terça-feira, julho 26, 2005

Tangas.

Se bem percebi, Tangas considera que sou um machista mestre no disfarce, mas com alguma lucidez nas análises. Vale a pena fazer um comentário à primeira opinião. O maior dos machistas parece-me exagerado, afinal ainda não há um ranking oficial, tanto quanto sei:). Mas que sou machista, é verdade. Lembro-me de frase famosa em show televisivo brasileiro: cadê os outros? Porque considero raros os homens da minha geração que se podem afirmar livres desse "revestimento para interiores". Significa isto que nada há a fazer e nos podemos entregar, aliviada e alegremente, a um determinismo cultural? Não. Mas trata-se de combater verdadeiros reflexos condicionados ao nível dos comportamentos e visões "essencialistas" ao nível teórico.
Exemplo mais prosaico que me ocorre: se jantar com uma amiga, e não estiver atento ao que (não) faço, sou capaz de me quedar hipnotizado pelo telejornal enquanto ela levanta a mesa e arruma a cozinha. Perguntar-me-ão quantas amigas minhas aturam isso. E eu respondo que não me ocorre o nome de nenhuma:), o problema é outro. O problema é ter de pensar - ou ouvir... - "Júlio, ajuda!" para me comportar de uma forma decente a um nível tão básico, em vez de o fazer espontaneamente. Por isso, Tangas, tem razão, cá dentro sou machista. E muitos da minha idade que exibem a sua postura igualitária não passam de tangas ambulantes:).
E daqui decorrem perguntas que me interessam: quão diferentes são as gerações mais novas? Que conclusões tirar de estudos em que rapazes e raparigas aceitam como "normal" um ou dois tabefes na relação? Sobreviverão o machismo e o duplo-padrão melhor do que pensávamos há vinte anos?

109 comentários:

. disse...

Pois é, quão diferentes serão as gerações mais novas... O que tenho vindo a descobrir é que comportamentos que eu achava característicos de uma determinada geração, anterior à minha, têm na verdade muito mais a ver com pessoas do que com idades. Além disso, apesar de qualquer conceito ou categoria ser uma necessária generalização e a noção de geração não fugir à regra, a verdade é que há várias gerações dentro de uma geração. Justamente porque estamos a falar de pessoas. Há muita coisa que muda com os tempos, mas também há muito que permanece. E esta que parece ser a mais básica das constatações tem-me custado uns quantos amargos de boca...

Anónimo disse...

Achei ao mesmo tempo divertida a "acusação" de machismo a JMV. E parece-me que esse comentário deriva da discussão acerca da heterossexualidade. Penso que esses "determinismos culturais" são transversais às diversas orientações sexuais. Há comportamentos machistas que mostram um grande despreso pelas mulheres. Mas não é só de heterossexuais. O despreso e inferiorização que alguns gays mostram pelas mulheres, não é também machista? Não é da mesma cultura? Claro que não são nem todos os homos ou heteros.
Não podemos fugir do caldo da sopa onde crescemos, mas podemos escolher os temperos com que queremos saboreá-la.

lobices disse...

...temos de aceitar que o homem foi, é e será sempre o macho e que a mulher´foi, é e será sempre a fêmea...
...esta é uma realidade
...por muito que se tentem modificar as mentalidades, a verdade é que é tão "natural" no "macho" olhar para o Telejornal enquanto a nossa amiga levanta os pratos da mesa... (adorei o exemplo porque o aceito como facto normal do dia a dia numa relação ainda que haja quem o negue...)
...há estereótipos que nunca sairão de "dentro" do homem como os há também na mulher
...porém, é muito natural que também haja de tudo, tal como a Leoa que caça enquanto o Leão apanha o Sol e olha para o capim...
...e, na verdade, quão diferentes são as gerações mais novas?...
...e, em quê?
...como padronizar?
...tal como já o disse muitas vezes: somos animais e isso é um facto!...

andorinha disse...

Ai Lobices!
Porque é "natural"?
Porque sempre foi assim?
Ai os homens.......:)

lobices disse...

Andorinha:
..."natural" (entre aspas) é diferente de ...natural... (sem aspas)...
...ai as mulheres!...
:))*

. disse...

ai as pessoas, com e sem aspas :)

PortoCroft disse...

Caro Prof. m8,

Este é o chamado "post" da tanga.;)

Permita-me discordar do que diz. O Prof. é mas é comodista e não machista.

Machista era o tipo que pegava a mulher pelo braço e trazia-a a reboque, cuspia para o lado enquanto a ameaçava, em calão, "lhe rebentar com o canastro todo". E como elas adoravam... ;))))))

andorinha disse...

Lobices,

Pois, pois... diz que a culpa é das aspas.:)))

Uxka disse...

Lobices, concordo.
Depois entra a educação e o respeito pelo outro: ele, perceber que uma mulher(esta, pelo menos)agradece uma ajuda especialmente a partir das 18h00, altura em que entra no 2º turno diário enquanto eles ficam a "olhar para o Telejornal"; ela, lembrar-lhe isso mesmo e lutar contra o hábito de tudo fazer porque "sempre foi assim". E isto aplica-se a todos os homens, pais e filhos. As mães agradecem e as noras também.
As nossas diferenças permanecerão sempre, é a maneira como as encaramos/conciliamos que interessa.
Ah... eu não aprecio tabefes.

. disse...

Portocroft, o comodismo pode muitas vezes ser um confortável subterfúgio para as mais variadas atitudes machistas. Era tão simples que o machismo estivesse circunscrito a esse típico 'macho latino' que refere :)

CLÁUDIA disse...

Assino por baixo do Portocroft (se é que ele mo permite), no que diz respeito ao exemplo que o Prof. usa para se assumir como machista.

A mim parece-me também mais comodismo do que machismo.

Imaginemos que, em vez de estar a jantar com uma amiga, estava a jantar com um amigo. E que esse amigo até era uma pessoa com predisposição para arrumar tudo muito direitinho logo após a refeição. Será que o seu "estado hipnótico" perante o telejornal iria dissipar-se, apenas porque quem estava a arrumar a cozinha era um homem e não uma mulher?

Ou estou a ser demasiado ingénua, e a hipótese de jantarem dois amigos e arrumarem a cozinha depois nem sequer se põe? ;)

RAM disse...

Sabe o que eu acho fantástico - ou triste - é que 99,9% dos machistas (gosto sempre de deixar alguma área de manobra)foram/são criados ao colo das mães.
Sim, porque quer queiram quer não, a sociedade machista era (ou será ainda???), na sua essência, de matriz matriarcal!
E esta?

PortoCroft disse...

Rosebud,

Claro que sim. Estava a caricaturar a coisa.

Mas, olhe que, quando o Prof., cidadão de provecta idade,;))) reconhece
que poderia e deveria fazer mais, já é positivo.;)))

RAM disse...

