O corpo é um lugar maravilhoso de delícias, mas todo amor construído sobre as delícias do corpo tem vida breve. O amor vive no subtil fio do diálogo. É preciso saber ouvir. Acolher. Deixar que o outro entre dentro... Há pessoas muito velhas cujos ouvidos ainda são virginais.
Valorizar a deliciosa arte de fazer amor com a boca e com o ouvido (esses órgãos sexuais tão negligenciados...)...
E, não sei, se repente fui acometida por um súbito desejo, nem exausto nem ansioso mas sim tranquilo e sereno, de navegar até este blogue e desejar a todos uma boa noite e que durmam bem :)
PortoCroft, eu tambem tenho mau feitio. Hoje é dia já considerado uma virtude ou ainda está classificado como patologia associada a uma imunodeficiência emocional qualquer?? :p
Não te ando a perseguir...:) E uma andorinha não é perigosa, ao contrário de uma ave de rapina.:))))
Falando mais a sério - tenho lido com atenção o que tens escrito e concordado quase sempre com o que dizes. Chamas a isso perseguição? Eu chamo sintonia de ideias, mainada. :))))))) LOL
Estava a brincar contigo! ;) Mesmo se tivermos - e se calhar até temos noutros assuntos - divergências, nunca consider(ar)ei a livre expressão de opiniões contrárias um sinal de perseguição... ...antes pelo contrário :))))
Tem qualquer coisa a ver com pêssegos maduros. A pele sai sem rsistência. Pelos dedos escorre o sumo doce. E depois o pêssego fica a fazer parte de nós. Visceralmente. Já no sangue, há-de ser energia para todos gestos.
gula!!!!!!!! Vá à china caro Professor e vai conheçer um verdadeiro - Dicionário excêntrico. A Gula ... ora vejamos então este artigo comparado com o seu ...No sedento rio do teu desejo navega o meu: exausto mas ansioso.
A Gula chinesa O «Green Coast» está atracado na baía de Luanda como quem está esquecido. Na plataforma de acesso há um segurança. E descobre-se vida no convés do navio - chineses de tronco nu, movimentam-se, lavam-se como quem acabou mais um dia de trabalho. Não é permitido entrar no «Green Coast» mas Liu, um jovem de 25 anos, desce à plataforma. Com o típico sorriso chinês, Liu é lapidar: «Angola é muito bom!» O jovem chinês chegou há um ano de Dalian, perto de Pequim, para se juntar ao tio que é dono do navio e proprietário de armazéns de revenda no bairro de São Paulo, em Luanda. O tio foi à China comprar mais materiais para terminar as obras no «Green Coast» e transformá-lo num hotel. Liu tem dois empregos: durante o dia trabalha nos armazéns do tio, depois participa na recuperação do navio onde dorme. Está aqui para ajudar a família, por isso mantém sempre o sorriso, mesmo quando confessa que não tem qualquer salário, que trabalha sempre que é preciso - seja fim-de-semana ou feriados. «Angola tem muitos feriados», sublinha. Liu tem planos para ficar neste país por mais cinco anos. Por uma razão muito simples: «A China tem muitas pessoas e não tem trabalho, aqui está tudo por fazer». A embaixada chinesa admite que já estejam em Angola mais de dois mil. Espera-se muitos mais. Estão espalhados pela cidade, na construção civil. São elogiados pela qualificação e baixo preço. Um encarregado de obras angolano reconhece outras qualidades: «São muito disciplinados. Se dizem que vêm, aparecem mesmo. Ao angolano ainda lhe falta essa disciplina». O impacto dos chineses pode ser directamente proporcional à linha de crédito que o Governo de Luanda está a receber do Eximbank de Pequim: dois mil milhões de dólares em troca de petróleo. A famosa linha é a esperança e o receio de muitos angolanos. E a menina dos olhos do ministro das Finanças, José Pedro Morais. Aliás o próprio edifício colonial do Ministério, na baixa de Luanda, foi alvo de intervenção chinesa. As espaçosas varandas em arco estão agora escondidas sob uma espécie de capa em vidro espelhado. A China preencheu aquele intervalo que Angola precisava entre poucas exigências e muita prontidão para reconstruir o país: estradas, infra-estruturas, redes de água, saneamento, escolas, hospitais, caminhos-de-ferro. A obra é vasta, estende-se a todo o país e deve ser concluída a curto prazo, para benefício de todos, incluindo da campanha eleitoral. Para Angola virão empresas chinesas com tecnologia, materiais e mão-de-obra, a que se poderão associar empresas angolanas numa proporção 70/30, em que os estrangeiros são maioritários. Na rua teme-se uma invasão. Os números lançados ao ar chegam aos quatro milhões, oficialmente desmentidos. Receia-se que não seja criado emprego para os angolanos, surgem dúvidas sobre a qualidade das obras e admite-se um choque de hábitos e culturas. Lopo do Nascimento, antigo primeiro-ministro, considera que se «está a criar uma euforia que pode ser má, porque não será certamente a China a resolver todos os problemas do país». Ao mesmo tempo surpreende-se pelo facto de os chineses já partilharem cervejas Cuca nos bairros de Luanda. Mas entre a mestiçagem e o choque cultural, o povo dos musseques já encontrou uma fórmula para definir estes novos imigrantes: «Tudo o que anda comem, tudo o que voa comem. À excepção do avião!»
Aqui tem caro professor, comente o seu post. mais os habituais e simpáticos blogueiros.
...cito a frase do post do Profe: ... "...No sedento rio do teu desejo navega o meu: exausto mas ansioso..." ... ...não vejo nesta frase (excepto se fizer parte de um outro mais vasto contexto) nada que se possa relaccionar com a "Gula" ...daí que infira que para além daquela frase, outras existam que possam enquadrar aquela no "conceito" da "gula" ...assim, e por si só, na verdade, diria como já alguém disse, que se trata mais de Luxúria do que de Gula, ainda que o desejo possa fazer parte da gula ou esta parte daquele ... ...por tal motivo, venho pedir ao amigo Profe o favor de me "nos" dizer se a frase é assim pura e dura ou se está inserida num outro mais vasto leque de "pecados" :) ... ...porém, com esta, já me ía esquecendo do meu voto de BOM DIA à tutti ...
