A nossa conversa sobre aprendizagem, medo e fracasso fez soar campainhas cá dentro. Na auto-estrada, regressando de Braga, espremi os neurónios. E lembrei-me de um parágrafo no meu velho compêndio de psiquiatria. Passo a traduzir, assaz livremente:):
A expressão "neurose de fracasso" (Laforgue, 1939) designa o comportamento, presente em todas as neuroses, mas especialmente notável nalguns indivíduos, que os leva a privar-se da satisfação obtida pelos seus esforços ou a conduzir o seu destino para a repetição de "infelicidades" ou "azares". Freud descreveu um desses comportamentos típicos utilizando a expressão "aqueles que fracassam no sucesso".
(Ey, Bernard e Brisset).
Ou seja: por vezes impedimo-nos de saborear o sucesso ou, inconscientemente, fazemos batota e evitamo-lo, culpando a sorte, o destino, alguém.
Por que assustará o sucesso alguns de nós? Ou será o prazer em sentido lato? Ou a vitória, simbólica ou concreta, sobre outros?
119 comentários:
E eu ando a procurar-te e já te vejo! E tu já me encontraste e não me vês! Cher Júlio
Caro Prof. JMV,
Em vez de tentar responder, acrescento outra pergunta: porque é que por vezes temos medo da alegria? António Lobo Antunes disse que não estamos preparados para a alegria, porque sabemos que ela vai acabar, que não dura muito. Inversamente, a tristeza já não nos apanha de surpresa.
Gonçalo,
Eu diria algo de semelhante em relação ao prazer. Aliás, em sexologia, fala-se por vezes de "tristeza pós-coital" (horrível expressão...), relacionando-a com o descer à terra após o orgasmo (e não só, acrescentaria eu!).
Por outro lado, o sucesso expôe-nos muito e parece deixar apenas um caminho, mais cedo ou mais tarde - para baixo:).
Porque me ignoras assim, cher Júlio?
Que "azar" o meu ou será que "fracasso" o meu?
Prof. JMV,
Julgo que há também uma certa culpabilidade em relação ao sucesso, e isto talvez seja uma atitude mais neurótica. A parte final do seu texto fala nisso, "a vitória, simbólica ou concreta, sobre outros?
Meus caros comentadores precedentes:)
Temos medo da alegria, do prazer?
Só porque são efémeros?
Nunca tinha pensado nisto por este prisma...
Mas essa atitude não será muito "normal", até porque se fala de "neurose de fracasso".
Claro que o sucesso nos expõe muito, suscita invejas, maledicência, etc. mas qualquer pessoa "normal" o preferirá ao fracasso, não será?
Júlio,
"... e parece deixar apenas um caminho, mais cedo ou mais tarde - para baixo:)"
Não necessariamente. Não há pessoas que têm carreiras de sucesso toda uma vida?
Porquê essa descrença nas capacidades humanas?
Andorinha,
Eu escrevi parece!:).
Gonçalo,
Neurótico sem culpa não existe. Isto ia bem na canção da Calacanhoto:).
Considero curiosas as teorias que fazem a apologia do sofrimento como um fim em si. Algumas religiões utilizam-no para demonstração de fé e como ferramenta de redenção de erros próprios ou colectivos.
Pessoalmente acho que o sofrimento não é um valor. Os valores são, por exemplo, a ética e a coerência. O comprometimento com estes valores gerará sofrimento e prazer. Tanto intelectual como físico. De forma idêntica, o prazer não é um valor nem um objectivo primário, mas também não há razão nenhuma para ser considerado um “valor negativo”.
A dificuldade dalgumas religiões em lidarem duma forma ponderada com o prazer, físico incluído, leva-as a proporem a atitude redutora da abstinência nos seus códigos de conduta. É uma reacção de fraqueza. “Se não sei se resistirei e se conseguirei manter uma postura controlada, o melhor é nem chegar perto”. Creio haver muito mais valor em conseguir conviver de uma forma equilibrada com o prazer do que na sua renúncia pura e simples.
Gonçalo,
Desculpe. Crescimento sem culpa também não existe, mas essa não fixa o indivíduo na neurose. (Atenção: traços neuróticos todos temos, as diferenças são "quantitativas".)
Júlio,
O post termina com três perguntas.
Não compreendo a terceira neste contexto.
Está a relacionar a vitória com o sucesso, dito de outro modo, o sucesso implica sempre a vitória sobre outros?
Prof. JMV,
É verdade! Bela ideia!
Talvez um dia, é uma proposta que faço, possamos aqui discutir a culpa. Para já, digo apenas que considero a culpa como o sentimento mais inútil deste mundo e provavelmente do outro...
Professor,
cá cheguei ao seu blog no fim de semana passado, a convite de um amigo meu que partilha do seu metier ;) e esta sua questão toca-me profundamente, afinal sou filha única e sobre mim recaíam desde o início todos os sonhos dos meus pais. E tudo o que tomava como objectivos na minha vida me parecia pouco constatando os olhares desaprovadores mal-disfarçados deles, fosse campeã da escola ou campeã nacional, fosse nos estudos ou nas actividades desportivas e culturais. E um dia resignei-me à ideia de que não sendo transexual eles terão de aprender com o meu primitivo desaforo de ter nascido mulher. Repetir falhanços acontece sempre, especialmente na vida pessoal, em que quando uma relação com alguém corre mal lá vamos nós para o oposto da personalidade dessa pessoa procurando, como os alcóolicos, curar a ressaca com pêlo do mesmo cão, e isso como o Professor sabe não resolve rigorosamente nada!
Mas acho que estou a aprender com os meus erros, tanto quanto o destino me dá condições para não os voltar a cometer. Aliás, os seus filhos tb foram jogadores de ténis Professor. Sabe muito bem que há erros forçados e erros não forçados;)
Abraços ainda ecuménicos a todos
Teixa
Caro Prof. m8,
Julgo que isso acontece, ou é muito mais notado, em sociedades super-competitivas e em pessoas que abraçm carreiras profissionais muito desgastantes. E, parece-me que isso também tem a ver com o estímulo que a pessoa continua a ter para se manter na "crista da onda" e até, em opções puramente familiares.
Aquilo que num dado momento pode ser gratificante, tempos depois pode se tornar, ou ser sentido, como uma obrigação de que não se retira as compensações que se julgaram possíveis.
Mas, como me parece que o conceito de "Neurose de Fracasso" é muito mais vasto pode (e julgo que tem) motivações inconscientes, prometo ficar na Aula Magna e seguir as suas explicações.;)
Prof. JMV e Carlos Sampaio,
Penso que é impossível dissociar o cristianismo, em especial a igreja católica, da "presença" da culpa na nossa educação. A seguir à culpa vem o castigo.
