sexta-feira, julho 22, 2005

O megalómano.

A bruma de vazio que não levanta,
a fonte de mentiras sem maré vaza,
o pássaro do amor que já não canta,
os sonhos adolescentes em campa rasa.

Recuso a venda, rebento os laços,
persigo esses barões empanzinados,
em cuja lama não tropeçam os meus passos.
A mim!, vós que não estais acomodados:

Ainda é possível libertar as costas da parede
e fazer a vossa fome devorar a sua sede.

58 comentários:

Anónimo disse...

Sem comentários:)

Anónimo disse...

Professor,
gostei muito
é sempre tempo,
o de resistir!

JoanicaPuff! disse...

À Espera do Fim
Vou andando por aí
Sobrevivendo à bebedeira e ao comprimido
Vou dizendo sim à engrenagem
E ando muito deprimido
E é difícil encontrar quem o não esteja
Quando o sistema nos consome e aleija
Trincamos sempre o caroço
Mas já não saboreamos a cereja

Já houve tempos em que eu
Tinha tudo não tendo quase nada
Quando dormia ao relento
Ouvindo o vento beijar a geada
Fazia o meu manjar com pão e uva
Fazia o meu caminho ao sol ou à chuva
Ao encontro da mão miúda
Que me assentava como uma luva

Se ainda me queres vender
Se ainda me queres negociar
Isso já pouco me interessa
Perdemos o gosto de viver
Eu a obedecer e tu a mandar
Os dois na mesma triste peça
Os dois à espera do fim

Tu tens fortuna e eu não
Podes comer salmão e eu só peixe miúdo
Mas temos em comum o facto de ambos vermos
A vida por um canudo
Invertemos a ordem dos factores
Pusemos números à frente de amores
E vemos sempre a preto e branco o programa
Que afinal é a cores.

Se ainda me queres vender
Se ainda me queres negociar
Isso já pouco me interessa
Perdemos o gozo de viver
Eu a obedecer e tu a mandar
Os dois na mesma triste peça
Os dois à espera do fim
Só à espera do fim !!!

JoanicaPuff! disse...

Esqueci-me de referir o autor: Jorge Palma

CLÁUDIA disse...

Caro Professor,

mais uma vez nos brinda com um belíssimo poema.

Lê-lo fez-me lembrar a citação "Some are born to sweet delight, some are born to the endless night". (Jim Morrison)

A perceber pelas suas palavras, eu diria que o Professor se encaixa na segunda categoria, não? ;)

Julio Machado Vaz disse...

Cláudia,
Sempre tive medo do escuro:). Acha quew o velho Morrison se ofenderia se substituíssemos night por search?

Anónimo disse...

Se Tom Jobim usasse o Windows, a sua música seria assim…

É pau
É vírus
É o fim do programa
É um erro fatal
O começo do drama.
É o turbo Pascal
Diz que falta um login
Não me mostra onde é
E já trava no fim.
É dois, é três, é um 486
É comando ilegal
Essa merda bloqueia
É um erro e trava
É um disco mordido
HD estragado
Ai meu Deus tô fod
São as barras de espaço
Exibindo um borrão
É a promessa de vídeo
Escondendo um trojan
É o meu computador
Me fazendo de otário
Não compila o programa
Salva só o comentário.
É ping, é pong
O meu micro me chuta
O scan não retira
O vírus filho da p
O Windows não entra
E nem volta para o DOS
Não funciona o reset
Me detona a voz
É abort, é retray
Disco mal formatado
PCTools não resolve
Norton trava o teclado
É impressora sem tinta
Engolindo o papel
Meu trabalho de dias
Foi cuspido para o céu.

autor desconhecido

Anónimo disse...

Esta poesia, para mim, caracteriza perfeitamente a animosidade portuguesa, e a esperança de ainda não ser tarde de mais.

Bem haja ao megalómano!

To PC
Cuidado com o uso de mochilas, turbantes ou roupas demasiado folgadas. A tez escura e barbas ou simplesmente bigode podem também ser muito perigosos.
A política da polícia londrina é agora de disparar primeiro e depois perguntar.

Anónimo disse...

Boa sugestão prof. para a dualidade entre o feliz conformado com o cepticismo e o infortúnio da incessante procura pela razão.

Julio Machado Vaz disse...

If,
Amen!:)

Anónimo disse...

Fico contente que ainda hajam resistentes e sonhadores!
Obrigada por não fazer sentir tão sozinha nesta luta desigual!

Beijo *

RAM disse...

e.

Resposta concedida! ;)

PortoCroft disse...

Caro Prof. m8,

Um (r)evolucionário em potência.;) Bonito.