PortoCroft,

Lamento discordar, mas machismo não tem de estar - não está - asssociado a violência física ou psicológica.
Traduz, tão somente, um comportamento em que o homem (e a mulher) assume como natural a existência pre-determinada de papeis sociais idiossincráticos do género.

andorinha disse...

Júlio,
E confessa despudoradamente esse enorme "pecado" em público? :)

Sem pretender generalizar, não vejo que nas gerações mais novas as coisas sejam muito diferentes.
Lido diariamente com adolescentes entre os quinze e os vinte anos e constato isso.
Pelo comportamento, pelas opiniões que manifestam quando abordo com eles este e outros temas, apercebo-me de que pouco ou nada mudou.
Como já vimos aqui há tempos,as mulheres ( neste caso as mães ) são as grandes responsáveis pela perpetuação deste estado de coisas.
Enquanto rapazes e raparigas continuarem a ser educados de forma diferente, é difícil a mudança de mentalidades.
Teremos que ser nós, mulheres, a fazê-los mudar, pois é certo e sabido que ninguém abdica dos seus "direitos adquiridos":) de mão beijada.
E há ainda o paternalismo, que para mim, é apenas mais uma forma de machismo. Mas esta seria talvez outra discussão.

PortoCroft disse...

ram,

Claro que sim. Os nossos comentários desencontraram-se.;)

andorinha disse...

ram (9.37)

Estamos outra vez de acordo, mas só agora é que li o teu comentário, já depois de ter escrito o meu.

PortoCroft disse...

Cláudia e ram,

Não obstante, pode mesmo ser apenas comodismo. Imagine se o exemplo dado fosse duas mulheres... A que ficasse sentada a ver o telejornal, seria machista ou calona? ;)))))

andorinha disse...

E se o machismo se reduzisse à questão de ver quem lava a loiça ou arruma a cozinha...
Mas nem só os homens são "culpados"; muitas mulheres também têm culpas no cartório ao incentivarem ou pelo menos, permitirem esse tipo de atitudes, em nome sabe-se lá do quê.

CLÁUDIA disse...

Portocroft (9:51),

era isso mesmo que eu queria dizer. Uma coisa não abrange necessariamente a outra. São conceitos que encerram em si mesmos aspectos diferentes.

Pode ter-se uma postura comodista sem se ter absolutamente nada de machista.
Senão, que nome teriam as mulheres que são comodistas??

Anónimo disse...

Não deixei de pensar que o machismo invoca novamente a discussão à volta da igualdade de direitos. Como é bom de ver, não é uma luta exclusiva das minorias.

É também curioso que estejamos uma vez mais perante uma "palavra norma", a exemplo da heterossexualidade, que não tem o seu contrário, pois o feminismo não vai além da defesa da igualdade de direitos da mulher e do homem.

Há, todavia, uma diferença: o machismo discute-se, pode ser gerador de indignação ou até mesmo de revolta. Acresce ainda que trava uma luta de sobrevivência, bastando-lhe por vezes "mudar de roupagem" para se "manter vivo".

Delírio da Loirinha disse...

Caro Professor!Não acredito que as gerações mais novas sejam muito diferentes pelo menos no que toca ao sexo masculino (o sangue latino corre-lhes nas veias... já deve vir nos genes.IHIHIHI!)O meu irmão tem 26 anos e muitas atitudes machistas semelhantes ás do meu pai e do meu avô. Acredito que a diferença está mais nas mulheres que deixaram de se calar às ordens dos ditos "machos". Atitudes do tipo "o jantar ainda não está pronto?" leva a resposta "se estas com pressa vai tu faze-lo"... ou "a minha camisa ainda não esta passada?"... "se a queres vai tu passa-la, eu não sou tua criada"...
Acredito que no galinheiro ainda é o "galo" que canta... mas agora é a "galinha" quem manda...
Beijinhos
DL

andorinha disse...

Cláudia,
Claro que se pode ser comodista sem se ser forçosamente machista.
Mas esse tipo de comentário pode ser perigoso. O machismo não se reduz a isso, a ver quem arruma a cozinha.
Um exemplo concreto: um homem não "deixa" a mulher sair com as amigas. Onde está aqui o comodismo?
E como este exemplo, milhentos.

Eles querem-nos confundir, mas não conseguem.:)

PortoCroft disse...

Naum me canxo d'amirare ax óbrax do sinhóre! ;)

Let It Be
When I find myself in times of trouble, mother Mary comes to me,
speaking words of wisdom, let it be.
And in my hour of darkness she is standing right in front of me,
speaking words of wisdom, let it be.

Let it be, let it be, let it be, let it be.
Whisper words of wisdom, let it be.

And when the broken hearted people living in the world agree,
there will be an answer, let it be.
For though they may be parted there is still a chance that they will see,
there will be an answer. let it be.

Let it be, let it be, .....

And when the night is cloudy, there is still a light, that shines on me,
shine until tomorrow, let it be.
I wake up to the sound of music, mother Mary comes to me,
speaking words of wisdom, let it be.

Let it be, let it be, .....

Julio Machado Vaz disse...

Portocroft,
Provecta idade????????? Há verdades que não se dizem, seu..., seu..., machista:))))))))))).

Julio Machado Vaz disse...

Rosebud,
Tem razão, o machismo não se resume ao comportamento tipo "marialva de vão de escada".

Julio Machado Vaz disse...

Cláudia,
Dois amigos??????? Convidávamos uma amiga:)))))).

Julio Machado Vaz disse...

Andorinha,
Também é a minha opinião. Se as mulheres não fizerem pela vida...

PortoCroft disse...

Caro Prof. m8,

Serei. No entanto, dou-lhe o privilégio, não menosprezável, de o deixar lavar a loiça. ;)))

CLÁUDIA disse...

Ó Professor,

convidavam uma amiga??

Para jantar também, ou só para arrumar a cozinha?
;)))))))))

Julio Machado Vaz disse...

Cláudia,
Toda a gente deve alimentar-se antes de trabalhar:).

andorinha disse...

Júlio,
Sim, mas o problema é que umas fazem e outras desfazem.:)

Sei que falou para a Cláudia, mas pergunto (inocentemente):
Convidavam uma amiga para quê? Para lavar a loiça?

. disse...

ai que risota :D

CLÁUDIA disse...

Professor,

não podia estar mais de acordo.
Mas então tomo a liberdade de pôr a cena a andar para trás...
Para as coisas ficarem mais equilibradas, presumo que seria o Prof. e o seu hipotético amigo a cozinharem o pitéu, não? :)

andorinha disse...

Desculpem lá, mas continuo a não me entender com as horas.:(
Assim parece que estou a repetir perguntas ou então que as coisas não têm nexo.