Concordo que uma coisa é a culpa influenciar o próprio crescimento, outra bem diversa é a culpa ter um efeito absolutamente "castrador" em alguém.
Júlio,
Tem toda a razão; tenho que ler com mais atenção.:)
Teixeirinha,
Lembro-me de o meu filho mais velho ganhar ao cabeça de série número um. E depois ficar aliviado por perder com um nabo, porque toda a gente lhe "exigia" ganhar o torneio:).
Portocroft,
Tem razão, e podem ser tantas:). Por exemplo, não suportar ir mais longe profissionalmente do que o pai ou a mãe. E sabia que Freud - se bem me lembro... - desmaiou duas vezes após discussões em que encostara Jung à parede? (Aposto que a versão de Jung não era essa:)).
Culpa??
Pecado original??
Livra!!!
carlos sampaio,
Culpa, pecado original, castigo, expiação...
Ouvimos isto de pequeninos e quantas pessoas não se livram desse fardo pela vida fora?!
'Por que assustará o sucesso alguns de nós? Ou será o prazer em sentido lato? Ou a vitória, simbólica ou concreta, sobre outros?'
Será porque, sem esforço, somos natural e instintivamente inteligentes e apercebemo-nos (mesmo sem o saber explicar) dos regimes caóticos da natureza, dos sucessos e das catástrofes?
Ou não existirão esses regimes e, afinal, tudo é destino, tudo está escrito nas estrelas?
Por mim, não o creio.
Caro Prof. m8,
Os desmaios são perfeitamente compreensíveis. Seriam verdade os sonhos homoeróticos dele para Jung? ;)
Terá mesmo Freud, tido um caso com a cunhada? ;)
O desmaio é sempre uma boa saída para a crise. Sobretudo no início do século XX.;)
E os acessos de raiva Jung, seriam motivados por "Neurose de Fracasso"? ;)
Professor, lembro-me de em criança passar os dias no escritório de advogados do meu avô, onde o meu pai dava os primeiros passos na mesma profissão e onde a minha mãe trabalhou durante 15 anos (e para desistir desse emprego e salário o meu pai teve de ameaçar com o divórcio). Lembro-me de escrever sentenças um pouco como os miudos escreviam crónicas dos seus dias. Lembro-me que para todos era um prodígio. A acreditar em toda a gente à minha volta eu tinha sido um prodígio em tudo. Andar aos 6 meses, ler aos 3 anos, escrever aos 4, um poema aos 6, o primeiro recital ao piano aos 11. E depois percebi a armadilha que me estavam a montar. A minha família tinha criado o perfeito cavalo de corrida, capaz de correr a ritmos estonteantes dentro da pista por eles traçados, e eles aplaudiam, desde que o cavalo continuasse a correr, a correr, a correr, a correr, a correr, a correr...................................................................................................
E sabe, eu gostava de correr, se calhar foi esse o gesto de programação suprema, programaram-me para gostar de ser eficaz, dinâmico, activo, o que me tem tornado, no mesmo trilho, bem-sucedido profissionalmente, casado com alguém que amo, chorando sempre que o meu filho recém-nascido faz a coisa mais estúpida onde entrevejo um gesto para me fazer babado. O meu pequeno potro, serei capaz de o não-programar? E que mal haverá na programação, se ela consistir de afecto e carinho? Nunca fui castigado por não fazer o que a minha família almejou para mim, apenas ficavam tristes, e eu procurava fazê-los sentirem-se orgulhosos de mim. Será assim tão mal ter orgulho nos nossos, tendo eles orgulho em nós? Eu sei, vozes mais autorizadas nestes debates dirão: e a independência, e a liberdade?
Quer dizer, eu escolhi os meus pais e avós como motivação para os meus trilhos, segui os incentivos deles e os conselhos, foi uma escolha tão consciente como outras? Como outros colegas meus de escola sonhavam ser astronautas e agora dizem que gostavam de se advogados, e que me diziam que estava a pedir pouco. Julgo que o verdadeiro motivo de orgulho na nossa vida é realizarmos e até ultrapassarmos ser o que sonhámos ser em crianças, e não ter de cobrar a espinha por os sonhos terem sido tão altos que, infelizmente, depois diremos nós, nos partirem as pernas de tão finas ficaram.
A todos uma boa noite
Parece-me que o sucesso ou mesmo a alegria podem assustar porque geram nos outros a inveja, porque talvez passem a querer-nos mal. Por outro lado, quando os que nos rodeiam já esperam o sucesso, o susto passará a ser o medo de só gostarem de nós por causa do sucesso, que pode não ser alcançado!
Este tema é muito interessante.
Pois é professor, os franceses chamam a essa tristeza pós-coital "la petit mort", muito interessante. Nós homens descobrimos há muito uma maneira fácil de lidar com esta sensação... adormecemos ;)))
Voltando ao assunto inicial, julgo que quando nos impedimos de saborear o sucesso estamos, no fundo, a evitar o pós-sucesso, a queda.
Por outro lado, muitos de nós temos grandes dificuldades, não em lidar com o sucesso, mas em ser o centro das atenções - trás consigo uma sensação de vulnerabilidade.
Como imaginam era quebrar e não cobrar a espinha. Se bem que quebrar a espinha emocional nos cobra sempre umas dores tremendas emocionais.
O sucesso multi-facetado é incómodo e inaceitável para os pequenos de espírito que não aceitam que um estranho, com êxito noutra área, lhes possa passar à frente na sua própria tribo.
Um dos melhores livros que li recentemente chama-se “Budapeste”, escrito por um tal Chico Buarque que se revela como um grande escritor. No entanto, como ele já tem sucesso noutras áreas, não será fácil ser reconhecido como grande escritor pela tribo literária.
(off topic)
Caros Professor & PortoCroft:
Não sendo "O Som do Murcon" o "Quando o telefone toca", compete-me agradecer a inclusão do Sérgio... e dar-lhes os parabéns pela selecção!
A reboque d'Um Tempo que Passou, acabo de botar p'ra tocar o Coincidências; a minha Cara-Metade ficou apaixonada pel'"As Horas Extraordinárias", esquecendo-se que foi com esta cantiga que ele abriu o concerto cá no burgo, no final do ano passado, 2 semanas depois das 2 costelas partidas... imperdoável...
Um abraço.
Quando eu disse às 11.46 - quantas pessoas não se livram desse fardo pela vida fora, queria dizer, não se conseguem livrar desse fardo.
Ao reler vi que não me tinha exprimido correctamente.