If,

Nem medo, nem o perigo de...

Anónimo disse...

Ainda é possivel?
Tem que ser sempre possivel.
Tem que ser!!!

Anónimo disse...

ram
vou vê-la

Anónimo disse...

'Ainda é possível libertar as costas da parede'

Gosto
Vou já libertá-las

Maite disse...

Boa tarde Professor e Maralhal

Outro belo poema.

Se ser megalómano é levar a esperança àqueles que se sentem agrilhoados pelo peso insustentável da hiprocrisia, então, sem dúvida, que segui-lo-emos.
Yes, Captain! :)

CLÁUDIA disse...

Professor,

não me parece que o Jim Morrison se importasse se substituíssemos o "night" por "search", até porque estou convencida de que a incessante busca e a não acomodação estavam também implícitas no seu "endless night".

Assim, confirma-se a sua inclusão na 2ª categoria, não? ;)

lobices disse...

...only a little word: "Great"!...
:) abraço

Tão só, um Pai disse...

Como disse antes, às vezes, o triste, não é o não se ter ideias para mudar, mas o não se ter ideias de como mudar.
Esta parte é mais complicada. Lida com a realidade, e com os outros.

Julio Machado Vaz disse...

Cláudia
A andar devagarinho, mas sim:).

. disse...

"Ah, todo eu anseio
Por esse momento sem importância nenhuma
Na minha vida,
Ah, todo eu anseio por esse momento, como por outros análogos ---
Aqueles momentos em que não tive importância nenhuma,
Aqueles em que compreendi todo o vácuo da existência sem inteligência para o compreender"
Álvaro de Campos

Tão só, um Pai disse...

"... e, não obstante os desvarios e os desvios, no fim, serei sempre fiel às duas ... "

CLÁUDIA disse...

Professor,

importa é o andar. E não se é devagarinho ou mais rapidamente. Mantenha o seu ritmo e faça uma boa viagem. :)

Portocroft,

e não é que o "Som do Murcon" não pára de crescer e de melhorar de dia para dia?

Lobices e Rosebud,

obrigada pela visita de boas vindas ao meu cantinho ainda em obras. Assim o processo de construção será mais fácil com certeza. ;)

andorinha disse...

Olá Júlio e maralhal.

Júlio,
Como já foi referido por todos, mais um belíssimo poema.

Não à acomodação , sim à "endless search"!
Estamos consigo!:)

. disse...

Gosto particularmente da última frase: libertar as costas da parede e devorar devorar devorar a vida :) Mas lembremo-nos que o que há de entusiasmante nesta ideia de viver intensamente é justamente o facto de, algures, haver um fim. Se a vida fosse essa tal "endless search" para quê devorá-la? Essa busca tem um fim (pelo menos para os terrivelmente cépticos acerca da imortalidade da alma como eu) e isso, longe de ser fonte de angústia, é o que dá realmente vontade de devorar devorar devorar... não?

Anónimo disse...

que porra de poema! ainda se se chamava pirónamo ainda era como o outro...
megalómano??

lolol

Anónimo disse...

Rosebud
Apetecia-me assinar por debaixo desse devorar, devorar, devorar mas tendo um glutão como imagem

Anónimo disse...

Portocroft
Tudo maravilhoso c o som, mas

1º pensei q era problema meu
mas continuo a ouvir a E.Regina, o X.Buarque e o F.Sinatra mais graves do q realmente são.

Pensei ser melhor avisar. Confusão minha? É q a Lena d'Água e as restantes vozes parecem-me bem.

Anónimo disse...

i&c significa isto e aquilo

Pamina disse...

Na sequência dos comentários do Portocroft(1.04) e Pólux(1.33), em vez da minha saudação habitual digo:
Boa tarde Comandante JMV e Companheiros,

Gostei do Manifesto que começa de mansinho e vai aumentando de veemência no início da 2ª quadra até explodir no enérgico “A mim!, vós que não estais acomodados…”
Só posso dizer: Presente!
Seria um bom hino para o Murcon. Vou falar com mi hijito acerca duma música.

Tenho um pequeno reparo a fazer ao comentário da Cláudia (11.53). Sem querer ser chata nem professoral, aliás todos sabem que não costumo vir para aqui “arrotar postas de pescada”, o seu a seu dono, portanto, numa boa, tenho que referir que os versos citados pertencem ao poema "Auguries of Innocence" de William Blake. Este poema, depois de uma introdução de 4 linhas, é quase todo constituído por aforismos de 2 versos. Por acaso, o conjunto de versos de onde foi tirada a citação é um pouco maior:
Every night and every morn
Some to misery are born.
Every morn and every night
Some are born to sweet delight.
Some are born to sweet delight,
Some are born to endless night.