Júlio,
Já vi que já respondeu à minha pergunta.:)

Julio Machado Vaz disse...

Andorinha,
É verdade, para muitas mulheres foi mais fácil e compensador abrigarem-se à sombra do poder. Por isso os receios dos políticos face ao voto das mulheres não se confirmaram, elas distribuíram-se pelos partidos existentes e não votaram em bloco. Credo!, teria sido o fim do mundo:)))). Ou dos homens? Mesmo assim já somos uma espécie protegida em vias de extinção:(.

Julio Machado Vaz disse...

Cláudia,
Isso era intoxicação alimentar garantida:).

andorinha disse...

Júlio,
O fim do mundo? Esse machismo que não o larga.:)))))))
Dos homens?
Acha-nos assim tão perversas????:)

Julio Machado Vaz disse...

Andorinha,
Claro que não! Distraídas:).

andorinha disse...

Cláudia,
Já viste as desculpas esfarrapadas que eles arranjam para se esquivarem a fazer seja o que fôr?

CLÁUDIA disse...

Professor,

em relação à intoxicação alimentar, pelo menos ficava resolvido o problema de quem arrumava a cozinha. Com a má disposição: ninguém!

Os homens uma espécie protegida em vias de extinção????? PROTEGIDA por quem? ;)

Pamina disse...

Boa noite JMV e Maralhal,
Penso que a resposta às perguntas colocadas no fim do post revelará um panorama desanimador.

Concordo com os comentários do Ram(9.37) e Andorinha(9.43, 10.01 e 10.19). Penso o mesmo.

Relativamente às tarefas domésticas, gostaria de dar o seguinte testemunho pessoal. Recebi, recentemente, a visita de uma amiga do meu filho de 20 e poucos anos que jantou connosco. Notei que ela se sentia um bocado "incomodada" com a participação do meu filho na preparação do jantar e, especialmente, no levantar da mesa e lavagem da loiça. Chegou a "enxotá-lo" da cozinha, dizendo que "fazia ela". Penso que deve ter achado a nossa maneira de viver um bocado estranha. Confesso que me assustei com a ideia que a mãe dos meus futuros netos possa ter este tipo de mentalidade.
Claro que é possível que o interessado (que é um bocado preguiçoso) não partilhe a opinião da mãe e não desgoste de ser tratado como um nababo:)Espero que a boa educação vença a preguiça.

Mas, como diz a Andorinha, o machismo não se reduz a ver quem lava a loiça e, claro, que possui aspectos muito mais sérios.
Li aqui no Murcon, não há muito tempo, alguns comentários que me impressionaram bastante, enquanto descrição de uma situação terrível de sujeição à vontade do marido. Não vou mencionar o nome da comentadora, embora ela tenha revelado estes factos publicamente, mas posso referir que ela se queixava do marido a ter afastado de todos os amigos de infância e de não a ter deixado ir ao almoço de bloggers que se realizou em Junho no Porto.
Confessava também, noutro comentário, que se sentia completamente asfixiada desde o casamento.
Pelo que observo à minha volta, penso que este tipo de relação amo/escrava, infelizmente, ainda é uma coisa comum.
Como é que se muda esta situação?
Penso que é fundamental uma educação diferente (de pequenino é que se torce o pepino), baseada na recusa pelas próprias mulheres dos velhos chavões machistas, aliada a uma complacência cada vez menor para com atitudes arbitrárias de dominação masculina.

Titá disse...

Caro Professor,
Vou negar-me a acreditar nas suas palavras, porque para mim, seria mais uma desilusão. Não o tenho nessa conta! ( mas reconheço a coragem das suas palavras)
Nisto tudo, reparei ainda no facto de que, a definição de machismo se tenha resumido a quem levanta a mesa e lava os pratos.
Bem...tenho a dizer que eu não sou machista, nem femeninista, mas se alguém começar a levantar os pratos e a lavar a loiça por mim, eu também fico bem sossegada a ver e ouvir o telejornal...sou comodista. E é simpático saber que há mais no clube.
Para terminar, e aqui entre nós que ninguém nos ouça, nestas novas gerações, o machismo está vivo e bem de saúde...só não se recomenda.

andorinha disse...

Júlio,
Não percebi.
Que tem a distracção a ver com isto?

CLÁUDIA disse...

Andorinha,

realmente é verdade!!

Só a energia que gastam e os neurónios que obrigam a trabalhar arduamente para arranjar uma qualquer desculpazita que ainda por cima acham que vamos comprar?

Que desperdício de sinapses!!! :)

Elsa disse...

Por eles mesmos?!
:)

andorinha disse...

Cláudia,
É isso mesmo. A energia e os neurónios podiam ser utilizados com vantagens noutras áreas.:)

Anónimo disse...

Passei aqui na rua e esta vitrine deixou-me algo perplexa (ou será o espanto da chuva que se faz rogada mas lá vai pingando?).
Lendo os vossos comentários apercebi-me que machismo é afinal um termo de largo espectro que o pessoal da minha idade (Vintage na Revolução) ainda cola a brilhantina e sapatos de verniz!
Deixem lá só há machistas onde lhes é permitido ser...
Boa serenata à chuva
Melga

. disse...

Devo dizer que a mim não me choca nada que o Professor se assuma como machista, nem acho que o desmereça como pessoa, até porque parece estar consciente do facto e, dentro do possível, vai tentando controlá-lo. E depois gosto da honestidade e acho que admitirmos certas verdades menos bonitas sobre nós mesmos é meio caminho andado para fazermos alguma coisa a respeito. Como é óbvio, não estou a defender os "machistas conscientes", mas (como costumo dizer) não somos linhas rectas e temos que aceitar os ângulos e aprender a suavizá-los :)

andorinha disse...

rosebud,
Se todos os machistas fossem como o nosso anfitrião, viveríamos num paraíso.:)

Pamina disse...

JMV, Andorinha e Cláudia,

Ainda não tinha visto a vossa conversa que decorreu enquanto eu escrevia e esperava para o comentário entrar.
Também não percebo bem a da espécie em vias de extinção, ou seja, ocorre-me uma interpretação possível, mas não sei se é isso. Será referência aos avanços da genética?
Quanto à intoxicação alimentar, também me parece desculpa de mau pagador:)

Anónimo disse...

Quanto à razão das atribuições de cada um, já foi aqui dito bastante e podem chamar-lhe o que quiserem -machismo, comodismo ...
Eu não tenho nenhuma dúvida de que antes de mais é preguiça. Depois, tento convencer-me de que efectivamente os homens, em geral (há honrosas excepções) não têm as nossas capacidades - só se conseguem concentrar num projecto/missão/tarefa, de cada vez...
Nós temos a capacidade de trabalhar fora de casa, em casa, ir às compras, tratar da gestão doméstica em geral e ainda estarmos disponíveis para os filhos, pelo menos ...
Boa noite a todos!