É o cansaço de quem está a precisar de férias.:)
Bem, julgo que os portugueses são naturalemente subversivos, talvez por motivos políticos, mas não deixa de ser curioso verificar que existe em Portugal muito maior preocupação com as formalidades hierárquicas que nos outros países. Como dizia o outro "terra de doutores e engenheiros". Transpondo isto para a sensação de fracasso após o triunfo, julgo existir apenas uma hierarquização do último. Por muito eficiente que seja, por exemplo, um empresário, raramente se sentirá feliz caso se compare com alguém formalmente superior (como por exemplo o senhor que começou como patrão de uma empresa de aglomerados começada por "S"). É então natural que exista frustração. Acaba por ser um "cair na realidade" imposto pela consciência para colocar o triunfo no seu devido patamar - abaixo do dos outros. Julgo que o contrário também acontece: um aluno sente-se mal quando está numa turma em que todos tiram melhores notas do que ele mas a situação inverte-se caso este seja o melhor, ainda que com as mesmas notas.
Note-se que quando falo de hierarquia formal, esta não se fundamenta apenas em estratificação oficial, o caso do aluno é bem evidente nisto.
Estarei errado provavelmente (lá está o derrotismo natural).
Cumprimentos
nd,
Pela minha parte, obrigado.
Caro Prof. m8,
Acho que o "Som do Murcon" está a fazer sucesso. O que fazer? Acabamos com ele? ;))))))))
Caro Prof. m8,
Há sucessos que se perpétuam no fracasso. Os seus / nossos queridos Beatles, foram e são exemplo disso.;)
bruno inglês(12.00)
Vale a pena não saborearmos o sucesso apenas com o receio de uma possível queda?
Como já foi dito, o fracasso está em não ousar.
Claro que é preciso "estaleca" para lidar com o sucesso, não digo que seja fácil, por isso mesmo só alguns o conseguem. Mas não valerá a pena lutar por ele?
E ter sucesso não quer sempre dizer ser o centro das atenções. A noção de sucesso é muito subjectiva. Existem certamente pessoas extremamente bem sucedidas e que só são conhecidas no seu círculo de amigos.
Há um aspecto aflorado por vivi (11.59) que penso ser interessante.
Quando se tem sucesso, os outros aproximam-se de nós por nós ou porque temos sucesso?
Penso que esta é uma das perguntas mais angustiantes que figuras públicas se colocam frequentemente.
Alguém com sucesso pode suscitar invejas, sem dúvida, mas pode também atrair um bando de bajuladores sempre à espera de tirarem daí algum proveito.
Prof.
“Por que assustará o sucesso alguns de nós? Ou será o prazer em sentido lato? Ou a vitória, simbólica ou concreta, sobre outros?”
Como refere o Portocroft, estas situações são típicas das sociedades competitivas – que no Ocidente, regem-se quase todas por esta bitola. Para grande sofrimento daqueles cujo horizonte não vai além da aspiração de ser o melhor, ou tentar. Não sabemos todos, que há sempre alguém melhor do que nós?
Tenho sérias dúvidas de que a felicidade passe inevitavelmente pelo sucesso “carreirista”. Conheço alguns desses que, além da carreira, não têm mais nenhum motivo para serem felizes.
Os insucessos ou fracassos, muitas vezes derivam das elevadas expectativas, penso.
Tenho que ir.
Saudações
Débora
e.
Já lhe respondi!
A monotorização sistematizada deste blogue, que pretende promover a amovibilidade entre a parageusia e as neuroses, quando devidamente entretecida com os liames do conhecimento empírico-analítico, provoca êxtases instintivos que se agregam de forma sintética nos apriscos de onde dimanaram.
Neste entrecho, as preferências consubstanciadas e liminarmente sintetizadas em corolários de aceitação multíplice, limitam o processo neuro-cognitivo de cada frequentador, o qual se transmite virulentamente aos círculos bloguísticos mais expostos às radiações gama, isoméricas que são do efeito Compton.
A perigosa intersecção da irracionalidade programática de alguns frequentadores extramuros, agregada à dita virulência circular bloguística, provoca em algumas participantes múltiplos problemas de rejeição no interfemínio, que se afigura em perfeita correlação com a ginecofobia de que sofrem alguns frequentadores deste blogue, que abominam estratégias de vivência forense sinagelástica.
Dada a gravidade da conjuntura, o processo de comprometimento cognitivo e comportamental deveria ser devidamente monitorizado e controlado por agentes beta-adrenérgicos, para além dos entendidos na matéria, que muitos são.
Hesnard e Laforgue, agradecem.
Tem a palavra o Professor.
António de Sepúlveda
Por que assustará o sucesso alguns de nós? Ou será o prazer em sentido lato? Ou a vitória, simbólica ou concreta, sobre outros?
De repente ocorre-me um trecho de Freud, que julgo estar a citar sem grande margem de erro: “Para a minha mente juvenil, Hannibal e Roma simbolizou o conflito entre a tenacidade dos Judeus e a organização da igreja católica. Assim o desejo ir a Roma tinha-se tornado em minha vida de sonho um disfarce e símbolo para um número de outros desejos impetuosos. A sua realização era para ser perseguida com toda a perseverança e Concentração do Cartageno.”