Lobices, Claro que "dispo" a minha mente retorcida:). "Rio sedento" e "exausto mas ansioso" reenviam-me para o que está para lá da satisfação das necessidades básicas, neste caso a sede e o descanso. Porquê? Porque a recompensa será a satisfação de um desejo já satisfeito. A gula também traduz o excesso em busca de mais prazer, comemos para além do apetite:)
...Profe: ...obrigado pela resposta at 1:39 PM ...mas, perdão, aqui todos nós despimos as nossas mentes retorcidas; daí que ela (a mente retorcida) não seja um exclusivo do amigo JMV ... :) ...só que, me parece, que o "rio sedento" será o "dela" e o "exausto mas ansioso" será 0 "meu"... ...logo, como posso satisfazer a minha "gula" para além de um desejo já satisfeito?... (Sendo essa, no entanto, a definição de gula...) ...entretanto, aceito que o excesso em busca de mais e mais prazer (para além do já satisfeito) seja -para além do apetite- a gula em si mesma, na doçura da luxúria que me permite desejar o impossível, ou seja, se satisfeito mais satisfação não posso obtar para além que o "pecado" da gula me pode proporcionar e aí, sim, me quedo "exausto" ainda que ansioso... :)
Eu acho que a sua resposta ao Lobices só veio complicar.:) Agora sou eu que não percebo. "A recompensa será a satisfação de um desejo já satisfeito". Como se pode satisfazer um desejo já satisfeito? O desejo está satisfeito naquele momento, mas não é o desejo sempre renovável? Só consigo entender isto nesta perspectiva. O desejo pode ter semelhanças com a gula - há desejos insaciáveis, sim, mas até a gula tem um limite, come-se para além do apetite mas há um ponto em que se pára ( toda a satisfação já foi obtida).
"...exausto mas ansioso." Exausto naquele momento, mas ansioso porquê? Ansioso no sentido de expectante? Expectante em relação ao futuro? Ao despertar de novo do desejo? À espera ansiosa de novo pelo prazer?
E só para acabar o meu raciocinio acerca de compulsão/impulso[interrompido por duas galingas cacarejantes] deixo aqui esta citação de Gustave Flaubert:
AGES IMPELIDO POR MIL COISAS «Dizes-te livre e todos os dias ages impelido por mil coisas. Vês uma mulher e ama-la, morres de amor por ela; serás livre de acalmar esse sangue que pulsa, de serenar essa cabeça ardente, de refrear esse coração, de aplacar esses ardores que te devoram? Serás livre de pensar? Mil cadeias te retêm, mil aguilhões te impelem, mil entraves te fazem parar. Vês um homem pela primeira vez, há um dos seus traços que te choca, e durante a tua vida sentes aversão por esse homem, que talvez tivesses amado se tivesse o nariz mais pequeno. E todos os factos derivam, ou neles se encadeiam, também fatalmente, outras séries de factos, de que outros derivam por sua vez».
Manhã bonançosa e primaveril Num qualquer tempo...
Espraio-me ociosamente sobre o leito Onde observo teu corpo nu Repousando placidamente junto ao meu. Dormes...
Os teus pés, quais âncoras de barco em Porto de Abrigo Buscam a leveza de um contacto epidérmico Que confere a segurança de Um amor que se quer presente.
Nas minhas córneas reflecte-se o dorso curvilíneo que Evoca a forma de glaciar consumido no calor da miríade sensorial Em que nos perdemos e nos encontramos.
Rosto de menina carente em voluptuoso corpo... A beleza idiossincrática de todas as infâncias Convertida numa cas’infância de todas as belezas do porvir.
A luz que entra a esparsos pela janela Vem depor-se sobre tuas suaves madeixas onduladas Que repousam sobre o tronco esguio onde me deleito Em ósculos que deixam na minha boca o travo da tua pele.
Meus dedos percorrem levemente o teu corpo... Eis quando abres teus olhos doces que dizem: “Vem!”
Invertem-se papéis: aninho-me em ti Deixando-me envolver pelo calor que emana de teu corpo.
Nós dois entrelaçados... Difícil descobrir limites de cada um.
Que importam limites físicos na plenitude perene a que nos entregamos?
Ram, com que então és poeta. Gostei do poema, muito mesmo, mas se o meu amado me dissesse que os meus pés fossem parecidos com âncoras obrigava-o a cometer o pecado da gula e a engolir o poema duma virada. Tirando as âncoras ;-) gostei.
...gula? ... "...Os meus olhos pousam em ti e todos os meus sentidos te olham num delirar mútuo de atenção... Vejo o teu corpo e deleito-me na tua alvura... Cheiro o teu cheiro e aspiro a tranquilidade da tua paz... Ouço o teu respirar lento, como um lamento que não lamento... As minhas mãos tocam os teus cabelos e envolvem-se neles... Acerco-me de ti e te toco... Te sinto global e ali inteira frente a mim... Beijo a tua boca e tudo se torna como num festim de doces carícias e sabor a sal... Estou inteiro no teu corpo inteiro e me sinto nele como sinto o teu corpo em mim... É apenas um abraço, um enlace de braços que apertam sem apertar, sentindo apenas o teu respirar... Minhas mãos percorrem a tua pele acetinada linda... Fecho os olhos procurando apenas sentir... E sinto o desejo crescer em mim e o teu arfar sobe de tom... Como é bom... A minha boca se cola na tua boca e a minha língua se funde dentro dela como se da tua se tratasse... É apenas mais um enlace... Sinto o teu peito quente junto ao meu e beijo teus mamilos num acto de procura da loucura... Loucura que me invade lentamente, premente ali presente ou então como se tudo mais estivesse ausente... Meus braços te envolvem e se descobrem momento a momento como se fosse a primeira vez que no teu corpo se movem... Sinto o cálido odor do teu corpo quente de amor, oferecendo-se como numa espécie de orgia sem pudor... Minhas mãos tacteiam centímetro a centímetro toda a tua pele, todos os recantos de teus encantos e se encontram, de repente, sobre o teu ventre quente, dolente... Afago tuas coxas e as tuas ancas e as aperto contra mim... Procuro o teu sexo e o acaricio... Beijo-te completamente num único beijo e me torno desejo do teu próprio desejo... Te envolvo num abraço mais e te penetro... És tu que me possuis... Não te tenho, és tu que me tens... Movimentos se entrelaçam como se não fossemos dois mas um só... Os nossos corpos se fundem num arfar profundo de loucura... Já não sei o que sou, apenas em ti estou... Eu sou tu e tu és eu numa fusão de ser e estar... Na verdade és tu que me possuis, eu não te tenho, és tu que me tens, em ti eu me dou...E em ti me eternizo..."