Anónimo disse...

Esqueci-me de acrescentar que, se não me convencer da "incapacidade" dos homens todos os dias, estarei sempre a barafustar ...

andorinha disse...

Pamina,
Eles são peritos em desculpas de mau pagador.:)
E alguns lá se vão safando assim...:)

CLÁUDIA disse...

Tita,

obviamente que a definição de machismo não se resume a quem levanta a mesa e arruma a cozinha.

No entanto, esse exemplo serviu de mote para uma espécie de "conversa-brincadeira", que não impediu, de modo algum, uma reflexão sobre o tema em questão. Pelo contrário. Às vezes temos mesmo que brincar um pouco com as coisas no meio das quais vivemos para as desmistificarmos.

E com esta me vou...

Um bom resto de noite a todos ***

andorinha disse...

Débora,
Esse é precisamente o discurso que os homens querem ouvir.:(
Nem precisam de arranjar desculpas.
Tu já tens a explicação... e eles aceitam-na de bom grado.

Bruno Inglês disse...

Mas o professor ainda tem dúvidas que o duplo padrão está para durar?

O que me surpreende é a facilidade como se fala em igualdade...

Não se preocupe professor que eu sou bem mais novo e, de vez enquando, também me distraio. ;)

Mas só para chatear um bocado, considero que as MULHERES são o maior veículo de transmissão desta cultura "machista". Veja-se a maneira como ainda hoje se diferencia os filhos pelo seu sexo.

ex. O puto chega a casa, tira os sapatos, deixa a mochila no chão e segue para o computador com uma sandes na mão... a mãe vai arrumando as coisas pelo caminho... sem comentários.

Se a filha faz a mesma coisa, a mãe é implacável! Não perdoa e dispara sem piedade!

. disse...

Bruno Inglês,

As mulheres não podem ser totalmente responsabilizadas pela perpetuação da cultura machista!! Serão UM dos veículos de transmissão da mesma, não O veículo. Please, há que ponderar os absolutismos :)

. disse...

E, se possível, evitá-los claro ;)

RAM disse...

Delírio da Loirinha disse...
"Acredito que no galinheiro ainda é o "galo" que canta... mas agora é a "galinha" quem manda..."

Faz-me lembrar a frase de um amigo meu que diz que lá em casa a última palavra é sempre do homem: "Sim querida!" :))))))))))

. disse...

já dizia a minha avózinha:
os opostos atraem-se e os extremos tocam-se.
Get it? ;)

RAM disse...

Repito-me: o machismo não tem nada a ver com situações de alegado comodismo, que são comuns tanto a (cert@s) homens como mulheres.
A essência tem a ver, tão somente, com um comportamento em que o homem (e a mulher) assume como natural a existência pre-determinada de papeis sociais idiossincráticos do género.
... patentes, sejam nas tarefas domésticas, ou no próprio mundo laboral, onde co-existem discrepâncias salariais e de dignidade no trabalho.
No fundo, o machismo é a negação da dignidade feminina!

Todo o "ismo" encerra em si a negação de algo que lhe é contrário e de si próprio.

Senão vejamos: o machismo - digno desse nome - negando à mulher o direito à sua dignidade, negando ao próprio homem o direito de se assumir como um todo físico e afectivo.

RAM disse...

Errata: negando ao próprio homem = nega ao próprio homem

RAM disse...

Caríssima Pamina,

A propósito do que escreveu sobre a amiga do seu filho, permita-me partilhar um comentário de um outro amigo meu sobre a dificuldade de lidar com as mulheres.

Proposta 1 para uma relação feliz:
"Se fizeres sempre o jantar, no primeiro dia em que não o faças és logo acusado de não ajudares nada em casa; resultado: optei por fazer o jantar só de vez em quando. Assim, quando ela chega um dia, ocasionalmente, de fazer urgência, e encontra o jantar na mesa diz: "Que querido e atencioso, que és meu amor".
"Moral: Não as habitues mal"

Proposta 2 para uma relação feliz:
"Quando estiveres a ajudar, por exemplo, a arrumar a cozinha, experimenta deixar cair um prato ao chão. Verás que a resposta surgirá rápida e imperativa: "Deixa estar, que tenho mais trabalho arrumar contigo aqui do que contigo enfiado na sala"

Parece brincadeira, mas não é.

Os comportamentos masculinos são, muitas vezes, induzidos pelas anuências tácitas ou implícitas de mães e companheiras.

Anónimo disse...

O grande castigo dos homens comodistas é um dia poderem ficar doentes a sério e terem uma mulher a full time a tratar deles, isto é a certificar-lhes em cada momento a sua incapacidade. Sem precisar sequer de dizer uma palavra. Talvez aí o comodista conclua como era bom poder levantar o rabinho da cadeira para lavar a loiça!

Anónimo disse...

andorinha,
"Esse é precisamente o discurso que os homens querem ouvir.:(
Nem precisam de arranjar desculpas.
Tu já tens a explicação... e eles aceitam-na de bom grado."
Penso que essa é a verdade e eles aproveitam tudo ...

ram,
"Os comportamentos masculinos são, muitas vezes, induzidos pelas anuências tácitas ou implícitas de mães e companheiras."
Concordo - mea culpa

Anónimo disse...

ena, caríssimo júlio machado vaz... acho que foi a única vez que lhe chamei machista a acreditar sinceramente que o estava a elogiar. e foi na sequência da abstrusa afirmação do senhor carlos sampaio (jasus, o homem soou-me a 'erectus acidentalis' - isto na categoria dos pitecantropus- com aquela posição dele sobre os direitos avessos dos gays..).
olhe, eu cá não sei dos outros. só sei que, regra geral, qualquer homem é uma criatura socialmente inadaptada e incapaz de funcionar de maneira equilibrada e partilhada com outros seres humanos - e com isto refiro-me, claro está, não só ao não levantar a mesa, como a não fazer a cama, não lavar a louça, não cozinhar, não baixar a tampa da sanita, não assumir os seus deveres e, mesmo assim, ser socialmente desculpado porque é homem. diga lá que não é um ganda handicap pró seu lado do sexo, ande, diga lá...
o senhor pode achar-se uma tanga ambulante, mas se tem alguma consciência e se vive segundo ela, diga-me lá então se acha normal, com tanto alarde dos direitos disto e aquilo, com tanto progresso e evolução, se se admite que continue a existir escravatura dissimulada para mais de metade da população.
diga-me lá, em consciência, se era capaz de entrar cá em casa e ficar a olhar para a televisão enquanto o mulherio levantava a mesa. diga-me lá por que raio teria de lhe pedir ajuda, se não sou sua mãe, se não tenho obrigação de o educar e se, sobretudo, sabe que no fundo espero que não me obrigue a tratá-lo como uma espécie de deficiente ou ser menor a quem se vai desculpando isto e aquilo porque não dá mais?
quanto às gerações mais novas, são tão más, caríssimo júlio machado vaz, como a sua. piores até, na medida em que apenas alguns se dão ao trabalho de disfarçar o machismo através de esporádicas demonstrações de boa educação. mas de que estamos aqui à espera? que da tal revolução que ficou pela metade resultasse um milagre? que de repente os portugueses acordassem e deixassem de sentir medo de levar açoites da pide ou dos senhores dotoures?
ná, caríssimo júlio machado vaz, eu sei que tem tanta fé nisso como eu. ou ainda menos.
mas uma coisa tenho de lhe conceder: além de não ser o último (era derradeiro que eu queria dizer, saiu-me o último por causa daquela estúpida tradução do filme do governador-músculo, 'o último dos grandes heróis') dos machistas, também é supinamente bem educado e ainda me dedica um post.
juro, pela minha rica saudinha e por estes olhinhos que a terra há-de comer, que se não fosse lésbica tinha-me aí garantida à porta, a oferecer-lhe rosas, arroz doce e a chamar-lhe aquelas coisas açucaradas de que a gente se lembra quando se apaixona.