Freud fala da sua Neurose de Roma, a sua incapacidade ao longo dos anos de visitar Roma mesmo tendo viajado várias vezes em Itália. Trata-se de uma quase fobia, dado que Freud era dado a desmaios regularmente sempre que contrariado por aqueles a que estava emocionalmente ligado, desde a infância este expediente era usado pelo inconsciente de Freud como uma forma de resolver discussões em que, apresentando clivagens, Freud tentava tomar a simpatia da pessoas com quem dirimia argumentos. A sua não-ida a Roma fez-me pensar naquela dificuldade que temos em visitar os sítios que idealizámos na nossa infância, e que soubemos por notícias de terceiros que foram modificados. Ou então a reacção comunmente partilhada por todos nós em não nos interessarmos por antigos parceiros afectivos que estão bem, pois isso afecta o Mythos que temos de termos sido o píncaro dos afectos dessa pessoa enquanto que saber a pessoa em desgraça afectiva nos move muito mais à proximidade, sendo que o contacto com essa pessoa irá exaltar precisamente esse Mythos. Não entrar em Roma, não triunfar de forma total, não deitar por terra o mito que nos move, a força invisível que nos compele, parece ser um denominador que a vários níveis nos afecta a todos. Basta ver o défice de Portugal. Se acabarmos com ele, que restará aos nossos governantes? Assim, teme-se o monstro, acorre-se a ele, mas não se mata as suas raízes que o farão reaparecer. Aliás, esta neurose de Roma tem a sua expressão máxima no Senhor dos Aneis, em que o antagonista é destruído com os opositores ás portas do castelo, evitando assim o confronto do herói romanesco com o Mal, fazendo da destruição do Mal uma catárse colectiva ; ))))))))))) loooooooooooooooooooooooooooooooooool
Juntando-me à já não pequena lista dos que foram respondendo ás tuas 3 perguntas, Éme, eu diria que temos esse medo da conquista na maior parte das vezes em que essa conquista é uma clivagem com alguma organização precedente na nossa vida. Dou o exemplo (bastante comum, como sabes) dos indivíduos que sofrem de neurose do sucesso nos primeiros tempos de trabalho num país estrangeiro, em que a re-cartificação das prioridades e padrões de apreciação deixa o individuo incapaz de se auto-avaliar, criando um vazio que carece de aprovação e apoio externo. O sucesso assusta também porque é algo que nos torna referências nas nossas determinadas mais próximas, e uma referência tem sempre mais responsabilidades que que um anónimo mediano e é escrutinado muito acima dessa média, que se pode desculpabilizar com os “azares da vida”, com a “sorte”, com “os outros”. Na segunda resposta, eu diria que não, primeiro porque quase todos os autores colocam o síndroma pós-fracasso como um alívio, e não vejo nenhuma contradição nessa qualificação, e prazer como alívio não é, como tens certamente presente, uma forma de prazer elevado mas sim um produto de satisfação secundário de um sentimento primário. Na terceira pergunta, parece-me óbvio que numa sociedade altamente competitiva de matriz judaico-cristã o sucesso sobre outros (e o Bruno já tocou nisto de forma clara) para algumas pessoas carentes afectivamente funciona como uma forma de degredo emocional, uma redistribuição de papeis afectivos que lhes bloqueia o acesso a afectos positivos. No caso extremo do drama educacional português, temos vários nomes pejorativos para os muito bem sucedidos mas nenhum para os que engrossam a lista de falhados que abandonam o liceu ou mais tarde a universidade. Aliás, é engraçado constatar que o nro de casos de “neurose do sucesso” presentes nas diversas bases de casos de diversos países sobe À medida que nos aproximámos de países com fraco desempenho educacional e fraca recompensa da competência e desce à medida que lemos bases de casos de países estruturados em padrões de meritocracia.
Mas esta última questão, como diz o meu alfaiate, dava outro par de calças e hoje já não tenho tecido para mais ; ))))))))))))))))))
Jokinhas
E claro, não esquecer que no limite, a neurose do sucesso nos leva à inveja patológica, que é já não ter esperança de alcançar o nosso objectivo e atacar os que alcançam os seus, os que mantém a tal "estrutura" competitiva. O que é, como é sabido, o passatempo nacional dos portugueses ; )))))))))
Caro professor,
este comentário pede bom borbulhar neuronal! Tanto que não tenho tempo para o passar todo a palavras...
Resumidamente, e sem sequer entrar em graus de neurose e seus limites, creio que o medo do sucesso é a antevisão de algo provável (não certo! :)), como o "falhanço". E o mais irónico é que até nessa batota nos enganamos... a responsabilidade, que cremos ter depositada em nós depois de grandes conquistas pessoais ou profissionais, pelos que nos rodeiam, é, bem amiúde, exacerbada pelo próprio. Muitas vezes é algo "exigido", pela forma como funcionam as sociedades cada vez mais competitivas, mas também acontece a alegria de sucesso por parte do nosso círculo ser magnificada e transformada em exigência por nós mesmos. O medo de defraudar o outro tem por base o medo de defraudar o eu. (lá voltaríamos à ousadia, à aprendizagem... :))
Mas, a propósito destes últimos posts, há algum tempo que ando em "brainstorming" por algo que se tornou agora um pouco mais consciente com um anúncio de automóveis (que passa pelo menos aqui por Espanha): o síndrome de Stendhal. Creio que, na devida escala, muitos de nós o experimentaram. Não é o único que me lembro... mas o medo da perfeição, sem uma responsabilização (in)directa como no caso do fracasso, intriga-me. Qual será aqui o gatilho? Que opina, Prof. (e demais maranhal)?
(queria tanto continuara dar à tecla... mas o dever chama! E bem alto!)
:)
P.S. - Como não tenho tempo para o resumir, aqui vai um link arranjado à pressa... http://en.wikipedia.org/wiki/Stendhal_syndrome
Incerta,
Seja bem-vinda:). Juntando o seu comentário ao do Portocroft, sempre me interroguei sobre o que teria sentido McCartney ao ver que Penny Lane não chegava a número um de vendas. Terá pensado "eles não estão prontos para isto" ou, por um momento, receou ter falhado no casamento entre a evolução da sua música e o "necessário" êxito comercial?
Noise,
Bem lembrado, o velho conflito de Freud sobre a viagem a Roma.
Gotta get out of this place... (To work, not to get a better life for me and you:)). Quem escreveu, minha gente?:)
A perigosa intersecção da minha irracionalidade programática vem solicitar humildemente ao Grande Programador uma monitorização urgente e a sua constante apresentação ao público para análise do estado do meu síndrome de Stendhal (que, como eu e, na devida escala, muitos experimentam aqui); além de se evitar que, não tendo esperança de alcançar o nosso objectivo, venhamos atacar os que alcançam os seus, evitar-se-ão tantos comentários vãos.
É-me confuso, esta mistura de sentimentos associados à “vitória”, “sucesso” “alegria”.
A vitória nem sempre é alegria. Por vezes, acarreta a tristeza, quando alguém tombou para outrém ganhar. Quantas traições, no seio da mesma equipa, da mesma família, no grupo de amigos, são cometidas no caminho para o sucesso pessoal? Nos tempos que correm, os limites à ambição, a consciência e o respeito pelo próximo, valores éticos, estão em desuso. Claro, temos que ser … “competitivos”, não só nos objectivos, mas também na forma. É difícil ver tombar, sucessivamente, colegas de trabalho, numa situação de desemprego totalmente desapoiada, em reestruturações que se pretendem tornar a organização mais competitive, e damos graças por não ter chegado, ainda, a nossa vez. A vitória da organização é a nossa derrota e fonte de medos.
Os pequenos sucessos nem sempre têm a alegria do sabor a vitória. Podem deixar, apenas um vazio, e uma sensação de alívio, de nos deixar respirar melhor, depois de um período e batalhas horrívelmente stressantes, em que foram alcançados objectivos, permitindo, finalmente, poder passar uma noite de alívio (a dormir? Também gostava …). Porque o dia seguinte o será de novas e cruciais batalhas. Intermináveis, o raio das batalhas. Quando o futuro é sempre e demaisado incerto, os pequenos sucessos de hoje sabem sempre a pouco. Apenas fica o alívio de termos sobrevivido mais um dia, uma semana, um mês.
