terça-feira, dezembro 12, 2006

Estou de acordo, não creio em "fronteiras" biológicas.

Cientistas rejeitam conceito de «pré-embrião»
2006/12/12 20:47

E defendem o mesmo «estatuto biológico» do adulto

Mais de 200 cientistas e professores universitários tornaram público, esta segunda-feira, um manifesto no qual mostram a sua oposição em relação a alguns dos conteúdos do Projecto de Lei de Pesquisa em Biomedicina, que se debaterá na próxima quinta-feira no Congresso dos Deputados da Espanha.
Segundo escreve a Veritas, agência católica de notícias espanhola, o manifesto - promovido por Luis Franco Vera, da Real Academia de Ciências Exatas, Físicas e Naturais e catedrático de Bioquímica e Biologia Molecular da Universidade de Valência - foi assinado por 14 académicos, dois cientistas premiados com o Prêmio Jaime I, 39 catedráticos universitários e mais de 150 pesquisadores e professores.
Segundo a Veritas, o manifesto afirma que, «de um ponto de vista estritamente científico», «não têm sentido as distinções semânticas como a que se introduz ao chamar pré-embrião ao embrião obtido por fecundação in vitro».
Os cientistas assinalam que há dados que tornam «inadmissível desde um ponto biológico identificar o embrião como uma simples massa de células, nem sequer nos dias anteriores à sua implantação», e acrescentam que o embrião é «um organismo individual da espécie Homo Sapiens, certamente em estado incipiente de desenvolvimento, mas não por isso merecedor de um estatuto biológico distinto do adulto».

12 comentários:

Fora-de-Lei disse...

Também não creio que a pescada seja o único ser que antes de o ser já o era...

andorinha disse...

Júlio, não deve escrever no título do post a sua opinião, muito menos em temas destes:))))
Estou a escrever meio a brincar, meio a sério.
Se diz que concorda, eu vou dizer que não, se não tenho conhecimentos científicos para o fazer?
Mas não percebo como é que um embrião com dias tem o mesmo estatuto biológico de um adulto.
E ter o mesmo estatuto biológico implica então que tenha o mesmo estatuto jurídico e todos os outros atribuíveis aos adultos?
Agora fiquei confusa, confesso.

Julio Machado Vaz disse...

Andorinha,
Limito-me a dizer que em termos potenciais estamos em presença de vida humana. Nunca disse o contrário.

andorinha disse...

Júlio,
Sim, claro, quanto à presença de vida humana estamos de acordo, todos já fomos embriões.
O que me confundiu foram as palavras "estatuto biológico" e o que pode estar por detrás delas, em termos de todos os outros estatutos.
Nestes tempos conturbados que vivemos, desconfio de tudo:)

JFR disse...

Andorinha (10:50)

Creio que a opinião do Prof. é sempre benvinda. Aliás, está quase sempre presente. No próprio título, às vezes nas reticências, outras nos PS's e sempre nos textos próprios.

Aliás, na "Missão" do Murcon, está bem explícita essa vontade de opinar:
"Às vezes apetece-me escrever. Por que diabo não hei-de partilhar as minhas ruminações convosco?"

Se nos faltam, e a mim claramente faltam,conhecimentos científicos, em determinadas áreas, que possibilitem uma discussão de um tema, no plano da ciência, com o Prof. JMV, não me faltarão discernimento, bom senso e capacidade de aprendizagem para sentir útil a análise da sua opinião. E o que digo ser válido para mim, é, em minha opinião, válido para a Andorinha e outros "comentadores".

andorinha disse...

Jfr(11.45)

Ainda bem que cá voltei:)
Quando eu disse que o Júlio não devia dar a opinião dele no título do post foi a brincar, homem de Deus!:)
Eu pus os smileys :)))))))
Existe um clima de confiança e àvontade resultante de quase dois anos de permanência diária neste cantinho que nos permite ter esse tipo de brincadeiras.

Quanto ao teu post, estou portanto, totalmente de acordo.
Claro que a opinião do Júlio é sempre bem-vinda e é imprescindível.
Mas que raio de conclusões tu foste tirar...a escrita é muito traiçoeira.
O Júlio até "devia" intervir mais, seria do agrado de todos, certamente.
E o mais importante, todos estamos aqui por causa dele, no cantinho dele, a discutir e a partilhar ideias, ao fim e ao cabo a tertuliar; é tudo isso que torna este blog muito especial:)

Já posso dormir mais descansada.
Até amanhã, gente:)

Mais Vale Só Que Mal Acompanhado... disse...