Pamina disse...

Ram(1.04),
Concordo inteiramente com as suas últimas três linhas, como aliás se depreende do meu comentário anterior.

Relativamente a essa rapariga, perguntei entretanto ao meu rebento o que pensava do comportamento dela e ele respondeu-me que tinha ficado desagradavelmente surpreendido por ela ser tão tradicionalista (fim de citação).
Ah rico menino, parece que a minha educação serviu para alguma coisa!
Assim fico mais descansada. Estava com medo que ela mo levasse para maus caminhos e que ele se começasse a recusar a aspirar a casa:)

Raquel Vasconcelos disse...

Infelizmente, para não nos chatearmos... vamos aceitando aquela desculpa esfarrapada que eles nos dão, "não sei ligar isto", perante uma máquina de lavar roupa!
Claro que o telemóvel é muito mais simples do que uma máquina com 2 ou 3 botões.

"Não sei..."
É a máxima deles. Incutida pelas mãezinhas. Se existir uma irmã a frase, "vai lá ajudá-lo, coitado, que ele não percebe nada daquilo" é muito comum ser dita em voz alta. Se só existir a mãe como elemento feminino na casa, ela repete o mesmo a si própria vezes sem conta.

O machismo vigente existe pq as mulheres "acreditam nele". E os homens se aproveitam.

Raquel Vasconcelos disse...

PS: acredito que ao velho estilo dos dinossauros, não sobreviva esta forma de se funcionar. Mas ainda faltam largas décadas até a morte do "machismo" (em termos de ajuda ou não ajuda) estar completa.


Uma das razões qt a mim, será a de que a mulher, cada vez menos se submeterá a situações destas. E quer queiramos quer não, se é verdade que até conseguirmos mudar a nossa própria mentalidade custa "pra caramba" e é um processo lento, a Mulher qd evolui e ganha território, não gosta de retroceder.

RAM disse...

Raquel V. disse...

"...a Mulher qd evolui e ganha território, não gosta de retroceder"

Minha Cara Raquel V, isso já nos levaria a outra questão (digo eu...): a das necessárias concessões...
...MÚTUAS!

Mário Santos disse...

Caro Prof.

Desculpe discordar consigo. Não é o facto de poder ficar a ver o telejornal que o poderá classificar como machista, mas sim se ela fizer o mesmo e o prof. olhar de lado e pensar: "então quem é que arruma a cozinha?"

Não deixa é de ser uma enorme indelicadeza :) (já faço poucas destas, mas às vezes a minha mulher ainda tem de me trazer de volta à realidade :))))))) )

É verdade que nós homens temos muito que aprender sobre a partilha das tarefas e responsabilidades das coisas domésticas e, sobretudo, da educação dos filhos. Não só é do mais elementar respeito pelo outro, como disfrutaremos mais da relação e dos nossos filhos. É impossível não me derreter todo quando me lembro do meu filho estas férias a entrar no mar, com um sorriso de perfeita felicidade e a dizer-me: "vou à água com o papá".

Elsa disse...

Bom... mas machista também é uma mulher que acredita que nunca terá que aprender a mudar um pneu ou a verificar o nível do óleo ou da água do anti-congelante porque isso são coisas de homem.
E digo-vos que mudar um pneu é uma actividade ao alcance de qualquer mulher!
As que eu conheço arreliam-se se o homem lá da casa não levanta a mesa ou limpa o pó. Mas pôem logo o ar mais coquette deste mundo se se fala em mudar um pneu, ou verificar o nível do óleo...
Digam-me lá se isto também não é machismo?

Anónimo disse...

BOM DIA, BOOOOM DIA maralhal iluminado.
Pois é Dr. Murcon eu acho que até nem é muito machista; é sim um grande calão.
A diferença entre a sua geração e a mais nova deve ser o que lêem: uns agarram-se ao jornal outros a net.
Mas gostei de ler a tertulia da noite passada.
Gostei desse lado machista de distribuição de charme pelo mulherio, seu grisalho de sorriso malandreco.

Julio Machado Vaz disse...

Tangas,
Vade retro, o meu açúcar tem tendência para subir:).

Julio Machado Vaz disse...

Maralhal,
Pois algumas maezinhas... Com essas o machismo é como a hemofilia: aparece nos homens, mas é transmitido pelsa mulheres.

Mário Santos disse...

De qualquer das formas penso que não temos de levar tudo ao extremo de todos termos de fazer tudo.

Lá em casa não temos uma divisão milimétrica das coisas. Tentamos que haja sobretudo partilha de responsabilidades que se traduz depois na prática em partilha de tarefas. Mas a partilha não é simétrica, por exemplo, eu cozinho mal e a minha mulher não saber coser. Acho que não vale a pena martirizarmo-nos de modo a que eu cozinhe metade da comida e ela cosa metada da roupa. Ela cozinha e eu coso, mas os dois arrumamos a cozinha e tratamos da pequenada.

Anónimo disse...

Estranhamente, o vocábulo machista e machismo não consta da Grande Enciclopédia Port. e Bras., e só muito recentemente apareceu nos dicionários (e somente por via popular).
Muito sintomático!

Dicionarista

Anónimo disse...

Dicionarista
Se calhar os dicionários foram actualizados;-)
Experimenta procurar em maxista e maxismo.
Com ch ou com x são termos perfeitamente dispensaveis, já macho (à séria) encontra-se e espero que não estejas em vias de extinção.

Chapa disse...