Será isto uma … “neurose”? Neurótico tornou-se o mundo em que vivemos e trabalhamos. Em férias, sinto que nada disto me acontece, a não ser quando sou “convocado” para regressar rapidamente para uma outra qualquer batalha.
No prazer sexual e afectivo, não vejo onde cabe o sentimento de “sucesso pessoal”, nem o da vitória. Sinto, cada vez mais, alegria e agradecimento, e a vontade de ter querido ver prolongado os momentos, mesmo após uma ou duas horas de relação coital. Aqui, até poderá haver uma certa frustação, por não se ter prolongado o prazer, e de ter, também, ficado a vontade de satisfazer, ainda mais a outra pessoa, satisfazendo-nos, também, por essa via. Neurose? Ná ….
The Animals Éme?
"We gotta get out of this place
If it's the last thing we ever do
We gotta get out of this place
Cause girl, there's a better life for me and you"
Eric Burdon - The Animals
;)
"tristeza pós-coital"?
Existe? eh, eh...
Tão só um pai,
"mesmo depois de uma ou duas horas de relação coital"
Olhando para os 16m de tempo médio de intercourse dos Tugaleses, só me posso render à evidência:
MARALHAL MAKE IT BETTER!!!
Bom dia de trabalho maralhos:)
Yully, tão não vês nós depois do encontro na Fnac? Afastamo-nos friamente, como se nada tivesse acontecido... e pensando bem... não aconteceu! ; )))))))))))))))
noiseformind (no pass, no love)
Desculpa, mas não és o original.
Comigo só "artigos" homologados pela CE.
.... os que mantém a tal "estrutura" competitiva. O que é, como é sabido, o passatempo nacional dos portugueses e dos comentadores de blogues.
...primeiro: o meu habitual voto de um BOM DIA à tutti
...segundo: sobre o fracasso ou o sucesso
...
...tal como no post anterior citei uma citação que diz que a maior coragem é falar na primeira pessoa, assim vou fazer em relação ao tema do post de hoje:
...
...fala-se ali em cima de "culpa" em relação a muita coisa: eu não me sinto culpado do que quer que seja; sinto-me um "produto" das circunstâncias que provocam em mim situações que posso, ou não, ter controlo sobre...
...fala-se sobre a tristeza e a alegria, falando-se até que a alegria é depressiva porque se pensa que ela é efémera e que a infelicidade está sempre presente e que, por isso, ela é mais bem aceite que a alegria; daí que se aceite o fracasso mais facilmente do que se aceita o sucesso
...não; o sucesso não se aceita porque nunca sabemos o que ele é; o sucesso é o atingir uma meta que pode ter sido ou não limitada ou ilimitada pelos tais factores que me condicionam
...não, o fracasso aceita-se porque sabemos que ele é inevitável apenas e só porque sentimos que atingir o sucesso é inviável... na medida em que, quando bem sucedidos na vida não damos o valor nem nos apercebemos dele; só damos pela sua existência quando o fracasso surge e então, aí sim, aqui del rei que afinal o que havíamos tido havia sido sucesso e agora é que lhe damos o devido valor
...só quando caí é que realizei dentro de mim que, antes, estava de pé!...
...
...e só quando me levanto da queda é que realizo que estive no chão!...
...
...e, em ambas as situações, nunca senti culpa de ter caído nem de me ter levantado...
Noise, 16 minutos? Isso é aviamento, vulgo "rapidinha".
Não há segredo nenhum.
Sim, como já o disseste antes, sou romântico, por isso, tudo começa com ... muita ternura, mesmo muita.
Depois, bom, pequenas paragens á beira do ... "precipício", jogar em todo o campo, recorrendo à máxima "enquanto houver língua e dedo ... cois'e tal", não bater em retirada ou dar por terminado o assunto depois de cada orgasmo, ... tomar regularmente o conteúdo daquelas ampolas para o cérebro e ..., é assim.
Momentos destes foram descritos, de forma mais ou menos subjectiva, neste textozeco:
http://deondeteescrevo.blogspot.com/2005/05/ai-no.html
ou em João Guimarães Rosa:
(…) Sendo a sela, de notar-se, uma jereba papuda urucuiana, pouco de se achar, na região, pelo menos de tão boa feitura. Tudo de gente brava. Aquele propunha sangue, em suas tenções. Pequeno, mas duro, grossudo, todo em tronco de árvore. Sua máxima violência podia ser para cada momento. (…)’
Creio que já foi abordado, em post anterior, o papel das expectativas, na avaliação pessoal do sucesso e insucesso.
Neste contexto, para além de cada acto de per si, existe, também, a avaliação cumulativa sob diferente perspectivas.
Nomeadamente no que respeita ás opções tomadas ao longo da vida, e à satisfação relativa que, perante ela e globalmente, assumimos.
Sepúlveda, o que aqui nos traz fez-me lembrar certo político de alto gabarito, que repete "ad nauseam" convicções e conselhos tão indefinidos quanto indecifráveis, a ponto de eu pensar estarmos em presença de uma permanente gravidez psicogénica. Mas creio que quase o entendi. ;)
Sempre lhe digo que ginecofobia é palavra que não consta do dicionário da minha mente. Já ginecomania não sei muito bem. Teria que ser o Prof. a dizê-lo numa consulta, mas parece que não recebe mais doentes (autênticos ou presumíveis).
Quanto à rejeição do interfemínio, esse é o fracasso que mais temo. Com o insucesso noutros campos posso muito bem. ;)
J.Campos
Medo do sucesso!!!???
Há malucos para tudo, o que no Blog do Prof. até nem é mau!
;)
j.campos, o processo de comprometimento cognitivo, comportamental e camaleónico que aqui se observa não o deveria perturbar e diria mesmo que as suas palavras levam-me a adivinhar que não terá de recear os múltiplos problemas de rejeição do interfemínio, que se afiguram em perfeita correlação com a ginecofobia de que sofrem alguns frequentadores deste blogue, que abominam estratégias de vivência forense sinagelástica, porque começaram a ler aos 3 anos e a escrever aos 4 o que conduz a um sucesso que assusta, também porque é algo que nos torna referências nas nossas determinadas mais próximas .
Olá Júlio e maralhal.
Retomando o tema e lendo alguns comentários, fica-se com a ideia de que só há sucesso na carreira ou nos amores. Será assim? Não há outras esferas da vida em que poderemos ou não ter sucesso?
Claro que o sucesso tem também a ver com as expectativas de cada um em relação à sua própria vida.
