sábado, abril 01, 2006

Vi no Expresso...

É o retrato de um país aplicado ao futebol.
Tem tudo o que é preciso, só perde por ser mole.
Toca a acordar, pessoal!
Queremos mais garra,
deixar de ficar felizes quando a bola vai à barra.
Vamos com tudo, meter o pé, chutar primeiro,
Que o último a chegar é ...
Ter medo deles? Isso era dantes!
Vamos embora encher de orgulho os emigrantes.
Sem esquecer que nas grandes emoções
quando grita um português, gritam logo 15 milhões.

Heróis de Berlim, nobre povo…
Não tinha graça cantar um hino novo?
Escrito pelo pé de artistas
que vão alargar as vistas à nação verde e vermelha.
Ficar em segundo? Nem morto!
Ganhar ou perder é desporto? 'Tá bem abelha!
Venha a Alemanha, o Brasil ou a Argentina
com cabelos de menina e cara de lobo mau,
se calham a apanhar-nos pela frente e viram as costas à gente… TAU!

Excerto da letra do hino da GalpEnergia para o Mundial de Futebol (www.galpenergia.com).

Esclarecimento da GalpEnergia: "A GalpEnergia lamenta que o teor da letra possa ter suscitado interpretações diferentes daquele que era e continua a ser o objectivo da campanha - apoiar, de forma positiva, a Selecção."

Bom, não se exigiria um novo Camões, mas não se pôde ao menos evitar um registo assim tão pífio?

16 comentários:

Fora-de-Lei disse...

Mas que dignidade intelectual se pode esperar de uma empresa que fabrica arranjinhos como aquele que desembocou na contratação de Fernando Gomes ? Muito honestamente, senti-me muito mais ofendido quando isso aconteceu do que com o fino recorte literário deste "Hino Galp"...

AQUILES disse...

«Mesmo que se fomente, aqui e ali, umas encenações de optimismo pinceladas com musicalidade e glamour artificial, a falta de esperança persiste.» in DIVAGANDO, hoje.
Fora da lei
julgo que já se perdeu a capacidade de nos indignarmos e ofendermos com os arranjinhos. Infelizmente. Eles já se sentem impunes, descarados e cada vezmais ousados.

CêTê disse...

A GalpEnergia tem é uma boa equipe de publicitários, pelos vistos.
Ainda vão por a Marisa Cruz a amamentar a nova geração da Selecção.




(Bolas com a vossa mentre é perversa. Estava a referir-me, NATURALMENTE, ao Pintinho)

CêTê disse...

A GalpEnergia tem é, uma boa equipe de publicitários, pelos vistos.
Ainda vão pôr a Marisa Cruz a amamentar a nova geração da Selecção.




(Bolas com a vossa mente é perversa. Estava a referir-me, NATURALMENTE, ao Pintinho)

José Miguel de Oliveira disse...

As paixões perpétuas que uma bola provoca já atingiram o Hades. Não com Camões, que esse deveria ainda desconhecer as regras do jogo, mas com António, o Gedeão, o imortal poeta. Porque o sonho comanda a vida "como bola colorida entre as mãos de uma criança". Deixemos que os infelizes retratem pifiamente aquilo que só aos mais mortais compete realizar - no terreno de jogo ou na literatura e na arte... o mundo é redondo como a bola. Mas mais achatado nos polos onde vivem os menos capazes de saborear o sol. Enquanto houver luz suficiente nos trópicos, haverá quem esteja indignado e os outros, de longitudes sombrias, mais tarde ou mais cedo, escolherão da pátria não as cores do folclore, mas o sal da língua atlântica onde moram as vitórias que nos edificam para a eternidade. Com Descobridores destes não teríamos ainda achado a roda! Mas é dos outros que reza a história.
Bem hajam os indignados,

andorinha disse...

Boa tarde.

Ao contrário dos comentadores precedentes, acho a letra lindíssima e extremamente adequada à ocasião. Não percebo o porquê de tanta indignação! Looooooool

Como diz o Aquiles, quanto aos arranjinhos cada vez nos vamos indignando menos e , claro, o sentimento de impunidade cresce.:(

maloud disse...

Como disse na altura o Nicolau Santos no Expresso, qual o espanto de um economista, com a experiência de Fernando Gomes, ser nomeado, para a Galp. Não me consta que o responsável pela área económica do dito semanário seja simpatizante do PS. Nunca vi este sobressalto, quando o eng. Ferreira do Amaral foi nomeado gestor da Galp. Que me conste não era especialista de petróleos. Porque será?
O hino da Galp está de acordo com a piroseira que vai sempre envolvendo a selecção, o seleccionador, a gravata do Durão. Temos o que merecemos.

CêTê disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
CêTê disse...

Ó menino! Psst, Olhe por favor!
Boa noite. Traga-me sff o "doce da casa" . Não tem? Mas que faz o Dono deste "Tinhoso"? Quero já o livrinho amarelo e que saí uma coisa fresca sem ranço nem baratas, ora esta!!! A dar-nos a comer "comidita" rasca.
Francamente.

Fora-de-Lei disse...

maloud 7:51 PM

"... qual o espanto de um economista, com a experiência de Fernando Gomes, ser nomeado para a Galp ?"

Deixa-me rir
Essa história não é tua
[...]

Unknown disse...

De du du du de da da da ...

maloud disse...

Fora-de-lei, quem disse isto foi o Nicolau Santos. Não fui eu. Não tenho competência.

Fora-de-Lei disse...

maloud 12:07 AM

Nicolau Santos ? O artista de laçarote no Midnight Express ? Pois...

Vida Involuntária disse...

Vêm outras coisas, que ensinam a pensar, no Caderno Actual do Expresso p. 38.Uma excelente reflexão do grande poeta e ensaista Joaquim Manuel Magalhães, Sobre a complexa identidade sexual do nosso portuense António Nobre,-aferida pela análise da obra - objecto de uma tese na Sorbonne.
Postei breves excertos, no meu blog.

VIvi

Pamina disse...

E com a "música" ainda é melhor.:)))
Estive agora a ouvir num outro blog a letra toda. Parece-me uma tentativa falhada de fazer humor. Inclusive o modo de cantar a canção, com pequenos apartes, pretende ter piada, só que os autores não primaram pelo bom gosto.

Algo curioso: o Prof.JMV costuma elucidar que na Roma antiga o "elo mais forte" era o penetrador, independentemente de quem fosse o penetrado, mulher ou homem. Assim, um homem que penetrasse outro não era considerado menos masculino por isso. A letra da canção brinca com esta noção. Penetrador= dominador=vencedor. Claro que se trata de meter a bola na baliza, mas o conceito está lá subjacente.

Vida Involuntária disse...

Esta Pamina sempre me pareceu uma das melhores cabeças que aqui andam. Mas, menina, não te vale de nada, pois a atmosfera é avassaladoramente patriarcal, sobretudo da parte das próprias damas; é como aquela velha história das quotas. A "coisa horrorosa" de ir para a Política sem ser por mérito...!Quando, uma leve inspecção aos ´"méritos" dos 999.000 indígenas masculinos que lá andam, daria, pelo menos, para rir.