"Um chile em nogado esquecido numa travessa depois de um grande banquete não se sentiria pior do que ela. Quantas vezes sozinha na cozinha tivera de comer uma destas delícias antes de permitir que se perdesse. Ninguém comer o último chile de uma bandeja acontece geralmente quando as pessoas não querem demonstrar a sua gula e embora gostassem imenso de o devorar, ninguém se atreve. E é assim que se rejeita um chile recheado que contém todos os sabores imagináveis, o doce do cidrão, o picante do chile, a subtileza do nogado, o refrescante da romã, um maravilhoso chile em nogado! Que contém no seu interior todos os segredos do amor, mas que ninguém poderá penetrar por causa da decência. Maldita decência." Laura Esquivel
"O dia ordena os cântaros um a um em filas vivas. A noite cerra-lhes os corações que sorviam o caos pelas aortas de argila. Flancos contra flancos. O tempo só existe por estes corpos selados. E o azeite repousa. O vinho ensombra-se. O mel amadurece com a voltagem de uma jóia onde mergulha a lua. Se alguém se fecha com a noite por cima. Estou cheio desta noite, deste sono, desta riqueza côncava, arrefecida." (...)
estamos aqui deitados sob este céu nocturno este testemunho imenso e então eu digo as palavras mais breves. por exemplo tu e com a certeza de ter inventado novo vocábulo encosto a minha à tua boca e devagar a percorro toda língua a língua como quem saboreia um acontecimento e o quer partilhar. ah, que alegria...
mas na verdade esta noite vai deixar-nos uma pequena tristeza. uma vocação de ser assim impossivelmente um outro. é uma vocação que nos desliza por entre os dedos. pele com pele adivinhada. exige a presença de uma mão e outra mão. é a medida exacta e breve de um vocábulo pronunciado a medo entre lençóis. sei que digo também amo-te como quem pensa ter inesperadamente chegado a casa. e digo também olha querido como é perfeita a curva em que o meu olhar se debruça. os teus olhos aguados são o meu destino. há na tua íris uma menina que sou eu. reconheço-me aí. mulher menina. um segredo que desvendas. mas a noite acaba e eu sinto desvanecer-me em ti. fica fica mais um pouco.
sei que inventaremos um novo léxico para sussurrar uma existência. fora do tempo a construção da linguagem faz-se de seda. abraços de casulo. na penetração do corpo pelo corpo. quem entra em quem. quem de nós recebe a palavra como consagração das horas. quem. eu. tu.
e agora conto-te. destes momentos que são entre uma madrugada de bruma e um ar pesado impregnado de jasmim. quero-me inteira. capaz de feitos assombrosos. para nessa urgência te revelar este mistério. agora te pronuncio lenta. lentamente. fazendo ressoar em mim cada som que é o mais pequenino lugar do teu corpo. um mapa que reconstruo por dentro dos meus olhos. os percursos do desejo. as rotas de seda. seda. da boca apetecível. dessa língua quente. o rasto translúcido da tua saliva nos meus seios. do meu ventre que se eleva de encontro ao teu. numa importante declaração de ardor. das minhas mãos que apertam as tuas nádegas. dum pomar de braços e pernas. ou uma inflorescência de beijos no caule erecto do sexo - evolam-se os suspiros como cântico de amorosas elegias. há uma réstea de luz no semicerrado olhar. o meu procura o teu. para lhe disputar uma identidade.
( resgatarei uma conversa. como quem necessita de um sangue que o alimente. como quem deitado à beira de um outro corpo se descobre. chorarei. então. porque as grandes revelações se fazem também de lágrimas. por nós chorarás também tu. aqui. entre os teus braços a vida parece um incrível acontecimento. fica. fica mais um pouco. )
( leio para ti **Tu choravas e eu ia apagando com os meus beijos os rastos das tuas lágrimas - riscos na areia mole e quente do teu rosto. Choravas como quem se procura. E eu descobria mundos, inventava nomes, enquanto ia espremendo com as mãos o meu sangue todo no teu sangue. ** )
falo-te com esta voz que quase me desconheço. deste futuro passado. da urgência de uma mão na outra mão. da medida exacta. da transformação da carne. na invasão interior. uma ocupação de seiva no sangue e saliva. a flor mais secreta dos nossos dias. no coração fazemo-nos um do outro como sangue equivocado. veias como rios em veias como mares. veias como linhas perfeitas. perpendiculares. tangenciais verdades. quase direi nesta ocupação há uma só verdade. tu. eu. jardim de palavras. gestos. beijos.
e então tu dizes assim como quem pensa um novo pensamento vamos soprar para longe a realidade. vamos, juntos, porque só juntos existimos, fugir da voz razoável que nos prende os gestos e nos despenha nos abismos do quotidiano. nunca ninguém o disse, mas é a esta pasmaceira que se acerca de nós sempre que nos deixamos envolver pela constância dos dias que se chama inferno.
oico-te. e sinto dentro de mim a maravilha que nasce com a descoberta das coisas novas. tu puxas-me para ti e entre os teus braços eu descanso desta sombra. brandamente vais contando da melodia que o teu corpo escreve só para mim.
o mundo existe apenas no local solar para onde os teus olhos olham, do outro lado apenas existe uma sombra, gigantesca, sem sentido, sem sentidos. como se eu fosse cego sem essa luz, como se as minhas mãos perdessem o seu sentido primordial: o teu corpo. não, ou antes sim, ou talvez, suporto este vazio de coisas comuns, esta falta dessa terra fecunda: o teu ventre, onde...
sulcas em mim a certeza de existir. é. também eu não sei se sou ou não sou. ausente de ti apenas imagino o meu corpo. o meu nome despe-se da sua origem. como se a minha fosse a tua genealogia. sem ti a minha história dissolve-se. rasga uma das tuas páginas crava-a aqui. entre as minhas pernas. uma importante página que narre todos as viagens que em mim farás. sim.
( leio para ti **Não sei se o mundo existia e nós existiamos realmente. Sei que tudo estava suspenso, esperando não sei que grave acontecimento, e que milhares de insectos paravam e zumbiam nos meus sentidos. Só a minha boca era uma abelha inquieta percorrendo e picando o teu corpo de beijos.** )
e agora posso dizer uma coisa? não sei mesmo se sem ti sou ... a importância do que penso inscreve-se somente nesses espaços quase inexistentes entre ti e mim. quase inexistentes...