Prof. JMV

Concordo com a sua concordância exposta no título.

Não sou biólogo, mas creio que assim que se dá a fusão do óvulo com o espermatozóide e começa a divisão celular do zigoto, mesmo na fase de "2 células" já há uma nova vida humana. Sem já falar que as próprias células, óvulo e espermatozóide também são vida, assim como qualquer célula animal. Mas como, no entanto, de per si náo podem evoluir para um estado avançado de vida superior, ou seja um indivíduo, que até poderá ser um animal... ao morrer um óvulo ou um espermatozóide isoladamente, o que sucede constantemente, ninguém se preocupa e com razão.

Agora após se ter iniciado o processo da divisão celular, o caso muda de figura como é óbvio. Para mim é evidente que a vida humana começa aquando da 1ª divisão celular. Nesse instante já o DNA contido no 1º par de células será o mesmo DNA do futuro indivíduo adulto.
Se estou por acaso incorrendo... nalguma erro por já algo esquecida a Biologia do liceu, agradeço que me corrijam.

Mais Vale Só Que Mal Acompanhado... disse...

Andorinha

Concordo com o JFR.
O Prof. é livre de colocar os títulos que bem entende no seu próprio blog, incluindo um título "opinativo", assim como nós somos livres de como comentaristas concordar ou discordar dos pontos de vista do Prof. ou dos outros comentadores.

A cara amiga diz que "disse meio a sério meio a brincar" que não concordava que o Prof. exprimisse a sua opinião no título, e que até pôs smileys... mas é evidente que tentou desculpar-se um pouco esfarrapadamente de uma afirmação "acusatória" algo contundente e impensada relativamente ao Prof.

Apesar de aqui sermos comentadores e não advogados de defesa ou acusação, creio que, quando se está a falar/comentar de assuntos de certa gravidade, há que meditar um pouco antes de escrever a 1ª ideia que vem `a cabeça.

Agora quando o Post é mais para a brincadeira género alguma façanha do Sousa ou alguma partidita da menina Maria... então aí não há qq perigo em não se pensar muito... até convirá...

Andorinha não se melindre, apenas tentei ser sincero na crítica que lhe fiz. Também admito que uma pessoa possa de repente ter uma visão inadequada de uma questão e que depois a venha a corrigir.

Boa noite a todos.

andorinha disse...

Bom dia.

Mais vale,
Eu também concordo com o Jfr, já disse ontem.
"...mas é evidente que tentou desculpar-se um pouco esfarrapadamente de uma afirmação "acusatória" algo contundente e impensada relativamente ao Prof."

Jesus Christ!!!!!:)

Não é nada disso, gente.
Eu nunca faria isso relativamente ao Prof, não faço isso em blog nenhum, muito menos neste cantinho.
A explicação pode parecer-te esfarrapada, mas é a pura verdade, portanto mantenho-a.
"Brinquei" com o Júlio, não brinquei com assuntos sérios, nunca o faço.

Não fiquei melindrada com a tua crítica, desde que o façam civilizadamente nunca me melindro.
Mas não vejo razão para desdizer hoje o que disse ontem.:)

noiseformind disse...

Boss,
Vou fazer comentário dúplice em relação ao teu título de post. Depois dirás se concordas ou não. Não alinho nem por ti nem por nenhum dos precedentes. Um embrião é Vida, e Vida Humana (é deixar o puto desenvolver-se e dar-lhe condições) e QUEM acha que aquela Vida deve ser constituída entidade então penso que fazem muito bem em dizer que uma intervenção médica naquela vida é criminosa. Mas não o devem fazer com falsa piedade dizendo que aquilo é vida mas não querem as mulheres na cadeia. Aquilo é vida mas ninguém vai ser encarcerado por isso. Ou dizer que se vai excomungar o médico que fizer a intervenção como se fez com os notários espanhóis à um ano e depois n excomungar.

