quinta-feira, janeiro 12, 2006

Sai uma velharia, não vá o Sousa voltar das compras mais cedo e antecipar-se!

O milagre


Ao bater a porta atrás de si, não resistiu a frase célebre, desejo impossível e suspirado, curiosidade tremenda e receosa,
- Quem me dera ser mosca...
E o Senhor, avesso a conceder aos fiéis o monopólio dos milagres, satisfez-lhe o capricho. Tendo o cuidado de a não transformar em varejeira, para melhor poder escutar sem ser ouvida...
Mulher pragmática – passe a redundância! -, não perdeu tempo a interrogar-se sobre o que tinha acontecido ou a fazer planos de futura conversão ao catolicismo. Voou de imediato por frincha da janela, e asa ante asa reuniu-se aos pais na sala de estar. A mãe continuava no seu ponto de cruz, mas os cantos dos lábios vergados para o chão diziam tudo – por dentro eram as preocupações a bordá-la a ela. O pai pegara de novo no jornal. E contudo as páginas sucediam-se a um ritmo demasiado rápido para homem tão obsessivo nas viagens pelo mundo das notícias. Não lia, ganhava fôlego.
Para,
- E que achas disto da miúda?
Era sempre assim. Tinha uma opinião formada, mas gostava que o tiro de partida fosse dado pela mulher. Depois entrava no comboio em andamento ou tentava fazê-lo mudar de agulha.
- Já não é uma miúda.
A correcção, aparentemente apenas devida aos números constantes do bilhete de identidade, trazia consigo um esboço de resposta. E ele assim o entendeu, de imediato resmungou,
- Pois olha que parece! Esta gente nova fala de divórcio com uma ligeireza inacreditável.
A agulha não parou, os olhos não se levantaram.
- Não é feliz, sabe-lo tão bem como eu. Cada um desempenha o seu papel: nós fazemos de advogados do diabo e ela decide o que fazer da vida dela. De qualquer modo, no amor só se aprende com as nódoas negras.
O marido, amuado com as certezas pausadas que lhe aterravam no colo,
- Não te sabia especialista em nódoas negras amorosas, pensei que tínhamos um casamento feliz. A não ser que te refiras ao tempo em que ainda não nos conhecíamos...
(E olhava-a com ciúme, velho de trinta anos mas afiado.)
A agulha recolheu à caixinha de costura que herdara da mãe, aquela extraordinária avó que nunca recebia os netos sem um Everest de fatias de bolo de laranja. Os olhos, verdes como o último raio de sol, pousaram no marido, ainda tranquilos mas já severos.
- Às vezes são os outros a tropeçarem e nós a ficarmos com as nódoas negras.
Pausa.
- E não estou a falar de antigos namorados.
Ele sentiu um arrepio na espinha. Era impossível que tivesse descoberto a pomba que mantivera durante uns meses em apartamento dos arrabaldes. Teria a rapariga piado depois daqueles anos todos? Não fazia sentido, apresentara-a a um conhecido como sua colaboradora na empresa e tinham acabado juntos e com dois filhos. Tornara-se madame acima de toda a suspeita, jogando bridge e contribuindo para as mais selectas obras de caridade. Até já acontecera aterrarem os quatro na mesma mesa em casamentos e jantares de negócio! Estaria a mulher à pesca ou a fazer bluff? (Com aquele olhar tão límpido era impossível adivinhar...) Pôs-se nas mãos de Deus, sem saber que estavam já ocupadas por outro membro da família.
Digno,
- Não sei a que te referes.
Ela sorriu.
- Sabes perfeitamente. Mas o que lá vai, lá vai, tive de tomar uma decisão e tomei-a. Como a miúda está a fazer agora...
(Afinal também a tratava assim!)
- ... e nós vamos ajudá-la em tudo o que pudermos porque a amamos, não é verdade?
Era mais do que verdade. Mas, se não fosse, ele também concordaria, tinha a vaga sensação de passear á beira de um abismo.
- Absolutamente.
E voltou ao jornal.
A mosca voou para a rua, Deus fez o milagre ás avessas e a miúda que decidira esquecer as nódoas negras de um amor e partir para outro foi-se embora; pendurada num assobio, calorzinho bom no coração. Sabendo que por trás dos sobrolhos franzidos os velhos a apoiavam, sentia-se capaz de desafiar o mundo. Não se converteu e o Senhor fez vista grossa a tal ingratidão. Ele próprio, quando debruçado com algum vagar sobre os trôpegos seres humanos e o caos que irradiavam, admitia sentir-Se tentado pelo agnosticismo. Era tão difícil imaginá-los embalados por algum propósito divino...