(leio para ti ** Desviei os meus olhos para ti: ao longo do teu corpo morriam as estrelas. A noite partira. E, lentamente, o sol rompeu no céu da tua boca.**)
(palavras de ** albano martins**) blimunda e baltasar, espiões na casa do amor, para ti júlio
(...) Se alguém se fecha com a noite por cima. Estou cheio desta noite, deste sono, desta riqueza côncava, arrefecida. Ordena a luz o que o escuro tranca, o sonho atado ao sono numa imagem concêntrica radiando dentro. A imagem diurna ordena em filas que respiram as palavras profundas, as crateras, os cântaros - profundamente. As palavras encostadas ao papel. E o barro suspira. O peso dessa vida insondável: vinho, azeite, mel – o caos que se transforma em número. A imagem multiplica a consciência. A jóia sazonada contra a morte. Uma a uma, as coisas do mundo, as noites desarrumadas, as mãos que as arrumam entre chama e sono, as bilhas uma a uma do tesouro, uma a uma as palavras contra o papel profundo que suspira - bilhas profundas na casa mais profunda ainda.
RAM said... Valorizar a deliciosa arte de fazer amor com a boca e com o ouvido (esses órgãos sexuais tão negligenciados...)
Grande e imensa verdadae... Não perder essa contacto com o outro. É tão fácil o silencio emergir... e dp as pessoas pensam que não andam a ser criativas ao fazer amor e que algo de errado se passa.. Não entendem que a comunicação morre e tudo mais vai fugindo. Até morrer também a relação.
Eh lecas! Lobices.... Tu és um ganda guloso. E precisavas explicar como fazes tudo? Olha lá, e nunca te ensinaram que não se come na frente dos pobres? ;-)
E que tal incluir Eugénio, com este pequeno, mas arrebatador poema?
"Vê como o verão
Vê como o verão subitamente se faz água no teu peito,
e a noite se faz barco,
e minha mão marinheiro. "
ou mesmo este:
"O sorriso
Creio que foi o sorriso, sorriso foi quem abriu a porta. Era um sorriso com muita luz lá dentro, apetecia entrar nele, tirar a roupa, ficar nu dentro daquele sorriso. Correr, navegar, morrer naquele sorriso."
Pólux, Gratíssimo pela gentileza:). Perdoe responder-lhe com a mais crassa ignorância: o que é uma tag?:( P.S. Desejo-lhe que encontre Castor o mais depressa possível, se isso ainda não aconteceu:).
Não posso me ausentar que o maralhal lança-se em grande velocidade, nos maiores desvarios.;)
É o Lobices que, mais ou menos explicitamente, se descreve em acção, "enticing the girls".;)
É a Circe que anseia por ser o bolinho de maçã, no dia do meu aniversário.
É a Maite (quem diria?) que anseia ser a "Lady of the Number".
Quer dizer, só falta aparecer a Cicciolina toda sonsa e virar-se para si e dizer: Ciao Caro!, acompanhado dum piscar de olho malicioso (como convém).;)
By the way: I am THE Lord of the Number and I reserve the right to choose my lady of... ;)
Pois tenho a dizer-lhe que no que me diz respeito, concluiu mal, aliás muito mal. Depois de meses a comentar aqui pensei que já me conhecesse e lembrá-lo-ei, porque penso que é necessário, que a minha postura é completamente a oposta daquela que descreveu naquele infeliz comentário. Aliás todos os meus comentários anteriores o comprovam. Não há nenhum aqui ou noutro lugar que comprovem o contrário. Por isso, Portocroft, veja lá se revê a sua posição.
73 comentários:
Lindo.
A propósito deste e das Mil e Uma Noites:
O corpo é um lugar maravilhoso de delícias, mas todo amor construído sobre as
delícias do corpo tem vida breve. O amor vive no subtil fio do diálogo. É preciso saber ouvir.
Acolher. Deixar que o outro entre dentro...
Há
pessoas muito velhas cujos ouvidos ainda são virginais.
Valorizar a deliciosa arte de
fazer amor com a boca e com o ouvido (esses órgãos
sexuais tão negligenciados...)...
ram,
Lá está Vc. com o seu mau feitio.;)
E, não sei, se repente fui acometida por um súbito desejo, nem exausto nem ansioso mas sim tranquilo e sereno, de navegar até este blogue e desejar a todos uma boa noite e que durmam bem :)
De repente*, queria eu dizer.
PortoCroft, eu tambem tenho mau feitio. Hoje é dia já considerado uma virtude ou ainda está classificado como patologia associada a uma imunodeficiência emocional qualquer?? :p
Gula ou luxúria? Acho que nem uma coisa nem outra. Este(s) desejo(s) correspondido(s) não tem/têm sombra de pecado:)
Hoje em dia*! Apre!
Quando dois desejos se encontram e se fundem no mesmo tempo e no mesmo lugar, o festim é soberbo.:)
ram(10.47)
O sexo oral é negligenciado?!:))))
Minha cara Andorinha,
Não estava a falar na boca enquanto orgão sexual no sentido literal.
Não me referia ao sexo oral mas sim à oralidade sexual ;))))
Bem sei que há quem diga que a boca é um orgão sexual que alguns usam para comer :))), mas eu referia-me à vertente erótica da conversação.
Ou será que quando se faz amor, bem como nos jogos eróticos antes (ou depois ;), deve imperar o silêncio? :)
E você PortoCroft,
Sempre a embicar comigo que ando aqui tão quietinho!
Vê-se mesmo que é ave de rapina! :)))))
Meu caro ram (12.32)
Eu percebi, foi só uma provocaçãozita.:)
Claro que não deve imperar o silêncio quando se faz amor; nem antes, nem durante nem depois.
Começo a sentir-me perseguido por aves...
... primeiro uma ave de rapina
... agora até uma Andorinha
:))))))
LOL
ram,
Não te ando a perseguir...:)
E uma andorinha não é perigosa, ao contrário de uma ave de rapina.:))))
Falando mais a sério - tenho lido com atenção o que tens escrito e concordado quase sempre com o que dizes.
Chamas a isso perseguição?
Eu chamo sintonia de ideias, mainada. :))))))) LOL
Até amanhã.
Andorinha,
Estava a brincar contigo! ;)
Mesmo se tivermos - e se calhar até temos noutros assuntos - divergências, nunca consider(ar)ei a livre expressão de opiniões contrárias um sinal de perseguição...
...antes pelo contrário :))))
Até amanhã! ;)
Tem qualquer coisa a ver com pêssegos maduros. A pele sai sem rsistência. Pelos dedos escorre o sumo doce. E depois o pêssego fica a fazer parte de nós. Visceralmente. Já no sangue, há-de ser energia para todos gestos.
gula!!!!!!!!
Vá à china caro Professor e vai conheçer um verdadeiro - Dicionário excêntrico.
A Gula ...
ora vejamos então este artigo comparado com o seu ...No sedento rio do teu desejo
navega o meu: exausto mas ansioso.