Se se assumiu a postura dogmática que Vida é aquela forma de 8 cm no útero então há que dizer que a mulher não tem o direito de terminar aquela Vida e portanto se ela fizer algum gesto para impedir essa vida de seguir até às 40 semanas deve ser sancionada. Mas o problema é que a Igreja, presa entre o envelhecimento da sua base da apoio e a não-prática da sua falange mais jovem fica-se pelos meios termos. Quer apoiar a gravidez mas n quer que se mande para a cadeia as mulheres. Mas depois diz que elas cometem um crime, depois os padres vão para os altares (como a Pah N Sei referiu e eu já ouvi várias vezes) dizer que se cometem homicídios. Portanto temos umas espécie de versão para consumo em telejornais, feita e mães de 4 putos que dizem que tiveram imensas dificuldades para os criaram mas mesmo assim são mulheres de sucesso (normalmente o facto de os maridos per se serem ricos passa ao lado). O que cria confusão na falange de apoio. É que o que o referendo pergunta é se deve ou não ser mantida a criminalização do aborto, não em que idade o feto é isto ou aquilo. Não é isso que está a ser perguntado aos Tugas. O que se está a perguntar é se o aborto e as pessoas envolvidas nele devem ou não ser criminalizadas. E depois podem ser criminalizadas por vários motivos INCLUINDO a crença de que o feto é uma entidade autónoma. Mas essa nem sequer é, repito, a pergunta.

Chamar a B.I.zação do feto para um debate sobre legalização é habitual em tempo de campanha eleitoral. E quando o CDS-PP tentou meter essa palhaçada em lei o PSD não teve problema em impedir isso de seguir em frente. Portanto n é por isso que o PSD vai fazer campanha pelo não.

Mas reparem como rapidamente nos afastamos da mulher para nos centrarmos no novo ser humano que medra nela. Reparem como rapidamente deixou de ser uma questão de direito das mulheres para passar a ser uma discussão dos direitos do embrião. Reparem como de novo a entidade mais patriarcal do mundo (ao ponto de só aceitar nos seus quadros dirigentes homens) retira da equação a vontade da mulher ou entrega aos praticantes do culto a escolha. Não, nada disso, deve ser o Estado a fazer o trabalho da Igreja. E vejam como isto só acontece nos dois únicos países que têm Concordatas com o Vaticano ; ))))))))))) e, como já referi aqui 2 ou 3 vezes, os 2 países dentro da UE com maior assimetria no rendimento homem/mulher: Portugal e Polónia ; ))))))))))

Klatuu o embuçado disse...

Meu caro Professor... «Deus nos livre dos cientistas»! :) Basta-nos a ética!
Mas sabe... a questão do aborto não deve ser ética nem científica... é política... e, como tal, deveria dispensar «referendos»! Bastaria a coragem de decidir... por uma civilização do mal menor, ou seja, do maior bem comum... e isso é a política!
Estou farto de ver e ouvir fanáticos do «pró» e do «anti» sempre com fetos dentro do saco!

LEGALIZAR O ABORTO É A ÚNICA SOLUÇÃO PARA DIMINUIR O NÚMERO DE ABORTOS NESTE PAÍS!!
... além de ser a única via para restabelecer a saúde pública, sexual, moral e repor a justiça.

P. S. Nós monárquicos também vamos entrar na «feira», sem apoiar nenhuma das posições: vamos tentar esclarecer. Não sei se a coisa correrá como espero, veremos... Mas uma coisa já me satisfaz... não vamos ter nenhum «Fado do Aborto» interpretado pelo senhor João Braga!
Já bastou termos de levar com o hit efémero «Quem é o Rei? Quem é o Rei?»!

Abraço... e cuidado com as queimadas! ;)

X disse...

Há muito que acompanho o seu blog com leituras semanais. Para ser precisa, faço-o desde Março de 2005 e é sempre com muito agrado que o leio.

Nunca comentei mas hoje apeteceu-me fazê-lo, talvez porque este post me fale mais do que muitos outros.

Procuro engravidar há cerca de 4 anos e, para mim, que já me submeti a vários tratamentos de infertilidade, um embrião é um embrião. Ponto final. Aliás, para mim, a vida começa exactamente no momento em que um embrião está apto a ser transferido para o útero, independentemente de ser uma vida muito frágil e insuficiente.

Obrigada por este blog, que é uma referência!