43 comentários:

Anónimo disse...

O amor só se aprende com nódoas negras !! Meu Deus que verdade tão grande é escancaradamente das maiores verdades! E que nódoas e que negras !!!
Mas será que a verdade de uns, a receita de uns serve para todos ?? ou a vista grossa vale apenas noutros tempos noutros amores??
Abraços e sorrisos
Ana Afonso

Quintino disse...

nodoas negras... boa metafora... quem dera que fossem umas simples nodoas negras que todos os olhos vissem... mas nao... sao daquelas que demoram, dias, semanas, messes e ate anos a passar e nem com pomadas milagrosas passam... como era bom umas nodoas negras, em vez da penumbra no coração...

Tilangtang disse...

texto completo, replecto de ternura

Anónimo disse...

... sem dúvidas e sem propósitos acima do pragmatismo feminino, controlando os abismais tropeções doutro género, lá se vão as moscas metamorfoseando de gente para ver se gozam isso das sensações, mais ou menos vagas...

Anónimo disse...

Só pelo facto de não se ter convertido ao Senhor, a "mosca" demonstrou ter algum bom senso. Quanto ao resto não sei, pois desconheço os argumentos do "moscardo"... ;-))

Seja como fôr - e até porque "Direito de Família" não é coisa que me interesse muito - resta-me dizer que estamos na presença de um bem disposto (e bem elaborado) pedaço de prosa !

Maite disse...

Esta conversa bem podia ser entre a avó Lena e o marido de MUROS

Oops e agora não tenho tempo para mais ;)

Boa tarde

Alice disse...

Tenho uma teoria, porventura idiota, para os divórcios e casamentos vertiginosos da minha geração, a que viveu o 25 de Abril muito intensamente. A teoria tem a dupla função de me divertir e de me justificar, pelo menos perante mim própria . A vivência daqueles anos – entre 74 e 76, em que tudo mudava numa correria vertiginosa tornou-nos incapazes de aceitar as pasmaceiras lamacentas dos casamentos dos nossos pais, as cedências sem fim, principalmente por parte das mulheres!

LR disse...

Sempre tive uma loucura por antiguidades. Mas não suspeitava cultivá-la por aqui...
Professor: continue a mostrar-nos as velharias do baú, gosto tanto quando o blog brilha com esta patine especial, como se mergulhássemos naquele fascínio viciante de Portobello Road...(e o nome nem de propósito!)

Nódoas negras, nódoas negras...
Pois é. O melhor é afastarmo-nos do agressor, e está o problema resolvido.
Afinal, são simples hematomas. E como tal passam.
Passam de negras a amarelo-betadine, depois a uma mancha rósea, e um belo dia já nem nos lembramos!
O pior é quando elas teimam em persistir, e não passam nunca.
Será porque já não estamos bem, será porque o nosso ecossistema interno já não funciona com normalidade, será porque algo corre mal na química orgânica? Será porque as agressões foram muito mais fundas que a superfície da pele e perdemos para sempre a possibilidade de regeneração?
Às vezes não passam, ficam sempre negras.
E o remédio precisa de ser muito maior do que a fuga do agressor...

(Adorei a metáfora da mosca! Quantas vezes não teríamos sido menos infelizes se pudéssemos perceber que os pais - e certos outros - estão connosco, e a pele de advogados do diabo não passa de mera pose, que o dever impõe!)

Olhar disse...

Angie 2:14PM

..."Quantas vezes não teríamos sido menos infelizes se pudéssemos perceber que os pais - e certos outros - estão connosco..."

Teria certamente feito muita diferença:), mas podemos sempre recomeçar por nós..., dizer e mostrar claramente aos nossos que estamos com e/ou gostamos deles quantas vezes sejam as necessárias e poupá-los à incerteza de perceber alguns dos nossos, certos silêncios ou olhares, tristemente dúbios:)

Anónimo disse...