Penso que a “endless night” a que Blake se refere é a condenação eterna e que estas linhas têm que ver com o conceito de predestinação.
Duas das minhas linhas favoritas deste mesmo poema são: The strongest poison ever known/Came from Caesar’s laurel crown.
Nunca é demais avisar:)

Pamina disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

Portocroft
a E.Regina melhor
o X.Buarque ?
e o F.Sinatra bem

Julio Machado Vaz disse...

Pamina,
Estamos avisados!:)

CLÁUDIA disse...

Pamina,

obrigada pela correcção!

Sou grande apreciadora da música dos Doors e, particularmente, da escrita do Jim Morrison. Sei que ele lia bastante William Blake e aproveitava algumas das suas ideias para escrever letras de músicas.

No entanto, só conhecia a frase acima referida como parte da letra do "End of the Night" dos Doors e não a sabia da autoria de William Blake.

Mais uma vez obrigada pelo esclarecimento e por ter devolvido o seu a seu dono. ;)

noiseformind disse...

Boss,

Não achas irónico um tipo que se considera preguiçoso estar a convocar-se para líder de um movimento para tirar as costas da parede ao ppl? : )))))))))))))))))))))))

Just wondering.

Mas atenção... aqui o ppl segue-te, não te esqueças é do Barca Velha e do Quinta de Santar ; ))))))))))))

Peter

Pamina disse...

JMV(5.45):
Não goze comigo, que, não só andam por aí muitos com vocação para ditador, como o poder tem tendência para corromper mesmo o mais bem-intencionado. É sempre bom lembrar:).

Cláudia(6.06):
Não tem nada que agradecer:). A maravilha deste espaço é exactamente o intercâmbio
de ideias e informações.

noiseformind disse...

"Come along follow me as I lead through the darkness
As I provide just enough spark that we need to proceed
Carry on, give me hope, give me strength
Come with me and I won't steer you wrong
Put your faith and your trust as I guide us through the fog
To the light at the end of the tunnel
We gonna fight, we gonna charge, we gonna stomp, we gonna march
Through the swamp, we gonna mosh through the marsh
Take us right through the doors"

E que tal este hino para a nossa campanha de descolarização?
E este está bem vivinho para cantar a música ao longo da nossa caminhada... não vale pesquisar a Net ppl, digam o nome do primeiro que vos ocorrer ; ))))

RAM disse...

e.

It's in my profile! :))))

CLÁUDIA disse...

Noiseformind,

essa não é preciso pesquisar...;)

Eminem!

Anónimo disse...

Não me considero megalómana, apenas uma goodgirl auspiciosa:)
E sempre com as ideias longe das paredes (preconceitos)

Noise, nós sabemos que tu és democrata: EMINEM!!!!!!!!

lobices disse...

´..."let it be" a very good weekend for all of you
...abreijos

Anónimo disse...

Quanto mais felizes, vocês forem... Mais a minha tristeza se apazigua, no meio de tantos sorrisos!

Maite disse...

Isto hoje está um bocadinho tétrico, ou é impressão minha?
Bem...deve ser impressão minha. E como já é quase meia noite, só pode.

Boa noite Professor e Maralhal

E cá estou eu a ouvir novamente uma das minhas canções favoritas...Like a bridge over troubled water.

Anónimo disse...

Belo começo de fim de semana. Claro que é possível. Tem que ser possível, ou nada faz sentido.

Anónimo disse...

Poesia, poesia, só a podemos saborear claro, compreender só quem a escreveu,

Professor,

Espero não abusar da sua memória e paciência ao salientar aqui um estudo com que me cruzei ao ver os nros de outro estudo da mesma série sobre o suicídio referido ali pelo Peter e que me lembrou uma análise sua com que me cruzei a 'vasculhar' pelo DVD da sua Integral. Refere o estudo que encontrei:
1-Os jovens que bebem álcool são 50 vezes mais propensos
ao consumo de cocaína do que jovens que nunca
bebem álcool;
2-O álcool é a droga mais usada entre os jovens e é responsável
por 6,5 vezes mais mortes do que todas as
outras drogas ilícitas agregadas;
e o Professor refere numa crónica sua que alcool e tabaco se ficavam a rir em silêncio pois não eram considerados significativos pelos investigadores de campo que tratavam e avaliavam a toxicodependência. Desde essa crónica até hoje na sua opinião alguma coisa mudou? O resto do artido esta aqui http://www.eurotrials.com/publicacoes/bolpt16.pdf e as conclusões que mensionei estão mesmo no fim.