Gostei dessa postura. Assumir os nossos próprios preconceitos é um acto de coragem.
Parabéns

noiseformind disse...

Yullie e restante maralhal. Nas posta anterior lá coloquei a definição de orgasmo. Mas não abusem, nada de a testarem sem um terapeuta especializado por perto ; )))))))))))))))))) ou seja... chamem-me antes de a testar!!!!!!!!!!!!!!!!!

Pamina disse...

Bom dia,

A propósito do cenário esboçado no post, gostaria ainda de partilhar convosco a seguinte experiência pessoal:
Em meados dos anos 70, conheci o pai do Viktor na Holanda. No 3º encontro, depois de termos passado a noite em casa dele, ele foi-me levar a minha casa por volta da hora do almoço. Comemos juntos e, mesmo no fim desse almoço, uma amiga telefonou-me. Estive algum tempo à conversa e quando voltei para a cozinha ele, POR SUA PRÓPRIA INICIATIVA, já tinha levantado a mesa, arrumado o resto da comida no frigorífico, lavado a loiça e ainda limpo a bancada. Palavra que isto é verdade. Habituada que estava ao comportamento tão diferente dos portugueses, meu pai inclusive, claro que pensei:”este já não me escapa”:).

Fora de brincadeira, era perfeitamente normal os rapazes holandeses da geração dele realizarem tarefas domésticas e ele achou muito estranho quando lhe contei que em Portugal um homem que fizesse esses trabalhos era apelidado de “maricas”.
O Viktor cresceu com este exemplo em casa, portanto a minha tarefa educativa de ”mãe não conivente com atitudes machistas” foi muito facilitada.

Anónimo disse...

Noisy
Masters and Johnsons, pois claro.
E sim já sei que o leste com 16 anitos.
Não era nada daquilo que queria ler. Muito estimulo eléctrico, alta voltagem, baixa voltagem.
Queria uma resposta com coisinhas mais básicas.

Anónimo disse...

Noisy
Tu choca-me homem e fala-me com uma linguagem não profissional. Pelo menos de vez em quando.

Pamina disse...

Já agora, a propósito de certos termos serem ou não usados como insulto num determinado país, com as minhas desculpas por me desviar do assunto do post (ou talvez o desvio não seja assim tão grande), aproveito para vos dizer algo que acho sociologicamente muito interessante.
Na Holanda, não existe equivalência para o palavrão português que designa um homem portador de certos apêndices na testa devido à actividade extra-conjugal da mulher. Quando se quer insultar um homem, chama-se-lhe outras coisas (órgãos sexuais masculinos, por ex.), mas nada semelhante.
A infidelidade da mulher parece assim não implicar a mesma desonra para o marido que em Portugal e outros países latinos. O conceito é desconhecido, enquanto insulto.

Anónimo disse...

Noisy tentei levar o assunto da ausência de orgasmo não por problemas fisicos ou de ordem médica, mas as lacunas de educação e comunicação.
Mas gostei muito de ler a explicação menos "romântica" do nosso prazer.

Anónimo disse...

O Machismo é uma coisa má, assim como o Feminismo é uma coisa má. Mas a indiferenciação dos sexos, reduzindo homens e mulheres a simples funções que podem ser feitas por qialquer um dles, também não é lá grande coisa. Quereremos seres assexuados?

Anónimo disse...

Quanto às gerações mais novas, um Augustiniano convicto como eu dirá que a Humanidade enferma de vícios e erros eternos. Podem mudar as formas, as intensidades e as cores. Mas a velhos erros acrescentam-se novos erros. A perfeição nunca será humana.

Anónimo disse...

E há o outro lado. Ainda o exemplo dos jantares. Muitas mulheres comprazem-se em dizer que os homens não têm jeito nenhum para a cozinha. Se é assim, e se fazem questão de o dizer, para que é que querem ajuda? O professor já disse tudo uma vez: o machismo é uma doença contagiada pelas mulheres.

Anónimo disse...

Repito aqui o post q, por lapso, coloquei atrás, tal foi a corrente q me atingiu c o post do noise:

Na 1º intervenção, esta frase 'a verdade é que há várias gerações dentro de uma geração' poderá resumir optimamente o que se vai passando nestes anos 90s e 00s.

Por outro lado, não me parece que haja que desconfiar dos preconceitos que todos nós transportamos, actualizamos permanentemente e gerimos, com maior ou menor lucidez.

Os pre-conceitos ou pressupostos, assumidos como regularidades e crenças e traduzidos em atitudes, aparecem como instrumentos para lidar com a realidade e interferem na gestão dos conhecimentos que fundamentam todo o tipo de intervenções (incluindo as que fazemos nos blogues). O conjunto de pressupostos que cultivamos, permitem-nos leituras interpretativas, ao desenvolver antecipações de sentido projectadas pela compreensão prévia.

Cá em casa os jovens masculinos e femininos, desde crianças, faziam a cama, limpavam o que sujavam, intervinham na feitura das refeições, mudavam pneus de carros, pregavam fechaduras desaparafusadas, consertavam fusíveis, apanhavam choques, intoxicavam-se como podiam e tentavam perceber de informática – vivem independentes desde cedo e não me pedem senão pequenas ajudas – que saberei eu dizer dos tais casos de ‘inabilidade’ masculina ou feminina? Nada.

Qt ao orgasmo feminino (o das infelizes mulheres ignorantes que precisam de ser catequisadas), incluindo o doseamento de micro-joules, epinefrina, norepinefrina e dopamina, entre muitos outros factores esotéricos, acho que não lhes ensinei isto convenientemente, mas todos eles sabem que se tiverem dificuldades eléctricas e químicas deverão recorrer a um especialista.

Qt ao orgasmo masculino, parecendo-me que todos os homens o acham muito óbvio e isento de subterfúgios, nada será necessário acrescentar.

noiseformind disse...

“Uma mulher simplesmente é, mas um homem tem de se tornar. A masculinidade é arriscada e elusiva. Ela é alcançada através de uma revolta contra a mulher e é confirmada apenas por outros homens. Masculinidade forçada para a sensibilidade não é masculinidade de todo.”