Adorei, adorei, adorei. ;-)
Tirando a lambuzice, fica-me o resto.
Os miúdos (ou miúdas), serão sempre miúdos (ou miúdas)e ainda bem.
Nessas causas, os pais serão parciais e protectores e ainda bem.
Esses propósitos não são divinos, e ainda bem.
Nunca consegui transformar-me em mosca, e ainda bem.
Nunca consegui falar com Deus, e tenho pena (e curiosidade).

Na Lua Nova disse...

Escolhas.

Acima de tudo opções que se tomam depois de pesados os prós e os contras.

Todos (mesmo os que de nós nasceram após o 25 de Abril) somos confrontados com escolhas como aquela que esta "mosca" terá que fazer. Cabe-nos decidir se queremos e se conseguimos voltar a confiar!

Olhar disse...

.... Ou seja Angie: ás vezes acabamos fazendo a outros o que magoou que alguns nos fizeram a nós..., embora nem sempre querendo:))))

Olhar disse...

Quanto ao seu texto Professor, e para além de tudo o mais de algumas opcções de vida bordadas pelas relações, relevo o seguinte:

" Sabendo que por trás dos sobrolhos franzidos os velhos a apoiavam, sentia-se capaz de desafiar o mundo."
Ladeados de nossos amores somos capazes de desafiar o mundo, inteiro. Nem mais!Amém!:))))

Anónimo disse...

Pelo bolo de laranja tudo.

"Era sempre assim. Tinha uma opinião formada, mas gostava que o tiro de partida fosse dado pela mulher."

Eu bem digo que somos uma sociedade matriarcal. A mulher manda ou decide o mando. Nenhum homem resiste a fazer algo que não esteja de acordo com o que a mulher quer. Está tramado. Mesmo nas pequenas subtilezas.

Nódoas negras, invisiveis. Negras só na alma.

Anónimo disse...

Um tiro na água e dois tiros num porta aviões!

(A mosca, neste momento, encontra-se refasteladamente a comer uma sandes de queijo e um copo de coca-cola. De asitas cansadas e olhar de vitral segue atentamente a história)

Anónimo disse...

Este pedaço de prosa vale pelo seu valor literário, ou seja, prima por uma escrita cuidada e criativa(com muito de real). Quanto à questão social,deixo-a ao livre arbitrio de quem a vive na carne, ou seja, por muito bons que sejam os terapeutas familiares, cada pessoa, cada casal, deve seguir o caminho que mais lhe parece melhor, pois, cada um só aprende por si próprio e não através de intermediários, caso contrário, os intermediários viviam num paraíso pessoal.

Sempre a considerá-lo Professor, bem como aos demais murcons.

Lobo das Estepes

andorinha disse...

Boa tarde.

Júlio,
Belo naco de prosa, como habitualmente.
Continue a deliciar-nos com estas velharias. Vou reler.
Se tiver tempo, volto mais logo.

LR disse...

Olhar (2.55/ 3.11)

Nem de propósito, no fim do meu parentesis ainda comecei a acrescentar algo que ia precisamente no sentido do que disse, mas decidi conter-me (e apaguei o que tinha começado). Acho que já faço demasiados comentários pessoais e que podem por isso nem sempre ser bem interpretados...
Mas concordo em absoluto consigo.
Eu tento praticar com os meus filhos a cultura contrária, porque "gato escaldado"...
Nem sempre com a consciência tranquila, diga-se!
(atavismos?)
Acho que o excesso de proteccionismo pode dar asneira e apesar de tudo somos educadores. Mas tento ter as minhas relações com eles sempre a marinar em afecto, e prefiro correr o risco de ser excessiva (cromo que tb não me agrada particularmente) do que pecar por defeito.
Por isso, ofereço muitas vezes de presente uns fatos de "mosca" aos meus filhos, sem saber se eles dão valor...ou sequer dão por ela!
Frequentemenet opto por adoptar em voz alta os dois registos, e verbalizá-los: "Eu diria que... e que também temos de considerar que...manda a coerência que...MAS também é verdade que...e pondo-me na tua pele acho natural que...e afinal decidas como decidires eu acabarei por não te julgar, a vida é tua e eu estarei sempre aqui..."
Provavelmente serei antiquada...mas há 2 coisas que tenho para mim como certas: é óptimo que as relações pais-filhos sejam muito mais próximas e humanizadas (contra o mito do pai-herói e do filho cavalinho de corrida...) É algo que desfruto com prazer e de que nunca me arrependo.
Mas é falso que as relações devam ser de paridade pura e simples.
Não têm de ser, não devem ser, nem creio que seja isso que os filhos querem de nós.
Por isso, há momentos em que devemos julgar, e dizê-lo, por mais que o nosso braço os envolva (às claras) e a nossa mão agarre a deles, sem ambiguidades.