A Gula chinesa
O «Green Coast» está atracado na baía de Luanda como quem está esquecido. Na plataforma de acesso há um segurança. E descobre-se vida no convés do navio - chineses de tronco nu, movimentam-se, lavam-se como quem acabou mais um dia de trabalho. Não é permitido entrar no «Green Coast» mas Liu, um jovem de 25 anos, desce à plataforma. Com o típico sorriso chinês, Liu é lapidar: «Angola é muito bom!» O jovem chinês chegou há um ano de Dalian, perto de Pequim, para se juntar ao tio que é dono do navio e proprietário de armazéns de revenda no bairro de São Paulo, em Luanda.
O tio foi à China comprar mais materiais para terminar as obras no «Green Coast» e transformá-lo num hotel. Liu tem dois empregos: durante o dia trabalha nos armazéns do tio, depois participa na recuperação do navio onde dorme. Está aqui para ajudar a família, por isso mantém sempre o sorriso, mesmo quando confessa que não tem qualquer salário, que trabalha sempre que é preciso - seja fim-de-semana ou feriados. «Angola tem muitos feriados», sublinha.
Liu tem planos para ficar neste país por mais cinco anos. Por uma razão muito simples: «A China tem muitas pessoas e não tem trabalho, aqui está tudo por fazer». A embaixada chinesa admite que já estejam em Angola mais de dois mil. Espera-se muitos mais. Estão espalhados pela cidade, na construção civil. São elogiados pela qualificação e baixo preço. Um encarregado de obras angolano reconhece outras qualidades: «São muito disciplinados. Se dizem que vêm, aparecem mesmo. Ao angolano ainda lhe falta essa disciplina».
O impacto dos chineses pode ser directamente proporcional à linha de crédito que o Governo de Luanda está a receber do Eximbank de Pequim: dois mil milhões de dólares em troca de petróleo. A famosa linha é a esperança e o receio de muitos angolanos. E a menina dos olhos do ministro das Finanças, José Pedro Morais. Aliás o próprio edifício colonial do Ministério, na baixa de Luanda, foi alvo de intervenção chinesa. As espaçosas varandas em arco estão agora escondidas sob uma espécie de capa em vidro espelhado.
A China preencheu aquele intervalo que Angola precisava entre poucas exigências e muita prontidão para reconstruir o país: estradas, infra-estruturas, redes de água, saneamento, escolas, hospitais, caminhos-de-ferro. A obra é vasta, estende-se a todo o país e deve ser concluída a curto prazo, para benefício de todos, incluindo da campanha eleitoral. Para Angola virão empresas chinesas com tecnologia, materiais e mão-de-obra, a que se poderão associar empresas angolanas numa proporção 70/30, em que os estrangeiros são maioritários.
Na rua teme-se uma invasão. Os números lançados ao ar chegam aos quatro milhões, oficialmente desmentidos. Receia-se que não seja criado emprego para os angolanos, surgem dúvidas sobre a qualidade das obras e admite-se um choque de hábitos e culturas. Lopo do Nascimento, antigo primeiro-ministro, considera que se «está a criar uma euforia que pode ser má, porque não será certamente a China a resolver todos os problemas do país». Ao mesmo tempo surpreende-se pelo facto de os chineses já partilharem cervejas Cuca nos bairros de Luanda. Mas entre a mestiçagem e o choque cultural, o povo dos musseques já encontrou uma fórmula para definir estes novos imigrantes: «Tudo o que anda comem, tudo o que voa comem. À excepção do avião!»
Aqui tem caro professor, comente o seu post. mais os habituais e simpáticos blogueiros.
:)
Gostei dessa fusão de rios.
Se juntos conseguirem chegar ao oceano, o vai e vem das águas encarregar-se-á da exaustão ;-)
Portocroft,
Esta banda sonora não pára de melhorar, sinto-me uma delegação da FNAC:).
:)
Lá está Vc. com o seu mau feitio.;)
bom dia de trabalho
e boas vendas :)
...cito a frase do post do Profe:
...
"...No sedento rio do teu desejo
navega o meu: exausto mas ansioso..."
...
...não vejo nesta frase (excepto se fizer parte de um outro mais vasto contexto) nada que se possa relaccionar com a "Gula"
...daí que infira
que para além daquela frase, outras existam que possam enquadrar aquela no "conceito" da "gula"
...assim, e por si só, na verdade, diria como já alguém disse, que se trata mais de Luxúria do que de Gula, ainda que o desejo possa fazer parte da gula ou esta parte daquele
...
...por tal motivo, venho pedir ao amigo Profe o favor de me "nos" dizer se a frase é assim pura e dura ou se está inserida num outro mais vasto leque de "pecados" :)
...
...porém, com esta, já me ía esquecendo do meu voto de BOM DIA à tutti
...
...sorry, o lobices não saiu a azul
Lobices (12.19)
O desejo é guloso, por isso ainda deve ser parente da gula.:)
Mas não vês que o dicionário é excêntrico?
Bom dia também para ti.:)
Lobices,
Claro que "dispo" a minha mente retorcida:). "Rio sedento" e "exausto mas ansioso" reenviam-me para o que está para lá da satisfação das necessidades básicas, neste caso a sede e o descanso. Porquê? Porque a recompensa será a satisfação de um desejo já satisfeito. A gula também traduz o excesso em busca de mais prazer, comemos para além do apetite:)
E até comemos com os olhos
...Profe:
...obrigado pela resposta at 1:39 PM
...mas, perdão, aqui todos nós despimos as nossas mentes retorcidas; daí que ela (a mente retorcida) não seja um exclusivo do amigo JMV ... :)
...só que, me parece, que o "rio sedento" será o "dela" e o "exausto mas ansioso" será 0 "meu"...
...logo, como posso satisfazer a minha "gula" para além de um desejo já satisfeito?... (Sendo essa, no entanto, a definição de gula...)
...entretanto, aceito que o excesso em busca de mais e mais prazer (para além do já satisfeito) seja -para além do apetite- a gula em si mesma, na doçura da luxúria que me permite desejar o impossível, ou seja, se satisfeito mais satisfação não posso obtar para além que o "pecado" da gula me pode proporcionar e aí, sim, me quedo "exausto" ainda que ansioso...
:)
adesenhar, gostava que informasse mais acerca do comentário que postou às 2h47. É real? Qual a fonte? Obrigada
E que bem que soube o polvo :))))))
Ai a Ribeira.....
Caro Prof. m8,
Nada como divulgar a música de qualidade, não é? ;))))
Ainda vai ficar muito melhor.