Há pessoas com enormes problemas a nível de saúde física e que os ultrapassam à custa de uma tenacidade e força de viver enormes ( eu provavelmente numa situação dessas não seria capaz disso); estou-me a lembrar também dos atletas paralímpicos - não serão também casos evidentes de sucesso?
Pessoas que lutam, arriscam, dão tudo e que vivem o sucesso com alegria genuína. Esses não sofrem de neurose...
Noise (6.29)
Desculpa lá, :) mas tenho que concordar contigo.
Somos efectivamente um país de invejosos e o sucesso de alguns sempre incomodou muitos. Incomoda aqueles que sentem que não são capazes de lá chegar.
Quanto a mim prefiro, sem dúvida, o "negativo" do fracasso:)
Lunema (12.01)
Concordo..)
Até mais logo.
Boa tarde,
Não é tudo isto o enorme nicho das drogas?
g.,
nicho de drogas?
Veja-se Luís Carlos Lopes (acompanhando a leitura com uma água mineral): “Mesmo a hermenêutica, que tem várias versões e pontos de vista, pode-nos trair na tentativa de compreender melhor a ambiência circundante. Em algumas destas variações, a hermenêutica é apenas um exercício de tautologia reificante, glorificando o argumento da autoridade e os preconceitos, como em Gadamer, ou acreditando, como Habermas, que todo o acto comunicacional não-racional é uma pseudocomunicação ou uma perturbação da mente humana.”
em http://gmje.mty.itesm.mx/articulos3/articulo_6.html
Bom dia a todos!
Esta conversa esta muito interessante hoje (as always...), e atrevo-me a pensar que, se toda a gente tem uma opiniao sobre a culpa/a dificuldade de viver o sucesso sem ela, nao será porque todos já experimentaram algo parecido?
E no reverso da medalha....
"eu sou feliz so por perguiça. Ser infeliz dá um trabalho danado" (Mia Couto)
(nao me lembro de cor do resto e o livro esta na lista dos livros-empretados-a-quem-nao-me-lembro-nunca-mais-empresto-nada-a-ninguem.... mas é qualquer coisa como:
Para ser infeliz uma pessoa tem que se lamentar, passar horas fechado na infelicidade, convencer os outros de que estamos mal, impedir-nos de viver momentos bons,...)
Bom resto de semana!
O sucesso e o fracasso são as duas faces de uma mesma moeda e caminham lado a lado muitas mais vezes do que eventualmente desejariamos.
Como alguém já escreveu aqui, também se aprende não tentando(acrescentaria: não tentando esporadicamente).E muitas vezes a aparência de fracasso pode ser apenas uma estratégia.
No entanto, penso que muitos de nós não conseguem lidar com o sucesso porque precisamente não conseguem superar os efeitos nocivos da adversidade que, inexoravelmente, o sucesso tráz consigo. Será sempre necessário gerir de forma criteriosa as consequências do sucesso que muitas vezes não são o que imaginávamos ser "vida feliz".
Peço desculpa...esqueci-me do
Boa tarde Professor e Maralhal
Eu faço sempre por converter o fracasso em algo positivo. Assim saio sempre vitorioso. Pelo contrário tenho muito mais dificuldades em lidar com o sucesso. Consegui! saiu bem! e agora, o que é que eu faço?
Talvez a questão não seja o medo do sucesso e sim o carácter viciante do "negativo", da decadência. Uma vez lá em baixo, muitos de nós tendem a alimentar a tristeza, a melancolia, a sensação de fracasso, ... em vez de reagir. Fraqueza? Estranhamente, há quem se sinta emocionalmente mais rico assim.
Rosebud,
Eu não diria emocionalmente mais rico, mas antes que para muita gente o fracasso é a realidade que suportam melhor do ponto de vista emocional.
Os meus sucessos e fracassos.
Sucesso financeiro - Lido/ei muito bem com ele.
Fracasso financeiro - Não lido nada bem com ele, mas não deixo de continuar a sorrir.
Sucesso amoroso - Lido mesmo MUITO BEM!!!
Insucesso amoroso - Não lido nada bem com ele, mas nunca digo: malditos os anos que perdi.
Sucesso profissional - Lido muito bem com ele. É sempre uma vitória sobre as minhas limitações e nunca sobre os outros.
Fracasso profissional - Brio profissional nem o ponho em causa. É um fracasso que nem quero admitir.
Fracasso causado por armadilhas invejosas? Lido violentamente mal.
Sucesso desporto/jogo/lazer - Lido muito bem.
Fracasso desporto/jogo/lazer - Se o adversário fôr um bom adversário, na boa!
Claro que para simplificar coloquei todos os exemplos com sucessos e fracassos incluindo o amor, apesar de achar que em relação a ele as coisas talvez não se devam catalogar dessa forma.
Pólux,
Ponto interessante: o desmaio como defesa contra as pulsões agressivas:). Se não desmaiasse batia no Engenheiro. O qual se levantaria, sacudindo a poeira e exclamando: "É a vida!".
Noise e Portocroft,
Vocês responderem é batota, desconfio que partilhamos referências musicais:).
Caro Prof.,
O pior disso é quase partilharmos a idade.;)
Yulunga
(10:43)
tristeza pós-coital? eheheh. Eu diria depressão pós-queca. Quando a queca é mesmo mesmo muito má, é natural que um gajo se deprima.
anonymous
(4:37)
errado. Quando a queca é mesmo mesmo muito má, a culpa é sempre do gajo.
Portocroft,
Não me agrida:(, faço 56 em Outubro:).
Patrícia,
Compreendo o seu ponto de vista, por vezes rebolamo-nos em auto-piedade, apelativa e comodista. Mas atenção!, se falarmos de alguém deprimido, é irrealista esperar que saia da fossa apenas à base do que agora se chama "pensamento positivo":).
Prof. e restantes,
Com tanta erudição, não vale a pena argumentar mais.
Apenas recordar Eugénio: "são tão poucas as coisas essenciais à vida ..."
Para quê tanta guerra pelas luzes da ribalta?
Disfrutar e valorizar os sucessivos momentos de felicidade, não é ser feliz?
Bem sei que é tudo relativo...
Como dizia o Prof. Agostinho da Silva há 20 anos, sobre o futuro - o qual deveria ser o presente potenciado no seu melhor. No entanto, nada se poderia saber, pois sendo a espécie humana recente no velho planeta, nada nos indicava que não viria uma outra que nos excedesse completamente.
Se assim for, dirão que houve por cá uns palermas que, primeiro lutavam pela sobrevivência (vital), depois lutavam pelo sucesso, qualquer que ele fosse - será que entretanto viveram?
Saudações
Débora
Caro Prof., ;)
Longe de mim tal ideia.