Mas não às duplicidades, não aos fariseísmos, não ao esconder dos afectos. Isto também desconstrói.

Sou do tempo em que os pais mediam as manifestações de afeição. Em que nunca, ou raramente, elogiavam as performances dos filhos na sua frente (e nós sem ser moscas para ouvir o que se dizia na nossa ausência).
Foi preciso chegar à minha provecta(!) idade para viver uma crise grande e encontrar neles um apoio e compreensão sem limites. Mas acho que isso se deve mais à idade deles...do que à crise. Porque se esta tivesse sido dez anos antes, a militância pelos valores teria gritado mais alto!!!

Anónimo disse...

-Oh Sousa, venha cá ler isto a ver se gosta.
- Oh, sr.Doutor... eu não comprendo dessas coisa... mas gosto do o ver animado.
- Venha cá homem, não percebe agora!?
Sousa lê. O rosto vai-se transfigurando... de cansado, mas em paz, passa progressivamente a tristemente pesado. A respiração contida passa a ser pesada e suspirada. Nem uma palavra.
...

LR disse...

SICAL said...
"Pelo bolo de laranja tudo".
Subscrevo. Até esse toque proustiano o texto tem!
Todos temos as nossas "madeleines"...

Mas deixe-me discordar de:
"Eu bem digo que somos uma sociedade matriarcal. A mulher manda ou decide o mando. Nenhum homem resiste a fazer algo que não esteja de acordo com o que a mulher quer. Está tramado. Mesmo nas pequenas subtilezas".

Eu não interpretei assim...pelo menos!

"Era sempre assim. Tinha uma opinião formada, mas gostava que o tiro de partida fosse dado pela mulher."

Isso são as cautelas da má-consciência, não vê? Ele tinha os seus segredos inconfessáveis, preferia bater a bolinha baixa...

(Se bem que até concordo que o modelo de conduta masculino, das duas , uma: ou era consensual, ou todos eles sofriam de consciência pesada, porque o padrão de funcionamento era mesmo esse.Descontando os maridos tirânicos, que tb. os havia. E vai havendo ainda em certas reservas naturais...)




3:58 PM

_Stardust_ disse...

E no entanto este episodio esta impregnado de divino. Porque o divino existe no caos, ainda que teimemos em retorcer-lhe o termo. =)

Su disse...

- Quem me dera ser mosca...
mas nunca o fui!!!

qto a nódoas negras, o que são elas comparadas a cicatrizes?

jocas maradas sem moscas, sem sousas, sem nódoas negras, sem cicatrizes....sem nada....

Julio Machado Vaz disse...

Angie,
Tem razão, essa moda "paritária" deu mau resultado. Não deve haver confusão de gerações. Pais abertos e solidários devem permanecer pais, e não assumir o estatuto "nacional-porreirista" de irmãos um bocadinho mais velhos. E engana-se quem pensa que os filhos os desejam assim, a ganapada precisa de referências e não de adolescentes envelhecidos.

Julio Machado Vaz disse...

O Sical,
Tanto não digo. As mulheres têm enorme poder, mas em geral por veredas oblíquas e não "olhos nos olhos", como diria o Doutor Francisco Louçã. O que não obsta à existência de casais e mesmo famílias na realidade matriarcais.

Anónimo disse...

Ai professor! Querem lá ver que Deus andou a ler a "Metamorfose" de Kafka!!!!

Da próxima que desejar ser mosca... vou-me lembrar de acrescentar que também NÃO QUERO ser varejeira - não vá o "coiso" estar distraído a ver a bola e pimba: acabar eu entre o jornal e o vidro, sem ouvir uma palavrita que seja.
;]

Anónimo disse...

Se queres que te compreendam bem, mantem-te assim calado

Anónimo disse...

" a ganapada precisa de referências e não de adolescentes envelhecidos."
Uma das melhores referencias k por aqui ouvi, brigado prof.!

mnica ;* disse...