Yulunga - 1:45 PM,
Há pois comemos.;)))
E que bem que me soube o Bacalhau. Só faltou olhar o Douro se estender até a Foz.;)
Já agora faça-se a devida publicidade ao "Tugga" e ao chef Miguel Castro Silva.
http://talvezteescreva.blogspot.com/2005/05/tugga-abriu-em-londres.html
Ultimas Notícias
A Policia Inglesa prendeu um suspeito dos atentados bombistas e supõe, por evidências, que pelo menos um dos 4 perpretadores, morreu em Aldgate.
Boa tarde Júlio e maralhal!
Júlio,
Eu acho que a sua resposta ao Lobices só veio complicar.:)
Agora sou eu que não percebo.
"A recompensa será a satisfação de um desejo já satisfeito".
Como se pode satisfazer um desejo já satisfeito?
O desejo está satisfeito naquele momento, mas não é o desejo sempre renovável? Só consigo entender isto nesta perspectiva.
O desejo pode ter semelhanças com a gula - há desejos insaciáveis, sim, mas até a gula tem um limite, come-se para além do apetite mas há um ponto em que se pára ( toda a satisfação já foi obtida).
"...exausto mas ansioso."
Exausto naquele momento, mas ansioso porquê? Ansioso no sentido de expectante? Expectante em relação ao futuro? Ao despertar de novo do desejo? À espera ansiosa de novo pelo prazer?
E só para acabar o meu raciocinio acerca de compulsão/impulso[interrompido por duas galingas cacarejantes] deixo aqui esta citação de Gustave Flaubert:
AGES IMPELIDO POR MIL COISAS
«Dizes-te livre e todos os dias ages impelido por mil coisas. Vês uma mulher e ama-la, morres de amor por ela; serás livre de acalmar esse sangue que pulsa, de serenar essa cabeça ardente, de refrear esse coração, de aplacar esses ardores que te devoram? Serás livre de pensar? Mil cadeias te retêm, mil aguilhões te impelem, mil entraves te fazem parar. Vês um homem pela primeira vez, há um dos seus traços que te choca, e durante a tua vida sentes aversão por esse homem, que talvez tivesses amado se tivesse o nariz mais pequeno. E todos os factos derivam, ou neles se encadeiam, também fatalmente, outras séries de factos, de que outros derivam por sua vez».
PortoCroft,
Estou em vantagem.... ;)
Um contributo:
Manhã bonançosa e primaveril
Num qualquer tempo...
Espraio-me ociosamente sobre o leito
Onde observo teu corpo nu
Repousando placidamente junto ao meu.
Dormes...
Os teus pés, quais âncoras de barco em Porto de Abrigo
Buscam a leveza de um contacto epidérmico
Que confere a segurança de
Um amor que se quer presente.
Nas minhas córneas reflecte-se o dorso curvilíneo que
Evoca a forma de glaciar consumido no calor da miríade sensorial
Em que nos perdemos e nos encontramos.
Rosto de menina carente em voluptuoso corpo...
A beleza idiossincrática de todas as infâncias
Convertida numa cas’infância de todas as belezas do porvir.
A luz que entra a esparsos pela janela
Vem depor-se sobre tuas suaves madeixas onduladas
Que repousam sobre o tronco esguio onde me deleito
Em ósculos que deixam na minha boca o travo da tua pele.
Meus dedos percorrem levemente o teu corpo...
Eis quando abres teus olhos doces
que dizem: “Vem!”
Invertem-se papéis: aninho-me em ti
Deixando-me envolver pelo calor que emana de teu corpo.
Nós dois entrelaçados...
Difícil descobrir limites de cada um.
Que importam limites físicos na plenitude perene a que nos entregamos?
Rui Amaral Mendes
Ram, com que então és poeta.
Gostei do poema, muito mesmo, mas se o meu amado me dissesse que os meus pés fossem parecidos com âncoras obrigava-o a cometer o pecado da gula e a engolir o poema duma virada.
Tirando as âncoras ;-) gostei.
Até amanhã maralhal.
Yulunga,
Era uma figura de estilo :((
Ram, ahhhhhhh! Ok.
E pronto já percebi que nós é que aguentamos o barco.
Até amanhã.
...gula?
...
"...Os meus olhos pousam em ti e todos os meus sentidos te olham num delirar mútuo de atenção... Vejo o teu corpo e deleito-me na tua alvura... Cheiro o teu cheiro e aspiro a tranquilidade da tua paz... Ouço o teu respirar lento, como um lamento que não lamento... As minhas mãos tocam os teus cabelos e envolvem-se neles... Acerco-me de ti e te toco... Te sinto global e ali inteira frente a mim... Beijo a tua boca e tudo se torna como num festim de doces carícias e sabor a sal... Estou inteiro no teu corpo inteiro e me sinto nele como sinto o teu corpo em mim... É apenas um abraço, um enlace de braços que apertam sem apertar, sentindo apenas o teu respirar... Minhas mãos percorrem a tua pele acetinada linda... Fecho os olhos procurando apenas sentir... E sinto o desejo crescer em mim e o teu arfar sobe de tom... Como é bom... A minha boca se cola na tua boca e a minha língua se funde dentro dela como se da tua se tratasse... É apenas mais um enlace... Sinto o teu peito quente junto ao meu e beijo teus mamilos num acto de procura da loucura... Loucura que me invade lentamente, premente ali presente ou então como se tudo mais estivesse ausente... Meus braços te envolvem e se descobrem momento a momento como se fosse a primeira vez que no teu corpo se movem... Sinto o cálido odor do teu corpo quente de amor, oferecendo-se como numa espécie de orgia sem pudor... Minhas mãos tacteiam centímetro a centímetro toda a tua pele, todos os recantos de teus encantos e se encontram, de repente, sobre o teu ventre quente, dolente... Afago tuas coxas e as tuas ancas e as aperto contra mim... Procuro o teu sexo e o acaricio... Beijo-te completamente num único beijo e me torno desejo do teu próprio desejo... Te envolvo num abraço mais e te penetro... És tu que me possuis... Não te tenho, és tu que me tens... Movimentos se entrelaçam como se não fossemos dois mas um só... Os nossos corpos se fundem num arfar profundo de loucura... Já não sei o que sou, apenas em ti estou... Eu sou tu e tu és eu numa fusão de ser e estar... Na verdade és tu que me possuis, eu não te tenho, és tu que me tens, em ti eu me dou...E em ti me eternizo..."