Camille Paglia (feminista e estudiosa da comunicação)



Então andou o Éme a lutar para conseguir a sua aceitação no grupo de machos referencial e agora criticam-no pelo sucesso alcançado? Isto faz-me lembrar outro posto lá atrás, que falava da mutabilidade do sucesso. Têm é que processar os vizinhos, colegas de curso, mãe, pai, tios e tias, avós ; ))))))))))))) Então não era a mãe dele que o expulsava a ele e ao pai da cozinha dizendo “vocês só estorvam. Quero-vos aqui À uma em ponto para comer”. Atenção, não era para pôr a mesa, não, não era para fazer a sobremesa. Era para COMER, apenas e só. Se modernas companhias esperam dele outra performance ele tem o direito de manter o seu equilíbrio mental através da sua preguiça face a essas tarefas desde que isso não impeça outros pontos de contacto. Vamos ser sinceros, murcunetes avulsas. Quantas de vós não estavam dispostas a cozinhar um borregozinho com batatas novas, pôr a mesa e fazer a sobremesa e até limpar a casa toda em troca da companhia jovial, culta e sexualmente estonteante do Boss? Muito provavelmente, de entre as solteiras/divorciadas/a viver com um gato ou cão/viúvas/casadas mas com o marido a trabalhar a mais de 10km TODAS aceitariam esse pequeno lapsos conscienciae. A questão é aceitar ou não as posições de xadrez social, e nisso o Lobices foi, como sempre, magistral. Há fêmeas e há machos. A codificação que se faz de ambos gera combinações mais ou menos prováveis. Tou a imaginar uma estudante de 20 anos apreciadora de viagens de fim de semana pelo Portugal profundo a torturar um pobre Luby agarrado À sua horta e passeios pela quinta e ainda por cima a pedir-lhe que a ajude a preparar o jantar chegados ao destino. Não terá ele o direito de tomar isto como uma agressão? Assim como eu acho uma agressão, quando estou a jantar em casa de amigos, as mulheres despacharem-nos para a sala enquanto elas “arrumam a cozinha”. E recuso-me, bato o pé e se da primeira ou segunda vez os machos ainda vegetam pela cozinha, partindo um prato ou mandando um talher pela pia abaixo, das vezes seguintes aceitam que eu tenho “um problema” e simplesmente dizem “Pedro, dá aí uma ajuda tá bem?”. O problema do machismo, o problema fundamental, é que se traduz quase sempre em não-acção. Não ir onde a mulher quer ir, não fazer isto, não fazer aquilo, ter a liberdade de ir aqui sem a mulher. Já repararam naqueles autocarros de mulheres que passam fds fora? “Um dia sem eles” é o que dizem os cartazes nas janelas. Mas “eles” estão ali, pq elas levam os filhos em elas!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! E eles, coitados, lá têm de ir (supremo incómodo) comer ao restaurante e para o café até ás tantas. O problema do machismo é que se traduz numa desigualdade de posição de escolhas. E a aceitação destas posições por mulheres jovens (sub-30) parece o pão-nosso de cada dia. Mais, o mito do “homem mais velho” serve em muitos casos para testar duas coisas: os homens vêm-se sempre muito depressa e para reproduzir a ideia de que um “bom homem” paga é muitas idas ao restaurante. Pois, pq se ficassem em casa nessa fase crucial da sedução, ao fim de alguns encontros lá ele lhe dizia “chama-me ali da sala quando estiver pronto”. Aliás, o machismo chega a ser arquitectónico. Leblis fala do “machismo arquitectónico” quando refere o minúsculas e claustrofóbicas as cozinhas da maior parte dos apartamentos são, nada concomitantes com a presença simultânea de duas pessoas ao mesmo tempo, apesar de o tempo de preparação das refeições ser sempre superior a hora e meia. Além disso, e pq tenho mais que fazer ; )))))))))) gostaria de dizer que o machismo se assume com o tempo de relação. Susan Boyd correlacionou o tempo de relação com a assumpção directa de machismo. Ou seja, em casais recém-casados, mesmo em homens mais velhos, os homens respondem que estão dispostos a cozinhar, arrumar, partilhar tarefas, começam aos fim de 5 anos a divergir nos interesses nas tarefas e assumindo a partir dos 10 anos de casamento o verdadeiro incómodo que elas provocam além de assumirem que não as partilham com a mulher, assumindo por exemplo que já não estão na cozinha enquanto ela prepara a refeição não por trabalho mas por um muito mais simples e egoísta “ler o jornal”.

E já agora deixo-vos com Camille Paglia a acabar tb
"Os homens são exilados sexuais. vagueiam pela terra em busca de prazer, satisfação e desprezo, nunca fartos deles. não há nada nessa acção angustiada que uma mulher possa invejar"


A Alanis continua muito manly Porty ; ))))))))))))))))


Yullie, eu sei, mas deu-me uma de "Júlio MAchado Vaz" e desatei a educar as massas. As minhas desculpas. Em termos de comunicação a questão é muito simples: não existe. Daí que tanta mulher apenas com uns grunhidos convença o parceiro de ter atingido o orgasmo, ficando-lhe vedada a exigência de melhor sexo, pq senão lá vem ele "mas tu gostavas, tu não eras assim". Não te esqueças, e não se esqueçam todas, que não se pode exigir aquilo que não se conhece, e com percentagens tão baixas de mulheres que se masturbam com regularidade, as mulheres ficam dependentes do homem para atungirem o orgasmo, uma genito-dependência que lhes tira o poder de saberem em que nível está o parceiro. E que as arrasta para o romantismo, como é evidente. O romantismo feminino está presente essencialmente em mulheres sem experiência frequente de orgasmo, normalmente associando-o ao amor e não ao esforço estimluante ao parceiro. Mas isto já são muitos assuntos para um comentário só.

Té já maralhenses fratelli


Ainda em relação ao machismo: escrevinhador, e como não tem cura você deixa-se estar não é? Do tipo: "querida, não vês que a minha mãe me pegou machismo, é uma doença, como a homossexualidade ou a SIDA" loooooooool loooooooooool loooooooool looooooooooooooool loooooooooool loooooooooooooooool looooooooooooooool loooooooooool loooooooooooooool

noiseformind disse...

E.,

Se o Escrevinhador te tivesse por mãe já tinha de arranjar outra desculpa para a "inabilidade" ; )))))))))))))))

Anónimo disse...

E
Quando o meu parceiro não me faz bater castanholas com os olhinhos, chamo o electricista lá da rua.
O tipo é cá um tesudo...
;-)

Anónimo disse...

noiseformind: não percebi. E eu, quando sou interpelado e não percebo, tenho por hábito pedir humildemente que me esclareçam. Pode ser?

Anónimo disse...

Noisie sem y com ie
Quando falei da masturbação, não a referi como substituto (que não é, mas sim complemento) mas como conhecimento do que lhe dá prazer. Se o alcança sózinha, porque não partilhar com o companheiro e encaminhá-lo. E lógico que o inverso de deva passar. O prazer do homem em relação à mulher

Anónimo disse...

Agora, permanece o essencial da ironia: se as mulheres, e bem, ficam agastadas com o machismo, não queiram cair num feminismo que é o oposto simétrico do machismo. Porque se é "reles" achar uma qualquer superioridade masculina, não é menos "reles" achar uma qualquer superioridade feminina. Mas certas feministas há aí que acham um piadão a inferiorizar os machos, fazendo das mulheres uma criaturas angelicais à prova de bala. É cómico, mas "reles". O exemplo da cozinha é só um pequeno sintoma.