Anónimo disse...

Prof.

O poema é de sua autoria, suponho? Magnífico!
Ainda é possível, claro - se acreditarmos a possibilidade é enorme... quem se acomoda, já chegou ao fim do caminho.
E tem seguidores, felizmente!
Abraço
Débora

Anónimo disse...

Quando me amei de verdade, compreendi que em qualquer circunstância, eu
estava no lugar certo, na hora certa, no momento exacto. E, então, pude
relaxar.
Hoje sei que isso tem nome... auto-estima.
Quando me amei de verdade, pude perceber que a minha angústia, meu
sofrimento emocional, não passa de um sinal de que estou indo contra as
minhas verdades. Hoje sei que isso é... autenticidade.
Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse
diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu
crescimento. Hoje chamo isso de... amadurecimento.
Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar
forçar alguma situação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo,
mesmo sabendo que não é o momento ou a pessoa não está preparada,
inclusive eu mesmo. Hoje sei que o nome disso é... respeito.
Quando me amei de verdade, comecei a me livrar de tudo que não fosse
saudável... pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me pusesse para
baixo.
De início, minha razão chamou essa atitude de egoísmo.
Hoje sei que se chama... amor-próprio.
Quando me amei de verdade, deixei de temer meu tempo livre e desisti de
fazer grandes planos, abandonei os projectos megalómanos de futuro. Hoje
faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo.
Hoje sei que isso é... simplicidade.
Quando me amei de verdade, desisti de querer ter sempre razão e, com
isso, errei muito menos vezes. Hoje descobri a... humildade.
Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de me
preocupar com o futuro.
Agora, me mantenho no presente, que é onde a vida acontece.
Hoje vivo um dia de cada vez. Isso é... plenitude.
Quando me amei de verdade, percebi que a minha mente pode me atormentar
e me decepcionar. Mas quando eu a coloco a serviço do meu coração, ela
se torna uma grande e valiosa aliada.
Tudo isso é... saber viver!

Kim e Alison McMillen

Um beijo,

PortoCroft disse...

Esqueceram todos o poema mais apropriado: ;)

O Captain! My Captain!

1

O CAPTAIN! my Captain! our fearful trip is done;
The ship has weather’d every rack, the prize we sought is won;
The port is near, the bells I hear, the people all exulting,
While follow eyes the steady keel, the vessel grim and daring:
But O heart! heart! heart!
O the bleeding drops of red,
Where on the deck my Captain lies,
Fallen cold and dead.

2

O Captain! my Captain! rise up and hear the bells;
Rise up—for you the flag is flung—for you the bugle trills;
For you bouquets and ribbon’d wreaths—for you the shores a-crowding;
For you they call, the swaying mass, their eager faces turning;
Here Captain! dear father!
This arm beneath your head;
It is some dream that on the deck,
You’ve fallen cold and dead.

3

My Captain does not answer, his lips are pale and still;
My father does not feel my arm, he has no pulse nor will;
The ship is anchor’d safe and sound, its voyage closed and done;
From fearful trip, the victor ship, comes in with object won;
Exult, O shores, and ring, O bells!
But I, with mournful tread,
Walk the deck my Captain lies,
Fallen cold and dead.

Walt Whitman (1819–1892) in Leaves of Grass.

Maite disse...

Portocroft, não esquecemos não.
Como poderiamos?!

lobices disse...

...claro que não
...claro que não esquecemos
...um bom fim de semana para todos
abreijos

PortoCroft disse...

Maite,

Bem me parecia que era impressão minha.;)

Maite disse...

Esse poema é uma das pedras basilares de um filme (já que mais não fosse e ele é com certeza) que fala sobre a busca da identidade individual e da "obrigação" de cada um "perseguir" os seus sonhos: Dead Poets Society

PortoCroft disse...

Maite,

Exactamente. Ou, como diria o Sebastião da Gama e para valorizar o que é portugalês:;)

O Sonho

Pelo Sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo Sonho é que vamos.

Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e ao que é do dia-a-dia.

Chegamos? Não chegamos?

- Partimos. Vamos. Somos.

Maite disse...

Isso merecia postar aqui outro poema por de mais conhecido, mas penso que este post do Professor já leva demasiados poemas;)

PortoCroft disse...

Maite,

Quantos mais melhor.;)

Julio Machado Vaz disse...

Bastos,
Não mudo uma linha!

Anónimo disse...

Pois, Professor, tinha ficado com essa impressão ao falar com uma amiga minha que trabalha num CAT. Obrigadíssima pela sua resposta e bom Domingo.