os outros têm de ouvir o nosso, senão somos postos de parte." Estas verbas contribuem ainda para um fundo comum de cada experiência, do qual se compra de material.

"Este ano não pingou um tostão"

"Todas estas verbas estão a faltar. sem dinheiro, não podemos assumir compromissos." Há dias, Paula Bordalo recebeu um E-mail do responsável geral da Compass a perguntar quando pagava a contribuição de 2004 para o fundo comum da experiência. "Para um estrangeiro, é inconcebível que, no último quadrimestre do ano, ainda estejamos à espera de receber as verbas dos orçamentos desse ano e cuja atribuição foi oficializada."

De facto, em Setembro ou Outubro, abre o concurso Fundo CERN relativo ao ano seguinte. Avaliados os projectos, por peritos internacionais, e divulgados os resultados pela FCT, as equipas costumam assinar os contratos em Janeiro e, aí, recebiam metade das verbas. Entre Junho e Outubro, recebiam mais 40 por cento e, após o fecho das contas, recebiam, entre Janeiro e Março do ano seguinte, os restantes dez por cento.

Os problemas começaram em 2002: nenhuma equipa recebeu os últimos dez por cento, denuncia Paula Bordalo. "A FCT não cumpriu o compromisso e não sabemos quando pagará o que falta." Para o concurso de 2003, só em Março ou Abril desse ano a FCT divulgou a avaliação: "E apresentou o contrato com a limitação de não poder ser retroactivo a Janeiro, contrariamente ao que o edital de Setembro anunciava", diz.

"A investigação não se pode fazer em 'part-time'. Não pode parar três a quatro meses, em que se deve continuar a colaborar com os colegas estrangeiros e continuar com os recursos humanos (estudantes de doutoramento ou pós-doutoramento). Tivemos de suportar um buraco orçamental de três ou quatro meses." Só uma parte das equipas recebeu a segunda prestação de 2003. "Tudo indica, por haver pagamentos em atraso, que não será tão depressa que receberemos a última prestação."

O concurso de 2004 não correu melhor. "O painel de avaliação só reuniu em Março!" Desde Junho, quando se divulgaram os resultados, com cortes de 30 por cento face a 2003, que as equipas esperam receber o contrato final. "Este ano não pingou um tostão. A situação está a tornar-se insustentável. É impossível dar continuidade aos projectos."

Jovens portugueses, a analisar dados das experiências para as teses de doutoramento, não puderam apresentar os resultados em conferências internacionais. "O trabalho que desenvolveram foi apresentado por outros. É uma pena", diz Paula Bordalo, perguntando para que serve gastar dinheiro no CERN se depois os cientistas não podem exercer as suas actividades normais.

O mesmo lamenta o físico João Seixas, do IST e coordenador do grupo português na experiência NA60. "A situação está a tornar-se crítica. Se o financiamento não chegar até ao fim do ano, haverá impossibilidade efectiva de continuar a trabalhar. O que é lamentável, ao fim de três anos de trabalho intensivo", alerta.

"Politicamente, a ministra da Ciência tem de dar uma solução. O ministério anda sempre a dizer que tem mais dinheiro para a ciência, para os bolseiros. Não vejo aonde", critica Paula Bordalo.

noiseformind disse...

A notícia é de 9 de 2004 onde a situação já levava 6 meses de arrastro... até hoje continuámos sem pingar lá nada, ainda faltam fazer muitas rotundas... ; ))))))))))

AQUILES disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
AQUILES disse...

Muito obrigado.

CêTê disse...

Lusco fusco "(convenhamos que outros ministérios para estarem actualizados pagam os livros que os instruem. Livros esses que não mudam de ano a ano, mas de semana a semana e que por vezes abrange várias áreas)"

Desculpa, poderias informar-me quais? Sim é mais um argumento para atirar à nossa querida minedu!

CêTê disse...

bom dia e obrigado

AQUILES disse...

mentecalma

Gostei do post das 11:47 AM.

Agora o acreditar..... é que não sou capaz. Tudo me leva a não acreditar. Eu já perdi a capacidade de sonhar.
É só pesadelos.

Vera_Effigies disse...

Boa noite a todos!

CÊTÊ
Lusco fusco "(convenhamos que outros ministérios para estarem actualizados pagam os livros que os instruem. Livros esses que não mudam de ano a ano, mas de semana a semana e que por vezes abrange várias áreas)"
Desculpa, poderias informar-me quais? Sim é mais um argumento para atirar à nossa querida minedu!

Que eu saiba todos.
Nenhum ministério faculta códigos relativos á área que abrangem desde Finanças (C.I.M.S e os demais "instrumentos" básicos), á Justiça.Cada funcionário compra os códigos e legislação correspondente á sua função de acordo com a sua vontade em melhor servir os utentes. Sem subsídios de qualquer espécie ou desconto de IRS e cada código anotado custa em média 50€ e tem áreas desses ministérios que abrangem outras sendo multidisciplinares o que acrescenta mais Códigos, por consequência mais gastos. Mais, a informatização dos serviços foi inicialmente feita (nos anos 80 e 90) ou por brio do chefe ou pelos ministérios sem qualquer tipo de formação profissional na área. Sei que na área da educação muitos por brio concorreram ao "Nónio" tirando proveitos para a escola e formação. Nos restantes ministérios não há qualquer hipótese ou se paga do bolso ou se estragam uns pc's em casa :))))a expensas próprias. Muitos acompanharam outros ainda estão apenas no processamento de texto... Formação actualmente vão dando a coberto de fundos europeus e em período de lazer dos funcionários, já que no horário de expediente não é possível. É esta a verdadeira face oculta dos achincalhados funcionários públicos que conheço.
MJ

LR disse...

O Berlusconi é uma criatura simplesmente horrível, está fora de questão qualquer polémica sobre o assunto.
Mas a história não tem tanta piada como isso...desde que soube por 1 italiano radicado cá há uns 30 anos que "coglioni" é de facto o termo calão para os genitais (parecido com o nosso) mas também para "estúpido".
Claro que não iliba nem 1 bocadinho o Sr. Berlusconi da sua prática (e da sua verve) anti-democrática, mas sempre diminui o grau atingido na escala da grosseria.

noiseformind disse...

69 comentários!!!!!!!!!!!!!!! (n resisti) : )))))))))))))))))))))))))))))))))))))

Vera_Effigies disse...

És um terror!!!!!!
Noise (*^_^*)
Beijoka