Anónimo disse...

Veja-se essta tal Camille Paglia, que nunca me foi apresentada e que o Noise nos triuxe. Ignorará essa criatura que também há coisas nas mulheres que os homens não invejarão? Saberá essa criatura que a História mostra que há homens que legaram à Humanidade infinitamente mais do que todas as Camilles Paglias juntas alguma vez farão? Desconhecerá Paglia que coisas como a Mona Lisa, a fusão do átomo, a Divina Comédia ou a vacina contra a raiva sairam da mente de criaturas tidas por Camila como angustiadas? É que eu prefiro essa angústia à nulidade absoluta das Camilles e das Paglies deste mundo...

noiseformind disse...

Escrevinhador, claro que podes ser esclarecido ; ))))))))))
Dizes que se as mulheres não acham que os homens têm jeito para a cozinha para que é que lhes pedem ajuda.

Não te excluiste desse grupo, logo é aceitável que te use como homem sem jeito para a cozinha ; ))))))))))))))

Mas imagino que já a seguir vás dizer que na cozinha só te ganha o Chef Silva e que quando a tua mais-que-tudo chega a casa tem as pantufas e o martini à espera, certo? ; ))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))

E já agora, para completar aquele comentário enorme, não se esqueçam que o Éme faz parte da geração sanduíche, e ser uam sanduíche não estabelece apenas distribuição de ingredientes, tb significa interdependências, e uma dessas interdependências pode ter sido o cozinhar e o entender de ouras tarefas como menores que não passaram da mãe para ele, daí que ele se refere ao resultado das suas tentativas de fazer arroz entre a argamassa e a pasta : ))))))) e além disso sempre teve rendimentos que lhe possibilitassem em todas as fases ir ao restaurante ou ter empregada, nunca passou por um período de ausência de mãe (como tantos universitários passam) para desenvolver os seus hábitos de respossabilização face ás tarefas domésticas ainda numa altura mais plástica de comportamentos. Com todas estas condicionantes, ele hoje ser capaz de grelhar uma picanha é algo que merece ser aplaudido e não criticado. E digo isto com sinceridade e limitando-me à especulação permitida a um simples fã ; ))))

Anónimo disse...

Noise: merci pelo esclarecimento. Eu não tenho jeito para a cozinha, infelizmente não tenho uma mais-que-tudo e prefiro Whisky. Mas acho irritantemente "reles" que certas mulheres, em vez de ensinarem aos homens a arte da cozinha - porque, para mal dos meus pecados, nós não nascemos ensinados - se comprazam em dizer que os homens não percebem nada daquilo? Repito: se os homens nãopercebem, para que é que querem ajuda? Será incompreensível a minha ironia, caro noise? ;)

noiseformind disse...

Escrevinhador said,

"Saberá essa criatura que a História mostra que há homens que legaram à Humanidade infinitamente mais do que todas as Camilles Paglias juntas alguma vez farão?"

Ai é Escrevinhador????????????????? Mais do que todas as Camille Paglia quer dizer... mais do que todas as mulheres, certo? É isso mesmo, deite cá para fora esse ódio ás mulheres, não páre, estámos aqui é para ajudá-lo nessa catárse, diga lá que os homens é que criam, é que inventam, é que têm o Fogo de Prometeu, no início era Adão e essas "verdades" todas, força ; ))))))))))))))) Você está para o feminismo assim como o Levi Guerra está para a homossexualidade ; )))))))))))))))))))))))) loooooooooooool ; )))))))))))))))))))) (vocês que estiveram por cá no fds sabem o que quero dizer)

noiseformind disse...

Já agora Escrevinhador, será uma mulher uma espécie de "doce criança adulta"? E portanto não atingindo fases superiores de maturidade, como Newton, Einstein e todos os outros génios que refere, não deveremos perdoar à Camlle Paglia os seus comentários atrozes sobre a masculinidade? ; )))))))))

Disfrute do seu Whisky, eu vou almoçar ao Homem do Leme ; )))))))))

Até logo maralhos parceiros de pêlo no peito (ou no caso de não terem essa faculdade, de pêlo púbico que é mais geral)

Anónimo disse...

senhor júlio machado vaz: espero que sim, que o seu açúcar suba sempre substancialmente (ou adjectivamente, visto que algumas qualidades suplantam a quantidade...);
só tenho uma coisinha a acrescentar: a senhora camille paglia, que eu amo por ser absolutamente detestável, é uma machista, uma allumée pelos gays (sexo masculino) e eu cá acho que não gostava nada de lhe segredar coisas açucaradas ao ouvido, não fosse ela responder-me com vinagre ou uma assim: menina, menina, vamos lá a praticar o orgasmo masculino!
(my dear jmv, you are the ultimate ladies' man...)

Anónimo disse...

Dr. Murcon
"quão diferentes são as gerações mais novas?" - Acho eu que pouco ou nada.

"Que conclusões tirar de estudos em que rapazes e raparigas aceitam como "normal" um ou dois tabefes na relação?" - Que se calhar convém pedir-lhes primeiro a definição deles de relação. Depois concluir.

"Sobreviverão o machismo e o duplo-padrão melhor do que pensávamos há vinte anos?" - Sei pouco ou nada sobre genética.

lobices disse...

...a derradeira verdade:
...SE...existe uma "sociedade machista" ela provém a 100 % duma "sociedade matriarcal"...

Anónimo disse...

Yulunga,

Assustaste-me! Quem é que esperas que não esteja em vias de extinção? Eu ou o vocábulo? lol!

Anónimo disse...

Dicionarista
Lapso de escrita.
Esteja e não estejas.
O vocábulo, claro.

Anónimo disse...

ó senhor lobices, isso nem parece bem, atirar assim com as culpas todas para as mulheres. se não fosse cá por coisas ainda dizia que afinal o machista é o meu amigo...

aDesenhar disse...

boa noite Prof. "murcon"

concordo consigo :)
também sou da mesma geração :)

Anónimo disse...

Tenho menos alguns, muitos, que o amigo murcon. Sou casado com uma mulher e pai de duas filhas. Por muito que me custe sou machista. Sei que um dos motivos porque sou machista é porque sou macho. Gostaria às vezes de ter outros comportamentos e outras atitudes. No entanto sou machista. Pra as pessoas da minha idade, tenho 40 anos, acho que sou menos machista que a maioria. No entanto fui educado sobre padrões, em os comportamentos se destinguiam consoante os sexos. Talvez daqui a algumas gerações algumas coisas mudem. Penso contudo que à uma verdade. Há mavchos e fêmeas. Fisiológicamente diferentes. Isto não condicionará os comportamentos?