"Um chile em nogado esquecido numa travessa depois de um grande banquete não se sentiria pior do que ela. Quantas vezes sozinha na cozinha tivera de comer uma destas delícias antes de permitir que se perdesse. Ninguém comer o último chile de uma bandeja acontece geralmente quando as pessoas não querem demonstrar a sua gula e embora gostassem imenso de o devorar, ninguém se atreve. E é assim que se rejeita um chile recheado que contém todos os sabores imagináveis, o doce do cidrão, o picante do chile, a subtileza do nogado, o refrescante da romã, um maravilhoso chile em nogado! Que contém no seu interior todos os segredos do amor, mas que ninguém poderá penetrar por causa da decência.
Maldita decência."
Laura Esquivel
Como não me apetece falar de gula, falo de preguiça (outro pecado;)
Preguiça é...
Subir a uma árvore e ficar lá
sentindo a vertigem do nada debaixo dos pés.
:) e noites e noites!
(O que é que se passa aqui?)
não era supostamente para ser agradável e até esclarecedor, este espaço?
(mia)
"O dia ordena os cântaros um a um em filas vivas.
A noite cerra-lhes os corações que sorviam
o caos
pelas aortas
de argila. Flancos contra flancos.
O tempo só existe por estes corpos selados.
E o azeite repousa. O vinho ensombra-se.
O mel amadurece com a voltagem de uma jóia
onde mergulha a lua.
Se alguém se fecha com a noite por cima.
Estou cheio desta noite, deste sono, desta riqueza
côncava,
arrefecida."
(...)
Herberto Helder
Maite,
Pecadora? ts ts ;)
slow de alcova. melodia para duas bocas
estamos aqui
deitados sob este céu nocturno
este testemunho imenso e então eu digo as palavras mais breves. por
exemplo
tu
e com a certeza de ter inventado
novo vocábulo
encosto a minha à tua boca
e devagar
a percorro toda
língua a língua
como quem saboreia um acontecimento e o quer
partilhar. ah, que alegria...
mas na verdade
esta noite vai deixar-nos uma pequena tristeza.
uma vocação de ser
assim impossivelmente um outro.
é uma vocação que nos desliza por entre os dedos.
pele com pele adivinhada.
exige a presença de uma mão
e outra mão. é a medida exacta e breve de um vocábulo
pronunciado
a medo
entre lençóis. sei que digo também
amo-te
como quem pensa ter inesperadamente chegado
a casa. e digo também
olha querido
como é perfeita a curva
em que o meu olhar se debruça. os teus olhos aguados são
o meu destino. há na tua íris uma menina
que sou eu. reconheço-me aí. mulher menina.
um segredo que desvendas. mas
a noite acaba e eu sinto desvanecer-me em ti. fica
fica mais um pouco.
sei que inventaremos um novo léxico
para sussurrar uma existência. fora do tempo
a construção da linguagem
faz-se de seda. abraços de casulo. na penetração
do corpo pelo corpo. quem entra em quem. quem
de nós recebe a palavra como consagração
das horas. quem. eu. tu.
..................... __ ..........................
e agora conto-te. destes momentos que são
entre uma madrugada
de bruma e um ar pesado impregnado de jasmim. quero-me
inteira. capaz de feitos assombrosos. para nessa urgência te revelar
este mistério. agora
te pronuncio lenta. lentamente.
fazendo ressoar em mim cada som que é o mais
pequenino lugar do teu corpo. um mapa que reconstruo por dentro dos meus
olhos. os percursos do desejo. as rotas de seda. seda.
da boca apetecível.
dessa língua quente. o rasto translúcido da tua saliva
nos meus seios. do meu ventre que
se eleva de encontro ao teu. numa importante
declaração de ardor. das minhas mãos que apertam as tuas nádegas.
dum pomar de braços e pernas. ou uma inflorescência de beijos
no caule erecto do sexo - evolam-se os suspiros
como cântico de amorosas elegias. há uma réstea de luz no semicerrado
olhar. o meu procura o teu. para lhe disputar uma identidade.
( resgatarei uma conversa. como quem
necessita de um sangue que o alimente. como quem
deitado à beira de um outro corpo
se descobre. chorarei. então.
porque as grandes revelações se fazem também de lágrimas.
por nós chorarás também tu. aqui. entre os teus
braços a vida parece um incrível acontecimento. fica. fica mais um pouco. )
( leio para ti **Tu choravas e eu ia apagando
com os meus beijos os rastos das tuas lágrimas
- riscos na areia mole e quente do teu rosto.
Choravas como quem se procura.
E eu descobria mundos, inventava nomes,
enquanto ia espremendo com as mãos
o meu sangue todo no teu sangue. ** )
falo-te
com esta voz que quase me desconheço. deste futuro passado.
da urgência de uma mão na outra mão. da medida exacta.
da transformação da carne. na invasão interior.
uma ocupação de seiva no sangue e saliva. a flor
mais secreta dos nossos dias. no coração fazemo-nos
um do outro como sangue equivocado. veias como rios
em veias como mares. veias como linhas perfeitas.
perpendiculares. tangenciais verdades. quase direi
nesta ocupação há uma só verdade. tu. eu. jardim de palavras. gestos. beijos.
e então tu dizes assim
como quem pensa um novo pensamento
vamos soprar para longe a realidade. vamos,
juntos, porque só juntos
existimos, fugir da voz razoável
que nos prende os gestos e nos despenha
nos abismos do quotidiano. nunca ninguém o disse, mas é a esta pasmaceira
que se acerca de nós sempre que nos deixamos envolver pela constância dos dias
que se chama inferno.
oico-te.
e sinto dentro de mim a maravilha
que nasce com a descoberta das coisas novas. tu puxas-me para ti e entre
os teus braços eu descanso desta sombra. brandamente vais contando da melodia
que o teu corpo escreve
só para mim.
o mundo existe apenas no local solar para onde
os teus olhos olham, do outro lado apenas existe
uma sombra, gigantesca, sem sentido, sem sentidos. como se eu fosse
cego sem essa luz,
como se as minhas mãos perdessem
o seu sentido primordial: o teu corpo. não, ou antes sim, ou talvez,
suporto este vazio de coisas comuns, esta falta dessa terra fecunda: o teu ventre, onde...
sulcas em mim a certeza de existir. é. também eu não sei se sou
ou não sou. ausente de ti
apenas imagino o meu corpo. o meu nome
despe-se da sua origem. como se a minha fosse a tua genealogia.
sem ti a minha história
dissolve-se. rasga uma das tuas páginas
crava-a aqui. entre as minhas pernas. uma importante
página que narre todos as viagens que em mim farás. sim.
( leio para ti **Não sei se o mundo existia e nós
existiamos realmente.
Sei que tudo estava suspenso,
esperando não sei que grave acontecimento,
e que milhares de insectos paravam e
zumbiam nos meus sentidos.