Aliás, peço-lhe, que nem fique deprimido pelo facto.;) Logo eu que sempre tive especial estima e consideração pela 3a.idade.;)))
Falando sério:
Ainda me faltam uns anos. Mas, já estou bem perto. Se, entretanto, as ameaças de bomba, nas redondezas, não passarem disso...conto chegar lá. Sobretudo, com similar espírito. "Xi Deuxe num quiserr paxenxa!" ;)
Os gostos musicais foram adquiridos na mesma época, sobretudo com o meu irmão, da sua idade, nos gloriosos anos 60 e 70.
Anonymous
(10:43)
Achei piada o termo, e a forma como o Dr. Murcon o expôs: "tristeza pós-coital" relacionando-a com o descer à terra após o orgasmo.
Dr. Murcon, considera mesmo irreal a saída da fossa apenas à base do que agora se chama "pensamento positivo"?
Por contraditório que (vos) pareça, é muito difícil saborear o sucesso quando se cresceu a pensar que ele nos estava inevitavelmente vedado...
Mas o que é o sucesso, afinal ?
Yulunga,
Se for uma depressão "a sério", sim.
Yulunga,
Eu é que te acho piada.
Tu és a única que trata o anfitrião por Dr Murcon.:)))
Dr. Murcon, já tinha tido uma teima em relação a esse assunto.
Perdi. Mais um fracasso ;-)
Andorinha
Pessoalmente consigo ver outra forma de o tratar
Andorinha
Pessoalmente nem consigo ver outra forma de o tratar
Este tema está mesmo bom para hoje... um dia (dos muitos!!!) que de cabeça quente apelidamos de fracasso profissional, mas que não passa de um dia em que basicamente a lei de Murphy esteve no laboratório... :p Aqueles em que se vai para casa com vontade de dizer "Ai eu..." de 5 em 5 minutos... ou como pensar em abandonar um doutoramento e fazer rissóis para fora!
Dr. Murcon, sabe que eu achava que os medicamentos não resolvem os nossos problemas, mas que só lhes davam um tom cor-de-rosa, e que continuavam lá mas camuflados. Achava que teriamos capacidade para sermos mais fortes que qualquer medicamento.
Éme,
eu vou confessar-me, sei que és bom ouvinte e tal... e o Portocroft, o Lobices, a Yully e confrades afins certamente avalizarão o meu mea culpa. Até aparecer o "Som do Murcon" não tinha uma única música de Simon & Garfunkel nem nos 400 GB de música do do servidor nem nos 40 do portátil... nada... sei lá... motivo para tão grande incúria agora que saquei toda a discografia do duo? Ignorância pura e simples, até pq eu pensava até há pouco menos de uma semana que Simon & garfunkel eram um duo composto por dois fundadores... dos BEACH BOYS!!!
... ou então além da ignorância a produção mundial de albuns faz com que uma vida não chegue para ir de deus a Evanescence, de Diana Krall a Smashing Pumpkins, de KAtie Melua a Jay Z e todas as outras não sei quantas dezenas de músicas que ouço todo o dia. Mas pronto... Simon & Garfunkel rulam, não haja dúvida disso ; ) já agora, Disco Pedido ao DJ Porty (engraçado como Disco Pedido e Dupla Penetração têm as mesmas iniciais)... não dá para meter aí um "Fix you" ou "Till Kingdom Comes" do novo album dos Coldies? Ou pelo menos um "Planet of New Orleans" dos Dire Straits? Ou então um "RainMan" do Encore do senhor Eminem? Ou então um... esqueçam... assim não seria o Som do Murcon ;)))))))))
ISto de ter uma password super-indecifrável (AsdrubalFREUDGauguin) para aceder ao blog cria um problema tremendo em efectivamente comentar com o próprio perfil, portanto Yully, era mesmo eu que estava a perorar sobre o nosso tsunami-dating da Fnac na outra Sexta-Feira ; )))))))))
Falou-se aqui muito de sucesso e falhanços e pouco de aprendizagem de falhanços. Aqui em Barcelona, o "Júlio Machado Vaz" regional chama-se Pere Font e além de me fornecer um maravilhoso edifício para testes vários a começarem lá para Outrubro ensinou-me a fazer uma caipirinha que só posso classificar de Gaudianamente espectacular e assim consegui queimar muitas etapas de aperfeiçoamento na depuração do sabor da cachaça sem esmagar os frutados da lima (o segredo envolve morangos e champagne). Ou seja, com uma boa aprendizagem pode-se efectivamente partir de um ponto de busca para o sucesso efectivo superior a outros competidores menos avisados. Ter progenitores que não saltitam demasiado com as nossas pequenas vitórias preparam-nos para um mundo que nos será hostil (tirando a Scarlett Johnansson, ela não sabe o que perde em não me conhecer, eu nunca seria hostil para ela) e indiferente a menos que atinjámos um escalão realmente significativo.
Dizia aqui o nick ROSEBUD:
"Uma vez lá em baixo, muitos de nós tendem a alimentar a tristeza, a melancolia, a sensação de fracasso, ... em vez de reagir. Fraqueza? Estranhamente, há quem se sinta emocionalmente mais rico assim."
e eu digo, s-e-m d-u-v-i-d-a, e assino por baixo, já referi o tal "passatempo nacional preferido" que aproveitaram para nick :)
Depois de tar lá em baixo, há tantos motivos para continuarmos por lá, na companhia dos outros falhados ou não-bem-sucedidos, 'os tristes' tÊm histórias tão complexas e não-lineares, enquanto que os be-sucedidos aparentemente mantêm-se como eram há 10, 20 anos, tiveram sorte, foram ajudados, dizem os companheiros de vulgaridade uns aos outros. Daí essa ideia deíficada de que o fracasso faz ganhar carácter, que não subscrevo de todo. Falhemos, mas falhemos, como a Yullie disse, com um sorriso nos lábios e uma rodela de limão na boca e um shot de tequilla na mão ;))))))))))))))
Quanto a partilha de idades, fica o aviso:
JOVENS UTILIZADORAS DO MURCON COM MENOS DE 30 ANOS, NÃO SE DEIXEM ENGANAR, O NOISEFORMIND SÓ TEM 27 ANINHOS. Querem-me arrastar na vossa desgraça etária, seu duo anglo-sexônico. Se bem que eu aqui com o Pere só me meto em trintonas...
Dr. Murcon, assim em surdina e só para si: achava e ainda acho ;-)
Deus existe!!!!