Do "namorado" posso divorciar-me.
caberá tudo num saco de lixo e depois de um duche nem o cheiro dele restará...
Mas não dos meus pais! Nem quero!
Eu que sou das "mais novas" posso perguntar?

Costumo referir-me ao meus pais como "os meus filhos grandes". Preocupa as contas por pagar, os empregos instáveis que nas idades deles não tem mais remédio a não ser tentar manté-los, as maleitas que teimam em aparecer e agravar, o fingir que não sei da preocupação ou culpa que escondem porque sabem que eu desaprovarei caso o façam "às claras", o constante tentar contrariar o ditado "a cão velho não se ensinam truques novos",...? (retribuir-lhes o que me ensinaram de correcto e ver que afinal, se calhar, também eu cometo os mesmos excessos proteccionistas...)

Onde começa e termina os regimes "paternais" e começam os regimes "filiais" - ok estou a rir-me... disparate!!

Obrigada pela escrita. É bom ter algo que levante questoes, mesmo que não tenham ao fim um ?????

Jinhos ;*

Anónimo disse...

Mas como pode a mosquinha sair dali confortada, quando acaba de descobrir que o próprio pai(!) mantinha a chamada "rapariga-por-conta-com-casa-montada-e-tudo"?

Acredito que seja óptima a sensação de colinho numa situação de divórcio mas, perceber que o papá é como os outros... espero nunca chegar a essa conclusão. Se não, quem se converte sou eu!

Anónimo disse...

Angie e Prof.

Mantenho. Quantas vezes os homens, para não se chatearem, para não entrarem em confronto, preferem deixar-se "ir na onda" para não se gerar guerras.
Se repararmos bem, e com muita atenção, é isso que se passa. São, normalmente as mulheres que tomam as decisões familiares, embora normalmente o façam de modo a parecer que foi o homem que decidiu, sendo, no entanto, ela que manobrou e conduziu à decisão do que ela queria.

Vera_Effigies disse...

Perdoe Dr. Júlio Machado Vaz
Mas este quadro que tão bem pintou mostra que a mulher usa até de estratagemas menos lícitos para obter os fins a que se propõe. Engenho, usando a oportunidade apropriada para tirar dividendos em questões que as transcendem - FILHOS.
O marido usa normalmente o estratagema defensivo/por culpado, de dar-lhe poder de decisão para ter um bode espiatório a quem culpar no futuro.
Este senhor esqueceu que tinha telhas de vidro e que alguém as sabia partidas.
Perante o facto, tivesse razão ou não... "Mas, se não fosse, ele também concordaria, tinha a vaga sensação de passear á beira de um abismo." Mulher é fogo! Mas um fogo que aquece e não queima; faísca e não incendeia... É... como direi?... Mãe acima de tudo. Pelos filhos usa as armas menos lícitas (chantagem), ainda que com o "maravilhoso" :oo)
MJ

noiseformind disse...

Mahatma, não é assim que nos ensinas aqui no blog.
As acções murcunianas de hoje no Dakar são um grave exemplo.
Então o Stephan só pq se irritou com o Sousa ontem hoje é mandado logo contra uma árvore?
E o "dá a outra face e mais 100 euros e até uma das mulheres que andas a papar, especialmente se ela for casada e o marido dela tiver acabado de descobrir o romance?"
Tsc Tsc Tsc?

Mas como somos crentes aceitámos e como somos um culto férreo seguimos ; )

Anónimo disse...

O João e a Maria

João e Maria estão lá pelos oitenta anos de idade.
João comprou um par de sapatos de crocodilo e chega a casa:

- Maria o que achas?

- Acho de quê?

- Não notas nada de diferente?

- Não...

João vai à casa de banho, tira a roupa toda e volta apenas com os sapatos novos calçados.

- E agora? Já notas alguma coisa diferente?

- Não, o "coiso" continua pendurado para baixo, assim como estava ontem e como estará amanhã!

- E sabes porque é que ele está pendurado para baixo?

- Porquê?

- Porque ele está a olhar para os meus sapatos novos!

- Ah! ... bem podias ter comprado um chapéu ...

noiseformind disse...

E já agora ; )
Ver jogar o Miguel daquela maneira no Valência... até deve doer ; ))))

Vera_Effigies disse...