Só a minha boca era uma abelha inquieta
percorrendo e picando o teu corpo de beijos.** )
e agora posso dizer uma coisa?
não sei mesmo se sem ti sou ... a importância
do que penso
inscreve-se somente
nesses espaços quase inexistentes
entre ti e mim. quase inexistentes...
(leio para ti ** Desviei os meus olhos para ti:
ao longo do teu corpo morriam as estrelas.
A noite partira. E, lentamente,
o sol rompeu no céu da tua boca.**)
(palavras de ** albano martins**) blimunda e baltasar, espiões na casa do amor, para ti júlio
(...) Se alguém se fecha com a noite por cima.
Estou cheio desta noite, deste sono, desta riqueza
côncava,
arrefecida.
Ordena a luz o que o escuro tranca, o sonho
atado ao sono numa imagem concêntrica
radiando
dentro. A imagem diurna ordena
em filas que respiram as palavras
profundas, as crateras,
os cântaros
- profundamente.
As palavras encostadas ao papel. E o barro
suspira. O peso dessa
vida insondável: vinho,
azeite, mel – o caos que se transforma em número.
A imagem multiplica a consciência.
A jóia sazonada contra a morte.
Uma a uma, as coisas do mundo, as noites desarrumadas,
as mãos que as arrumam
entre chama e sono, as bilhas uma a uma do tesouro,
uma a uma
as palavras contra o papel profundo que suspira
- bilhas profundas na casa mais profunda
ainda.
Herberto Helder
‘Última Ciência’ 4.13
Assírio & Alvim 1988
P. 34, 35
RAM said...
Valorizar a deliciosa arte de
fazer amor com a boca e com o ouvido (esses órgãos
sexuais tão negligenciados...)
Grande e imensa verdadae...
Não perder essa contacto com o outro.
É tão fácil o silencio emergir... e dp as pessoas pensam que não andam a ser criativas ao fazer amor e que algo de errado se passa..
Não entendem que a comunicação morre e tudo mais vai fugindo.
Até morrer também a relação.
...quase meio-dia de 13 de Julho
...venho um pouco atrasado, mas vim desejar o mau habitual BOM DIA à tutti...
...inté
... ansioso, porque sabendo que, um dia, o meu rio se poderá esgotar, e o teu continuará, indiferente, para noutro desaguar.
e fiquei a pensar que eu sou uma gulosa...
beijinhos
Eh lecas! Lobices....
Tu és um ganda guloso.
E precisavas explicar como fazes tudo?
Olha lá, e nunca te ensinaram que não se come na frente dos pobres? ;-)
Olá maralhal e até amanhã maralhal
Lobices onde se lê guloso, dever-se-ia ler lambão :-)
hum??!! Gula ?
Atacar o frigorifico para "roubar" mais uma fatia de bolo que sobrou do aniversario do meu pai... IHIHIH!!!!
...eu "fui" guloso?
...eu???
:)
Boa tarde Maralhal e Professor
Lamento Circe, mas ainda não foi hoje que foi a lady of the number ;) Continue a tentar;)
Mas já que ainda continuamos com o dicionário excêntrico e falando de pecados, aqui vai outro;)
A inveja é...
Descer ao inferno do eu para descobrir que, afinal de contas, há sempre algo em cada um que se pode melhorar pelo efeito da comparação com outros;)
Ó Circe (4.37), às vezes, os seus comentários são mesmo uma lufada de ar fresco:)
Obrigada pela boa disposição.
Um bom resto de dia para si.
Tem razão Pamina, a Circe está a melhorar a olhos vistos:) (eu sei que a conversa não é comigo, mas como estou aqui..enfim...comento)
PortoCroft,
Que tal Bossanova?
Mas o que é que vocês têm contra o número?
E que tal incluir Eugénio, com este pequeno, mas arrebatador poema?
"Vê como o verão
Vê como o verão
subitamente
se faz água no teu peito,
e a noite se faz barco,
e minha mão marinheiro. "
ou mesmo este:
"O sorriso
Creio que foi o sorriso,
sorriso foi quem abriu a porta.
Era um sorriso com muita luz
lá dentro, apetecia
entrar nele, tirar a roupa, ficar
nu dentro daquele sorriso.
Correr, navegar, morrer naquele sorriso."
E nada disto é pecado ...
Saudações.
Débora
cb,
Também eu:((((((.
Pólux,
Gratíssimo pela gentileza:). Perdoe responder-lhe com a mais crassa ignorância: o que é uma tag?:(
P.S. Desejo-lhe que encontre Castor o mais depressa possível, se isso ainda não aconteceu:).
Caro Prof. m8,
Não posso me ausentar que o maralhal lança-se em grande velocidade, nos maiores desvarios.;)
É o Lobices que, mais ou menos explicitamente, se descreve em acção, "enticing the girls".;)
É a Circe que anseia por ser o bolinho de maçã, no dia do meu aniversário.
É a Maite (quem diria?) que anseia ser a "Lady of the Number".
Quer dizer, só falta aparecer a Cicciolina toda sonsa e virar-se para si e dizer: Ciao Caro!, acompanhado dum piscar de olho malicioso (como convém).;)
By the way: I am THE Lord of the Number and I reserve the right to choose my lady of... ;)
Que cena, Portocroft ts ts ts
Você passou-se, diga lá;)
Há dias assim...
Quanto ao resto nem comento porque me parece absurdo.
Maite,
Que cena?;) Limitei-me a ler e concluir.;)
Absurdo? Vc. está muito enigmática hoje,.;)
Pois tenho a dizer-lhe que no que me diz respeito, concluiu mal, aliás muito mal. Depois de meses a comentar aqui pensei que já me conhecesse e lembrá-lo-ei, porque penso que é necessário, que a minha postura é completamente a oposta daquela que descreveu naquele infeliz comentário. Aliás todos os meus comentários anteriores o comprovam. Não há nenhum aqui ou noutro lugar que comprovem o contrário. Por isso, Portocroft, veja lá se revê a sua posição.
"Lamento Circe, mas ainda não foi hoje que foi a lady of the number ;) Continue a tentar;)"
Maite,
Tem toda a razão. As minhas desculpas. Li os comentários à pressa.:(
Qual é a pena?
Não há pena Portocroft
Boa noite
Fique bem
Maite,
Mas eu quero ser penalizado. Nem que seja sei lá... um padre vosso.;)
Vá lá, não leve as coisas tão a peito. Errei e assumi o erro. Não precisa fazer beicinho.;)
Massa...?
Fake News So Healthy To Understand The Facts As Reality Needs Fantasy To Be Comprehensive
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