Bom-doso Noisy
Yulunga,
mesmo quando necessários (e por vezes são, como para qualquer maleita), esses medicamentos não resolvem problemas "exteriores", mas ajudam a pessoa para que os possa resolver ou ultrapassar! :)
Yulunga,
Não te zangues.:)
Eu disse que acho piada, mas acho mesmo ( no bom sentido, não estou no gozo).
Com os psis perdemos quase sempre, deixa lá.
Há fracassos piores.:)))
Atenção, fique claro que em Portugal mérito e sucesso NADA têm a ver um com o outro. Conheço muito bom amigo de primo de sobrinho cujo currículo fica a milhas de outro que não é amigo e teve o azar sem ser sobrinho nem ter primo em tal parte. A cunha está aí em toda a sua plenitude, seja nas empresas municipais, seja nos bancos, seja nas agências governamentais. O 'concurso' muitas vezes é apenas um preliminar de uma consumação que de tão certa, já nem cria anseios de falhanço.
Aqui sim discuto com todos vós uma questão transversal da nossa sociedade tugalesa:
A neurose do sucesso aplicada numa sociedade em que o sucesso não depende da competência dos indíviduos mas da sua génese social como a Tugalesa não encontrará pontos de semelhança numa sociedade de castas e portanto não será factor de sub-desenvolvimento de uma sociedade?
Eu sei, a pergunta posta assim parece explosiva, mas eu agora vou-me fazer ás caipirinhas, fiquem para aí a maralhar nesta questão ; ))))
Andorinha e eu entendi que não estavas no gozo.
Eu sou esperta, que pensas tu? ;-)
Yulunga (6.57)
Rapariga céptica!:)
Stardust
Exactamente isto: "mas ajudam a pessoa para que os possa resolver ou ultrapassar"
E porque não podemos ser nós?
Faz-me confusão.
Sei que os médicos têm a razão, mas não me sinto convencida.
Pimba... 100
Andorinha
Não sou céptica. Apenas continuo a ter a minha opinião.
E posso sempre dizer: O que se passa na realidade é "isto", dito por especialistas, mas a minha opinião apesar de errada é esta.
Yulunga (7.05)
Penso que és esperta, senão não falava contigo.:))))))
Olha Andorinha decerto já ouviste aquela expressão: Ora ali está uma coisa esperta, sim senhor.
Sou eu :-D
Yulunga,
muitas vezes podemos, claro, com muita força de vontade. Mas nas tais depressões a sério que comentava o Prof. M ou mesmo outros problemas, a métrica é outra! Esquecemo-nos demasiado que problemas psicológicos/psiquiátricos têm causa/consequência física. Convence de forma mais natural que ajuda fazer determinado tratamento se se sofre de enxaquecas (sem segundos nem terceiros sentidos...) ou se se sofre de arritmias, não é? A sociedade continua muito fechada em relação a esses problemas... mas também odeio o extremo comum do... ai-ando-tão-triste-há-dois-dias-vou-ao-médico-para-ele-me-passar-um-anti-depressivo!!!
Yulunga,
Não podemos ser só nós porque a depressão é uma doença. Sendo uma doença tem que ser encarada como tal.
Se tiveres um problema cardíaco consegues resolvê-lo sozinha?
Nem te passa isso pela cabeça... Então porque será diferente no caso da depressão?
Stardust
Eu não estava a incluir problemas fisicos referia-me mais a problemas sociais ou de relações pessoais quer com o próprio quer com os outros, entendes?
Talvez o sucesso nos assuste porque muitos de nós não conseguem acreditar-se merecedores do mesmo. Tendemos a achar que qualquer sucesso que atinjamos não pode ser mais que obra do acaso pelo que, consequentemente, não só não o vamos conseguir manter como rapidamente seremos expostos na nossa mediocridade e todos verão a fraude que só nós sabíamos que eramos!! No fundo é isto a "neurose do fracasso" - preferimos manter-nos lá em baixo, na redoma do fracasso, onde ninguém espera nada de nós, do que correr o risco de sermos bem sucedidos e, a partir daí, alvo das maiores expectativas. Haverá coisa pior que o medo de defraudar alguém?
Yulunga,
Tás feita.:)))))))))))
Tens aqui dois a moer-te o juízo!
Andorinha
Já respondi. Excluo os fisicos como é lógico. Eu acho, ACHO, que a depressão tem a ver com a vontade
rosebud... ou o medo de ser apanhado a defraudar ;)
Yulunga,
Sim! Mas se esses problemas te levarem a um real estado depressivo, têm como consequência uma doença, que deve ser encarada como tal. Mas se a doença não está lá... há que dar a volta sem pastilhada! Mai nada! ;)
P.S. - Até já me esqueci do Murphy! Pronto... quase! :p
Andorinha, vou tentar explicar.
Existe uma vontade, não sei se do nosso cerebro se de onde, quem nos leva ao fundo, porque não arranjar outra que nos tire de lá?
Se ambas estão dentro de nós.
Mas atenção... a depressão não é assim tão linear... e seguramente não depende da vontade!
(cont do post anterior)
Ou, em última análise, não só dela!
Eu até colocava o comentar e brincar neste blog ao nivel dos Prozac e dos Triticum.
Uma dose ajuda tanto, e o desmame tem que ser lento ;-)
Stardust, mas estás a conseguir ver as coisas da minha maneira, não estás?
Por vezes é dificil explicar e corremos sempre o risco de dizer barbaridades quando nos faltam termos e conhecimento da matéria
...JMV
...56 em Outubro?
...Balança ou Escorpião?
...Scorpio, aposto!...
looool...
Lindo!
Mas uma dose de Murcon rende mais!
Sim... entendo, o termo depressão é que foi mal empregue! De onde se sai com força de vontade é do que os espanhóis aqui chamam de "bajón"!
Ai eu...
Stardust falava-se de dois tipos de depressão, não era?
Um associado a problema fisico logo uma consequência de uma doença e outro associado a...
Pronto engasgo aqui.
Ai que ódio a falta de termos.
Yulunga,
Não estás a dizer barbaridades mas não concordo contigo.
A depressão não depende da vontade da pessoa.
Se dependesse, achas que alguém decidia ter uma depressão?!
Qual é a dificuldade de aceitar que a depressão é uma doença?
Vai-se ter medo das palavras?
Até amanhã ( sem depressões) :)))
Maralhal, subamos ao andar de cima que lá há sucesso aos pontapés.
Andorinha, não disse que era uma vontade própria, mas sim uma vontade de algo. Apenas lhe chamei vontade, pois se algo descamba é como se ganhasse vontade própria.
VOCÊS ESGOTAM-ME!!!!
Professor, há outras tristezas pós, de cariz sexual, muito superiores à pós-coital, que fazem dos humanos uns pobres diabos. Penso que deduzirá a que me refiro.
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