Vai desculpar-me Prof JMV Mas está a ser mauzinho quando diz:

"(...) As mulheres têm enorme poder, mas em geral por veredas oblíquas e não "olhos nos olhos", como diria o Doutor Francisco Louçã. (...)"

Que o poder num e noutro caso lhes é dado pelo homem. Não há dúvida Prof. .A unica diferença é que no matriarcal é com o consentimento do homem e "as veredas oblíquas" são o trunfo que o homem também deu :oo)
Perdoe Prof, mas não há bela sem senão....
MJ

Pamina disse...

Boa noite.

Acho que não merece a pena estar a repetir o que os outros comentadores já disseram. Aqui mesmo por cima (não sei se o comentário vai sair a seguir), parece-me que foi focado, por Kindofblue (10.14), um ponto que ainda não tinha sido mencionado. E quando se descobre que os pais são seres humanos "normais", com qualidades e defeitos, e não super-heróis perfeitos? Não será ingenuidade pensar que o são, não fará parte do crescimento desejável compreender isto ou será melhor, será que nos sentiremos mais seguros, mantendo-se essa idealização?
Não sei o que diz a psicologia. Provavelmente dependerá da relação que se tem com eles e da própria estrutura mental.

Julio Machado Vaz disse...

Noise,
Vocês não sabem do que o Sousa é capaz! Quando roga praga... Por que pensam que lhe cedo tempo de antena? Medo puro e duro:((((((.

Lusco,
Num matriarcado o homem não "concede", ele próprio interiorizou tal organização social.

Pamina,
Pobres dos que não fazem o luto dos "super-pais", um crescimento saudável implica-o. Sem perda de um átomo de amor filial! Aliás, a idealização exagerada convive mal com qualquer tipo de amor projectado no tempo. Ou seja: realista e possível.

Eugénio: "Assim é o amor: mortal e navegável". Boa noite, maralhal.

Anónimo disse...

Frase do dia:


" Depois dos 50 anos, a única coisa que o médico deixa um homem comer com gordura, é a sua própria mulher..."

Anónimo disse...

"Se queres que te compreendam bem, mantem-te assim calado".
Fiquem descansados. Eu não volto a manifestar.me mas ja agora esclareço que o meu silêncio teve a ver com a boa qualidade do retratro. Só volto se o professor quiser mas por agora estou amuado

Moon disse...

:)))))))))) Adoro estas "velharias"

Hoje já é um pouco tarde para mim, por isso, vou tentar não alongar.

Entrei no Murcon à tarde mas nem consegui comentar. Fiquei um pouco 'entalada'.
Para quem ficou sem mãe muito cedinho e saiu de casa do pai também muito cedinho e foi viver sózinha a sensação de solidão foi uma coisa muito marcante. Pior, o sentir que se está entregue a si próprio nesta "selva" é mesmo um horror. Mas já passou. E não me sinto nada dramática. Serviu-me foi de experiência para saber que o amor é aquilo que de mais importante se pode dar aos filhotes (a par de uma boa educação e princípios/valores) depois a vida é deles e fazem dela o que entenderem. Mas para voarem é muito importante que sintam que há sempre um ninho onde podem regressar, um colo onde se podem enroscar e alguém que os adora - independentemente de -:)

Anónimo disse...

Caro JMV,
Convenhamos que entre um Super-Pai e um pai que tem uma amante, vai uma grande diferença. parece-me que o Pai-Pessoa-Normal não é (obviamente) o primeiro mas também não é o segundo.
E, se a percepção de que não é o primeiro se faz naturalmente ao longo da infância, identificá-lo como o segundo não me parece nada fácil... a não ser que ter amantes seja considerado a coisa mais normal do mundo... pode ser a mais comum, mas não conheço ninguém que seja indiferente ao chifrezito, por isso não deve ser assim tão natural...

;-)

Vera_Effigies disse...

Prof.
Eu peço desculpa "Matriarcal", no contexto do sical, interiorizada ou não prof é uma aceitação.O sistema é bom e alinham no sistema :)

andorinha disse...

Moon,
Gostei do teu texto.:)
Penso que tens toda a razão: aos filhotes é deixá-los voar, sabendo que existe um ninho que os acolherá sempre que precisarem.
Bjs.